Estou acompanhando um bafafá na comunidade LGBTQIA+ onde estão querendo separar o LGB do TQI porque segundo eles as pautas são completamente diferente e isso atrapalha o andamento dos movimentos. Mas, onde a gente entra? Aí que tá, estão apagando o A da sigla ou incluindo a gente no TQI por termos uma "ausência" parcial ou completa de atração sexual. Porém, isso não faz sentido já que nossas pautas envolvem questões de sexualidade e não de gênero. Qual a opinião de vocês sobre isso? Vocês acham que nosso movimento perderia mais força ainda se estivéssemos fora da comunidade? Até porque um dos motivos para quererem separar é por questões de associação a questões polêmicas do outro lado (TQI), mas não vejo isso entre a gente. Sinceramente: eu vejo como um preconceito e uma não aceitação de que podem existir pessoas como a gente.

Minha opinião: As pessoas da própria comunidade estão doentes e não sabem mais o que fazer. Mas, a gente sempre fica como sempre jogado de lado e todos tentam nos apagar de alguma forma.

Sol, ao meu ver o não-lugar que tomamos nas pautas sobre sexualidade e gênero (principalmente no Brasil) vem de ignorância e o desconhecimento em relação às nossas realidades. Muitas pessoas dentro da comunidade LGBTQIA+ nos considera doentes (já ouvi isso de pessoas de várias identidades de gênero e sexuais), que estamos depressivos ou que simplesmente somos imaturos.
Precisamos entender primeiro que esse preconceito não é da mesma natureza que a homofobia ou a transfobia e etc. O que rola, ao meu ver, é que a nossa existência questiona algo bem maior que a estrutura heterossexual normativa, mas a própria maneira como as pessoas experienciam o sexo, que é uma instituição produtiva para todas as instâncias da sociedade e é extremamente nocivo para essa mesma sociedade, se a gente pensar, por exemplo, que o que movimenta o casamento e as relações românticas e sexuais, ou seja, a atração e desejo por uma relação romântica e sexual se tornou quase que um meio de produção hoje. Ou seja, nós, pessoas do espectro, ao considerarmos que o sexo e as relações românticas não são uma urgência a todas as pessoas e que existe uma comunidade crescente de pessoas que se identificam com a assexualidade, estamos colocando em cheque essas estruturas.
O que eu acho que nós devemos fazer como comunidade: Conscientização não é mais a melhor escolha, nós precisamos militar! Inclusive em relação à comunidade LGBTQIA+, nos colocar como presentes e construir uma comunidade forte que vai criticar duramente essa posição da aronormatividade em nos apagar.

Concordo com tudo que tu disse Constellace e realmente parece que só de dizer que existimos vai contra tudo que a maioria acredita. Da pra ver isso pelo comentários totalmente deturpados e até postagens em que sexólogos dizem que pode ser tratado. Mas, quem determinou que nós queremos ser tratados? Antes tinha um questionamento da Cura Gay, atualmente podemos quase dizer que temos uma Cura Assexual, pois tudo é hormônio ou transtorno mental. Quanto a essa questão da militância, realmente, talvez vai ser a única forma de nos fazermos ser vistos, pois a invisibilidade que a gente passa pode até gerar consequências severas pra gerações futuras se não fizermos isso pensando nelas também.

O mais irônico é que os assexuais, cujo espectro é definido por pessoas que não fazem/não sente nada, sofrem tanto preconceito e segregação de fora e de dentro da comunidade LGBTQIA+. Alguns até consideram o A da sigla como "aliados" em vez de ace/aro. Essa proposta de separação é bizarra, no mínimo. nem sei de qual lado dos muros deveríamos ficar, se é que o muro irá surgir pra começo de conversa.

Sol_Julieta escreveu:

Concordo com tudo que tu disse Constellace e realmente parece que só de dizer que existimos vai contra tudo que a maioria acredita. Da pra ver isso pelo comentários totalmente deturpados e até postagens em que sexólogos dizem que pode ser tratado. Mas, quem determinou que nós queremos ser tratados? Antes tinha um questionamento da Cura Gay, atualmente podemos quase dizer que temos uma Cura Assexual, pois tudo é hormônio ou transtorno mental. Quanto a essa questão da militância, realmente, talvez vai ser a única forma de nos fazermos ser vistos, pois a invisibilidade que a gente passa pode até gerar consequências severas pra gerações futuras se não fizermos isso pensando nelas também.

Sim, ontem mesmo eu tive uma aula no curso de letras e a professora de linguística disse que o A era de Agenero, corrigi ela na hora. Nisso a gente percebe o tanto que até a nossa existência é questionada, hoje saiu um blog post no pink news onde relatam o caso de uma mulher assexual que teve que fugir do país de origem porque a família não a aceitava e queriam força-la a se casar pra "corrigi-la". De todas as letras da sigla nós somos a que ninguém quer aceitar a existência e sofremos preconceito também! Nesse mesmo blog post que citei é dito que assexualidade não entra como motivo de asilo político porque é bem aceito. Mas, onde é aceito? Num mundo hipersexualizado somos os considerados doentes e que precisam de tratamento para correção atualmente.