Carência

É normal o ser humano sentir carência. Mas eu gostaria de saber quanto isto prevalece na comunidade assexual brasileira.

Algumas vezes sim mas não de relacionamentos amorosos e sim de pessoas por perto como família, amigos...

Na maioria do tempo não, lido bem com a solidão, mas, vez ou outra, até penso em como seria bom voltar a namorar... e quando amo é intenso!

Como sei que é difícil encontrar quem realmente valha a pena, acabo desencanando quando noto que não há reciprocidade.

Karolina escreveu:

Algumas vezes sim mas não de relacionamentos amorosos e sim de pessoas por perto como família, amigos...

Sim, eu vejo como sendo um erro as pessoas considerarem que carência se resolve com namoro. Conheci gente que namora e é carente, e gente que não namora e não é carente. Similar à situação das pessoas confundirem amor e sexo.

Eu me identifico como sendo carente devido à minha falta de talento em fazer novas amizades.

Ace Ventura escreveu:

Sim, eu vejo como sendo um erro as pessoas considerarem que carência se resolve com namoro. Conheci gente que namora e é carente, e gente que não namora e não é carente. Similar à situação das pessoas confundirem amor e sexo. Eu me identifico como sendo carente devido à minha falta de talento em fazer novas amizades.

Carência é a falta de algo necessário.
Vc sente falta de amigos(as), assim como há quem sinta falta de amar e ser amado(a).
Erro é condicionar a própria felicidade exclusivamente à companhia de alguém (seja amigo/a ou namorado/a).
Como costumo dizer, posso até ser mais feliz bem acompanhado, mas não ficarei triste apenas por estar sozinho.

bom dia,

acho que é bem normal sentir carencia afetiva, eu sinto bastante, a falta de ter um namorado, um amigo mais intimo, para discutir, ver filme, ter atividades em comum, fazer planos, ficar juntos, sinto falto do toque (tocar e ser tocado)

Eu votei em "nenhuma das anteriores", pois nem sempre me sinto carente.

É exatamente por isso que tenho dificuldades com relacionamentos: sou considerada meio "ausente", aquela que não se importa com o outro apesar de estar sempre pronta para ajudar. Me acostumei a viver sozinha, a não ter amigos ou parceiro. Gosto da liberdade, do meu espaço. Ao mesmo tempo, sinto falta de ter alguém ao meu lado com quem conversar, viajar, conhecer novos sabores; trocar alguns beijos e até abraços de forma saudável.
Mesmo assim, a falta de um parceiro não é uma ausência incômoda ou insuportável. Apesar de desejar ter um companheiro.

Adri Pizani escreveu:

Eu votei em "nenhuma das anteriores", pois nem sempre me sinto carente.

É exatamente por isso que tenho dificuldades com relacionamentos: sou considerada meio "ausente", aquela que não se importa com o outro apesar de estar sempre pronta para ajudar. Me acostumei a viver sozinha, a não ter amigos ou parceiro. Gosto da liberdade, do meu espaço. Ao mesmo tempo, sinto falta de ter alguém ao meu lado com quem conversar, viajar, conhecer novos sabores; trocar alguns beijos e até abraços de forma saudável.
Mesmo assim, a falta de um parceiro não é uma ausência incômoda ou insuportável. Apesar de desejar ter um companheiro.

Já me classificaram como insensível também, mas é porquê eu sou arromântico, e quem me classificava assim queria namoro e não amizade.

Mas, porquê você, além de não ter namorado, também não tem amigos? Eu pergunto para saber se existe alguma característica em comum entre assexuais neste ponto, ou se não.

Ace Ventura escreveu:

Mas, porquê você, além de não ter namorado, também não tem amigos? Eu pergunto para saber se existe alguma característica em comum entre assexuais neste ponto, ou se não.

Eu sempre fui muito tímida e mudei muito. De cidade, de turma. Não criava vínculos. Especialmente por não suportar papos de adolescentes como "quantos(as) pegou no fim de semana". Sem perceber, me afastei das pessoas, especialmente depois de ouvir que eu poderia ser portadora de autismo ou Síndrome de Asperger.

Como eu sempre tinha algo mais importante, fui me acostumando a viver 'sozinha'. Não fazia falta ter um companheiro e o papel de amigos eu acabei deixando a cargo de pessoas com quem jogava RPG. Eu desabafava com eles, eles desabafavam comigo.

Para tentar superar o "autismo", passei a ler muitos livros do Augusto Cury, livros de psicologia, filosofia, psiquiatria e afins. Me dediquei a me observar e parar de ouvir os outros. Hoje começo a entender quem realmente sou. Mas como ninguém tem interesse neste tipo de conversa, continuo a viver de acordo com meus princípios.

Adri Pizani escreveu:

Eu sempre fui muito tímida e mudei muito. De cidade, de turma. Não criava vínculos. Especialmente por não suportar papos de adolescentes como "quantos(as) pegou no fim de semana". Sem perceber, me afastei das pessoas, especialmente depois de ouvir que eu poderia ser portadora de autismo ou Síndrome de Asperger.

Quem disse isso foram seus coleguinhas, ou foi um profissional da área? Se não foi um profissional da área, ignore, pois não é gente aleatória que tem qualificação para fazer diagnósticos.

Adri Pizani escreveu:

Eu votei em "nenhuma das anteriores", pois nem sempre me sinto carente.

É exatamente por isso que tenho dificuldades com relacionamentos: sou considerada meio "ausente", aquela que não se importa com o outro apesar de estar sempre pronta para ajudar. Me acostumei a viver sozinha, a não ter amigos ou parceiro. Gosto da liberdade, do meu espaço. Ao mesmo tempo, sinto falta de ter alguém ao meu lado com quem conversar, viajar, conhecer novos sabores; trocar alguns beijos e até abraços de forma saudável.
Mesmo assim, a falta de um parceiro não é uma ausência incômoda ou insuportável. Apesar de desejar ter um companheiro.

Me identifico muito com isso.

Não sou carente, geralmente sou um pouco distante das pessoas. Porém, há exceções é claro.
Existem pessoas para quem eu abro a porta do sentimentalismo exagerado e aí me sinto extremamente carente. Não que nesses casos eu cobre coisas, mas secretamente sinto querer muito mais atenção.

Há um desequilíbrio aí, eu sei. Mas essa é a verdade! Tenho tentado mudar.

Adri Pizani escreveu:

Como eu sempre tinha algo mais importante, fui me acostumando a viver 'sozinha'. Não fazia falta ter um companheiro e o papel de amigos eu acabei deixando a cargo de pessoas com quem jogava RPG. Eu desabafava com eles, eles desabafavam comigo.

RPG de papel? Quais você jogou?

Adri Pizani escreveu:

Ace Ventura escreveu:

Mas, porquê você, além de não ter namorado, também não tem amigos? Eu pergunto para saber se existe alguma característica em comum entre assexuais neste ponto, ou se não.

Eu sempre fui muito tímida e mudei muito. De cidade, de turma. Não criava vínculos. Especialmente por não suportar papos de adolescentes como "quantos(as) pegou no fim de semana". Sem perceber, me afastei das pessoas, especialmente depois de ouvir que eu poderia ser portadora de autismo ou Síndrome de Asperger.

Como eu sempre tinha algo mais importante, fui me acostumando a viver 'sozinha'. Não fazia falta ter um companheiro e o papel de amigos eu acabei deixando a cargo de pessoas com quem jogava RPG. Eu desabafava com eles, eles desabafavam comigo.

Para tentar superar o "autismo", passei a ler muitos livros do Augusto Cury, livros de psicologia, filosofia, psiquiatria e afins. Me dediquei a me observar e parar de ouvir os outros. Hoje começo a entender quem realmente sou. Mas como ninguém tem interesse neste tipo de conversa, continuo a viver de acordo com meus princípios.

Identifiquei-me muito com seu relato! Parece estar narrando minha vida. Hoje aceito minha orientação e me considero feliz com ela. Porém a carência de afeto acontece às vezes.

Sim, eu queria muito ter um parceiro, gosto de vida à dois.

Karolina escreveu:

Algumas vezes sim mas não de relacionamentos amorosos e sim de pessoas por perto como família, amigos...

Amigos... Essa é a pior parte.

Adri Pizani:É exatamente por isso que tenho dificuldades com relacionamentos: sou considerada meio "ausente", escreveu:

Tenho esse problema também, já ouvi mais de uma vez a seguinte frase "A gente podia se conhecer melhor, mas você fica nesse joguinho besta!" ai eu respondo: que joguinho besta? rsrs.
Por que sempre acham que estamos fazendo joguinho de difícil? E eu nem me acho bonita!

Ace Ventura: Já me classificaram como insensível também, mas é porquê eu sou arromântico, e quem me classificava assim queria namoro e não amizade. escreveu:

O que você sente quando percebe que confundiram as coisas? O que você faz?

Karolina: Algumas vezes sim mas não de relacionamentos amorosos e sim de pessoas por perto como família, amigos... escreveu:

Quanto mais o tempo passa, mais dificuldades eu tenho de fazer amigos porque me sinto uma et! A maioria das pessoas parecem priorizar coisas que não me interessa, mas eu tento me enturmar na medida do possível.
Felizmente não tenho problemas com a solidão, mas é chato como a sociedade tenta convencer que tem algo de errado com você!

Violeta escreveu:

Ace Ventura escreveu:

Já me classificaram como insensível também, mas é porquê eu sou arromântico, e quem me classificava assim queria namoro e não amizade.

O que você sente quando percebe que confundiram as coisas? O que você faz?

Há vários anos que esse tipo de confusão não acontece comigo mais. Eu aprendi a ler melhor a intenção das outras pessoas e evitar cair nisso, eu acho.

Uma coisa que me ocorreu olhando aqui o tópico: vejo algumas discussões em mídias ou conversas de pessoas alo sobre carência, que muitos "confundem" a solução da carência com intimidade sexual e que outros "resolvem" a carência assim. Geralmente quando vem o discurso sobre resolver a carência com sexo, em pouco tempo as pessoas buscam algo além, como relacionamentos.
Me ocorreu que, apesar da mídia retratar esse tipo de coisa como uma solução não muito boa e até mesmo as próprias pessoas, quando se dão conta disso, parece que essa é a forma vigente de se lidar com esse sentimento. Não estou atribuindo juízo de valor, veja bem, mas pensando que talvez pra nós que somos aces demore um pouco a cair a ficha do que realmente queremos porque tudo ao redor aponta pra uma direção que não nos serve.

Desde maio, quando criei a enquete, até agora, pensei mais no assunto, e me surgiu outra dúvida: existe diferença entre carência e solidão?

Ace Ventura escreveu:

Desde maio, quando criei a enquete, até agora, pensei mais no assunto, e me surgiu outra dúvida: existe diferença entre carência e solidão?

Eu não tenho certeza se captei a verdadeira essência da sua pergunta, então se quiser explicar de novo...
Respondendo pelo sentido mais superficial: além do denotativo, sim, existe diferenças entre os dois.

A gente costuma associar carência e solidão porque os dois comumente podem aparecer acompanhados, por outro lado a existência de uma não depende da outra.

Uma pessoa pode-se encontrar solitária e não estar carente: basicamente, podemos estar isolados por escolha própria (porque queremos/precisamos) ou de forma compulsória. Em ambos os casos é possível que você não se encontre carente (a) apreciando a solidão ou (b) não apreciando, porém não se incomodando com a solidão.

Uma pessoa também pode encontrar-se carente e não estar solitária: as vezes uma pessoa está em um relacionamento amoroso, está no meio de uma conversa com outra pessoa ou simplesmente está em uma sala cheia e mesmo não estando sozinha/solitária sentirá-se carente, como se nada daquilo fosse capaz de suprir sua necessidade, isto é, pode ser que a pessoa espere algo específico e que a presença ou atenção de outra pessoa não seja suficiente.

Sam escreveu:

Ace Ventura escreveu:

Desde maio, quando criei a enquete, até agora, pensei mais no assunto, e me surgiu outra dúvida: existe diferença entre carência e solidão?

Uma pessoa pode-se encontrar solitária e não estar carente: basicamente, podemos estar isolados por escolha própria (porque queremos/precisamos) ou de forma compulsória.

Quando a pessoa está desacompanhada por vontade própria, não é solidão, segundo essa definição:

Wikipédia escreveu:

Solidão é um sentimento no qual uma pessoa sente uma profunda sensação de vazio e isolamento.

Considerando que solidão, tal qual acima escrito, seja este tipo de mal-estar que leva a pessoa a buscar outras pessoas, qual é então a diferença disto para carência? A carência tem o mesmo efeito, mas é uma sensação diferente?

Ace Ventura escreveu:

Quando a pessoa está desacompanhada por vontade própria, não é solidão, segundo essa definição:

Solidão é um sentimento no qual uma pessoa sente uma profunda sensação de vazio e isolamento.

Eu não acho que a definição citada por você exclua aqueles que estão desacompanhados (SOZINHOS) por vontade própria, pelo contrário, ela inclui todas as pessoas que compartilham do sentimento de vazio e isolamento (SOLITÁRIAS), estando sós ou não. As vezes uma pessoa se vê solitária justamente pelo sentimento de vazio e isolamento que se instala (mesmo não tendo sido removida do convívio por outros). Nesses casos, as pessoas podem escolher ou não ficar sozinhas (DESACOMPANHADAS).

Sei que isso tudo que escrevi foi muito confuso, mas se checar um dicionário verá que solidão têm definições que desprezam se a pessoa está sozinha por opção ou não, isto é, se o próprio dicionário não se dispõe a especificar regras que excluam possibilidades é porque podemos considerar todos os casos que se encaixem nas condições citadas.

Michaelis: Estado ou condição de pessoa que se sente ou está só; isolamento. Qualidade ou característica de local ermo ou solitário. Local solitário e despovoado; retiro. Sensação ou condição de pessoa que vive isolada do seu grupo.

Aurélio: Estado do que está só; lugar solitário; isolamento; lugar despovoado.

Bom, é minha opinião (veja que nossas ideias de estar solitário e sozinho se misturam). Sem problemas se você tirou uma interpretação diferente da minha.

Ace Ventura escreveu:

Considerando que solidão, tal qual acima escrito, seja este tipo de mal-estar que leva a pessoa a buscar outras pessoas, qual é então a diferença disto para carência? A carência tem o mesmo efeito, mas é uma sensação diferente?

Não sou o mais indicado para responder essa pergunta, uma vez que discordamos da definição. Não acho que uma pessoa solitária necessariamente busque outra pessoa (quem faz isso é o "carente"). Na minha visão, o solitário pode ansiar pelo isolamento (como acontece com alguns depressivos, por exemplo) ou pode querer atenção e, adicionalmente, ser carente.

Você quase coloca as duas coisas como sinônimas, mas nas listas de sinônimos desses dois dicionários não consegui verificar isso.