Olá, comunidade!

Confesso que não sei muito sobre aromaticidade (espero ter escrito certo) mas tenho pensado no assunto. Sei que nada é tão quadrado, e que cada experiência é única e as decisões e sentimentos são variadas, mas enfim...

Por muito tempo eu tenho tido essa coisa de não me contentar somente com a ideia de família tradicional que conhecemos, ou até mesmo em relacionamentos entre duas pessoas, como um namoro por exemplo.

Me identifico como assexual, e sempre gostei da ideia de estar num relacionamento romântico. No entanto, depois de tomar conhecimento da minha assexualidade, mais do que nunca (e com certo alívio), me pareceu melhor estar num relacionamento queer (no caso, com um homem, que é o grupo pelo qual eu me atraio romanticamente).

Mas tenho pensado comigo: nunca me relacionei, nem nunca consegui fazer todas essas coisas vinculadas ao romance (se envolver com alguem, ser vulnerável, expressar suas emoções, demonstrar, aquela coisa de ter um clima entre duas pessoas, ficar...), não que eu não tivesse vontade e desejasse isso, mas isso não era claro para mim, não era tão intuitivo como parece para os outros, onde até mesmo as pessoas mais inseguras tem suas experiências, boas ou ruins. Eu nunca saí dos meus próprios desejos de relacionamento, mas mesmo nesses desejos de romance, existem esferas dessa experiência que não consigo relacionar ou entender. Existem coisas que as vezes fazem sentido, e as vezes não. As vezes é uma dor de cabeça pensar como eu poderia encontrar romance sem saber fazer essas coisas que envolvem a esfera romântica, tanto para que eu o encontre, quando para o que vem a seguir, já dentro de relacionamento.

Não sei se estou com medo baseado na minha falta de experiência, ou se eu de fato não consigo imaginar um relacionamento depois da "conquista", por não me conectar com boa parte dessas coisas que envolvem romance e um namoro.

Sei que existem aromanticos que namoram (quando conheci uma mulher assim na minha faculdade, fiquei surpresa num primeiro momento) ou que mantém outros tipos de relacionamento a dois que diferem da amizade, com expressão de afeto e carinho. Fico pensando se minha situação pode se encaixar em alguma area da aromanticidade, talvez uma area cinza...

Isso porque existem momentos onde eu consigo me imaginar e me sinto disposta a demonstrar afetos de forma aberta, o que geralmente é difícil pra mim, e mesmo que eu não tenha ninguém. Também existem momentos onde eu sinto que estaria disposta a engajar em um momento sexual de forma específica se fosse com alguém que eu amasse (mas esse caso é um pouco mais difícil e também desaparece com mais facilidade, as vezes logo após). E isso talvez seja um forte indicativo de que eu possa estar numa area cinza da assexualidade também kkkk

Seria interessante se algum aro pudesse comentar e trocar experiências. Conhecimento sempre é bom para que possamos conseguir encontrar o que nos faz bem e combina conosco, e não sigamos perseguindo uma coisa que não somos ou não tem real relação conosco.

Hey,

Eu não sou arromantico, hoje me considero Gay Grey, mas queria destacar um trecho da sua fala que acho bem importante e vejo se repetindo muito aqui no fórum.

Que é:
" Sei que nada é tão quadrado, e que cada experiência é única e as decisões e sentimentos são variadas, mas enfim..."

Esse tipo de percepção é muito importante e já demonstra uma grande maturidade. Tipo, vejo que muitos colegas se "abalam" quando percebem que não são, ou não se comportam, exatamente como que pensavam. Porém isso é inerente a existência. Digo, nem sempre vamos nos encaixar em uma regra social de grupo pois temos nossas particularidades. Justamente por isso tenho refletido a assexualidade/arromanticidade não como algo dado, imposto e imutável. Mas sim como uma identidade de grupo que demonstra que existem pessoas que não colocam o sexo ou a "idealização de romantico" no centro de suas relações. Assim, penso também que suas dúvidas serão respondidas com o tempo e a experiência. Pode acontecer de em algum momento você mudar de ideia e descobrir que pode sim experienciar outras vivencias/sentimentos. Mas também pode que isso não aconteça. E nos dois casos está tudo bem com você, não é mesmo? O importante é se respeitar, se ouvir e procurar entender o que te faz bem.

Bom, não sei se consegui colabora... Mas a ideia aqui é fomentar o diálogo. Inté

Olá,

Eu penso de maneira parecida - com vocês dois, aliás. Nunca me pareceu uma ideia muito atrativa buscar um romance, e por isso muitas vezes me descrevo como arromântico. Mas essas coisas são muito complicadas (motivo mesmo pelo qual eu tenho grande desconfiança daquela ideia de que existe uma verdade interna que revela tudo o que é autêntico sobre nós, mas eu estou divagando).

Meus sentimentos se refletem muito nas suas palavras aqui, sobre não ter vontade - ou experiência - para fazer as coisas relacionadas ao romance, a falta de uma intuição que direcione de alguma forma para essa, digamos, atividade. Eu também não tenho a menor ideia do que seria ser diferente disso.

Exceto por eu não gostar da palavra "queer" para descrever esse tipo de coisa (não vamos lá divagar de novo, a não ser que vocês queiram...), é algo como o que você imagina que eu também idealizo com frequência. E no entanto parece uma tolice, porque não é assim que funciona. Não na grande maioria dos casos, de qualquer maneira.

E mesmo quando encontramos pessoas com sentimentos parecidos, bem, um relacionamento não se constrói só disso. De onde você parte, se não for do padrão? Nós somos um bando de disparatados que não tem culpa de achar a gente normal terrivelmente estranha. Mas, convenhamos, muito menos têm eles. Fazer o quê?

...tava pensando agora, no intervalo dos meus estudos (estudo para um concurso público ) e me deu vontade de escrever isso: se por acaso algum dia alguém se atrever a nos taxar de"anormais"vão ouvir o seguinte: "isso é muito relativo e depende também muito do referencial, porque assim como vo ces acham que nós estamos fora da "normalidade " nos também achamos que vocês é que estão portanto, mais uma vez isso é muito relativo e só pra concluir, se fazer sexo fosse sinal de amor absoluto, toda puta era a mulher mais amada do planeta.Desculpem se usei alguma palavra inapropriada, mas é porque eu sou assim mesmo, falo o que me vem na telha.

...tava pensando agora, no intervalo dos meus estudos (estudo para um concurso público ) e me deu vontade de escrever isso: se por acaso algum dia alguém se atrever a nos taxar de"anormais"vão ouvir o seguinte: "isso é muito relativo e depende também muito do referencial, porque assim como vo ces acham que nós estamos fora da "normalidade " nos também achamos que vocês é que estão portanto, mais uma vez isso é muito relativo e só pra concluir, se fazer sexo fosse sinal de amor absoluto, toda puta era a mulher mais amada do planeta.Desculpem se usei alguma palavra inapropriada, mas é porque eu sou assim mesmo, falo o que me vem na telha.