Não sei dizer se colocar para fora em algum lugar adiantará de muita coisa. Mas já que não posso gritar, não tenho com quem expor, ao menos, me dou a oportunidade de escrever.

Estou tendo momentos difíceis.

Entrei para a faculdade que sempre sonhei, é lindo andar por lá no presencial. Tem tantas pessoas e experiências diferentes. Sou muito grata, e tenho grandes expectativas de fazer coisas bacanas no futuro.

Mas toda vez que volto, a ruminação começa.

Assim como no fundamental. Assim como no ensino médio.

Pra quem viveu a vida toda tentando ser perfeita para não ser criticada, não ser atacada, não ser xingada. Para ter paz em casa, e consigo mesma. Comecei a captar os mínimos detalhes, os mínimos gestos, os mínimos tons de voz, detectar a ameaça de estar sendo julgada negativamente. Detectar a ameaça de não estar sendo boa, de forma que seja melhor não errar do que parecer incompetente para os outros e para si mesma.

Dói saber que isso é errado, que é uma ilusão, mas o que vou fazer com os julgamentos? O que acontece depois que você escancara seus defeitos? Não consigo me livrar da máscara. Existem situações muito delicadas em casa em que a paz dependem dela também. Portanto mesmo fora dela, é muito difícil. Mas eu sonho em largar essa imagem. Sonho em largar. Sonho muito, espero muito. Me enche de esperança, reflito, medito, oro, choro, peço...

Mas é difícil sozinha.

Não vejo ninguém com quem eu possa abertamente contar. Muito provavelmente porque quem muito se fecha, fica difícil de se aproximar, é apenas natural. Você não incomoda todos, ninguém desgostar de você (ao menos na superfície), mas os que gostam também só conseguem ir a certo ponto, eles tentam mas não são adivinhas.

O jeito é mostrar. Eu tenho uma nova chance agora. Mas é tão desconhecido. Não acho que minha vida acaba nisso, que as oportunidades vão embora... Mas toda a "segurança" que tenho, tudo que faço para ficar segura, para não ouvir críticas, não receber indiretas, ódio... Vai tudo por água abaixo.

Isso acaba comigo. Mesmo decidida a fazer diferente, eu simplesmente procuro e não sinto mais a energia de ser diferente no caminho. É como se eu tivesse deixado meu próprio corpo para o piloto automático que "vai me proteger".

Me sinto muito triste quando esses pensamentos rolam. Por ser tão instável, por no mesmo dia me sentir desmotivada, motivada, feliz, triste, cansada mentalmente, me recuperar de novo, perder as esperanças... Tudo no mesmo dia. Só fica pior. Quero sair dessa. Eu entendo mais o que está acontecendo, mas como eu me saio, até mesmo minhas habilidades, meus hobbies, meus trabalhos, começam a perder significado, por mais que melhorem as técnicas... Minha mente mesma, parece menos capaz...

Me sinto triste por não saber de alguém que vá me apoiar de verdade. Não apenas me desejar boa sorte. Também é uma consequência do que eu mesma criei pra me defender.

Tudo isso fui eu.

Já dá pra perceber que não é o melhor.

Tenho medo de nunca conseguir me livrar disso. Por mais que as pessoas falem, por mais que eu pesquise, por mais que eu leia sobre. É tão mais fácil aceitar essa vida. As vezes parece que se eu deixar de lutar contra, eu sofro menos. Apenas de encaixar nessa imagem. Se eu não questionar tanto na minha cabeça, não irá existir outra possibilidade.

Mas

Por mais que as vezes eu só queira chorar, só sinta que o ciclo de se encher de esperança pra mudar é fracassar se repete, eu não posso evitar de voltar ao estágio da esperança. Como estou agora.

Porque é muito óbvio. Eu tenho que abandonar todo esse mundo criado. Pessoas perfeitas, de fato, não aguentam críticas, são muito frágeis. Pessoas imperfeitas lidam com elas, sofrem, mas não ficarão presas num mundo de ilusão, se limitando, chegando a perder toda a vitalidade, a sanidade, e até mesmo as habilidades tão preciosas para si mesmas.

A resposta para o ciclo é ser sem se segurar. E eu espero um dia, mudar toda a situação da minha vida.

Um dia eu vencerei o medo de ser atacada. Um dia eu terei laços fortes e poderei me expressar mais do que em pensamentos e mensagens, para as pessoas que amo tanto. Um dia me sentirei segura em meio ao caos, não porque criarei outra ilusão, mas porque eu não irei fugir e enfrentá-lo com soluções concretas.




De mim
Para mim, a vida, o universo, ou qualquer ser que tenha parado por aqui.





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Me desculpem por isso. E obrigada por sempre me acolherem por aqui. Eu apenas deixo esse desabafo na esperança de sentir essa angústia de vez e abrir espaço para mais uma tentativa. Espero que estejam todos bem, e também lutando por suas vidas.

Olha, eu sei que vc não está esperando nenhum conselho ainda mais de uma pessoa desconhecido mas eu posso dizer a vc para tentar procurar uma psicóloga para ajudar a melhorar a sua autoestima e a sua fragilidade emocional, não espere apoio das pessoas, vc que tem que se apoiar mas também quando alguém quiser de verdade fazer algo por vc apenas deixe. Críticas vão sempre existir, principalmente críticas vindas de quem vc mais ama. É difícil ignorar e eu compreendo mas isso é um processo de construção. Sua autoestima, metas, saúde mental virão através de um longo processo que irá parecer que não tem fim mas eu posso te afirmar que tem fim sim, viu? Não desista ainda e tente viver um dia de cada vez, as vezes é melhor sim não pensar demais. Quando tiver pensamentos tão ruins vá procurar uma atividade prática para fazer e faça o possível pra desviar sua atenção deles. Tente escrever as coisas que vc fez durante o dia, as coisas boas(mesmo que pequenas) que tenha acontecido no seu dia. As vezes essa coisa pequena sou fazendo carinho em um cachorro de rua ou oferecendo ajuda a quem precisa. AS PESSOAS sempre vão criticar vc, não importa o quanto vc se esforce. Mas sempre pergunte "eu estou satisfeita comigo? Eu posso fazer melhor?". Pelo visto vc é jovem e ainda está na faculdade com espírito do ensino médio e talvez vc tenha evoluído e as pessoas não. Não se cobre tanto por coisas que vc não tem poder para mudar. A única coisa que vc pode mudar é a si mesmo. Boa noite

Oi, Rising Sun.

Não-tão-felizmente, me identifiquei com seu dilema. Como sua parceira de dodói, vou compartilhar algumas perceções que eu tive sobre sua carta.

Eu também entrei na faculdade recentemente. Não é o curso dos sonhos, mas o que eu acreditava não me deslocar tudo. Mas é, absolutamente, a melhor faculdade ao meu alcance. E, da mesma forma, tem muita gente aqui! Muitas pessoas muito diferentes de mim, muitas experiências.

Porém, assim como você, eu tenho muros muito altos.

Não sei como foi para você, mas para mim, é um processo antigo. É o preço que se paga por ser a criança quietinha, estudiosa e obediente. A "criança que nunca deu trabalho".

Não que sejam características essencialmente ruins. Não são! No entanto, quando uma criança percebe que a forma que ela consegue aprovação é agindo de tal forma, ela o faz, por aprovação. E ser dependente da aprovação alheia é simplesmente viciante, se arrasta por anos.

Me faz viver com medo. De dar um passo em falso, de me expressar como eu quero, de errar... É absolutamente cansativo. E solitário. É uma solidão sufocante.

Pior do que não haver com quem poder abaixar seus muros, é não conseguir ter em si mesmo o controle sobre eles.

Mas tudo é treino. Estou tentando, aos poucos, me despir dessas barreiras todas. E se tiver que haver julgamentos, que haja. Estou cansada demais para ligar para o que acham de mim. Eles nunca viram a minha verdade. Tenho confiança que vai conseguir lidar com eventuais críticas (se bem que, sobre julgamentos, são feitos frequentemente pelas nossas costas. Então não vamos realmente ouví-los se não houver um dedo duro)

A realidade que me imporam não é a única, percebo agora, com tanta gente diferente, são processos muito diferentes também. Eu não preciso seguir uma linha que não me serve mais e isso é um processo também! Então não se cobre tanto, vai acontecendo aos poucos. Pequenas evoluções que vão compensar seu cansaço.

Enfim, não sei se entendi direito e se há algum proveito a ser tirado do meu texto. Mas eu desejo, do fundo do meu coração, que essa sua jornada te traga felicidade. E que a gente possa gritar nossas emoções um dia.

Estou atrasada para aula (e completamente despreparada, talvez seja um desastre) por isso provavelmente há erros de digitação, talvez até de lógica, e peço perdão.

E outra: terapia sempre.