Olá!

Meu nome é Rafael e tenho 31 anos recém-completados. Moro, atualmente, em São Paulo (SP).

Descobri o Fórum ao pesquisar sobre grupos de assexuais no Facebook e como percebi que o nível das discussões aqui era bom, resolvi fazer o cadastro e entrar.

Embora tenha lido algumas definições, eu realmente não sei onde me encaixo sexualmente falando. Ainda que acredite que "assexual" seja um termo radical demais, pois ainda sinto fortes desejos, ainda que de forma esporádica, nunca consegui conciliar sexo e afeto num relacionamento. A grande maioria das minhas transas foram com pessoas que eu podia me dar ao luxo de nunca mais ver na vida após a relação.

Considerando os desejos esporádicos e o que eu penso na hora da masturbação, sou homossexual. Afetivamente falando, no entanto, não vejo diferença entre homens e mulheres. Carícia, beijos, etc. - para mim, é tudo igual.

Já tive 4 relacionamentos sérios (2 com mulheres, 2 com homens), já consumei o ato de todas as formas possíveis com ambos os sexos. Porém, logo após ter passado o fator "novidade" das primeiras relações, fui perdendo o interesse. Após a realização de desejos, fetiches e curiosidades meus, parece que a coisa ficava totalmente sem graça depois.

Posso contar nos dedos as vezes em que a relação sexual acabava não sendo o anti-clímax de um encontro que, até então, estava dando maravilhosamente certo.

Também nunca consegui conciliar "sexo" com "amor", o que sempre me foi um problema. Se me envolvo afetivamente, não consigo sentir mais o "tesão". Nesse ponto, sou o completo oposto do demissexual.

Somente no meu último relacionamento, estive com alguém que compreendeu esse meu ponto. Com ele, tive uma relação com uma base afetiva muito forte, companheirismo e sem nenhum desses romanticismos artificiais de facebook ou cobranças bizarras ("quem é essa pessoa na agenda do seu celular?", etc.). Porém, infelizmente, ele acabou não resistindo à doença degenerativa que possuía e veio a falecer. Isso meio que ainda me abala até hoje, ainda mais porque o período que durou esse relacionamento foram os únicos momentos da minha vida em que não estive acometido pelo sentimento de solidão e por picos depressivos quase constantes.

Não tenho a necessidade de viver rodeado de pessoas, mas preciso, sim, de ter alguma ligação mais profunda, íntima e prioritária com UMA pessoa.

Nesse ponto, eu seria "romântico" como dizem os termos daqui, embora eu prefira o nome "afetivo", pois essa é a minha necessidade real. Dispenso declarações forçadas, cartas de amor e qualquer coisa não-espontânea. Mas prezo, sim, por algo tranquilo, carinhoso, presente e que faça bem a ambos.

Uau..
Já na apresentação já me trouxe muita reflexão e aprendizado

Por vezes chego nesse ponto de não imaginar sexo com alguém pelo qual tenho muito afeto, mas é sempre transitório; como me envolvi sempre com sexuais, terminava rolando e eu não me importava tanto em "ter que fazer". Mas sexo e amor com certeza sempre me foram coisas distintas, e a maior parte do tempo até agora opostas.

Não sei se devo tocar nesse ponto mas... Pessoas passam na nossa vida e deixam o que tem de melhor né. Algumas ensinam muito pra gente, a memória que você tem dessa pessoa é muito bonita e eu queria ter a oportunidade de conhecer também, não se vê muitos assim por aqui. Espero que aqueles momentos te ajudem em novas dificuldades.. Acho que a pessoa quereria isso né?
Você acredita em vida após a morte?

Tá aqui seu bolo, seja bem vindo
^^

Seja muito bem vindo, Rafa! ^-^

Um detalhe na sua apresentação me chamou a atenção mas quero deixar claro que li e absorvi todas as suas palavras, você passa sabedoria e eu nada tenho a acrescentar por pura falta de experiência. Contanto você fala em solidão e "picos depressivos". No meu caso, isso ocorria enquanto eu achava ser anormal e sozinha... quando eu achava viver sob a pressão de me casar e ter filhos ou mesmo de ter relacionamentos como uma fase obrigatória da vida. Quando descobri que não era bem assim, que haviam outros como eu, senti um imenso alívio, a depressão desceu pelo ralo e não me sinto só apesar de estar sozinha quase 24h/dia diariamente.

Então eu gostaria de saber se você foi diagnosticado por um profissional ou usou o termo por usar, afinal, luto é normal e a dor de se despedir de um ente querido pode ser um gatilho para turbulências emocionais. Perdoe-me se pareço estar sendo insensível... >_<
Pergunto isso porque a depressão em si pode afetar a libido e como seu caso é particular - pelo menos é o primeiro relato que vejo no qual perde-se o interesse sexual ao estabelecer uma conexão emocional - cabe-se eliminar as outras possibilidades primeiro. Bem, cabe-se em todos os casos mas... parece que há uma padronização maior nos demais relatos.

A exemplo, eu tenho um problema enorme com a "infama" friendzone. Se gosto muito de uma pessoa, eu enfio ela nessa bolha e é muito possível que eu jamais a olharei com outros olhos e mesmo que o faça não gostaria de me envolver com ela para não correr o risco de estragar a amizade. OTL E também há aqueles casos em que o relacionamento "esfria", nos termos sexuais. As pessoas continuam se amando, a cumplicidade permanece, o carinho, tudo. Mas a "paixão" cessa. Para os sexuais, em sua maioria, este é um bom motivo para romper o relacionamento, mas para alguns casais não é e eles permanecem juntos. O problema aí é o desencontro de interesses pois a falta de desejo sexual mútuo não implica que não o sentirão por terceiros... daí complica.

Mas enfim... só queria esclarecer esse ponto. ^-^
Grande abraço!

seja bem vindo rafa!
Uma apresentação e tanto,mas não se preocupe,estamos acostumados a textos gigantescos
Espero que se sinta em casa e curta o forum.

Não sou muito bom na hora de fazer resumos, né? Isso me prejudica.

Han Ni, meu problema com a depressão já foi diagnosticado no passado e ele vêm desde o início da minha adolescência. Atualmente, o luto colabora, claro. O relacionamento que eu tive foi o único momento em que não fui acometido por ela.

Essas questões da libido sempre foram assim, também. Tanto que uma psicóloga minha chegou a dizer que eu, após um certo grau de intimidade, acabava vendo a outra pessoa como uma "irmãzinha".

A descrição feita por Cypher acaba sendo bem parecida com o que se passa comigo: sexo e "amor" (outra palavra da qual tenho minhas restrições) acabam sendo coisas quase opostas.

Sempre via o sexo mais como uma forma de matar um desejo que surgia mesmo, algo talvez mecânico ou instintivo. Mas não como o auge de um relacionamento.

Tenho um diagnóstico de Síndrome de Asperger também. Não sei até que ponto isso influi ou não, pois a necessidade de afeto é algo que normalmente não existe entre quem também possui isso.

No fundo, no fundo, acho que desejo possuir relações "familiares" de afeto, com exclusividade, prioridade e intimidade. Até porque é algo que nunca tive com a minha família mesmo, exceto com a minha mãe na infância. E olha que, no meu caso, eles sempre estiveram presentes, eu tive uma boa criação, sem traumas, abandonos ou abusos.

Seja bem vindo!!! Abs.

Seja bem vindo Rafa,sinto pela sua perda.
VC me parece ser forte tantas coisas ja aconteceram com vc, e suas palavras todas com precisão na discrição de sentidos.
Me comoveram e me fizeram refletir

Rafa a sindrome de Asperger é o autista que tem fala compreensível? (Pelo que li) Vc é realmente autista?
Vc se considera assexual arromantico , demirromantico ou romantico?

fraga escreveu:

Rafa a sindrome de Asperger é o autista que tem fala compreensível? (Pelo que li)  Vc é realmente autista?
Vc se considera assexual arromantico , demirromantico ou romantico?

Digamos que seja o autista "quase normal". Eu consigo me expressar, manter relacionamentos com as pessoas, fazer quase 100% das coisas que alguém "normal". Porém, tenho meus prejuízos emocionais, como dificuldades em interagir com os outros, não consigo viver em ambientes que mudam demais, lugares com grande pressão e tenho uma coordenação motora quase bisonha. Não consegui aprender a dirigir nem a andar de bicicleta e só comecei a falar com 4 anos.

Como fui diagnosticado por profissionais que tem suas carreiras acadêmicas centradas nos estudos de autismo (com laudo, CID e tudo mais), acho que não tenho muitas dúvidas disso. Encaixo-me na maioria dos "sintomas" listados.

Minha assexualidade é "romântica" (eu prefiro dizer "afetiva", pois não sou nada romântico, rs). Embora não goste de pessoas me tocando, a coisa muda de figura quando estabeleço uma relação de intimidade (poderia dizer que eu sou demiafetivo, se esse termo existisse rs). Mas é sempre com UMA PESSOA só. O problema é encontrar essa aí agora.