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 Monopólio ideológico

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MensagemAssunto: Monopólio ideológico   Monopólio ideológico Empty11/4/2012, 22:23

Aqui vai uma breve reflexão filosófica:

O problema do assexual é um problema existencial-metafísico. Não se encontra numa gota de sangue, nas palavras do endocrinologista, neurologista, ou mesmo numa leitura freudiana.

A "sexualidade" detêm monopólio ideológico social.

Portanto a assexualidade é uma ideia fora da idea.

A "sexualidade" não pode pensar a assexualidade, se não pelas suas próprias categorias.

Sexualidade aqui não é o comportamento individual de cada indivíduo, mas sim algo que se impõe sobre ele e o transcende. Sexualidade também não é o ato sexual, o específico desejo por sexo, etc. A sexualidade, como veremos, converte para si todo desejo e os recoloca em suas próprias categorias.

"Sexualidade" consiste num eficaz mecanismo ideológico para tornar qualquer indivíduo seu auto-re-produtor alienado. Um dupli-pensamento capaz de se converter para si indefinidamente, retro-alimentando, e atrofiando as possibilidades de reflexão.

A sexualidade subjuga toda forma de dominação às suas categorias. Está sobre o poder que é meramente lido "de dentro".

Não há poder sobre a sexualidade porque não há resistência. Não há resistência porque não há vontade-própria. Pois o desejo é submetido ao erocentrismo quando cada indivíduo é compulsoriamente desapropriado dos meios de auto-satisfação.

Aquele que tirou dele a sua liberdade lhe entrega um novo mecanismo, pré-instalado na estrutura social. Esse complexo mecanismo é um simulacro do processo de dependência compulsória. Pois é o próprio organismo social o auto-re-produtor.

A satisfação do indivíduo em seu ambiente não representa sua realização. Porque ao ser desapropriado de seus meios toda realização é a realização do ideal. Em toda busca pela prazer há um pagamento tácito, que é justamente a parte que retro-alimenta a ideologia e submete o indivíduo indefinidamente.

O seu método, sem dúvidas, é o sonho de qualquer publicitário.

Falar de assexualidade como uma doença, disfunção, etc. na verdade não caracteriza um mecanismo simples de inibir a diluição de sua hegemonia, como pode parecer. Essa é simplesmente a forma de tratar aquilo que ela não conseguiu ainda absorver, desprezando.

Existem duas formas da assexualidade ser socialmente reconhecida:

1. Sendo assimilada pela sexualidade dentro de suas próprias categorias.
2. Pela decadência da estrutura da sexualidade.

A primeira é muito mais fácil que a segunda. Pois implica num processo muito mais complexo de reconstrução das identidades já formadas, do sexo, dos gêneros, etc.

Na verdade ambos os processos acontecem dialeticamente no caso "queer". Como isso irá terminar... provavelmente a história não registrará.
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MensagemAssunto: Re: Monopólio ideológico   Monopólio ideológico Empty26/4/2012, 12:36

Não sei se é uma questão estritamente ideológica. Para partir disso, deveríamos entrar na definição do que seria ideologia, de qual ideologia estamos falando (já que ela já foi abordada por autores diversos); enfim, aonde onde essa ideologia se encontra, onde se materializa, como surge? É complicado, para mim Ideologia é um conceito gasto e, por isso, nebuloso, que quer dizer muito, mas não diz muita coisa. Mas o que é claro, e aí confirma seu ponto de vista, é que existe uma certa forma das pessoas "funcionarem", de se colocarem no mundo, que é preponderante (aqui está o monopólio). É como se houvesse um modus operandi na sociedade que diz respeito a maioria, mas não a totalidade dos indivíduos. Isso produz um grupo que é marginal, que é "estranho". E toda sociedade produz seu tipo de estranho. Sexo, amor e relacionamento são mais ou menos facilmente compreendido por todo mundo, mas não valorado e vivenciado igualmente. Estou dizendo isso tendo em mente as estruturas tipológicas elaborada por Carl Jung. Para ele, existem pessoas que se voltam para o mundo exterior, enquanto outras para o mundo interior (Extrovertidos x Introvertidos). Há ainda a dicotomia Intuição x Sensação; ou seja, os que se percebem inferindo sobre o ambiente e aqueles que percebem experimentando-o pelos cinco sentidos. É uma via de explicação possível. Dentre as mais variadas funções, o indivíduo vai "funcionar" a partir de uma preponderante, juntamente com uma auxiliar e isso por si só implica o desprezo de outras funções, mutualmente excludentes. Porém, o mundo já elencou as suas... ele gira em torno da experimentação imediata das sensações, dos sentidos, ele está cada vez mais focado no aqui e agora, no envolvimento com os objetos exteriores e no desprezo pela subjetividade deles. Esse é o modus operandi que, evidentemente, não é o modus operandi de todo indivíduo. Cada indivíduo, em cada sociedade encontra seu lugar a partir de suas características próprias. Mas, num mundo socialmente valorizado, e sexualmente desinibido como o nosso, acanha e constrange qualquer um que experimente o mundo introvertidamente, que signifique tudo, ou que seja passional, intuitivo, enfim...

ps: perdão pelos possíveis erros de português
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