| | Poesias e textos que tu gostas | |
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Autor | Mensagem |
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| Assunto: Re: Poesias e textos que tu gostas 14/5/2014, 23:44 | |
| Sorri (Charles Chaplin / G. Parsons / J. Turner - Versão:Braguinha)
Sorri, quando a dor te torturar E a saudade atormentar Os teus dias tristonhos, vazios
Sorri, quando tudo terminar Quando nada mais restar Do teu sonho encantador
Sorri, quando o sol perder a luz E sentires uma cruz Nos teus ombros cansados, doloridos
Sorri, vai mentindo a sua dor E ao notar que tu sorris Todo mundo irá supor Que és feliz
Última edição por Carolina em 15/5/2014, 18:27, editado 1 vez(es) |
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| Assunto: Re: Poesias e textos que tu gostas 15/5/2014, 18:19 | |
| "A menina perdoa. Não porque virou santa, mas porque já não aguenta mais carregar este ódio. Odiar cansa. Não sei se muda algo no Céu ou na Terra, se salva ou condena a minha alma, mas estou exausta e só agora entendo isso." - retirado da obra "O Aleph" de Paulo Coelho |
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| Assunto: Re: Poesias e textos que tu gostas 17/5/2014, 00:03 | |
| O Mundo é Um Moinho (Cartola)
Ainda é cedo, amor Mal começaste a conhecer a vida Já anuncias a hora de partida Sem saber mesmo o rumo que irás tomar
Preste atenção, querida Embora eu saiba que estás resolvida Em cada esquina cai um pouco a tua vida Em pouco tempo não serás mais o que és
Ouça-me bem, amor Preste atenção, o mundo é um moinho Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho Vai reduzir as ilusões a pó
Preste atenção, querida De cada amor tu herdarás só o cinismo Quando notares estás à beira do abismo Abismo que cavaste com os teus pés |
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| Assunto: Re: Poesias e textos que tu gostas 21/5/2014, 11:44 | |
| Eu luminoso não sou (José Saramago)
Eu luminoso não sou. Nem sei que haja Um poço mais remoto, e habitado De cegas criaturas, de histórias e assombros. Se, no fundo poço, que é o mundo Secreto e intratável das águas interiores, Uma roda de céu ondulando se alarga, Digamos que é o mar: como o rápido canto Ou apenas o eco, desenha no vazio irrespirável O movimento de asas. O musgo é um silêncio, E as cobras-d’água dobram rugas no céu, Enquanto, devagar, as aves se recolhem.
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| Assunto: Re: Poesias e textos que tu gostas 21/5/2014, 11:54 | |
| Pessoa Nefasta (Gilberto Gil)
Tu, pessoa nefasta Vê se afasta teu mal Teu astral que se arrasta tão baixo no chão Tu, pessoa nefasta Tens a aura da besta Essa alma bissexta, essa cara de cão
Reza Chama pelo teu guia Ganha fé, sai a pé, vai até a Bahia Cai aos pés do Senhor do Bonfim Dobra Teus joelhos cem vezes Faz as pazes com os deuses Carrega contigo uma figa de puro marfim Pede Que te façam propícia Que retirem a cobiça, a preguiça, a malícia A polícia de cima de ti Basta Ver-te em teu mundo interno Pra sacar teu inferno Teu inferno é aqui
Pessoa nefasta
Tu, pessoa nefasta Gasta um dia da vida Tratando a ferida do teu coração Tu, pessoa nefasta Faz o espírito obeso Correr, perder peso, curar, ficar são
Solta Com a alma no espaço Vagarás, vagarás, te tornarás bagaço Pedaço de tábua no mar Dia Após dia boiando Acabarás perdendo a ansiedade, a saudade A vontade de ser e de estar Livre Das dentadas do mundo Já não terás, no fundo, desejo profundo Por nada que não seja bom Não mais Que um pedaço de tábua A boiar sobre as águas Sem destino nenhum
Pessoa nefasta |
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| Assunto: Re: Poesias e textos que tu gostas 23/5/2014, 23:07 | |
| Poema em linha reta (Fernando Pessoa)
Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, Indesculpavelmente sujo. Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho, Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo, Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas, Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante, Que tenho sofrido enxovalhos e calado, Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda; Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel, Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes, Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar, Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado Para fora da possibilidade do soco; Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas, Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, Nunca foi senão príncipe — todos eles príncipes — na vida…
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia; Que contasse, não uma violência, mas uma covardia! Não, são todos o Ideal, se os ouço e me falam. Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil? Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses! Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado, Podem ter sido traídos — mas ridículos nunca! E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído, Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear? Eu, que venho sido vil, literalmente vil, Vil no sentido mesquinho e infame da vileza. |
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| Assunto: Re: Poesias e textos que tu gostas 24/5/2014, 12:16 | |
| Amor Incondicional
Vou-te dizer como te quero amar Para mostrar-te a minha intenção De te atender se me fores chamar E jamais te abandonar na solidão.
O teu silêncio vou saber respeitar, Não vou sequer perguntar a razão, E caso a tristeza te venha dominar, Dar-te-ei o meu carinho e afeição.
Compreensão nunca te vou negar, Nem te vai faltar o meu perdão, Esta é a minha forma de te amar, Sempre tão pura e sem condição.
(Dennys Távora) |
| | | Léo Mestre Supremo(a)
1586 24/07/2013 105 y1 = -√(1-x²) + √|x|, y2 = √(1-x²) + √|x| Gênero :
| Assunto: Re: Poesias e textos que tu gostas 25/5/2014, 01:27 | |
| Sensation (Jean-Nicolas Arthur Rimbaud) Par les soirs bleus d’été, j’irai dans les sentiers, Picoté par les blés, fouler l’herbe menue: Rêveur, j’en sentirai la fraîcheur à mes pieds. Je laisserai le vent baigner ma tête nue. Je ne parlerai pas, je ne penserai pas : Mais l’amour infini me montera dans l’âme, Et j’irai loin, bien loin, comme un bohémien, Par la Nature, - heureux comme avec une femme. - Tradução:
Sensação
Pelas tardes azuis do Verão, irei pelas sendas,
Guarnecidas pelo trigal, pisando a erva miúda:
Sonhador, sentirei a frescura em meus pés.
Deixarei o vento banhar minha cabeça nua.
Não falarei mais, não pensarei mais:
Mas um amor infinito me invadirá a alma.
E irei longe, bem longe, como um boêmio,
Pela natureza, - feliz como com uma mulher.
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| Assunto: Re: Poesias e textos que tu gostas 25/5/2014, 13:17 | |
| A rosa de Hiroxima (Vinícius de Moraes)
Pensem nas crianças Mudas telepáticas Pensem nas meninas Cegas inexatas Pensem nas mulheres Rotas alteradas Pensem nas feridas Como rosas cálidas Mas oh não se esqueçam Da rosa da rosa Da rosa de Hiroxima A rosa hereditária A rosa radioativa Estúpida e inválida A rosa com cirrose A antirrosa atômica Sem cor sem perfume Sem rosa sem nada. |
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| Assunto: Re: Poesias e textos que tu gostas 25/5/2014, 14:10 | |
| "Você passa a maior parte do tempo tentando entender porque você nunca consegue entender, justamente o que você está tentando entender. Passe mais tempo vivendo. Você passa a maior parte do tempo procurando pelo amor que estará à procura do seu amor. Você ama guardar o seu amor para o amor. Passe mais tempo amando. Você passa a maior parte do tempo falando de si mesmo e como isso é importante para seu ego, mais do que para qualquer outra pessoa. Passe mais tempo ouvindo. Você passa a maior parte do tempo julgando tudo como se até soubesse de alguma coisa. Há mais nas coisas do que somente uma coisa. Passe mais tempo respeitando.
Você passa a maior parte do tempo preocupado com o que irão dizer sobre suas maneiras bobas. E isso não é bobo, afinal de contas? Passe mais tempo fluindo. Você passa a maior parte do tempo reclamando, blefando, odiando todos o tempos sangrando."
Tiago Iorc |
| | | Walter Bishop Mestre Supremo(a)
1324 06/05/2013 25 "solidão como situação pode ser corrigida,mas como estado de espirito é uma doença incurável." Gênero :
| Assunto: Re: Poesias e textos que tu gostas 27/5/2014, 12:35 | |
| “9:13. Nota Pessoal. Quando eu era criança, minha mãe me disse para não olhar diretamente para o sol. Então, quando eu tinha seis anos eu olhei. Os médicos não souberam dizer se meus olhos um dia sarariam. Fiquei apavorado, sozinho naquela escuridão. Lentamente, a luz do dia penetrou através das vendas e eu consegui ver, mas alguma coisa dentro de mim havia mudado. Nesse dia eu tive minha primeira dor de cabeça.“É um trecho da transcrição do filme Pi de Darren Aronfosky,tem uma carga simbólica muito interessante. |
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| Assunto: Re: Poesias e textos que tu gostas 28/5/2014, 23:11 | |
| Todo dia barulhento espera uma noite silenciosa (André J. Gomes)
Ah, minha mãe. Esse barulho todo me traz você aqui. Penso no seu silêncio no tumulto da nossa casa. Lembro do som da rua quieta enquanto esperava você no portão. Naquele tempo em que esperar por você era minha única angústia da vida.
Aqui, no alvoroço desse negócio de viver tudo e dormir nada, de andar apertando os olhos para ouvir alguém entre tanto ruído, me falta você, minha mãe, chegando com a noite e a lua. Silenciosa em sua meia dúzia de palavras. Segura em suas interjeições.
Pensar em você me joga na cara o quanto precisamos todos de uma noite silenciosa depois do barulho dos dias. Penso em você, minha mãe. Penso em você voltando pra casa à noitinha e sua voz me chega de longe. Vem montada em cheiros e gostos e imagens e lembranças de canções cantaroladas baixinho entre a cozinha e o chuveiro. E um perfume de sabonete e vapor d’água quente me invade a alma, como a voz de alguém que já foi.
A visão antiga de você apontando no topo do viaduto, lá no fim da nossa rua, caminhando cansada no fim da lida, é o que me falta e o que me sobra. Agora é longe, eu não vejo o seu rosto mas sei que é você. Daqui, deste canto distante no tempo e no espaço, deste hoje pequenino que é só a espera de um largo amanhã, faz bem pensar que ontem você sorria ao me saber ali, esperando no silêncio do portão à noite.
Olha, minha mãe, vira e mexe eu penso em você. Em sua crença na gentileza. Em seu jeito de respirar fundo e limpar os pés na grama quando esbarrava na grosseria. Dia desses, encontrei a mãe do meu filho, numa dessas reuniões com advogado, coisa de casamento que acaba. Ela usava uns brincos sérios que eu nunca tinha visto nela, caminhava firme sobre saltos de madeira, e tinha uma dignidade resoluta, comovente e silenciosa. Depois do barulho que acompanha uma separação, as conversas de surdo, o afastamento dolorido e as indiferenças clamorosas, o silêncio dela chegando depois do fim me comoveu. É a mãe do meu filho, e de um jeito estranho ela é você também. Olhar para ela me deu uma vontade louca de lhe estender as mãos e de ser gentil e perguntar como vai a vida. Calar a gritaria de tanto ressentimento e dizer obrigado. Mas eu não sou você, minha mãe. Não tenho seu gênio manso e generoso. Quem sabe um dia eu chego lá.
Assim, recordando sua gentileza, volto depois da lida barulhenta ao silêncio da sua lembrança. Sigo pela vida e ouço você me dizer baixinho: vai, menino, leva nossa noite silenciosa consigo. Caminha com os olhos na lua, pede a seu anjo da guarda que lhe traga o sol depois da noite. Preza o silêncio que compensa o barulho. Vive o estrondo que segue o remanso. E o resto é o trabalho. O resto é todo o trabalho que isso dá. |
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| Assunto: Re: Poesias e textos que tu gostas 31/5/2014, 22:37 | |
| Receita para salvar o mundo sem perder o dia (André J. Gomes)
"...Sem pensar e sem medir, ela fala do que sente e do que ali está. E é como se, à saída de sua boca, as histórias e lembranças e ideias e angústias e tantos sentimentos se posicionassem em fila indiana, esperando sua hora de saltar e ganhar a vida como paraquedistas lançados à selva para a missão grandiosa de salvar o mundo.
Às mulheres e aos velhinhos e às crianças, aos gays e aos heterossexuais, a quem simpatiza e a quem odeia, aos pobres e aos ricos, aos que atacam e aos que defendem, aos que riem e aos que choram, aos que chegam e aos que partem, ela fala de uma só vez, em um só tom e numa só língua. Reúne todos eles em uma só audiência, sob a mesma classificação: gente.
Fala honestamente a todas elas. Fala até perder o assunto e a voz. Fala tudo. E ninguém a ouve Ninguém a vê.
Exceto o dono de um corpo enorme e apressado que a atropela com a barriga, a derruba no meio da calçada e desaparece na multidão.
Ela levanta com dificuldade, retoma o passo e segue seu caminho no fluxo. Pessoa que é. Na vida que aí está.
E entende, muito a contragosto, que não vai salvar o mundo. E que afinal também ninguém está pedindo para ser salvo." |
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| Assunto: Re: Poesias e textos que tu gostas 2/6/2014, 23:09 | |
| O fazedor de amanhecer (Manoel de Barros)
Sou leso em tratagens com máquina. Tenho desapetite para inventar coisas prestáveis. Em toda a minha vida só engenhei 3 máquinas Como sejam: Uma pequena manivela para pegar no sono. Um fazedor de amanhecer para usamentos de poetas E um platinado de mandioca para o fordeco de meu irmão. Cheguei de ganhar um prêmio das indústrias automobilísticas pelo Platinado de Mandioca. Fui aclamado de idiota pela maioria das autoridades na entrega do prêmio. Pelo que fiquei um tanto soberbo. E a glória entronizou-se para sempre em minha existência. |
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| Assunto: Re: Poesias e textos que tu gostas 4/6/2014, 01:34 | |
| Soneto de Fidelidade (Vinícius de Moraes)
De tudo ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure. |
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| Assunto: Re: Poesias e textos que tu gostas 4/6/2014, 01:43 | |
| Pátria Minha (Vinícius de Moraes)
A minha pátria é como se não fosse, é íntima Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo É minha pátria. Por isso, no exílio Assistindo dormir meu filho Choro de saudades de minha pátria.
Se me perguntarem o que é a minha pátria direi: Não sei. De fato, não sei Como, por que e quando a minha pátria Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água Que elaboram e liquefazem a minha mágoa Em longas lágrimas amargas.
Vontade de beijar os olhos de minha pátria De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos… Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias De minha pátria, de minha pátria sem sapatos E sem meias pátria minha Tão pobrinha!
Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho Pátria, eu semente que nasci do vento Eu que não vou e não venho, eu que permaneço Em contato com a dor do tempo, eu elemento De ligação entre a ação e o pensamento Eu fio invisível no espaço de todo adeus Eu, o sem Deus!
Tenho-te no entanto em mim como um gemido De flor; tenho-te como um amor morrido A quem se jurou; tenho-te como uma fé Sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito Nesta sala estrangeira com lareira E sem pé-direito.
Ah, pátria minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova Inglaterra Quando tudo passou a ser infinito e nada terra E eu vi alfa e beta de Centauro escalarem o monte até o céu Muitos me surpreenderam parado no campo sem luz À espera de ver surgir a Cruz do Sul Que eu sabia, mas amanheceu…
Fonte de mel, bicho triste, pátria minha Amada, idolatrada, salve, salve! Que mais doce esperança acorrentada O não poder dizer-te: aguarda… Não tardo!
Quero rever-te, pátria minha, e para Rever-te me esqueci de tudo Fui cego, estropiado, surdo, mudo Vi minha humilde morte cara a cara Rasguei poemas, mulheres, horizontes Fiquei simples, sem fontes.
Pátria minha… A minha pátria não é florão, nem ostenta Lábaro não; a minha pátria é desolação De caminhos, a minha pátria é terra sedenta E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular Que bebe nuvem, come terra E urina mar.
Mais do que a mais garrida a minha pátria tem Uma quentura, um querer bem, um bem Um libertas quae sera tamem Que um dia traduzi num exame escrito: “Liberta que serás também” E repito!
Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa Que brinca em teus cabelos e te alisa Pátria minha, e perfuma o teu chão… Que vontade de adormecer-me Entre teus doces montes, pátria minha Atento à fome em tuas entranhas E ao batuque em teu coração.
Não te direi o nome, pátria minha Teu nome é pátria amada, é patriazinha Não rima com mãe gentil Vives em mim como uma filha, que és Uma ilha de ternura: a Ilha Brasil, talvez.
Agora chamarei a amiga cotovia E pedirei que peça ao rouxinol do dia Que peça ao sabiá Para levar-te presto este avigrama: “Pátria minha, saudades de quem te ama… Vinicius de Moraes.” |
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| Assunto: Re: Poesias e textos que tu gostas 4/6/2014, 02:06 | |
| Ainda Bem (Marisa Monte)
Ainda bem Que agora encontrei você Eu realmente não sei O que eu fiz pra merecer Você
Porque ninguém Dava nada por mim Quem dava, eu não tava a fim Até desacreditei De mim
O meu coração Já estava acostumado Com a solidão
Quem diria que a meu lado Você iria ficar Você veio pra ficar Você que me faz feliz Você que me faz cantar Assim
O meu coração Já estava aposentado Sem nenhuma ilusão
Tinha sido maltratado Tudo se transformou Agora você chegou
Você que me faz feliz Você que me faz cantar Assim
Ainda bem |
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| Assunto: Re: Poesias e textos que tu gostas 4/6/2014, 23:09 | |
| A felicidade é uma coisa foda (Eberth Vêncio)
Felicidade é ir ao estádio e não ser atingido na cabeça por um vaso sanitário arremessado por um fanático de merda.
Felicidade é não comemorar gols de letra com uma torcida burra.
Felicidade é vestir o manto sagrado do time, mesmo sendo ateu.
Felicidade é sentar no chão da sala e brincar coisas de criança aos 48 anos de idade.
Felicidade é dizer toda a verdade mesmo sem estar bêbado.
Felicidade é mentir para o filho que a vida será para sempre boa.
Felicidade é cantar “I’m singing in the rain” no chuveiro.
Felicidade é ter alguém que lhe ensaboe as costas.
Felicidade é voltar a sonhar que, de repente, você está completamente nu, em plena sala de aula, sem que ninguém tenha percebido ainda.
Felicidade é conseguir tirar as roupas de alguém utilizando apenas os olhos.
Felicidade é ser despido ao som de “Slave to love”, do Bryan Ferry.
Felicidade é criar: voar sem asas
Felicidade é manter um sonho vivo sem a ajuda de aparelhos.
Felicidade é passar em frente uma construção e ser ovacionada pelos operários.
Felicidade é assobiar canções de amor depois de ter arrancado os sisos com um dentista.
Felicidade é permitir que uma paisagem o anestesie.
Felicidade é contar com a música para ir tocando em frente.
Felicidade é contar dinheiro, mas, nada que se compare a contar quantas vezes o mar quebra na praia durante o crepúsculo.
Felicidade é malhar o músculo, ouvir Dorival Caymmi e operar a fimose.
Felicidade é gozar a lua de mel todinha, ainda que se seja diabético.
Felicidade é ter o privilégio de adoçar o café de um político ético. Ou seja: felicidade é se deparar numa esquina com um ornitorrinco albino e bilíngue.
Felicidade é receber um beijo de língua da boca da noite.
Felicidade é poder votar livremente.
Felicidade é poder devotar a si mesmo toda a falta de fé que se sente.
Felicidade é foda.
Felicidade pode ser pra você e não pra mim.
Felicidade é jamais matar um homem, nem por força da lei.
Pode parecer redundância mas, felicidade é um casamento gay.
Puta que o pariu! Felicidade é um parto normal bem sucedido.
Felicidade é um torturador que se aposenta.
Felicidade é a marmita que esquenta.
Felicidade é quando um tirano morre.
Felicidade é o renascer da esperança.
Felicidade é quando a história castiga os insanos para sempre.
Felicidade é tomar o primeiro chope após sair da UTI.
Felicidade é evaporar um tumor.
Felicidade é decifrar a caligrafia de uma receita médica.
Felicidade é quando o doutor lembra o seu nome.
Felicidade é deitar e rolar no passeio público.
Felicidade é cagar e andar para o que pensam da gente.
Felicidade é voltar a cagar, é voltar a andar, é estar por aí, vivo e aceso.
Felicidade é sobreviver ao peso de um chatíssimo clássico da literatura mundial que alguém lhe indicou.
Felicidade é chorar para as amigas durante a happy-hour.
Felicidade é calar a dor no colo da mãe.
Felicidade é um pobre poeta ser premiado, de repente, com uma rima rica.
Felicidade é aprender a beijar com as primas.
Felicidade é enterrar velhos ressentimentos.
Felicidade é incerta, é contar com uma coberta numa noite fria.
Felicidade é momento, varia.
Felicidade pode ser uma dose de cicuta no cálix bento. |
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| Assunto: Re: Poesias e textos que tu gostas 5/6/2014, 17:36 | |
| Mãos ao alto! Isto é um abraço (Graça Taguti)
É um desejo, quase um cansaço. Mãos ao alto! Isto é um amor escondido, um carinho perdido, uma promessa de estrelas. Prepare-se logo para novos assaltos, iluminados como jamais viu. Invasões nas quais trocam-se armas por flores, gritos por sussurros, defesas por clamores.
Novas aventuras se aproximam. Nesse mundo de pedras e podres, alguém prega novos momentos e encontros brandos, assinalados um a um, no livro branco da paz. A imundície foi posta a nocaute. O perjúrio, enjaulado. A roubalheira diária trancafiada nos cofres de uma ética que se supõe quase possível.
A algazarra dos sujeitos sujos em suas gravatas de serpentes de seda envenenada, foi atirada aos leões do coliseu contemporâneo, onde digladiam-se causas nobres e justas.
Mãos ao alto. Os ratos, morcegos e baratas recobertos na pele cinzenta de monstruosos políticos receberão os primeiros raios de sol de uma alvorada inaudita. Não há como escapar ao vaticínio.
Muitos fugirão para as sombras. Outros cavarão abrigos em terrenos desérticos. Outros ainda se aninharão na intimidade dos cactos — pois estes espinhosos contatos são os únicos destinados a quem urde baixezas atitudinais em sua parca e estiolada existência. Mãos ao alto, Brasil! Já tão murcho pelo débil anúncio de pálidas desesperanças. Há futuros, não definhe! As crianças e os jovens prosseguem rindo à toa. Garantem bonanças, brincando de roda por detrás de suas euforias rosadas. Há mudanças neste ar, até então poluído de amarguras e desalentos. Reparem só. Há pássaros fortes e altaneiros, águias reais, condores suntuosos adejando surpresas nesta terra de horrores, já desbotada, em seu verde amarelo. Cores assustadas, tão esgarçadas quanto a primeira bandeira cerzida nos séculos dos velhos imperadores por uma sinhazinha modesta.
Mãos ao alto! Joguem ao chão defesas, ressentimentos, maledicências. Rejeitem desconfianças de toda a ordem. O amor existe e insiste em lhe entregar uma flor. Não cerre os olhos. Não vire a cabeça no exato instante em que caminhos férteis se delineiam devagar pelas mãos da natureza em sua mais tenra infância.
Abrace a coragem de ostentar brilho nos olhos. O sorriso no rosto nu de certezas, nas mãos vazias de crenças, que teimam, entretanto, se manter estendidas.
Os lábios estão molhados à cata de paixões. O ar se cobre de um desfile de gerânios, jasmins, girassóis, reivindicando no horizonte perfumes esquecidos nos secos marcadores de livros. As flores do pântano se acanham. Àquelas do sereno, se encolhem.
Mãos ao alto! Porque a primavera ergue seu reinado de sementes, brotos de vida verde, devassando fendas de desusados terrenos. Colheitas, aos poucos, se anunciam.
Preste atenção. Os corações agora saltaram para as mãos e correm ávidos pelos bairros, acordam a vizinhança, assaltam casas tranquilas, tocam acordeão em bando, despertam princesas sonolentas e príncipes apáticos.
Este é o novo amor que se configura escaldante. Vermelho-fumegante como tomates frescos, mesclados a uma sopa que revigora e alegra quem a bebe.
Mãos ao alto! Estão de volta os doces e bárbaros sonhos, as amazonas selvagens, os deuses da escuridão, dispostos a guerrear contra a inocência perdida e as leis defloradas por seres do mal. O código da vida é insone. Ouvem-se gritos pagãos de quem não teme a morte nem as noites sem lua.
Mãos ao alto! Isto é um abraço. Então venha. Me abrace, me aperte, rasgue a minha pele e a sua. Me morda e se entranhe neste amor ladrão. A emoção bandida que nos inunda de quaisquer demandas e vícios do corpo. É um afeto prisioneiro envolto em carícias e cárceres.
Creia. Este amor, dentro ou fora das grades, é o maior amor do mundo. Por isso não perca tempo. Livre-se dos medos avulsos e prenda-se aos seus mais belos afetos. Mas faça isso logo. Antes que chegue algum ladrão sorrateiro. |
| | | Pâmela (: Aprendiz
73 06/04/2014 27 Why do I give valuable time, to people who don't care if I live or die? Gênero :
| Assunto: Re: Poesias e textos que tu gostas 5/6/2014, 18:05 | |
| "Sentia-me contente por não estar apaixonado, por não estar contente com o mundo. Gosto de estar em desacordo com tudo. As pessoas apaixonadas tornam-se muitas vezes susceptíveis, perigosas. Perdem o sentido da realidade. Perdem o sentido de humor. Tornam-se nervosas, psicóticas, chatas. Tornam-se, mesmo, assassinas."
Charles Bukowski, |
| | | Convidado Convidado
| Assunto: Re: Poesias e textos que tu gostas 10/6/2014, 16:14 | |
| "[...] sem perceber como nem porquê, pensou na impermanência da vida, na transitoriedade das coisas, na efemeridade do ser; diante dele a existência fluía como um sopro, sempre em mutação, tudo muda a todo o instante e nada jamais volta a ser o mesmo. Não há finais felizes, reflectiu de si para si. Todos temos um sétimo selo para quebrar, um destino à nossa espera, um Apocalipse no fim da linha. Por mais êxitos que somemos, por mais triunfos que alcancemos, por mais conquistas que façamos, para a última estação está-nos sempre reservada uma derrota. Se tivermos sorte e nos esforçarmos por isso, a vida até pode correr bem e ser uma incrível sucessão de momentos felizes, mas no fim, faça-se o que se fizer, tente-se o que se tentar, diga-se o que se disse, aguarda-nos sempre uma derrota, a mais final e absoluta de todas elas.” - José Rodrigues dos Santos, in 'O Sétimo Selo' |
| | | *Charlotte* Aprendiz
57 06/06/2014 30 Não é bom sinal estar adaptado a uma sociedade doente. Gênero :
| Assunto: Re: Poesias e textos que tu gostas 10/6/2014, 16:42 | |
| Não tinha visto esse tópico ainda....Muito bom. São legais esses off-topic. Adoro ler, estou devorando tudo!!! |
| | | capitao Aprendiz
118 06/06/2014 38 prefiro um inimigo declarado , do que um Amigo Falso . Gênero :
| Assunto: Re: Poesias e textos que tu gostas 10/6/2014, 20:49 | |
| Alma gêmea de minha alma Flor de luz de minha vida Sublime estrela caída Das belezas da amplidão . Quando eu errava no mundo Triste e só, no meu caminho , Chegaste, devagarinho , E encheste-me o coração. Vinhas na benção das flores Da divina claridade , Tecer-me a felicidade Em sorrisos de esplendor ! És meu tesouro infinito . Juro-te eterna aliança Porque sou tua esperança , Como és todo meu amor ! Alma gêmea de minha alma Se eu te perder algum dia... Serei tua escura agonia , Da saudade nos seus véus... Se um dia me abandonares Luz terna dos meus amores, Hei de esperar-te , entre as flores Da claridade dos céus .
Emmanuel |
| | | Convidado Convidado
| Assunto: Re: Poesias e textos que tu gostas 12/6/2014, 17:59 | |
| A Massa - Pitty
O que se passa com a massa Deglutida antes de assar? A massa já mastigada Sem ter tido tempo de descansar
Que iguaria sem par A massa inerte no pote Quitute igual não há A massa entregue à própria sorte
Receita incompleta na massa Não faz o bolo crescer Se a massa for triturada Que consistência vai ter
Que massa mais desnutrida Carece de adubo ou fermento Quem dera a massa fosse Manjar do mais suculento
A massa é feita pra saciar A fome dos que a sabem modelar Regurgitada pra lá e pra cá Bota fermento nessa massa, deixa fermentar
Que a regra de ouro se faça Massa sem adubo não há
Estômago revirado com a massa vazia Não passa de uma ração Não querem massa indigesta Não querem perder a razão
(...)
Que a regra de ouro se faça Que a regra de ouro se faça |
| | | Pâmela (: Aprendiz
73 06/04/2014 27 Why do I give valuable time, to people who don't care if I live or die? Gênero :
| Assunto: Re: Poesias e textos que tu gostas 12/6/2014, 19:26 | |
| "Caí em meu patético período de desligamento. Muitas vezes, diante de seres humanos bons e maus igualmente, meus sentidos simplesmente se desligam, se cansam, eu desisto. Sou educado. Balanço a cabeça. Finjo entender, porque não quero magoar ninguém. Este é o único ponto fraco que tem me levado à maioria das encrencas. Tentando ser bom com os outros, muitas vezes tenho a alma reduzida a uma espécie de pasta espiritual. Deixa pra lá. Meu cérebro se tranca. Eu escuto. Eu respondo. E eles são broncos demais para perceber que não estou mais ali." (Charles Bukowski) |
| | | | Poesias e textos que tu gostas | |
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