Olá, amigos do fórum.

Tenho 22 anos e nunca namorei (e nunca tive qualquer pretensão de), embora já tenha vivido paixões completamente platônicas. Durante minha infância e adolescência me sentia um pouco anormal em relação aos outros da minha idade, porque não compartilhava dos mesmos interesses, além de nunca ter me identificado com nenhum gênero. Ainda na adolescência, quando questionavam minha total falta de interesse em ficar com alguém, eu me declarava assexuada (ainda que eu só tenha ouvido falar desse termo para descrever um tipo de reprodução que não envolve gametas, mas até então era o que melhor se aplicava à mim). Aos 20 anos, decidi, após (mais) uma desilusão amorosa, que experimentaria beijar alguém. E foi assim mesmo: na decisão. Beijei um garoto qualquer, pela simples experimentação. E não fiquei frustrada por não ter gostado, porque era algo que eu esperava acontecer. Porém, mesmo assim, meses depois, experimentei outras bocas, outros gostos, outros cheiros, até que finalmente encontrei alguém que me fazia sentir algo além do mais profundo NADA rs. Mas é aí que mora a cagada toda, não é mesmo? Eu estava apaixonada pelo rapaz. Entretanto, assim que ele sugeriu ter relações sexuais comigo, acabei por me ofender. Hoje vejo que foi imaturidade da minha parte, por não aceitar que algumas pessoas gostem de sexo e que talvez uma delas acabe por me desejar (embora eu até sentisse algum desejo por ele, mas, ué, sinto desejos loucos por lasanha e nem por isso sinto vontade de transar com uma rs). O que aconteceu foi que não aconteceu nada, né. Ninguém é obrigado a ficar com quem não compartilha dos mesmos interesses. Depois dele, acabei ficando com alguns meninos homossexuais, pela segurança em saber que estes pelo menos não tomariam a mesma iniciativa. Até que conheci alguém que parecia não se importar com o fator sexo e lá estava eu ficando com essa pessoa e vivendo mais um affair. Mas, na primeira proposta sexual eu pulei fora lindamente. E lá se foi mais alguém embora da minha vida. Acabei por cultivar uma certa mágoa com essa história, mas que se há de fazer? O lado bom foi que nunca mais me apaixonei por ninguém (a não ser as paixonites relâmpago de metrô, porque ninguém é ferro, minha gente).

Enfim, apesar de às vezes ser marginalizada pelas outras pessoas, eu até costumo brincar com a minha (falta de) sexualidade, dizendo que prepararei uma marcha pela descriminalização da virgindade após a maioridade ou farei a parada do orgulho assexual. Não que eu me orgulhe por isso, é apenas uma maneira de lidar com o fato de fazer parte de uma minoria, e que por sinal passa despercebida pela sociedade. Quer dizer, só somos lembrados quando a família vem perguntar "E AS NAMORADA?", ou ainda, quando alguém que se sente superior te define como um(a) santo(a), e que a sua "condição" é de extrema pureza. Pobres diabos.

Ainda que eu me declare assexual (não para todos, porque não me sinto nessa obrigação), também trabalho com a possibilidade de um dia cair na gray-A.

Um abraço, galera.

Boa jornada essa tua. rsrs Esse lance de entrar em um relacionamento e saber que cedo ou tarde aquele enorme elefante lá no canto (sexo) vai querer se fazer presente não é nada confortável. Eu já desisti. Mas quando tinha a tua idade (tenho 30 agora) nao fazia a mínima ideia que existia algo chamado assexualidade e estava tentando me manter em um relacionamento evitando sexo. Não faz bem nem para nós e nem para a outra pessoa.

Seja bem-vinda!

(Cara... eu não sei como o Nush consegue ver todos os posts antes de mim...)

Seja bem vinda, minha cara!

Para mim fica um pouco difícil falar da sua história. Respondendo inúmeros emails que as pessoas mandavam contando suas histórias eu percebi que a relação que as pessoas mantém com o passado é no mínimo interessante.

Se você observar a forma como se descreve vai ver alguém no típico modelo arromântico... inclusive com os problemas com beijo... então vai "transformando" em alguma coisa completamente diferente... possivelmente essa área cinza que ninguém sabe o que é.

Suponho que você já tenha passado pela AVEN, ou lido algo por lá. Eu tenho algumas opiniões diferentes. Eu, por exemplo, não vejo a assexualidade como uma coisa só. Existem diversos aspectos que podem se sexualizar ou não. Uma pessoa pode ser assexual em categorias de orientação, inclinação afetiva, identidade, etc.

Eu também passei por experiências de "transformações". Se bem que essas "mudanças" serão contínuas e nunca terminarão. Mas eu não acredito que um dia poderia me tornar sexual ou algo do gênero. Eu vejo questões substanciais, essenciais... mas o ponto não é se essas questões são imutáveis (tudo pode mudar), mas sim que a consistência dessas questões é bastante "sólida".

Quando eu descobri a assexualidade eu logo pensei que eu era algo como arromântico. Mesmo sem saber exatamente o que seria isso. Depois eu passei por experiências e também eu sempre busquei refletir sobre isso tudo. E o interessante é que essencialmente minha visão sobre afeto e relacionamentos continua muito parecida (sobre o que seria esse afeto, sua importância, sua lógica, sua efetividade, de que se constitui uma relação, questões essenciais de dependência, intimidade, etc.) mas "exteriormente" minha atitude mudou bastante.

Eu também faço as mesmas reflexões sobre questões sexuais. Que são bem mais profundas e complexas... geralmente eu não falo sobe isso no site, até pela pouca maturidade das ideias. Mas, de qualquer forma, a situação é a mesma... minha visão fundamental sobre o sexo e o comportamento sexual não muda... ou se muda é para adquirir mais consistência. Eu não me imagino (nem aprecio isso de alguma forma), por exemplo, desejando mais sexo, ou tendo uma "atitude" mais sexual, ou sentimentos sexuais, etc. até mesmo porque essas coisas parecem mais um retrocesso do que um avanço.

Lógico, algo "interno" pode mudar em mim, eu posso subliminarmente passar a pensar de uma forma diferente, etc. Mas também acho isso bastante improvável, se não por um períoco curto de tempo, por razões diversas.

Obrigada pelas boas-vindas!

Olá, seja bem vinda!

Um provável Gray-A aqui também, com 23 anos de frustrações do mesmo tipo que as descritas por você hahaha. Esse é o pior grupo, não acha? Antes eu não sentisse afeto por ninguém, ou então tivesse uma libido normal... mas é terrível querer relacionar-se mais a fundo com alguém sabendo como as coisas SEMPRE terminarão...

De qualquer forma, boa sorte a nós e todos deste fórum!

PorcupineLover escreveu:

Um provável Gray-A aqui também, com 23 anos de frustrações do mesmo tipo que as descritas por você hahaha.

Ah, a vida: esse acúmulo de frustrações!