Oi pessoal, eu sou nova por esses cantos, vim por recomendação de uma amiga. Podem me chamar de Amélia e eu já agradeço desde já se alguém puder me dar uma mãozinha aqui.
Então, eu estudei em uma escola religiosa a minha vida toda, sofri muito bullying por acharem que eu era lésbica e até fui ameaçada de ser expulsa de casa duas vezes porque a minha mãe estava acreditando nos boatos que as meninas da minha escola estavam espalhando. Eu estou mencionando isso, porque tenho medo de talvez isso ter afetado meu desenvolvimento e auto-conhecimento quando se trata da minha sexualidade.
-Hoje posso dizer que meu jeito de sentir as coisas é diferente da dos meus amigos desde que eu me lembro.
-Eu nunca fiz grande questão de ter alguém, seja homem ou mulher e nem de manter contato físico com qualquer deles.
-MINHA RELAÇÃO COM NUDEZ: Não sinto nada além desconforto ocasional vendo pessoas nuas, mas no geral, vejo corpos humanos como atraentes como objeto de observação, como um quadro bonito ou uma obra de arte, mas nunca num contexto sexual, embora me sinta desconfortável perto de pessoas conhecidas nuas. Eu não sei para onde olhar, parece tudo muito estranho. Eu sei que não deveria parecer intimidada, olhar para baixo ou desviar o olhar do jeito que eu faço, mas eu sei que se eu olhar para a pessoa, o meu olhar vai escorregar. Não por ter algum tipo de atração, mas é um tipo de curiosidade anatômica que eu tenho desde criança (eu desenho e estou sempre procurando referências, mas isso eu faço com tudo, desde pessoas até plantas, meu único medo é que, se a pessoa estiver nua, ela não vão entender que se trata de "pesquisa" e provavelmente vai achar que estou "secando ela", enquanto na minha cabeça, eu estou só tentando visualizar como desenharia o corpo). Enfim, sexualmente, nada.
-MINHA RELAÇÃO COM PORNOGRAFIA: Eu nunca vi pornô. Eu nunca tive vontade real, apenas tentei uma vez por pura curiosidade de como isso me afetaria, mas só de abrir o site, me senti desanimada. Primeiro que nenhuma das imagens de capa me atraia de nenhuma forma; segundo que os nomes dos vídeos me deixaram um pouco enojada (Tipo, como alguém fica excitado vendo um vídeo com o nome "Metendo o piru na novinha" ou "Negão comendo branquelo na avenida"? Eu não consegui
); terceiro sei lá, eu perdi a vontade, órgãos genitais parecem tão feios e sem graça que eu nem quis ver como era. Eu pensei mais de uma vez que eu deveria ao menos tentar, mas realmente nunca consigo.
-MINHA RELAÇÃO COM MASTURBAÇÃO: Eu nunca tinha feito isso até perto do oitavo ou nono ano quando o assunto chegou em pauta. Eu nunca sequer pensei que masturbação era uma opção e tenho certeza que eu não teria chegado nessa conclusão sozinha. No oitavo e nono ano, minha escola teve algumas aulas de educação sexual básica e até uma palestra (Com um padre, mas ele se esforçou em separar as coisas para nos dar informações importantes para a vida), nessa época, tivemos vários momentos em que podíamos fazer perguntas e eu ouvi alguns meninos perguntando sobre masturbação. Assim eu descobri o que era, mas ainda não tinha vontade de fazer. Então, depois de um tempo, em uma das minhas idas frequentes à psicóloga, ela me perguntou se eu me masturbava e foi nesse dia que eu descobri que era mais normal do que parecia e que havia mais de uma forma de fazer isso. Minha psicóloga inclusive me incentivou a tentar.
Então eu tentei, mas eu não senti absolutamente nada, aliás, senti um pouco de desgosto, era basicamente ruim.
Eu fiquei muito tempo sem fazer isso, até que por alguma razão que eu não lembro, eu passei a fazer. Hoje eu uso como meio de combater a insônia que eu tenho desde os 5 anos e me distrair de pensamentos ruins; eu basicamente faço até que eu durma, sendo que muitas vezes eu durmo no meio sem nem perceber. Hoje consigo sentir algum prazer, mas nunca me imagino fazendo nada e muito menos imagino atores ou pessoas que eu conheço.
Eu basicamente monto situações, como se estivesse escrevendo uma história, minha diversão e única coisa que faz isso prazeroso é criar a situação mais emocionante possível e, quando estou sem criatividade ou desgastei uma ideia que funcionava bem, eu paro de senti prazer e se torna ruim de novo. Fico até com nojo de fazer por algum tempo. (Eu escrevo desde os 8 anos, é tipo um hobbie pessoal)
-MINHA RELAÇÃO COM SEXO: Então, como a masturbação, eu conheci bem tardiamente em comparação as pessoas da minha idade, foi só lá nas aulas de educação sexual do oitavo e nono ano. Antes disso, eu havia tido aulas de ciência sobre o assunto, lá no sexto ano, mas aprender sobre reprodução humana e reprodução de minhoca não fazia diferença para mim, eu via como só mais uma matéria da história e só sabia a parte que estava nos livros. Tipo, espermatozoide encontra óvulo e isso gera um bebê. Como o espermatozoide chega no óvulo? Eu não sabia.
No oitavo e nono ano, eu descobri mais ou menos o que era sexo, mas foi só com fanfic que eu realmente entendi o como a coisa toda funcionava, tipo "Ah! Você pode fazer isso só por fazer?". Não me levem a mal, minha escola nunca sequer insinuou que só poderíamos fazer para reproduzir ou depois do casamento, mas como na minha cabeça só vinha a explicação cientifica e eu nunca tive contato com nada além dos livros de ciência, quando eu li um romance onde os personagens faziam sexo apenas por prazer, eu finalmente entendi como a coisa toda funcionava na prática.
Eu não tenho tabus com sexo, inclusive acho que as pessoas deveriam ter menos problemas em falar do assunto e menos tabus com a prática. Não acredito que deva ser feito só depois do casamento, pelo contrário, acredito que a pessoa deve ter suas experiências (Não só sexo, mas também vários tipos de relações românticas) antes do casamento para tenha certeza que está fazendo a escolha certa.
E não sou uma pessoa religiosa, apesar de estudado em uma escola que era.
-NAMORO: Eu já namorei, mas eu e o meu ex nunca fomos muito longe. Eu não fazia questão de beijar e ele era um banana sem iniciativa, então nosso namoro basicamente dependia da minha iniciativa em fazer qualquer coisa. Sempre fui eu que puxei os beijos e até tentei dar toques para ele fazer alguma coisa, mas ele era desajeitado, beijava mal e não conseguia fazer mais que colocar a mão na minha cintura. Ele deixava as coisas estranhas e me desanimava em qualquer questão sexual.
Eu também ficava sem vontade de beijar de vez em quando, apenas fazia por ele, embora na maior parte das vezes eu não me importasse, mas também não me fazia falta fazer ou não.
Eu nunca faria sexo com ele, pois eu sei que ele tornaria ainda mais constrangedor (imagina eu tendo que puxar o bonde sozinha porque ele não conseguia nem me beijar?), mas também não consigo me imaginar fazendo isso com ninguém, embora não me oponha à ideia. Como eu disse, eu não tenho problemas com sexo, até gostaria de tentar um dia, mesmo que em algumas épocas do ano eu me sinta meio enjoada com a ideia. O meu grande problema é que eu nunca penso em fazer isso com alguém específico, é como na masturbação, eu me empolgo com situações, mas nunca com uma pessoa em si.
Mesmo assim, com 17 anos, eu não sinto nenhuma necessidade real de fazer isso enquanto todos os meus amigos parecem desesperados.
-FASE ANTI-GENTE: Eu tenho algumas épocas no ano que a simples ideia de beijar alguém me dá ânsia (ânsia de verdade, tipo, refluxo, eu me sinto muito mal só de considerar). Nessa época, namorar é uma grande merda, porque eu não quero ser tocada, eu não quero beijar ou qualquer tipo de contato físico (do tipo íntimo. Abraços, toques de mão e coisas normais de amigos são bem-vindos.)
Isso é normal entre assexuais ou eu que sou estranha?-MENINOS E MENINAS: Bom, eu considerei várias vezes que talvez eu esteja apenas reprimindo minha sexualidade por causa do modo como eu fui criada. Quer dizer, durante o meu tempo no fundamental, eu me recusava até a abraçar minhas amigas, porque eu tinha medo de alimentar os boatos.
Eu tinha tanto medo que, uma vez, uma amiga minha estava chorando no banheiro e eu tentei ajudar, mas eu não consegui nem abraçar ela, eu fiquei bem distante. Não por insensibilidade, mas era como se houvesse uma parede invisível entre nós, parecia que era proibido eu tocar nela. Eu realmente não conseguia.
Mas isso não se limitava as meninas, eu fui criada numa escola que tinha panelinhas meninas x meninos muito forte numa idade que não é mais normal, então eu quase não tinha contato com meninos e os que eu tinha, eu via tão como amigos que eles eram quase meninas para mim. Por isso, havia uma barreira invisível com os meninos também, eu levei 10 anos até eu conseguir criar coragem para colocar a mão no ombro do meu amigo de infância.
Quando eu mudei de escola no ensino médio, todo mundo era muito mais conectado e eu tinha uma ficha limpa, ninguém tinha uma pré-imagem de mim ou desconfiava da minha sexualidade. Foi ai que eu voltei a abraçar minhas amigas e conversar com os meninos, inclusive hoje tenho mais amigos homens do que amigas mulheres. E é muito comum que eu brinque de fingir paquerar tantos os meus amigos quanto minhas amigas (é uma coisa nossa).
Não sinto atração por meninas, também não sinto tanto por meninos, mas é um pouco mais.
Eu já beijei ambos os sexos, inclusive amigos meus (chegamos nesse nível de intimidade). Os meninos do meu grupo beijam bem mal, mas isso não me preocupa, porque já beijei meninos que beijam muito bem, então não tem a possibilidade eu simplesmente não gostar de beijar meninos.
O que foi interessante de descobrir é que as meninas do meu grupo beijam muito bem e eu não tenho problema de beijar elas, embora não seja uma necessidade.
Descobri que beijos para mim são como carinho na cabeça, não fazem diferença na minha vida e não faz diferença quem é, mas se ele for bom, eu vou gostar. Me pergunto como seria com sexo...
Eu já considerei ser bissexual, mas quando penso sobre isso, não é como se eu gostasse dos dois gêneros, mas sim que eu não me importo ao nível de gênero não fazer tanta diferença, embora sexo com uma mulher não pareça ser tão atraente (embora eu queira tenta, pelo menos uma vez).
Tenho um impasse com o meu gênero também, porque recentemente eu tenho percebido que eu não me importo quando falam comigo no masculino ou feminino, não me importo de usar o banheiro de um ou de outro e não me importo no geral. Eu sou feliz sendo mulher e fazendo coisas como usar maquiagem; usar vestidos, saias e blusinhas; me depilar e etc, etc, mas não me importo de ser colocada como homem (meus amigos fazem isso como piada, eles dizem que sou o mais macho do grupo, mas isso criou algo estranho em mim, porque eu não me importaria se fosse piada ou não), às vezes eu falo no masculino sem querer (ninguém estranha, porque acham que eu estou brincando) e nessas férias eu imaginei como eu seria se fosse um menino e essa visão realmente me agradou. Eu não tenho nenhum problema com nenhum dos dois gêneros, embora prefira manter uma vestimenta """""feminina""""".
Isso significa que sou bi-gênero? Ou só desencanada de gênero? De novo, parece que eu só não me importo num nível que qualquer coisa tá bom. Gente, desculpa se ficou grande, é uma vida inteira de desespero tentando me entender, eu realmente espero que alguém leia e me ajude, eu estou muito perdida nessa questão toda.
Ps: Eu tenho sentido mais atração física (não sexual) por meninos ultimamente. Eu gosto de olhar para eles e os acho mais atraentes, embora não passe disso. Só tem uma coisa que me deixa meio "fora":
Asiáticos. Eu acho a pele deles fascinante, é tão branca e brilhante que eu tenho vontade de tocar, eu gosto de olhar para as mãos deles e tenho vontade de brincar com elas, mas não de fazer nada mais. Só que essa é a única ocasião onde eu tenho vontade de tocar em alguém, é um desejo meio incontrolável, eu realmente sinto vontade de tocar na pele deles, embora não seja uma situação sexual.