Alicy escreveu:

HOJE ERA DIA DE REUNIÃO escolar para os pais. Era às 19:30. No entanto, nenhum dos meus pais foi. Meu pai nunca vai, e minha mãe não foi porque... bem, nós brigamos. De novo.

Bem, como vocês já devem saber, esse é só um post falando sobre uma situação particular de minha vida e uns pensamentos meus. Não precisa ler tudo, se não quiser. Talvez isso nem lhe interesse. Mas se você se interessar, ótimo também. Eu gostaria de alguns conselhos. Se vocês me conhecem, já sabem que tenho problemas com a família.

Enfim, acho que minha família é um tanto... workaholica. Eles priorizam o trabalho acima de tudo; até nas horas de lazer falam de trabalho, a não ser quando têm visitas ou estão assistindo a um filme (e eles adoram assistir a um filme). Acho que estou enganada. Acho que o nome certo não seria workaholic, mas trabalhista (que acredita que o trabalho é a coisa mais importante")

Agora vou contar a nossa briga. Então, eu estava toda empolgada, indo dizer que quinta-feira à tarde não haveria aula (estudo o dia inteiro), e eles estavam conversando sobre uma máquina que quebrou na loja. Eu deveria ter esperado eles terminarem, mas estava tão empolgada! Uma pessoa, quando está empolgada, não sabe esperar. Então, eu tive que contar logo. "Papai! Papai!" Ele olhou para mim com a cara feia e disse "O que é mais importante que o nosso trabalho?" Fiquei irritada. Respondi "Minha vida! Minha escola é mais importante que o trabalho de vocês." Óbvio que não é verdade, a importância é a mesma, mas eu precisava contar aquilo! Odeio esperar. Tenho problema.

Então, depois que minha mãe deu espaço para contar, falei sobre a boa notícia. E meu pai: "Ah, que importante". Comecei a dizer o quanto ir para a casa é importante, pois estudar o dia inteiro em uma escola federal é cansativo, que ir para casa seria mais importante que a minha saúde, e olha uma coisa mais importante que o trabalho, minha saúde! Meu pai não expressou alegria, nem que pareceu entender, nem nada.

E aí eu fiquei frustrada. Desabafei uma coisa que queria dizer há muito tempo. Seu bando de utilitaristas workahólicos que só pensam em trabalho, falei. Isso não é a coisa mais importante da vida! Vocês tratam trabalho como se fosse o patamar de tudo, mas não é! Parem de pensar em trabalho, eu não aguento mais!

Acho que exagerei tudo. Mas eu cansei.

Vc ACHA que exagerou?! Só acha?
Vc mesma sabe que deveria ter esperado.
E não deveria ter agido desta forma com seus pais.

Alicy escreveu:

Qualquer coisa errada que eu faça errado, é por "falta de trabalho". Se eu falto com respeito, é "falta de trabalho" ou "falta de laço". Meus pais acreditam que eu tenho que trabalhar para "entender" (ou seja, sofrer) tudo. E não o trabalho que eu goste, é qualquer trabalho! Eu sei, não é tão ruim quanto aquele outro tipo ("falta de sexo"), mas é um saco quando as únicas respostas que eu recebo quando expresso uma frustração de algo que aconteceu em minha vida é "Quando chegar dezoito anos você vai trabalhar", isso quando não é "Vai começar", "Tá sarneando".

Conhece aquela frase que diz "minha casa, minhas regras"? Vc pode discordar dos seus pais, porém depende financeiramente dos dois e mora na casa deles, certo? Para poder se tornar independente, necessariamente precisará trabalhar.

Alicy escreveu:

Como eles conseguem se cansar tanto no trabalho? Eu só queria que eles fossem mais ativos, se interessassem por minha vida, fossem minha companhia. Eu só queria uma companhia, alguém para jogar junto comigo, para assistir junto comigo, ler junto comigo, escrever e imaginar junto comigo, conversar sobre as coisas que eu gosto, enfim. Mas as pessoas são tão diferentes de mim! A maioria das meninas da minha turma só querem falar de moda e garotos, e as que não querem falar não estão nem aí para nada! E os meninos, a não ser por uns dois ou três têm grupos tão fechados e são tão preconceituosos que é de assustar! E a maioria só quer falar de futebol e pegação!

Como conseguem se cansar tanto? Lamento repetir algo que talvez já tenha escutado deles: vc saberá como é quando começar a trabalhar. O tipo de companhia que vc procura, não encontrará mesmo na sua família.

Alicy escreveu:

Acho que fugi do assunto. Mas enfim, posso dizer que não tenho, hã, amigos.

Percebi. É hora de procurar a sua turma, pessoas com quem realmente se identifique. Na Internet, quem sabe encontre grupos com afinidades em comum com vc.

Alicy escreveu:

A maioria das pessoas com as quais me dou bem sou adultas - são professores e funcionários da escola -, mas elas sempre estão trabalhando, poxa! Mas diferentemente dos meus pais, eles têm paciência de conversar comigo e não se cansam por uma simples conversa ou desabafo. Por que ninguém mais têm paciência de conversar comigo? (Lol', deu Chaves aqui :lol!: ) Por causa disso, espero que meus pais sejam meus amigos. Eles trabalham também, mas eles passam seus momentos de lazer na mesma casa que eu. Por que não poderiam, uma só vez, se interessar pelas coisas que eu me interesso?

Enfim, depois do meu desabafo, minha mãe disse que eu estou cada vez mais louca das ideias. Logo após, seguiu-se uma batalha épica de argumentos em que cada uma de nós tentava impor o nosso ponto de vista - para minha mãe, que trabalho e lazer não se misturam, e da mesma maneira, que escola e lazer não se misturam, mas o trabalho é importante porque o sustento da casa e todas aquelas coisas que estou careca de saber quase literalmente, pois tenho pouco cabelo, eu dizendo que os espaços de lazer deveriam ser para contarmos sobre o que houve em nossos dias, e minha mãe contestando, dizendo que não deve se estressar outra pessoa com o que houve no nosso dia. Poxa, se a gente manter o que aconteceu só para gente vamos explodir!

Depois minha mãe começou a dizer "Me deixa em paz", "Minha cabeça está doendo", depois de mais alguns desabafos (tenho esse problema, quando estou nervosa não consigo parar de falar no assunto), eu fui para o meu quarto.

Fique à vontade para desabafar aqui... procure, como disse antes, fazer novas amizades também.
E tome cuidado com esse seu jeito explosivo... Sua família pode ter defeitos (e quem não os tem?), mas parece ser paciente com vc (outras pessoas poderiam ter reagido de uma forma bem pior, garanto).

Alicy escreveu:

Ok, estou soando muito whiny (quer dizer algo como "chorão" ou "reclamão" em inglês, mas penso eu que não há uma tradução muito precisa). Isso foi, na verdade, um desabafo. Eu queria que meus pais não priorizassem o trabalho acima de tudo. Mas também queria que eles se interessassem mais em mim, não discordassem tanto de mim (a coisa começa a ficar ruim quando eles são cristãos e eu ateia), e dessem mais amor para mim. O problema é que eu não sei se quem não entende de amor são eles ou eu.

Quanto mais vc discutir com eles, pior se tornará a convivência. Procure entendê-los, aceitá-los do jeito que são, já que dificilmente mudarão radicalmente. Busque a sua independência, e aí poderá levar a vida como achar melhor.

Subscrevo o Romântico. Concordo totalmente com o que ele escreveu.

Concordo com o que o Romântico disse.

MAS, também posso imaginar o quão solitária você deve estar se sentindo, ainda mais que você só tem 17 anos (hormônios à flor da pele, insegurança, agonia interna do mundo, etc), não tem uma visão mais ampla da vida, pois ainda está no ensino médio e não se deparou com o "limbo" ou, como chamam, "nenem" (nem estuda, nem trabalha). É DESESPERADOR! Mas quando você se deparar com seus primeiros vestibulares "reais" (sem ser treinamento), vai agradecer por seus pais terem te colocado numa boa instituição de ensino. E já parou para pensar se tanto trabalho não seja para acumular dinheiro para pagar anos de cursinho e/ou uma faculdade privada para você? E, futuramente, dependendo da profissão que escolha, você acabará trabalhando tanto quanto eles, porque essa é a tendência atual. Não é à toa que os índices de natalidade e fecundidade diminuíram auhsaushauhsau (e também o número de casos de estresse, depressão, mas isso é outra história).
Talvez isso soe mais digno em minha cabeça por minha personalidade ser do tipo "INTP", então o lado racional sobrepõe o lado emocional em meus julgamentos. Me desculpe se parecer grosseria.
Pelo menos, você tem acesso à internet e pode conversar online com pessoas que possuam interesse em comum com você.

Uma coisa pessoal minha:
Tenho certeza que serei como seus pais, por isso não pretendo ter filhos (a não ser que eu alcance uma estabilidade financeira que me permita trabalhar menos, o que acho difícil, porque eu tenho tendências filantrópicas, seja com gente ou com bicho), porque tenho medo que eles passem pelo o que vc está passando, pois realmente é um inferno na visão de alguém que nunca vivenciou o "mundo lá fora". Ainda mais porque pretendo adotar, caso decida ter um filho. Imagine o trauma da criança? Abandonada pelos pais biológicos e "abandonada" pela mãe adotiva.

Alicy escreveu:

Olha, na primeira vez que li isso fiquei com vontade de dizer sim, eu ACHO, você não leu errado ou algo do gênero. Mas vou te dizer: eu sou uma pessoa emotiva. Costumo agir por impulso. Sou muito reativa, e fico nervosa facilmente. Fico com raiva com facilidade (tanto que até perdi boa parte do meu cabelo), fico triste com facilidade e alegre com facilidade. Não sei se você acredita em arquétipos, naquela história de deuses gregos "vivendo dentro de nós" e assumindo instâncias em nossa mente como programas em um computador, mas se eu tenho um arquétipo, é o de Poseidon. Eu me identifico com quase tudo nesse arquétipo, a não ser a parte da sexualidade desenfreada (existe assexualidade desenfreada? ) Acho que vou fazer um post sobre arquétipos em uma hora dessas. Eu me interesso pelo assunto, e talvez mais gente se interesse.

Fiquei curiosa sobre isso! Faça mesmo!

Então....concordo em alguns pontos com que o pessoal disse aí em cima. Mas eu preciso COMENTAR sobre isso de os seus pais não terem ido à reunião de pais. Isso é comum com você?

Porque gente!!! Quando você tem um filho, você precisa participar da vida dele né. E eu vejo que muitos pais acham que trabalhar horrores e dar coisas materiais pros filhos é o suficiente e cabô. Eu posso não ser mãe, mas eu sou psicóloga então posso afirmar que não é. Eu entendo a sua explosão, provavelmente você ficou guardando tanto que alguma hora vai sair e de um jeito ruim mesmo e também entendo o quanto você deve estar se sentindo sozinha. Aqui em casa somos eu e vó e nossa, a gente pensa de um jeito muito diferente, então eu evito conversar com ela sobre a minha vida. O que me salva são os meus amigos xD

A sugestão do Romântico sobre procurar amigos nas interwebs é uma boa, foi assim que formei parte da minha squad HAHAHAHAHAH