Olá!
Chamo-me Marcelo, tenho 30 anos, sou homossexual, moro em Salvador, Bahia.
Considero-me uma pessoa perfeitamente normal, consigo facilmente lidar com as pessoas nas mais diversas situações, entretanto, há um bom tempo tenho revisto meus próprios conceitos a respeito do sexo propriamente dito. Percebo em mim uma enorme diferença entre as pessoas que eventualmente interessam-me. Geralmente passo da fase do alumbramento inicial, depois para os beijos, as carícias, mas no momento crucial (para a maioria das pessoas) o ato sexual tudo termina ali. Não consigo ter prazer e pior, não consigo engatar nenhum namoro. Dentro da possibilidade de encontrar-me sozinho e considerando que talvez fosse uma única pessoa a sofrer algum tipo de anomalia inexplicável, sentia-me rejeitado, triste e por muito tempo não conseguia entender o que havia de diferente comigo. Inclusive busquei ajuda psicológica, mas nunca ouvi nem mesmo a menção deste termo “assexual” dentre os profissionais a que recorri.
Encontrei uma matéria há algum tempo atrás (meses) sobre “O que é ser assexual?”. Logicamente interessei-me de imediato sobre o tema e encontrei muitas semelhanças a respeito do que eu sou hoje. Aqui estou na esperança de compartilhar com vocês experiências e vivenciar esse NOVO em que ainda sou um simples aprendiz.
Parabéns aos idealizadores e colaboradores deste espaço que para mim é de grande valor.
Um forte abraço a todos e espero fazer novas descobertas e talvez amigos neste espaço maravilhoso.
Saudações
Marcelo,

Cara, seguinte.

Assexualidade não é um transtorno, doença ou deficiência e sim uma orientação sexual.
Assexuais são pessoas que não possuem nenhum problema físico ou psicológico, apenas não se interessam por sexo.

Acredito que orientação sexual não é algo que se muda.
Mas igual, são apenas 'rótulos' que sociedade impões por razões de pesquisa ou pela vontade de 'classificar' as pessoas.

O fato é que grande parte dos assexuais não possui interesse algum em ter relações sexuais, apesar de ter atração romântica.
Mais informações você pode encontrar aqui:


http://assexualidades.blogspot.com/2011_11_01_archive.html

Caro Marcelo, seja muito-bem-vindo!

Veja bem... com quem você falaria sobre esses sentimentos? Provavelmente um psicólogo iria tratar você como um simples doente-problemático. Dificilmente você encontraria um que fosse profissional o suficiente para entender você.

Infelizmente nossa sociedade hoje não oferece um ambiente em que essa realidade possa se manisfestar.

Se você é assexual ou não... só isso você poderá dizer. Porque nesse aspecto fala-se de uma identificação.

Quanto ao que você sente, o que me preocupa é justamente o silêncio que te imposto e o sofrimento decorrente disso.

Aqui isso não é mais necessário. Fale... fale muito... encha nosso saco! Eu imploro!

E isso é o mais importante.

gustavoborges escreveu:

Cara, seguinte.

Assexualidade não é um transtorno, doença ou deficiência e sim uma orientação sexual.
Assexuais são pessoas que não possuem nenhum problema físico ou psicológico, apenas não se interessam por sexo.

Acredito que orientação sexual não é algo que se muda.
Mas igual, são apenas 'rótulos' que sociedade impões por razões de pesquisa ou pela vontade de 'classificar' as pessoas.

O fato é que grande parte dos assexuais não possui interesse algum em ter relações sexuais, apesar de ter atração romântica.
Mais informações você pode encontrar aqui:


http://assexualidades.blogspot.com/2011_11_01_archive.html

Olá Gustavo!

Inicialmente agradeço a indicação para mais informações a respeito do tema. Muito obrigado mesmo!

Lógico que “HOJE” tenho ciência de que assexualidade não é um transtorno ou doença, bem como a orientação sexual de um indivíduo. Embora saibamos que há quem pense e defenda absurdamente na minha opinião o contrário não é mesmo?

Concordo com sua opinião de que a orientação sexual não se muda, inclusive minha orientação sexual, como já afirmei, é homossexual e não prolongarei mais sobre esse tema pois não é o foco deste espaço.

A respeito do seu comentário “Assexuais são pessoas que não possuem nenhum problema físico ou psicológico, apenas não se interessam por sexo”.
É exatamente nesse contexto que me encaixo e em poucas palavras você conseguiu descrever todo meu universo. Estou muito distante de personificar rótulos, para mim isso é pura bobagem. Lembrando o que citei na minha primeira postagem quando afirmei que cheguei a consultar especialistas como psicólogos e psiquiatras como tentativa de entender ou aliviar algo que até então eu não compreendia e isto é muito comum com muitas pessoas, ao menos seria o que a maioria delas fariam no mundo atribulado em que vivemos.

Todo meu sofrimento não envolve mais descobrir conceitos sobre temas, quero mesmo dividir minhas angústias e como você mesmo disse, “grande parte dos assexuais não possui interesse algum em ter relações sexuais, apesar de ter atração romântica”. Eu tenho atração romântica e muita inclusive, só não quero transar é muito simples não é? Em tese sim, na prática não. Para mim é desprazerozo, é chato, é ruim, enfim, não tenho desejo de fazer sexo com outro rapaz, portanto e longe dos rótulos que a sociedade impõe, sou assexual.

Eu sou e gosto de ter relações estáveis e duradouras, mas como conseguir encontrar um parceiro que deseje o mesmo? Taí um problema o dilema que enfrento que talvez não haja solução...(risos). É no meu entendimento uma peculiaridade própria. É esse o meu sofrimento. Sei que há assexuais com orientações sexuais distintas, heterossexuais, homossexuais, bissexuais etc. Mas quem vivencia o mundo homossexual sabe que já é difícil estabelecer uma relação monogâmica duradoura com outro homossexual, imagine vivenciar uma relação monogâmica homossexual com um dos indivíduos assexual? Terrível perspectiva hein?

Bem, obrigado por vir aqui e estabelecer diálogo comigo, ajudou-me muito Gustavo. E desculpe se pareci apenas preocupado com minha situação, ao contrário eu estou aqui para somar o diálogo sempre que estiver a meu alcance.
Um grande abraço!
Marcelo,

Júlio escreveu:

Caro Marcelo, seja muito-bem-vindo!

Veja bem... com quem você falaria sobre esses sentimentos? Provavelmente um psicólogo iria tratar você como um simples doente-problemático. Dificilmente você encontraria um que fosse profissional o suficiente para entender você.

Infelizmente nossa sociedade hoje não oferece um ambiente em que essa realidade possa se manisfestar.

Se você é assexual ou não... só isso você poderá dizer. Porque nesse aspecto fala-se de uma identificação.

Quanto ao que você sente, o que me preocupa é justamente o silêncio que te imposto e o sofrimento decorrente disso.

Aqui isso não é mais necessário. Fale... fale muito... encha nosso saco! Eu imploro!

E isso é o mais importante.

Olá Júlio!

Muito obrigado pela recepção, pareceu-me tão calorosa que já estou sentindo-me mais tranquilo para falar, ou melhor, escrever, e olhe que eu gosto muito disso, portanto já vou advertindo a você e a todos, risos!

É caro Júlio, depois de ler tanto a respeito, percebi minha ingenuidade no que se diz respeito a minha procura por ajuda profissional. Eles estão muito aquém para uma intervenção sobre minhas angústias. (Refiro-me aos profissionais a que recorri).

Estou vivenciando um momento bom, cheio de esperanças, pois você e o Gustavo já vieram aqui e preocuparam-se comigo de alguma forma. Jamais tive total segurança para conversar com outras pessoas e dizer-lhes que não gosto de sexo. Eu sofro muito cara, você talvez faça ideia, uma vez que já está por aqui ha mais tempo. É difícil viver num mundo principalmente o mundo homossexual, onde o primeiro encontro tem quase que a obrigação de terminar na cama. Ou você faz isso, ou fica só e isso dói demais cara.

Tenho dois grandes amigos e os todos os dois fazem meu perfil, (são de casar) é assim que no meio gay referimo-nos aqueles que não costumam “ficar”, no entanto seus relacionamentos são duradouros e fora as prerrogativas naturais das relações estáveis, eles vivem bem com seus respectivos casamentos. Quando nos encontramos eles ficam muito preocupados pelo fato de eu nunca encontrar um parceiro, e frequentemente tentam empurrar alguém que eles acham que tem nosso perfil casadoiro (risos). Eu entendo-os, mas eles são quem não me entendem. Veja bem... Há alguns anos atrás eu tentei explicar-lhes que não gosto quando o cara passa das preliminares e tal e as respostas deles foram taxativas: procure ajuda... é apenas uma fase e etc. Percebi naquela época que não éramos tão parecidos assim. Havia um aspecto em mim que nenhum de nós sabíamos do que se tratava... Mesmo hoje não tenho como conversar com eles a respeito desse assunto. A falta de conhecimento alheio gera fofocas como, por exemplo, a de um cara que saí por uns dois meses no ano passado e após tentativas minhas de fazer um sexo forçadamente bom para que o namoro vingasse terminamos sem maiores explicações da parte dele. Findo o namorico ele disse a algumas pessoas conhecidas que terminou comigo porque eu era péssimo na cama.

Então, tentativas de compartilhamento de particularidades que parecem engraçadas para muita gente para mim representam muita dor e tristeza. Ao menos hoje posso deitar tranquilamente por saber que sou diferente e ponto. Mas ao mesmo tempo surge a pouca perspectiva de encontrar alguém como eu, ao menos para dividir ao vivo e a cores tais semelhanças. E se alguém me perguntar o que você preferia neste momento eu diria que gostaria de conhecer um amigo homossexual de caráter honesto para dividir e talvez até rir de histórias assim. É só o que eu busco nesse momento. Um bom amigo se possível assexual também.

Tá certo galera boa escrevi pra caramba e já enchi o saco de vocês, mas culpem ao Júlio, pois foi ele quem disse que eu podia e até implorou (risos).

Um abraço a você Júlio e mais uma vez obrigado pelas boas vindas. Já estou em casa.
Marcelo,

marcelomagalhaes80 escreveu:

É caro Júlio, depois de ler tanto a respeito, percebi minha ingenuidade no que se diz respeito a minha procura por ajuda profissional. Eles estão muito aquém para uma intervenção sobre minhas angústias. (Refiro-me aos profissionais a que recorri).

Estou vivenciando um momento bom, cheio de esperanças, pois você e o Gustavo já vieram aqui e preocuparam-se comigo de alguma forma. Jamais tive total segurança para conversar com outras pessoas e dizer-lhes que não gosto de sexo. Eu sofro muito cara, você talvez faça ideia, uma vez que já está por aqui ha mais tempo. É difícil viver num mundo principalmente o mundo homossexual, onde o primeiro encontro tem quase que a obrigação de terminar na cama. Ou você faz isso, ou fica só e isso dói demais cara.

Marcelo, é muita verdade o que você falou.
Realmente, por assexualidade ser poquíssimo conhecida entre os profissionais da psicologia, é muito complicado obter uma ajuda da qualidade.

Da mesma forma, posso estar enganado mas imagino que muitos assexuais deixam a recorrer a ajuda (no sentido de se sentirem mais tranquilos com o que são) de especialistas no campo de psicologia. Junto a isso, por representarem uma pequena parcela da população, a demanda pelo suporte psicológico no campo de auto-aceitação da 'assexualidade' passa a ser quase inexistente.

Não existindo demanda, oferta também não vai longe.

Vejo que solução é a gente ir se manifestando!
Como?

Começando a participar ativamente do forum..
Se candidatando a administradores do forum...
Conversando sobre o assunto com nossos amigos mais próximos ou de mente mais aberta...

Foi isso que começou a ser feito nos EUA e hoje em dia tem sido feitos grandes avanços na divulgação do tema!


Quanto mais a gente conversar, mais boas idéias e possíveis soluções irão surgir.

#ficadica