Olá, espero que esse depoimento chegue em bom momento e acrescente algo positivo a todxs.

Desde a minha adolescência, sempre nutri paixões secretas por alguns rapazes, mas nunca contava a eles (sempre tímida).
No Ensino Médio e na faculdade,  comprometi-me a não namorar ninguém. Pensei que isso pudesse me tirar o foco dos estudos, embora continuasse me apaixonando (e tentando sufocar isso a todo custo).
O meu primeiro beijo foi roubado. O segundo? Também.
O primeiro beijo, aos 18 anos, partiu de uma amiga enquanto fazíamos um trabalho em dupla. Foi constrangedor, mas serviu para eu me certificar de que não sentia atração pelo mesmo sexo. Superamos isso, mas preferi me distanciar.
O segundo beijo, aos 19 anos, partiu do meu primeiro namorado. Foi assustador, mas aos poucos fui me acostumando e apreciando. Namoramos por 3 anos, mas não fizemos sexo. Não houve problema, pois ele fazia parte do grupo "Escolhi esperar". Pra mim, isso era ótimo!  Embora eu tivesse curiosidade para saber como seria e me sentisse à vontade com ele.

O segundo relacionamento foi abusivo. Por isso mesmo, desgastante. O rapaz, dentre outras coisas, fazia chantagem emocional comigo exigindo sexo e  sustentando ser algo normal. Ele foi bem insistente, mas não o suficiente para convencer. Ao final das contas, tive nojo dele (em todos os sentidos) e terminei.

Desde então, passei a me ocupar com o autoconhecimento. Ainda me sinto insegura para me relacionar novamente. Recentemente, senti atração por um cara (tive dúvidas se estaria apaixonada ou se ele só me compreendia) e foi então que descobri que ele é gay e é comprometido. Rsrs... 
Pensei que ficaria frustrada, pelo contrário fiquei radiante (adorei ser amiga de um casal gay). Agora posso ter uma amizade masculina e desinteressada em sexo enquanto não conheço outros aces.

Se chegou até aqui, tem a minha gratidão.

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Obg por compartilhar sua história. É tão difícil encontrar amizades desinteressadas hj ne :/ eu tenho uma tendência a me apaixonar platonicamente e cm frequência kkkk mas Qnt mais o tempo foi passando eu percebi q n tenho as mesmas necessidades q os outros difícil lidar

jace escreveu:

Obg por compartilhar sua história. É tão difícil encontrar amizades desinteressadas hj ne :/  eu tenho uma tendência a me apaixonar platonicamente e cm frequência kkkk mas Qnt mais o tempo foi passando eu percebi q n tenho as mesmas necessidades q os outros difícil lidar

Eu sempre passo pela mesma situação. Eu me identifico com a personalidade, os hábitos da pessoa e imagino como seria bom relacionar-me romanticamente com a pessoa. Na verdade, apenas ter a companhia dela e fazermos atividades juntos.
Da última vez que senti isso, decidi não guardar para mim e resolvi contar para a pessoa em questão. Não quis deixá-la sem graça como eu provavelmente ficaria se fizessem comigo.
Escrevi, então, um bilhete para todo o nosso grupo de amigos em comum ressaltando as qualidades que admirava e no bilhete específico da pessoa, escrevi como me sentia especificamente em relação  a ela.
Foi uma experiência muito boa, pois a pessoa compreendeu e foi gentil.
É o amigo que citei no meu depoimento acima. Ele é um fofo!
Mas nem sempre sou compreendida... Perdi a conta de quantas vezes não fui respeitada como ace e tratada como heterossexual.
Como se impossível amizade desinteressada de sexo entre pessoas, independente da orientação sexual.
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Nossa, é bem essa a sensação. Eu sempre me apaixono pelos mínimos detalhes da pessoa, e só quero passar tempo com ela, conversar, etc. Infelizmente as pessoas tem dificuldade pra entender isso de uma forma que não envolva sexo :/ Bem interessante essa coisa do bilhete, mas acho q não teria coragem 🤭

Meu sonho... assistir um filme no cinema, ir pra casa, deitar juntinhos, e dormir abraçadinho.... poxa que sensação boa

É muito louco isso de se apaixonar e ao mesmo tempo ficar guardando e não se expressar. Enquanto o dilema da maioria dos aces é as pessoas não compreenderem em como ter uma relação íntima sem sexo, o meu dilema é as pessoas terem uma necessidade absurda em quererem se sentir amadas por palavras ou gestos de carinho.

Convidado escreveu:

Nossa, é bem essa a sensação. Eu sempre me apaixono pelos mínimos detalhes da pessoa, e só quero passar tempo com ela, conversar, etc. Infelizmente as pessoas tem dificuldade pra entender isso de uma forma que não envolva sexo :/ Bem interessante essa coisa do bilhete, mas acho q não teria coragem 🤭

Olá, [quote="Convidado"]

A questão do bilhete é algo que resolvi fazer para resgatar a ideia do romantismo à moda antiga em que você coloca no papel a forma como você se sente, de uma forma dierente, dando à pessoa a entender que você investiu tempo pensando nela, procurou a melhor forma de expressar isso e foi na contramão das mensagens instantâneas por SMS ou via aplicativos.
Depois desse depoimento, fui à casa do meu amigo. Fiquei emocionada ao ver que ele guardou o meu bilhete junto com as suas premiações. Eu me senti honrada ao perceber que ele compreendeu a importância do gesto que fiz por ele.
Isso valeu o meu dia.

Mas quanto a demonstrar sentimentos, bem... Falando aqui com você parece fácil. Mas cada um desenvolve a sua forma de expressá-los e tem o seu ritmo. Precisei vir amadurecendo ao longo de 20 anos (e ainda tenho muito a aprender).

De fato, hoje me reconheço como ace romântica (ou só demi).

Espero que você encontre a melhor forma de também expressar o que sente e seja feliz

Benhur Alves escreveu:

Meu sonho... assistir um filme no cinema, ir pra casa, deitar juntinhos, e dormir abraçadinho.... poxa que sensação boa

Disso não posso discordar

Shipow escreveu:

É muito louco isso de se apaixonar e ao mesmo tempo ficar guardando e não se expressar. Enquanto o dilema da maioria dos aces é as pessoas não compreenderem em como ter uma relação íntima sem sexo, o meu dilema é as pessoas terem uma necessidade absurda em quererem se sentir amadas por palavras ou gestos de carinho.

Sim, concordo. Muito louco, [quote="Shipow"].

Mas na época (dos 12 aos 19 anos) eu não tinha a maturidade/ entendimento e sequer sabia que eu me identificaria mais tarde como ace. Para falar a verdade, nessa época (2003 a 2010) pouco se discutia a respeito dessa orientação sexual (ou se se discutia, eu não fazia ideia). Basicamente, ainda é uma jornada de autoconhecimento.

Eu tinha medo (na época, fruto de desconhecimento) de começar a me relacionar com alguém e, de repente, me ver em uma situação constrangedora porque a pressão dos grupos sempre girava em torno do sexo per si.

Não poucas vezes faço minhas incursões sobre pesquisas a respeito das diversas orientações sexuais.

Quanto à necessidade de sentir-se amado, acredito que seja uma particularidade para cada pessoa. Me saliento a dizer que seja algo sui generis. Não é possível generalizar.

Algumas pessoas sentem necessidade de expressar o que sentem por palavras e gestos carinhosos enquanto outras pessoas não sentem essa mesma necessidade. Varia muito.

Só que elas expressam sim que gostam e se importam com a outra pessoa, pois dedicaram tempo para dar atenção, para executar uma tarefa, exercitar a empatia, ser útil de alguma maneira ou simplesmente parar para ouvir.

Acredito que o importante é sempre tentar conhecer o outro (quais os seus limites) e respeitar a sua individualidade e o seu espaço.

De já, agradeço muito pela sua contribuição!