Um fator que hoje me deixa muito intrigado enquanto assexual é a questão da super valorização do sexo na sociedade moderna. O mais forte dos preconceitos que vejo atualmente diz respeito a impossibilidade de fazer sexo, geralmente quando exponho a minha orientação para héteros, homo ou bissexuais a primeira frase que surge é aquela clássica: Como? Isso não é possível! E é nesse momento que particularmente me sinto um ser sobrenatural, sem representação e lugar social. E em meio a isso tudo, pior é ser virgem, é praticamente se assumir como um criminoso, sem falar que logo começam as piadinha infundadas e a zoação. Além disso, é interessante como estão sempre querendo empurrar alguém pra cima de você alegando que devemos nos descobrir e coisa e tal, que apenas não encontramos a pessoa certa, enfim. As vezes tenho a impressão de que viver no mundo do sexo se abstendo a ele é praticamente se negar até mesmo com gente. Mas seguimos em frente com a nossa marcha, bom mesmo é viver a vida em um eterno orgasmo de felicidade.

Uma coisa q noto é q muitos falam q não é possível ser feliz sem sexo, mas se estão sempre em busca de sexo é pq realmente não são felizes.

E é bem como vc disse, se assumir como virgem da no mesmo de se assumir criminoso. É como se vc fosse o pior dos seres humanos.

quem disse que sexo significa felicidade!? Isso é apenas uma coisa que ajuda a "trazer a felicidade" mas não a define.

gmartines_ escreveu:

quem disse que sexo significa felicidade!?

infelizmente um monte de gente ;-; imediatamente quando vc fala isso vc é questionado "nossa mas vc vai morrer sozinho e triste" como se sexo fosse o unico jeito de ter compania pra vida inteira e ser feliz, o que sabemos que não é verdade pois mesmo pros arromanticos podem ser cultivadas amizades verdadeiras que te acompanharão por muito tempo, é um erro pensar que sexo em sí, é felicidade mas muita gente comete esse erro

Uma coisa que reparo nessa realidade é que sem dúvida houve uma repressão em relação a sexo, e há, ainda nos dias de hoje, certo controle enquanto certos aspectos da sexualidade humana.

Há quem ainda ache nojento homens transar com homens ou uma mulher ter sua sexualidade livre e todas essas coisas se refletem fisicamente em nossa sociedade. Suspeito daí então que alguns acabam nos olhando com certa suspeita (equivocada, óbvio) sobre sermos "ao contrário de tudo o que foi conquistado", entendem?

Acho que nos olham assim, mas, poxa, mesmo na sociedade moralista sofremos com repressão sexual, porque seríamos obrigados a casar ou qualquer coisa do tipo.

É um preconceito duplo, de uma sociedade moralista que quer quer você tenha uma família, ou assuma qualquer laço afetivo com sexo com uma pessoa e de uma suposta "sociedade livre" que diz que a única forma de ser livre, e aproveitar a vida é... transando (?).

É bom lembrar que ainda vivemos por transformações profundas em nossa sociedade e que nós todos estamos nos redescobrindo, onde isso vai acabar? não sei, mas devemos seguir em frente.

Há um texto que fala sobre o que "sexuais" podem aprender de "assexuais", vou procurar pelo texto e pública-lo aqui.

Elemento Neutro escreveu:

Uma coisa q noto é q muitos falam q não é possível ser feliz sem sexo, mas se estão sempre em busca de sexo é pq realmente não são felizes.

Caramba, Elemento neutro, você expressou tudo o que eu penso, exatamente!!! Arrasou!   

Vou ir um pouco  (talvez muuuito mais além) na questão desse tópico todo, se me permitem: isso que você falou me fez pensar naquele livro, o tal famigerado 50 Tons de Cinza, lembram?

Pois bem , teve um cara no youtube (não me lembro o nome agora), que detonou BRILHANTEMENTE e com bastante humor o tal do livro.  Pra ser sincera, eu nunca consegui compreender por que cargas d'água, toda vez , repetindo T-O-D-A  V-E-Z que eu entrava no metrô, tinha umas 7 ou 8 mulheres no vagão lendo isso. E não era possível que essa incompreensão viesse da minha condição de assexual, porque na época do estouro do livro tinha gente que também ficava com a pulga atrás da orelha. Enfim, pra sintetizar, na história, pra quem já está até careca de saber, o tal do personagem, o "Grey"  é um sadomasô da pesada porém charmoso que encontra uma estudante virgem, e logo todo mundo já sabe, ela vira escrava sexual do cara e sofre todo o tipo de loucura sadomasô , rola violência pra danar e mais coisinhas.  O que esse cara do youtube frisou em um momento, foi o fato das mulheres estarem sonhando em ter um personagem como Grey em suas vidas e se identificarem com a tal estudante porque ela representava todas as inseguranças da mulher unificadas em uma única pessoa e ao mesmo tempo conseguia ser objeto para satisfação de um "Macho Alfa" dominador que inconscientemente elas desejavam ter.  

Os comentários da mulherada na época, especialmente as feministas, era de que o livro representava (novamente)  a liberação sexual da mulher e que quem não havia curtido era porque era "frígida", "feia", "mal comida", (sim eu li isso) , "puritana" , "frustrada", "moralista" , "retrógrada" e mais adjetivos do tipo.

O fato é que tiveram casamentos que acabaram, porque os maridos de determinadas mulheres não conseguiam incorporar um "Grey" na cama, assim como em efeito contrário, alguns casamentos melhoraram porque outros casais levaram a "fantasia" contida no livro a sério.

E a questão que ficou, e que tem a ver com essa fala da Elemento Neutro,  pra muitos que procuraram entender a lógica por trás desse fenômeno literário: quem estava aparentemente frustrada sexualmente?  As que não estavam em busca de algo do tipo, ou leram e não curtiram e seguiram muito bem, obrigada, ou as que avidamente procuraram devorar as páginas em algo que desse sentido a algo que elas buscavam e não tinham e que a autora soube explorar?

Nem me dei ao trabalho de ler o livro, talvez eu faça um dia pra ver do que se trata, embora eu já tenha ciência do plot.

Lembro de uma ex-colega de trabalho que parou de ler o livro, porque achou muito pesado... mas sei lá, achei hilário um cara que imita o Morgan Freeman lendo o livro:

https://www.youtube.com/watch?v=CvX6LkbiS-U

=

Mas puxando pra um lado mais sério isso que você disse, bem, vi muitas polêmicas acerca do livro mesmo, quer dizer, vi gente dizendo que o livro era machista, porque reforçava certos esteriótipos, então alguma mulheres pegaram os livros e queimaram. Isso mesmo: queimaram.

Em pleno século 21 queimando livros, oh, yeah, isso é civilização.

Só que não.

E o que você falou sobre as mulheres quererem um "Grey" na cama é como a versão feminina do que os homens esperam na hora do sexo após viverem boa parte de suas vidas vendo pornografia, sabe? aliás, vale postar aqui umas pesquisas que fizeram nesse campo sobre como tudo isso altera a percepção que as pessoas tem uma sobre as outras. É deprimente o estado que nos encontramos agora.

Vou dar uma procurada e atualizar esse próprio post.

Lyja escreveu:

Elemento Neutro escreveu:

Uma coisa q noto é q muitos falam q não é possível ser feliz sem sexo, mas se estão sempre em busca de sexo é pq realmente não são felizes.

Caramba, Elemento neutro, você expressou tudo o que eu penso, exatamente!!! Arrasou!   

Alguém aí pensou em... drogas viciantes? Ou em incapacidade do sexo em suprir qualquer necessidade de maneira definitiva?

Lyja escreveu:

Caramba, Elemento neutro, você expressou tudo o que eu penso, exatamente!!! Arrasou!  

E a questão que ficou, e que tem a ver com essa fala da Elemento Neutro,  pra muitos que procuraram entender a lógica por trás desse fenômeno literário: quem estava aparentemente frustrada sexualmente?  As que não estavam em busca de algo do tipo, ou leram e não curtiram e seguiram muito bem, obrigada, ou as que avidamente procuraram devorar as páginas em algo que desse sentido a algo que elas buscavam e não tinham e que a autora soube explorar?

Turunah escreveu:

Alguém aí pensou em... drogas viciantes? Ou em incapacidade do sexo em suprir qualquer necessidade de maneira definitiva?

Obrigada Lyja! ^^
Fico feliz q mais alguém entende dessa forma! =]

Tb enxergo o sexo como um tipo de droga viciante, como o Turunah comentou. O que é muito semelhante oq acontece em relacionamentos. No início quando tudo é novidade por enquanto vai bem, mas depois de um tempo quando começa a virar rotina as pessoas começam a procurar ''drogas mais fortes''. Não é tão diferente do q acontece a um dependente químico. Não acredito q uma pessoa viciada se considere uma pessoa feliz. Depender de qualquer coisa não torna ninguém feliz.

O vídeo (excelente) do qual a Lyja se referiu:

Fiquei chocada com essa sinopse aí do livro.
CHO-CA-DA. :x 

Agora, só uma coisa, espera... o vídeo tinha que ser do Felipe Neto? Hm   

Elemento Neutro escreveu:

Lyja escreveu:

Caramba, Elemento neutro, você expressou tudo o que eu penso, exatamente!!! Arrasou!  

E a questão que ficou, e que tem a ver com essa fala da Elemento Neutro,  pra muitos que procuraram entender a lógica por trás desse fenômeno literário: quem estava aparentemente frustrada sexualmente?  As que não estavam em busca de algo do tipo, ou leram e não curtiram e seguiram muito bem, obrigada, ou as que avidamente procuraram devorar as páginas em algo que desse sentido a algo que elas buscavam e não tinham e que a autora soube explorar?

Turunah escreveu:

Alguém aí pensou em... drogas viciantes? Ou em incapacidade do sexo em suprir qualquer necessidade de maneira definitiva?

Obrigada Lyja! ^^
Fico feliz q mais alguém entende dessa forma! =]

Tb enxergo o sexo como um tipo de droga viciante, como o Turunah comentou. O que é muito semelhante oq acontece em relacionamentos. No início quando tudo é novidade por enquanto vai bem, mas depois de um tempo quando começa a virar rotina as pessoas começam a procurar ''drogas mais fortes''. Não é tão diferente do q acontece a um dependente químico. Não acredito q uma pessoa viciada se considere uma pessoa feliz. Depender de qualquer coisa não torna ninguém feliz.

Discordo.
Não vejo sexo como uma droga viciante. Você a relação simbólica que as pessoas fazem do sexo como uma droga, a verdadeira droga. A mais viciante de todas, porque há um valor nessa relação simbólica, uma relação de poder e isso é o que valorizado nos dias de hoje: poder. Como qualquer coisa na terra, tudo pode viciar, então é muito mais lidar com isso do que evitar. A diferença entre remédio e veneno é dosagem, né?

ruthjamison escreveu:

Fiquei chocada com essa sinopse aí do livro.
CHO-CA-DA. :x 

Agora, só uma coisa, espera... o vídeo tinha que ser do Felipe Neto? Hm   

+1

Felipe Neto não, gente. E poxa, essa sinopse do livro é fraca segundo aqueles que praticam bondage... quer dizer, é a primeira vez que a pratica BDSM fica "mainstream" também. Mas em todo caso, toda a situação que o livro trouxe é que é forte e complexa.

http://literatortura.com/2012/08/grupo-de-mulheres-planeja-queimar-50-tons-de-cinza/


Aff...

Eu discordo de alguns opiniões que vi aqui sobre o significado do sexo.

Primeiramente, temos que considerar que o maior problema não é a relação sexual em si, mas a forma como ela tem sido utilizada pela maior parte das pessoas.

Quando falamos da existência de afetividade entre duas pessoas, o sexo, quando existe atração sexual de ambas as partes, concretiza-se como um direcionamento positivo da energia sexual existente em ambas as partes. O sexo funciona como uma forma de conexão, de união, e uma das muitas formas de manifestação do amor.
Por isso, em muitos casos, eu vejo o sexo de forma bastante positiva.

Entretanto, infelizmente nós vemos na maior parte das vezes uma deturpação do significado do sexo. E aí é como vocês falaram muito bem. Está envolvida a relação de podem, e muitas vezes também sentimentos egoísticos.

Sim, super faço coro ao que você diz.

O que falta é muito mais amadurecimento emocional das pessoas em relação ao sexo do que qualquer coisa. O sadomasoquismo, abordado no livro 50 tons é uma das muitas formas positivas das pessoas se relacionarem até porque é algo consentido. Sem dramas, pressão ou cobranças, aliás, esse meio possuí até um regulamento que é avidamente seguido de forma que todos aproveitei suas descobertas e por aí vai...

Tb não considero o sexo algo ruim. O que eu quis dizer com analogia sexo = droga é no sentido das pessoas acharem que sem sexo não se é feliz, logo, vc vai estar sempre indo em busca dessa ''felicidade''.

Mas as vezes fico em dúvida... sexo pode viciar pq as pessoas se sentem felizes ou vicia pq é uma forma de poder?

Tb não considero o sexo algo ruim. O que eu quis dizer com analogia sexo = droga é no sentido das pessoas acharem que sem sexo não se é feliz, logo, vc vai estar sempre indo em busca dessa ''felicidade''.

Agora fiquei em dúvida... sexo pode viciar pq as pessoas se sentem felizes ou vicia pq é uma forma de poder?

Elemento Neutro escreveu:

Tb não considero o sexo algo ruim. O que eu quis dizer com analogia sexo = droga é no sentido das pessoas acharem que sem sexo não se é feliz, logo, vc vai estar sempre indo em busca dessa ''felicidade''.

Mas as vezes fico em dúvida... sexo pode viciar pq as pessoas se sentem felizes ou vicia pq é uma forma de poder?

Interessante essa questão, ótima pergunta.   Creio que seja as duas coisas, tudo que cause bem estar na pessoa pode acabar viciando, agora em relação a poder isso poucas pessoas enxergam e é uma realidade, desde cedo homens já ouvem dos pais cadê as namoradas (detalhe sempre no plural) o machismo exige sexo dos homens os que não são acabam sofrendo com as pressões.    Também nas propagandas que fazem apelação sexual pra vender algo,  ou seja a indústria sexual movimenta milhões!  por isso a sociedade se incomoda com tantas coisas são pessoas preocupadas com poder e vaidade etc...

Acho que pode ser ambos.

Ai, gente, muita preguiça de ler tudo o que escreveram, vou responder ao tópico mesmo =}

Eu não existo; sinto que se eu contasse às pessoas minha assexualidade, estaria locomovendo elas à força, e com muita brutalidade para fora do seu universo, onde nesse universo, simplesmente a ausência do sexo é literalmente impossível, só se for por motivo religioso...

Sinto que dizer, "olá! Sabe, preciso contar uma coisa, sou assexual", causaria um grande choque e aí leva o motivo de eu n contar, preciso saber a tensão desse choque, a intensidade, a potência, descobrir o ampère e finalmente saber qual será o valor da resistência... Muito difícil quando vc tira alguém do seu universo em que sexo é tudo.

Ai Léo, fiquei até triste de ler o que você postou. Desculpa, mas achei muito triste a sua forma de pensar.

Olha, eu penso como a minha mãe falou a vida toda
Ninguém é igual a ninguém. Não é porque algo me faz feliz que obrigatoriamente o fará feliz também.

Acho que nos sentimos excluídos da sociedade, não só porque ela gira em torno do sexo, mas também porque as pessoas querem impor a sua forma de felicidade no outro.
'Se faz bem a mim, fará bem a ele também.'

Uma de minhas amigas da faculdade quando teve certeza de que eu sou assex [porque ela já suspeitava desde que me conheceu] me contou de uma amiga dela do colégio que era assex, disse que a menina queria que todas as amigas fossem como ela, não queria deixá-las namorar, nem olhar para um garoto. Elas eram discretas para não incomodar a menina, mas ela ainda assim não aceitava, ela achava que o certo era ser como ela. Ou seja, ela tentava impor a felicidade dela nas amigas, e isso incomoda, é a mesma coisa que a sociedade faz, todos, de alguma forma, em algum ponto tentam impor a sua felicidade no outro.

Ma-mas-mas não foi isso que eu "quis dizer", sah!

O "não existo" é referente a como pensam sobre os assexuais; a maioria das pessoas ignoram a possibilidade da existência de alguém que não viva o sexo...

O meu "conformismo" em não ligar tanto para contar isso às pessoas se dá mais pela preguiça de tentar convencê-las e explicar tudo... Não ligo para isso...

Léo escreveu:

O meu "conformismo" em não ligar tanto para contar isso às pessoas se dá mais pela preguiça de tentar convencê-las e explicar tudo... Não ligo para isso...

confesso que tb tenho um pouco disso..... é por isso que só conto se necessário sabe? se perguntarem ou se isso talvez me livrar de alguma situação constrangedora, ou quando sou muito intimo de uma pessoa e sinto que deveria contar, pros meus pais por exemplo eu nao conto por isso, eles nao sabem nem q assexualidade existe... mas me aceitam do jeito que eu sou, nao pressionam pra eu arrumar namorada entaum nao acho necessario contar sabe?

Super entendo.

Comigo é um pouco assim, o problema nisso é que as pessoas pensam que você é algo que não é. É como você for uma mulher e as pessoas te lerem como homem (por causa da barba ou ombros largos, por exemplo).

Creio que nesse caso tudo dependa mais de contexto. Também não vejo necessidade de se falar por aí, então falar ou não deve ser algo muito bem dosado.

Léo escreveu:

Ma-mas-mas não foi isso que eu "quis dizer", sah!

O "não existo" é referente a como pensam sobre os assexuais; a maioria das pessoas ignoram a possibilidade da existência de alguém que não viva o sexo...

O meu "conformismo" em não ligar tanto para contar isso às pessoas se dá mais pela preguiça de tentar convencê-las e explicar tudo... Não ligo para isso...

Léo, digo isso com todo o carinho possível...
Para de me confundir!!!!

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Cara você sempre escreve algo e quando eu comento você diz que quis dizer algo diferente do que eu entendi. Aish!!!

Beleza, agora eu entendi, eu entendo como esse 'conformismo' possa servir de proteção, torna as coisas mais simples. No entanto, diminui a visualização da assexualidade, e assim nós nunca vamos 'existir'.

Faz sentido pra vocês?

Não '-'

Kkk brinks, faz sim