Olá a todos. Enquanto eu pesquisava sobre pessoas que não conseguem se apaixonar (e me entender melhor) encontrei uma entrevista com um psicanalista sobre a dificuldade de se criar laços afetivos. Enquanto lia, percebi que as respostas que ele deu a certas perguntas foram um pouco equivocadas (na minha opinião), como por exemplo quem possui essa difículdade são pessoas intolerantes, impacientes, egoistas e não pussuem humildade; e eu queria saber se vocês concordam ou não com ele e o motivo.

Site: www.sergiosavian.com.br/relacionamentoamoroso/a-dificuldade-em-estabelecer-vinculos-afetivos/

Valeu!

Normalmente, uma pessoa que não se apaixona é doente, mas sabemos que não é bem assim, porém, a assexualidade está aparecendo agora aqui no Brasil, ainda não tem tanto reconhecimento, mas este texto nem está se referindo a nós, pelo que li, ele fala de pessoas que o procuram, ou seja, pessoas que se sentem incomodadas e que possuem bloqueios como os que ele descreveu
- Medo de se apegar
- Impaciencia
- sexo compulsório
- timidez (embora ele n considere esse relevante).....
Tudo de forma que a pessoa evite qualquer envolvimento, mais uma vez, relaxa, esse texto não tem a nós como destino.

Eu pensei em criar este tópico, já que pra mim a dificuldade em estabelecer vínculos afetivos tem a ver com os arromânticos do fórum. Além disso pelo que leio aqui há várias pessoas aqui que não só não se apegam românticamente, mas também assexualmente depois de terem passado por um momento negativo em suas relações, e depois disso sentirem uma força que os "repelem" de tais contatos (provavelmente o medo de se apegarem como você disse). Por isso senti que de alguma forma essa entrevista atinge não todos os usuários do fórum, mas alguns.

umbraal escreveu:

Eu pensei em criar este tópico, já que pra mim a dificuldade em estabelecer vínculos afetivos tem a ver com os arromânticos do fórum. Além disso pelo que leio aqui há várias pessoas aqui que não só não se apegam românticamente, mas também assexualmente depois de terem passado por um momento negativo em suas relações, e depois disso sentirem uma força que os "repelem" de tais contatos (provavelmente o medo de se apegarem como você disse). Por isso senti que de alguma forma essa entrevista atinge não todos os usuários do fórum, mas alguns.

Relaxa, é sempre bom abordar esse assunto e o tópico está legal

O que acontece, em alguns casos, é o interesse amoroso da pessoa não ser "forte" o suficiente para ela querer dar um passo além da amizade.

Pelo que vejo, a psicanálise é um pouco radical nesse aspecto. Eu considero meu círculo afetivo gigantesco. Na faculdade, nos grupos de estudo e em outros lugares que frequento, as pessoas são muito carinhosas e atenciosas comigo pelo fato de eu ser.
Assim, não sinto a necessidade de dar um passo além da amizade, e mesmo quando (raramente) me envolvo romanticamente com alguém, deixo bem claro minhas preferências e a importância que dou à amizade, prioritária.

Mas pra dar assunto à discussão, devo dizer que em casa sou bloqueado nesse aspecto, há muita indiferença do pessoal lá e às vezes me sinto um fantasma. O contato afetivo, verbal ou não, é impossível.

Antes de introduzir minha opinião sobre o assunto, trago um poema espírita de que gosto muito:


A tendência é que nós, especialmente os arromânticos, fiquemos ofendidos ao ver uma pesquisa desse tipo. Ora, estão sugerindo que somos egoístas, narcisistas?

Antes de tudo, é preciso lembrar que:

1) Amor e paixão são coisas diferentes: O fato de uma pessoa não conseguir se apaixonar não significa que ela não seja capaz de amar e
2) Amor romântico não é o único que existe.

Amor é dedicação, é entrega; se você é capaz de fazer essas coisas por alguém, independente de qual rótulo a sociedade dê para seu relacionamento ("namoro", "amizade", etc), você ama. Você pode não se apaixonar, não namorar, e mesmo assim, amar. Você pode ser aberto a criar laços profundos com as pessoas, mas não desejar certas formas de contato físico ou sexual; talvez você - como eu - ache maravilhosa a possibilidade de se amar e compartilhar uma vida com alguém, mas deteste esses "rituais" impostos pela sociedade como se fossem a única maneira "correta" de se amar alguém.

O que penso sobre esse psicanalista? Em muito do que diz, ele tem razão. Tem MUITA gente aí que é egoísta demais para amar, para viver em sociedade. Seu problema é a velha ideia de que a única forma de amor que importa é a romântica e que, se você não se apaixona, você provavelmente também não ama. Aliás, nem acho que se apaixonar seja uma coisa boa, pra ser bem honesta, mas isso fica pra outra discussão.

Me permita trazer um vídeo que explica bem o assunto, pra complementar mesmo.. o seu comentário acima já é bastante claro e preciso ^^

Adorei o que a Lunática escreveu e esse video sobre o Amor Genuíno é perfeito!

Engraçado que dizem que as pessoas que não querem relacionamento são egoístas, mas pensando aqui com os meus botões, pessoas que querem relacionamentos tb podem ser egoístas. Já que boa parte quer ter amor só pra sí. Podem até se relacionar com alguém mas só enquanto for conveniente ou só enquanto puderem tirar proveito.

Obrigado por falarem o que acharam a respeito da entrevista. Não sei vocês mas eu gosto de criar tópicos assim, não apenas para saber se a maioria concorda ou não, mas para ler e refletir sobre suas opiniões e argumentos com a intenção de tentar entender o tema abordado com outros pontos de vista, além de ser uma boa oportunidade de conhecê-los melhor.

Justamente o que a maioria já comentou. Honestamente eu ainda acho que para um psicanalista as visões dele me parecem muito binárias, preto ou branco, sem querer olhar para exceções e espectros. Tirando isso, eu também me pergunto quão tem ou não tem relação com passado e criação a parte da orientação afetiva, mas é a velha história "te incomoda? procure um psicanalista/psiquiatra. Não te incomoda, aceite e viva em paz - Let it go tsk tsk".

O que me faz não gostar desse tipo de opinião que ele emitiu é dar aos outros essa ferramenta para sair diagnosticando e ofendendo pessoas por aí "porque um psicanalista disse que é assim, logo você tem que se enquadrar nisso também".

Enfim, se o tema chamou o interesse de alguém, nem que para mero autoconhecimento, sugiro buscar leituras sobre "Negligência infantil" ou "Child Neglect", mas aviso logo que pode não ser uma leitura exatamente feliz, visto que é relativamente fácil se enquadrar numa coisa ou noutra, ainda mais hj em dia. Interessante notar como algumas referências citam até que caso a criança não tenha tido o suporte emocional dos pais nos primeiros dois anos de vida, ela muitas vezes internaliza isso de forma tal que alguns componentes químicos e vias cerebrais são alteradas causando mudanças permanentes pro resto da vida daquele ser.

E é por essas e outras que ficar buscando diagnóstico ou culpa para o fato de existirem/ser arromântic@ não dá muito certo, é bem provável que chegue no final e descubra "legal, é irreversível, o que adianta saber o que pode ter causado então?" (Isso para os que buscam alguma reversibilidade, para outros vale a pena pelo autoconhecimento mesmo acho, ganhar resiliência e resistência emocional, etc. Sobretudo é bom saber de tais elementos caso queiram ter filhos ou lidar com crianças em geral, para saber identificar os erros dos seus pais que podem ou não estar internalizados em você e saber não repeti-los com a próxima geração)

Dificuldade em se apaixonar é algo relativamente diferente da dificuldade de criar laços afetivos. Laços afetivos, qq um sempre irá criar. A conjuntura específica do laço - suas disposições, performance, etc - serão tão variadas quanto o número de pessoas, mantendo uma certa margem de intercomunicabilidade, é claro.

O fenômeno da paixão certamente envolve predisposições mentais, mas é impossível dizer como operam, o que é e não é "natural". Por isso é até difícil definir o que é a própria paixão.

Acho que começamos a nos preocupar com o problema da paixão quando percebemos que nunca nos ocorreu um sentimento arrebatador, algo que parece fugir ao nosso controle, etc. Na verdade, se conversarmos como todas as pessoas a nossa volta, vamos descobrir que muitas delas jamais passaram por isso. Algumas sim, certamente, outras talvez, mas a grande maioria nunca se "apaixonou" no sentimento mais pirotécnico da palavra.

A "paixão", independente de sua natureza biológica, também é uma performance no sentido que Goffman atribui ao termo. Leia "A Representação do Eu na Vida Cotidiana", através dele você vai poder imaginar como as pessoas na verdade estão profundamente engajadas na performance social-sexual-afetiva da paixão, namoro, etc. Não é uma mera combustão espontânea, mas sim um grande show.

Encontrar uma resposta pra isso não é fácil. Você pode fazer parte do show e se sentir vazio por uma performance que não se representa ou te retribui como gostaria. Fazer sua própria performance, contudo, é um grande desafio, encontrar formas próprias de representação, pensar sua comunicabilidade com as outras formas, etc etc etc. Enfim, não é fácil.

Boss, eu concordo com você, porém em relação ao primeiro parágrafo posso dizer que pra mim a paixão é como se fosse uma categoria dos laços afetivos. Na maioria das vezes para se apaixonar você primeiro estabelece um vínculo com a pessoa (a não ser que seja algo platônico), desse modo a dificuldade em se criar um certo "laço" com alguém reflete diretamente na dificuldade em se apaixonar, pois não há a criação de um relacionamento mais profundo.

Wokgran X no caso da negligência infantil eu acredito que poderia influenciar, mas não determinar os sentimentos e o modo de agir de alguém , já que seria necessario outros fatores como por exemplo uma fraca personalidade.