| | Penso, mas existo?: Desabafo de uma demissexual em um colégio interno | |
| Autor | Mensagem |
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synthmachine81 Acabei de chegar!
12 05/11/2015 25 I've seen so much I'm going blind and I'm brain-dead virtually Gênero :
| Assunto: Penso, mas existo?: Desabafo de uma demissexual em um colégio interno 5/11/2015, 21:28 | |
| Tenho 16 anos e estou terminando de cursar o segundo ano do Ensino Médio... Num colégio interno adventista. Não foi exatamente minha escolha, a maior parte da minha família materna faz parte dessa religião, que eu abandonei aos 12 anos. Minha mãe estudou aqui na adolescência e quis repetir a experiência comigo. A primeira coisa que me frustrou foi o retorno a um colégio religioso, visto que não os frequentava desde 2012 (passei 5 anos do meu ensino fundamental em um, e tive uma péssima experiência lá). A primeira coisa que me incomodou foi que estava acostumada ao meu colégio laico, e voltar a conviver com um pensamento que, perdoem-me possíveis cristãos do fórum, considero "afunilado" quanto à variedade de gêneros, sexualidades, relacionamentos, etc, trouxe um grande incômodo pra mim. Apesar do colégio pregar coisas como manter a virgindade até o casamento e incentivar o desenvolvimento e fortalecimento dos laços românticos em um namoro, o que de certa forma me dá uma zona de conforto quanto à minha demissexualidade, ainda confronto diariamente incompreensões sobre minha sexualidade. Principalmente por um amigo que fiz aqui, que aliás é bisexual, mas tem uma compreensão bem medíocre das sexualidades, minha colega de quarto, que apesar de seguir essa linha da "castidade" vive tendo pensamentos relacionados e me pressionando com isso, além de outra com que morei antes que achava que eu era lésbica, o que de certa forma é frustrante para mim pois sinto que invalida todos os sentimentos profundos que senti por pessoas do sexo oposto ao longo dos anos pelo simples fato de não possuir uma relação carnal com nenhum. Eu entendo que serão poucos que estarão por dentro do que são as sexualidades, e muitos também são bastante desinformados quanto elas (há poucos dias corrigi um colega que falava "assexuado" e não "assexual", o que me incomoda visto que esta primeira palavra significa para mim que "não possui sexo", o que não é meu caso), mas sinceramente estou de saco cheio das brincadeiras de alguns amigos que sempre incluem algo sexual (não tenho nada contra sexo quando é entre outras pessoas, mas a maioria delas se dirigem à mim). Inclusive quando tive interesse por um garoto aqui, por vários motivos menos a atração sexual, elas aumentaram ainda mais. Acabei desistindo dele um tempo depois, mas mesmo assim continuaram implicando comigo pelo simples fato de ter falado com outro garoto aqui, e eu, ainda afetada pela desilusão romântica anterior, me deixei convencer de que estava agora interessada nele e sofri mais ainda quando descobri que ele já era compromissado. Recebi apoio moral dos amigos, mas claro, sem ouvir os clichês do "ela acha que vai ficar sozinha cheia de gatos" e "o príncipe encantado virá, ela está se descobrindo agora", que me irritam ainda mais. Não vou ficar no colégio ano que vem, e pretendo ser mais aberta com minha demissexualidade. Tenho uma bandeira da assexualidade pintada à mão no meu armário, e se eu sofrer com assédio, defenderei minha sexualidade a todos os custos. Não faço isso para chamar atenção exclusiva minha, muito pelo contrário, mas para mostrar que existimos. |
| | | Vicky_Larsen Aprendiz
125 26/10/2015 24 "Venha logo, paz interior ^-^" Gênero :
| Assunto: Re: Penso, mas existo?: Desabafo de uma demissexual em um colégio interno 6/11/2015, 00:50 | |
| Sei como se sente, Sythmachine, a gente acaba duvidando até de si mesma de tanto que falam. Aliás, tive um amigo bissexual que também não era lá essas coisas, sei que também fui preconceituosa com ele, no entanto, ele era o tipo de pessoa que constrangia pessoas que pareciam ou que ele achava que tinham pouca experiência sexual. Piadinhas sexuais e etc. Creio que, assim como o meu depoimento, o seu tópico será mudado para outro outra área do fórum, junto ao meu! Levando em conta que temos a mesma orientação e a mesma faixa de idade, devemos ter passado por perrengues semelhantes. rsrsrs (Se tiver curiosidade, é o tópico "Depoimento: Demissexualidade"!) Relaxe, você não está sozinha, temos nossa bandeira e nosso orgulho Demissexual! E não seremos apagadas por preconceito. ------------------- Também acho uma boa ideia você mudar de escola, sei que alguns me acharam preconceituosa, mas por mim sequer existiriam escolas não-laicas, é muita cara de pau. Eu sou de um família evangélica, e quero distância dessas coisas, fiquei em escolinhas cristãs quando menor, deixei de ser evangélica lá pelos 12~13 anos, graças a Internet! |
| | | The 2D Mestre
808 20/11/2013 28 "Oh no, uiu" Gênero :
| Assunto: Re: Penso, mas existo?: Desabafo de uma demissexual em um colégio interno 6/11/2015, 12:12 | |
| /tópico (orgulhosamente) movido para "Depoimentos"./
Comportamentos assim existem justamente pela baixa visibilidade da assexualidade por aqui, além do costume que se tem de tentar encaixar as pessoas em alguma orientação sexual sempre que possível, o que é uma enorme e totalmente desnecessária invasão à sua privacidade. |
| | | Oromë Sabido(a)
191 17/10/2015 30 Power to the people, stick it to the man! Gênero :
| Assunto: Re: Penso, mas existo?: Desabafo de uma demissexual em um colégio interno 7/11/2015, 19:17 | |
| História interessante, bem diferente do "meu mundo". Pra mim é muito estranho as pessoas, ainda mais num colégio interno, falarem de sexo de forma tal aberta quanto a qual você deu a entender. Quando falo em 'falar de sexo' falo da intimidade do ato, não o sexo que se fala nas aulas de biologia. Quantas as incompreensões, vamos encontrar isso em todo lugar, seja por ser assexual ou outra coisa.
Aliás, gostaria de esclarecer uma dúvida que tenho. Vocês defendem a assexualidade com uma singularidade equiparada a comunidade LGBT, levantam realmente uma bandeira e tem todo um orgulho acerca da assexualidade. Eu não compreendo isso, não é um método de autoafirmação? Eu sou assexual, mas pra mim é só mais uma característica minha, assim como a timidez, introversão e etc. Não vejo porque defender. Sinto que se eu tivesse que fazê-lo, teria que afirmar para os outros cada característica minha, lutar pra que fique claro que eu sou assim e assado, que é parte de mim e que eles não entendem. Não entendo porque lutar com fervor pra afirmar ao outro (Opinião, por sinal, que pouco me importa, o que pensam de mim não é problema meu) como você é. Eu sei que há preconceito quanto a assexualidade. Eu tenho cabelo grande e sofro preconceito diário quanto a isso. Seja comentários em forma de cochichos e risadinhas ou ofensas diretas, sem contar a dificuldade de conseguir emprego. Cabelo grande é uma característica minha e desde criança sofri com piadas, apelidos, até taxado de ''mulherzinha'' no sentido pejorativo da palavra. Mas não sinto a menor necessidade de hastear uma bandeira a favor dos homens que usam cabelo grande. O que importa é como eu me sinto comigo mesmo, os outros... Sartre disse: O inferno são os outros.
Obs: Não vejam como crítica nem nada parecido, quero apenas entender o porquê de vocês hastearem essa bandeira da assexualidade com tanto fervor. |
| | | The 2D Mestre
808 20/11/2013 28 "Oh no, uiu" Gênero :
| Assunto: Re: Penso, mas existo?: Desabafo de uma demissexual em um colégio interno 7/11/2015, 20:10 | |
| Ninguém hastea bandeira assexual com "fervor" ou algo do tipo, e mesmo que o fizesse, não vejo qual problema teria. Preconceito existe, se existe é por ignorância e ignorância se combate com informação e conscientização. Aqui e em sites semelhantes informação é o que não falta e isso ajuda muita gente, pois a sociedade impõe alguns padrões comportamentais completamente estúpidos e infundados. Então é bom que se hasteie sim uma bandeira de forma que as pessoas que se sentem quebradas ou inúteis por não acompanhar os "sagrados" padrões de como viver sua vida sexual privada consigam encontrar outras que passam/ passaram por experiências parecidas que irão dizer: Sim, ser assexual é normal e ninguém é menos "humano" só por causa de uma característica tão simples. E se um grupo de pessoas ficar chateada por sofrer discriminação por ter cabelo grande, também não haveria problema nenhum em criar uma "Comunidade dos Homens de Cabelo Grande" se isso fosse ajudar as pessoas a perceberem que não tem problema usar o corte que mais gosta. |
| | | Oromë Sabido(a)
191 17/10/2015 30 Power to the people, stick it to the man! Gênero :
| Assunto: Re: Penso, mas existo?: Desabafo de uma demissexual em um colégio interno 8/11/2015, 21:25 | |
| - 2DWyll escreveu:
- Ninguém hastea bandeira assexual com "fervor" ou algo do tipo, e mesmo que o fizesse, não vejo qual problema teria. Preconceito existe, se existe é por ignorância e ignorância se combate com informação e conscientização. Aqui e em sites semelhantes informação é o que não falta e isso ajuda muita gente, pois a sociedade impõe alguns padrões comportamentais completamente estúpidos e infundados.
Então é bom que se hasteie sim uma bandeira de forma que as pessoas que se sentem quebradas ou inúteis por não acompanhar os "sagrados" padrões de como viver sua vida sexual privada consigam encontrar outras que passam/ passaram por experiências parecidas que irão dizer: Sim, ser assexual é normal e ninguém é menos "humano" só por causa de uma característica tão simples. E se um grupo de pessoas ficar chateada por sofrer discriminação por ter cabelo grande, também não haveria problema nenhum em criar uma "Comunidade dos Homens de Cabelo Grande" se isso fosse ajudar as pessoas a perceberem que não tem problema usar o corte que mais gosta. Acredito que eu não tenha exposto de forma clara o que eu quis dizer. Não só concordo que não há problema, como também sou a favor de defender e apoiar pessoas que se sentem ''quebradas'' como você colocou. O intuito do meu post não era contestar o motivo das pessoas defenderem características como a assexualidade. O meu ponto e que fique bem claro, é justamente buscar compreender o motivo, a razão que leva as pessoas a terem essa vontade de defenderem algo que são. Pra mim é um mundo desconhecido. |
| | | Perfil Desativado Admin
2516 16/04/2014 46 "O amor está acima da morte, assim como como o céu, do oceano" (Jean Baptiste Henri Lacordaire) Gênero :
| Assunto: Re: Penso, mas existo?: Desabafo de uma demissexual em um colégio interno 8/11/2015, 23:31 | |
| - synthmachine81 escreveu:
- Tenho 16 anos e estou terminando de cursar o segundo ano do Ensino Médio... Num colégio interno adventista. Não foi exatamente minha escolha, a maior parte da minha família materna faz parte dessa religião, que eu abandonei aos 12 anos. Minha mãe estudou aqui na adolescência e quis repetir a experiência comigo. A primeira coisa que me frustrou foi o retorno a um colégio religioso, visto que não os frequentava desde 2012 (passei 5 anos do meu ensino fundamental em um, e tive uma péssima experiência lá). A primeira coisa que me incomodou foi que estava acostumada ao meu colégio laico, e voltar a conviver com um pensamento que, perdoem-me possíveis cristãos do fórum, considero "afunilado" quanto à variedade de gêneros, sexualidades, relacionamentos, etc, trouxe um grande incômodo pra mim.
Compreensível a sua frustração. Lamento por seus pais serem assim... deveriam perguntar a VC se queria ou não mudar de colégio, e não impôr simplesmente o que eles acham certo. - synthmachine81 escreveu:
- Apesar do colégio pregar coisas como manter a virgindade até o casamento e incentivar o desenvolvimento e fortalecimento dos laços românticos em um namoro, o que de certa forma me dá uma zona de conforto quanto à minha demissexualidade, ainda confronto diariamente incompreensões sobre minha sexualidade. Principalmente por um amigo que fiz aqui, que aliás é bisexual, mas tem uma compreensão bem medíocre das sexualidades, minha colega de quarto, que apesar de seguir essa linha da "castidade" vive tendo pensamentos relacionados e me pressionando com isso, além de outra com que morei antes que achava que eu era lésbica, o que de certa forma é frustrante para mim pois sinto que invalida todos os sentimentos profundos que senti por pessoas do sexo oposto ao longo dos anos pelo simples fato de não possuir uma relação carnal com nenhum.
Eu entendo que serão poucos que estarão por dentro do que são as sexualidades, e muitos também são bastante desinformados quanto elas (há poucos dias corrigi um colega que falava "assexuado" e não "assexual", o que me incomoda visto que esta primeira palavra significa para mim que "não possui sexo", o que não é meu caso), mas sinceramente estou de saco cheio das brincadeiras de alguns amigos que sempre incluem algo sexual (não tenho nada contra sexo quando é entre outras pessoas, mas a maioria delas se dirigem à mim). Inclusive quando tive interesse por um garoto aqui, por vários motivos menos a atração sexual, elas aumentaram ainda mais. Acabei desistindo dele um tempo depois, mas mesmo assim continuaram implicando comigo pelo simples fato de ter falado com outro garoto aqui, e eu, ainda afetada pela desilusão romântica anterior, me deixei convencer de que estava agora interessada nele e sofri mais ainda quando descobri que ele já era compromissado. Recebi apoio moral dos amigos, mas claro, sem ouvir os clichês do "ela acha que vai ficar sozinha cheia de gatos" e "o príncipe encantado virá, ela está se descobrindo agora", que me irritam ainda mais. Primeiro, se seus amigos forem desinformados, vc pode tentar ensiná-los. Se não quiserem aprender, aí é melhor nem insistir, mude de assunto ou se afaste quando a incomodarem. E nada do que falarem invalida seus sentimentos, a vida é sua, não é preciso se adequar ao que os outros acham certo. Amigos de verdade nos respeitam. - synthmachine81 escreveu:
- Não vou ficar no colégio ano que vem, e pretendo ser mais aberta com minha demissexualidade. Tenho uma bandeira da assexualidade pintada à mão no meu armário, e se eu sofrer com assédio, defenderei minha sexualidade a todos os custos. Não faço isso para chamar atenção exclusiva minha, muito pelo contrário, mas para mostrar que existimos.
Que bom que não permanecerá mais no tal colégio... Quanto a reagir ao assédio, ótimo, só não perca tempo tentando explicar a quem não quer entender. Afastar-se, muitas vezes, é a melhor solução. |
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