| | Carta para a assexualidade | |
| Autor | Mensagem |
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AlyneFerreira Novato(a)
42 27/10/2017 22 Gênero :
| Assunto: Carta para a assexualidade 22/10/2023, 13:22 | |
| Olá queridos. Essa madrugada passei por momentos de reflexão sobre a minha vida desde que me descobri assexual, e então eu acabei escrevendo um texto para desabafar. Queria compartilhar aqui também, mas antes de lerem, preciso deixar vocês cientes de uma coisa...
ALERTA DE GATILHO! Esse texto que escrevi foi em um momento de revolta e não-aceitação da minha própria assexualidade. Nele, eu expresso raiva e rejeição da minha assexualidade, e o termo "cura" é citado. NÃO tenho a menor intenção de incentivar ninguém a procurar isso. O que escrevi foi um desabafo, mas caso você esteja passando por um momento sensível sobre isso, POR FAVOR NÃO LEIA.
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No começo eu me encantei por você. Você me fazia parecer única, pertencente a algo que distoava do todo, e isso parecia legal na época. Mas com o tempo, fui sentindo o gosto amargo que era ter você fazendo parte de mim. Eu não queria enxergar, até te defendi quando nos ofenderam e invalidaram a nossa existência. Mas te conhecer foi a pior coisa que eu pude ter feito na época, pois quando achamos uma explicação para todas aquelas situações que para mim eram apenas "uma fase", nós sabemos que ela nunca vai acabar. Nunca foi uma fase. Eu passei a me sentir na obrigação de me explicar para as pessoas quando ficava encurralada, e foi então que percebi o quão pesado aquilo seria para carregar para o resto da vida. Eu te tolerei, em alguns momentos até esquecia que você existia, mas a vida não é boa com ninguém, e me condenou a outra maldição: a paixão. Mas no mundo de hoje, só a paixão não é o suficiente. Nunca é o suficiente. E nessa cobrança injusta que eu percebo a incompletude que eu sou. O que no início era um sentimento de pertença, hoje é de exclusão. Essa é a minha sentença: ser condenada a amar, mas nunca ser o suficiente para ninguém. Sabe, eu cheguei a achar que tinha achado o amor da minha vida esse ano, que eu te venceria. Mas mais uma vez você me deu uma rasteira e tirou o meu girassol de mim. E eu só consigo sentir raiva. Não tenho raiva dele, mas de mim por ser incompleta. Para ser mais precisa, raiva de você, por me fazer incompleta. Não podemos nos separar, já que somos a mesma coisa, então te odiar seria quase que o mesmo que me odiar. E eu tenho que lidar com isso. Eu não sei o que pensar do futuro. Talvez a cura que eu devo achar não é de você, mas da paixão. Quem sabe assim eu consigo viver feliz, já que parece que para gente como eu, o destino é estar sozinha.
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| | | Thomas Chatterton Aprendiz
64 13/10/2017 24 "O conhecimento de si mesmo é a mãe de todo conhecimento. Portanto estou incumbido a conhecer a mim mesmo, me conhecer completamente, conhecer minhas minúcias, minhas características, minhas sutilezas, e cada átomo meu." - Kahlil Gibran Gênero :
| Assunto: Re: Carta para a assexualidade 22/10/2023, 19:38 | |
| Olá Alyne, não vou perguntar se está tudo bem, está claro que não, não está tudo bem.. Seu relato ficou ecoando na minha cabeça, principalmente essa frase "Talvez a cura que eu devo achar não é de você, mas da paixão". Me descobri assexual com 17 anos, mas apenas com 24 que estou me deparando com a possibilidade de eu também ser arromântico. Por muito tempo a assexualidade me parecia algo que nomeava o que eu sentia, que não me deixava me sentir um completo alienígena, pois haviam outras pessoas como eu, algumas delas estão aqui reunidas nessa comunidade... Mas só isso não consola, certo? Não consola todo o sofrimento provindo do peso, cobrança e expectativas que possuem sobre a gente, que nós mesmos acabamos nos impondo, direta e indiretamente. Se a ideia de não transar já me rendia um bom sofrimento, no sentido de ser um filtro a mais na hora de me relacionar com alguém, perceber a possibilidade de eu estar vivendo uma romanticidade compulsória deixa tudo pior, como se agora eu estivesse condenado, sem por onde fugir, sem frestas para vazar. Procurei tanto por alguém, por um amor, mas eu mesmo criava inúmeros empecilhos e distanciava a pessoa, por exemplo, ao mesmo tempo que me cobrava de fazer algo dar certo, de eu dar certo com alguém. Talvez eu não seja a melhor pessoa para falar algo, até porque estou um bocado amargo nesse momento de aceitação, por vezes a negação não resolve, mas me aceitar exige bastante de eu próprio.
Fico contente que você tenha desabafado, escrito para si e para a sua vivência com a assexualidade, espero que tenha ajudado de alguma forma, que tenha sido catártico. Agora a frase amarga que talvez não fosse necessária, mas lá vai. "Estou cansado de ser pra você, algo que eu não fui nem pra mim, suficiente", talvez quando aprendermos a nos amar, verdadeiramente, as coisas fiquem melhores. A gente por si só já basta? |
| | | AlyneFerreira Novato(a)
42 27/10/2017 22 Gênero :
| Assunto: Re: Carta para a assexualidade 22/10/2023, 23:07 | |
| Oi Thomas. Obrigada por sua resposta e por ter se aberto aqui também. Sim, no início saber que outras pessoas eram como eu me ajudou muito, mas hoje eu só consigo pensar que tenho o azar de me apaixonar justamente por quem não é como eu! Isso não é algo que controlamos, e para ser sincera é uma merda. Eu sinto muito que você tenha passado por situações ruins também. A sociedade nos oprime tanto a seguirmos o padrão do "achar alguém para casar e ter filho", ou os discursos mais modernistas que dizem para "não ficar encalhade/sozinhe", que é um inferno na terra. Pior que eu tenho atração romântica. Eu amo beijar, abraçar, estar perto, sair com a pessoa... mas nesses momentos só isso não bastava para elas, e era a hora que eu tentava mudar o foco e deixava a pessoa confusa ou até mesmo desconfortável. Espero que um dia você consiga alcançar a aceitação e ficar em paz com tudo isso. Sobre a sua frase, foi absolutamente necessária sim. Se eu nunca for o suficiente para mim e me amar, nunca que alguém verá isso em mim (mesmo não sendo necessário que alguém veja, pois não dependemos de outro ser humano nos amando para viver, mas infelizmente essa é uma atração que eu tenho)
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| | | Italo Roberto Novato(a)
24 19/10/2023 29 Para encontrar a sua direção, siga seu coração ❤️ Gênero :
| Assunto: Re: Carta para a assexualidade 22/10/2023, 23:12 | |
| Oi Alyne! Eu li a sua carta e confesso que fiquei pensativo. Não estou em um momento triste com a minha assexualidade, mas sim o contrario. Estou me amando ainda mais por me descobrir. Desde pequeno nós, e até os alossexuais, somos pressionados a ter um relacionamento. Ouvimos de parentes que teremos muitos pretendentes quando crescer e que devemos toma cuidado com algumas atitudes para não afastá-los. Afinal, ninguém quer ficar para trás, não é? A gente vai crescendo e essas pessoas começam a perguntar por nomes, características... como se tivéssemos a obrigação de ter alguém. Até mesmo em programas televisivos ou em obras literárias, o relacionamento é tratado como objetivo de vida. Me lembro bem que aos meus 13 anos minha mãe me perguntou se eu não tinha vontade de ficar com ninguém enquanto meus amigos já falavam e ficavam com outras meninas. Ela até mesmo questionou a possibilidade de eu ser homossexual. No entanto, nunca senti atração pelo mesmo sexo, mas naquele momento, não estava interessado em procurar ninguém. Falei o nome da primeira menina que veio na mente e encerrei o assunto. Crescendo, às perguntas aumentam quase como indignação dessas pessoas. Chega um ponto em que nós queremos querer da mesma forma que eles e isso vai matando a gente por dentro, porque algo que não consideramos urgente, é forçado a ser. Eu vejo que as pessoas buscam constantemente a metade da sua laranja ou sua alma gêmea, não importa o nome, como se nós mesmos não somos capazes de nos bastar. O fato da gente querer um relacionamento não significa que algo falta em nós! Não creio que a nossa orientação nos defina e nos deixe incompleto. Na verdade creio que nós a definimos, afinal, é só uma nomenclatura para o que já somos! Mas fica a pergunta, como se bastar? E para mim a resposta é a gente se aceitar. Creio que possa existir outras respostas para essa pergunta, no entanto, essa me agrada mais. Fiquei triste pelo girassol e desejo que você encontre alguém (se assim de fato desejar) que chegue e fique para ser o amor da sua vida. Desejo uma boa recuperação para o seu coração e me coloco a disposição caso queira conversar ou desabafar. |
| | | Thomas Chatterton Aprendiz
64 13/10/2017 24 "O conhecimento de si mesmo é a mãe de todo conhecimento. Portanto estou incumbido a conhecer a mim mesmo, me conhecer completamente, conhecer minhas minúcias, minhas características, minhas sutilezas, e cada átomo meu." - Kahlil Gibran Gênero :
| Assunto: Re: Carta para a assexualidade 22/10/2023, 23:15 | |
| A assexualidade tem me sido algo que presto atenção sazonalmente. Uma hora grita na minha cara e me deixa desconfortável, outra hora se aconchega e fica quietinha, descansando, pura calmaria. De vez em quando eu volto aqui no fórum, comumente quando as coisas não estão lá muito bem, quando estou pensativo e confuso com algo a respeito da minha assexualidade |
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