Em retrospecto, parece claro.

Sempre que eu me via na cama com um outro cara, toda a minha animação e antecipação diminuía, e eu simplesmente pensava "bom... eu já vim até aqui, não vou decepcionar a pessoa." e levava a atividade sexual como uma tarefa.

Várias vezes cheguei a considerar que eu na verdade era heterossexual. Mas eu sabia, durante as conversas, com as palavras, eu sentida vontade de estar perto da pessoa, de fazer atividades do dia a dia com ela, e também, bom, em alguns poucos casos, tesão. Mas nunca por fotos. Eram sempre as palavras.

Na adolescência, e no começo dos meus 20 anos eu fazia sexo virtual, e eu gostava. Mas sempre que chegava a hora em que eu estava de frente para a outra pessoa pelada na vida real, o interesse sumia por completo.

Isso sempre foi tão consistente, que eu me pergunto, por que demorou até eu chegar aos meus 30 anos, depois de ja estar uns 2 anos sem fazer sexo com ninguém, para perceber, pra sequer considerar que eu era demissexual.

Eu já tinha ouvido sobre isso antes, desde 2015, mas mesmo então, eu ainda achava que tinha algo de errado comigo. E eu já era chacota numa panelinha de homens gays por que eu era "ruim de cama".

Parece tanto tempo perdido, ficar desejando algo que eu nunca precisei. Até agora não foi nenhum grande trauma, mas desgastes constantes. Enfim, o que importa é daqui pra frente, eu acho.

Aceitar quem somos não é nenhuma tarefa fácil, ainda mais quando estamos rodeados de pessoas sexuais, (é alosexual que fala não é? Não me lembro). A gente cresce achando que o normal, o correto, é querer transar, é se atrair pela aparência dos outros, é inevitável a incompreensão e a negação. Pra nós, que nascemos mais recentemente, é muito mais fácil, nos deparamos com esses novos termos e realidades constantemente na internet e até nos nossos círculos sociais.
Você não perdeu tempo. A vida é uma jornada, todo tempo que passamos vivendo, passamos aprendendo sobre o mundo e nós mesmos. Se você percebeu agora, era porque era pra perceber agora, tudo tem seu tempo. São nossas experiências, únicas, erros e acertos, que nos tornam o nós somos.
(Desculpa o discurso clichê)