Vou começar a responder as perguntas que recebo por PM e email aqui no Fórum. Quem quiser, pode me enviar sua questão diretamente por PM ou email juliomtneto@gmail.com, as perguntas serão respondidas anonimamente, exceto quando a pessoa explicitamente pedir para que seu nome seja revelado.

Citação :

Olá!
Fiz meu cadastro pois me interessei em conhecer mais sobre o assunto e conhecer pessoas com quem eu tenha algo em comum.
Sou uma mulher "normal" só não gosto de sexo.
Minhas tentativas em me relacionar sempre terminam qdo o parceiro entra no "clima" e eu não.
Tenho 54 anos, na adolescência fiz sexo com namorados (sem nenhum prazer e sim pra não ficar sozinha).
Devo me considerar uma pessoa assexuada?
Vivo muito bem sem sexo e pretendo continuar assim, embora ainda me encante por um parceiro hétero.
Enfim... Me enquadro a esta comunidade?
Ótimo domingo!!
Grata

Tendemos a pensar no diferente como algo pitoresco. Até hoje muitas pessoas ficam impressionadas quando descobrem que seu amigo ou amiga, que não tem nada de "viado"/"sapatão", na verdade gosta de alguém de seu mesmo sexo! Porque aprendemos a pensar nos gays como pessoas "diferentes", "anormais". E apesar de alguns ainda conseguirem lidar com essa diferença/anormalidade, ficariam em pânico ao se verem nessa mesma situação...

Simplesmente porque a "normalidade" é a condição trivial como sabemos viver. Ser "anormal" é perder toda uma orientação existencial, os roteiros sociais, etc. Como alguém "anormal" namora? Comem o que? Se divertem como? E pior... como os outros "normais" irão lidar com os "anormais"?

Bem, todos somos "anormais", mas ao mesmo tempo, todos somos "humanos". Isso é, ninguém consegue ser completamente "igual", "comum" ou seguir todas as regras sociais, mas todos temos os mesmos sentimentos fundamentais, as mesmas ansiedades, etc.

Existem, é claro, assexuais realmente distintos, porque são extremamente inteligentes, ou possuem percepções diferenciadas sobre afetividade, etc. (assim como muitos sexuais!) Mas apenas usando a razão simples, podemos entender claramente que a assexualidade é uma condição que atinge um número substancial de pessoas (muito mais do místico 1%), mas onde estão escondidas essas pessoas? Ora, justamente por se assimilar como "normal", essas pessoas não se distinguem, não se incomodam a tal ponto que questionar sua identidade e se diferenciar... outros ainda, mesmo que um pouco incomodados, conseguem com relatividade facilidade operacionalizar uma certa normalidade (namoram, se casam, etc.) e por isso não se desprendem da massa de pessoas "normais".

O importante, o mais fundamental, é entender que somos fundamentalmente humanos, temos sentimentos, sonhos, etc. E precisamos de um espaço social onde podemos desenvolver quem realmente somos, sem todo constrangimento para sermos um "modelo" de pessoa que não nos completa.

Citação :

Mas apenas usando a razão simples, podemos entender claramente que a assexualidade é uma condição que atinge um número substancial de pessoas (muito mais do místico 1%), mas onde estão escondidas essas pessoas? Ora, justamente por se assimilar como "normal", essas pessoas não se distinguem, não se incomodam a tal ponto que questionar sua identidade e se diferenciar... outros ainda, mesmo que um pouco incomodados, conseguem com relatividade facilidade operacionalizar uma certa normalidade (namoram, se casam, etc.) e por isso não se desprendem da massa de pessoas "normais".

Tenho pensado muito nisso... Por mais de 40 anos eu me enquadrei nesse tipo de pessoa. E posso dizer que o que aconteceu é que eu nunca tinha ouvido falar na assexualidade. Me considerava uma pessoa meio esquisita que não se sentia a vontade nos meios sociais onde assuntos relacionados com a sexualidade (na minha opinião, exagerada) rolassem como se fosse a única grande motivação da vida. Conheço bastante gente que se sente como eu, mas acho que muitas pessoas não se identificam como assexuais ou por não conhecerem o termo ou por medo do rótulo. Nunca tive problemas por ser "uma pessoa que não curte sexo", mas já recebi olhares bem estranhos ao me referir a mim mesma como assexual.

Achei interessante a abordagem e o texto.
Mas se certifique de pedir autorização de quem envia a mensagem para postar o texto de pergunta dele/dela.
Mesmo sendo anônimo, algumas pessoas podem criar caso.