Oioi. Aqui é a Ju!
Tem pouco tempo que decidi mergulhar de vez no tema da assexualidade e, dentre os muitos textos e artigos que ando lendo, o que capturou minha atenção esses dias foi esse livrinho de capa SUPER produzida (reparem no padrão das cores!
) da autora Kathryn Ormsbee.
(Imagem do Google)
Resisti ao primeiro impulso de lê-lo por não ser de um gênero do meu agrado, o
new adults. Porém, conforme buscava referências de representatividade assexual, Tash & Tolstói sempre despontava com resenhas de blogueiras que afirmavam nunca antes terem se deparado com o assunto assexualidade. É sério! Das várias resenhas que li, apenas em uma a autora já estava familiarizada com o termo. Nas outras, as autoras revelaram que o livro as impulsionou a pesquisar e conhecer mais sobre esse "univero escondido". Algumas até citaram o site da Comunidade Assexual como fonte de informações.
Desnecessário dizer que isso me alegrou MUITO, né? Então, tá. Fui ler o livro! :P
Como não pretendo fazer uma resenha, vou apenas focar naquilo que me atraiu à leitura. Deixo a sinopse para aqueles que também se interessarem:
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Natasha Zelenka é apaixonada por filmes antigos, livros clássicos e pelo escritor russo Liev Tolstói. Tanto que Famílias Infelizes, a websérie que a garota produz no YouTube com Jack, sua melhor amiga, é uma adaptação moderna de Anna Kariênina. Quando o canal viraliza da noite para o dia, a súbita fama rende milhares de seguidores e, para surpresa de todos, uma indicação à Tuba Dourada, o Oscar das webséries. Esse evento é a grande chance de Tash conhecer pessoalmente Thom, um youtuber de quem sempre foi a fim. Agora, só falta criar coragem para contar a ele que é uma assexual romântica ou seja, ela se interessa romanticamente por garotos, mas não sente atração sexual por eles. O que Tash mais gostaria de saber é- o que Tolstói faria?
O enredo em si é típico do gênero: escrita suave, ambientação moderna e personagens entre 17 e 20 anos que estão entrando na vida adulta (new adults!). Tash é uma adolescente que vive às voltas com conflitos pessoais característicos da idade, envolvendo família e amigos, e as dificuldades de dirigir uma websérie baseada no romance Anna Karienina, do escritor russo Liev Tolstói. Ela também lida com um crush virtual que está prestes a encontrá-la na vida real. E aqui entra o diferencial da história: como revelar ao crush sua assexualidade?
Esta questão foi o estopim da minha curiosidade, principalmente, porque vejo diversos tópicos no fórum abordando esse "embate" entre assexual X sexual num contexto romântico. Queria saber como a escritora, que é assumidamente demissexual, lidaria com esse receio tão presente na vida de um ace.
(Não sou estraga prazeres, gente, então se quiserem descobrir o que acontece leiam o livro! )É interessante ressaltar que esta não é uma história de descoberta, tipo sair do armário. Tash já inicia a trama sabendo o que é, assexual heterorromantica, e mesmo assim sua vida - e o enredo - não gira em torno desta única característica. Ela tem uma família peculiar, amigos fieis, sonhos a concretizar, medo de não ser aceita na universidade, e tantas outras coisas que muitas vezes independem da orientação sexual.
(Por estar mais interessada na parte da assexualidade, admito que os outros conflitos pareceram bem enfadonhos para mim. Porém, concordo que esta seja uma forma de evidenciar como, mesmo sendo ace, continuamos a ser pessoas comuns; que estudam, trabalham, brigam com os irmãos, comem porcarias com os amigos ou simplesmente acordam atrasados pra um compromisso de manhã - eu todinha!)Tenho que destacar uma parte que super me identifiquei: Tash revela participar de fóruns ace online, nos quais se assume abertamente, porém não consegue fazer o mesmo na vida real com os seus amigos de infância... Levanta a mão quem sente o mesmo?
Ao final do livro, há um pequeno glossário explicando alguns termos como orientação sexual, identidade de gênero, queer, assexual, entre outros. O que demonstra o caráter quase didático da obra.
Kathryn Ormsbee, a escritora, é uma personalidade a parte. Achei uma entrevista dela concedida ao blog As Valkirias, na qual fala sobre assexualidade, internet e Ana Karienina - é o titulo da postagem. Admirei a disposição dela em se expor para dar visibilidade a um tema ainda tão incompreendido pela sociedade. Tash & Tolstói parece ser seu único livro publicado no Brasil, porém espero que os resultados obtidos possam trazer mais histórias nesta temática - talvez em gêneros mais maduros.
É isso aí. Se alguém tiver algum outro livro dentro deste contexto para citar, estou aceitando indicações.
Até, até