Tudo bem pessoal?

Bom, eu já aviso de antemão, que este tópico é um "causo" feminino, (claro, nada impede os rapazes de lerem também, é bom saber que mulher sofre, rs...  ) e um pouco "forte" . Trata-se de um "causo hospitalar de exame ginecológico" , portanto quem não quiser prosseguir com a leitura, não prossiga.

Resolvi dividir essa história com vocês porque esse "causo" que aconteceu comigo talvez tenha a ver com a  questão sobre os profissionais de saúde da área de ginecologia não estarem antenados em relação  à existência de mulheres virgens e mulheres assexuais. E como isso pode causar um certo transtorno desnecessário às nossas vidas, além de nos rotular como verdadeiros E.Ts...

Bom, eu nunca me liguei naquele papo que a gente é obrigado a escutar nas tais aulas de educação sexual , sobre a importância da menina em ir ao ginecologista e blá blá blá. Aliás aulas de educação sexual sempre foram uma tortura pra mim, porque eu sempre me sentia deslocada do assunto, como se já soubesse que aquilo não se dirigia à mim, mas esse é outro assunto que dá pano pra manga, então não vou abordar agora.

Pois bem, a verdade é que eu nunca fui ao ginecologista na adolescência, e só mais tarde, lá pelos 20 e poucos anos, quando estava mais amadurecida, é que resolvi procurar uma. E o motivo era que eu não gostava de ficar "naqueles dias" porque acho isso um tormento na vida da mulher e após ouvir falar sobre um implante hormonal subcutâneo que era posto no braço e que parava a sangria, eu não pensei duas vezes. Queria definitivamente parar de menstruar e me empolguei.

Procurei uma ginecologista, conversamos e eu deixei bem claro na conversa que o meu objetivo era unicamente parar de sangrar. Ela me garantiu que isso aconteceria, mas me incomodava um pouco a tamanha ênfase que ela dava ao fato de que o implante era um excelente anti-concepcional, mesmo eu tendo dito quinhentas vezes que eu não estava dando a mínima bola para os efeitos anti-concepcionais, afinal de contas eu não tinha vida sexual ativa, nem queria ter e aquilo não me dizia respeito.

Enfim, após pagar bem caro pelo implante esperei pelos resultados. Mas a verdade é que me dei conta que havia era colocado uma verdadeira BOMBA hormonal no meu braço. Eu menstruava do mesmo jeito, a única diferença era que após ficar um tempo considerável sem sangrar, depois isso era compensado, e ficava muitos dias em período menstrual.  Insatisfeita , voltei na Gineco, que me garantiu que traria efeitos, que era daquele jeito mesmo, e que novamente o implante era um excelente ANTI-CONCEPCIONAL.  Tinha horas em que eu só queria GRITAR e dizer, DANE-SE A P... do efeito anti-concepcional!!! Caramba, eu queria era só parar de menstruar, como disseram que o implante faria.

O caso é que fiquei 3 anos (era o quanto, segundo o fabricante, "durava" o efeito)  com essa porcaria implantada no braço e que só causou transtornos hormonais, ou seja o tiro havia saído pela culatra e eu acabei tendo efeitos opostos ao que eu desejava. Quando eu finalmente o retirei, houve um mega-revertério hormonal e depois de mais de 15 dias sangrando forte resolvi ir pro hospital.

Agora vem uma parte um pouco mais "punk", digamos. [ o "pra + 18", quem quiser pára a leitura aqui porque essa parte é mais explícita]

Na época eu trabalhava em Itaquera, e resolvi ir no hospital que eu considerei bem "xumbrega" , o Santa Marcelina. Não tinha jeito, era o que era mais próximo. Fui atendida por uma médica mega mal-humorada (sempre foi assim) e após ser esquecida no soro e ter de gritar pra ser novamente atendida, fui pro consultório dela, onde, com aquele péssimo humor e pouco se lixando pro ser que estava sentado na frente dela, ela deu um jeito péssimo de me convencer a ser examinada. E claro, começaram as perguntas sobre sexo. Eu me arrependo até hoje de não ter mentido. Falei a verdade, porque não queria parecer uma E.T. ( eu não entendia minha assexualidade ainda), falei que tinha feito isso mas tinha sido só uma vez e há muitíssimo tempo, com camisinha e ainda por cima tinha hímem complacente (que não se rompe)  que não via necessidade de ser examinada até mesmo porque eu estava sangrando , mas ela não quis saber. Colocou a assistente burra dela pra me examinar, (como na área de saúde tem gente assim? Ela não sabia o que era hímem complascente, pois me lembro dela perguntando)  e ficou subentendido pra elas que eu era ignorante e irresponsável pois deveria estar fazendo o tal do papanicolau TODOS OS ANOS.  

Fui examinada com um instrumento lá mega-doloroso (fui até o inferno, apertei  mão do capeta e voltei) , e ainda tomava bronca porque segundo ela eu não estava "colaborando" (não conseguia manter a bunda na cama de exame devido à dor)  e que se eu continuasse com isso eu estaria "atrapalhando" o exame, que assim não dava pra continuar.

Enfim, após sobreviver a esse episódio, saí de lá com uma receita médica. Mas principalmente com a leve sensação que havia sido violada, praticamente ESTUPRADA, e se o que eu passei foi realmente necessário e ético, visto que sempre tinha ouvido dizer que exames desse tipo eram pra mulheres sexualmente ativas.

Conversei com uma médica depois disso que me disse que os profissionais de saúde da área de ginecologia realmente pensam que hoje como "tudo é liberado" gente virgem, ou pessoas sem vida sexual ativa, ou com falta de interesse em sexo ou não existem, ou são uma "anomalia", ou seja, eles estranham, ficam fazendo perguntas e constrangendo a pessoa. Achei isso falta de ética ,no mínimo, além de ignorância. E me faz pensar o quanto seria importante a questão da visibilidade assexual. É por falta de conhecimento da área médica, inclusive de psiquiatras, psicólogos e ginecologistas que podemos correr o risco de passarmos por coisas desse tipo, como por exemplo, sermos medicados sem necessidade (medicação pra libido) ou passarmos constrangimento em consultórios com psicólogos nos tentando convencer que ainda "não desabrochamos" e coisas do tipo,e  pras mulheres essas coisas no gineco.

Não sei no que essa história pode ajudar, mas acho que fica como um alerta, eu fico imaginando o que pode acontecer com pessoas que por acaso ainda não se descobriram como era meu caso na época, não sei se isso é frequente, mas ao menos está provado que é infelizmente possível...

"Não sei no que essa história pode ajudar" - Essa história pode ajudar sim, Lyja, E MUITO!


Depoimentos assim são de fundamental importância, pois, muitas vezes, as pessoas ficam com vergonha de compartilhar esse tipo de situação mais íntima, mas nos fecharmos e evitarmos falar sobre esse tipo de coisa é muito negativo e não traz nenhuma vantagem, pelo contrário.


É muito triste que esse tipo de situação aconteça. Uma vez mesmo, não me lembro quando, uma usuária do fórum disse que foi à ginecologista e saiu chorando, de tão constrangida que se sentiu no consultório pelo tratamento da médica.


Falar é muito importante, pois assim podemos discutir e, no projeto de visibilidade, buscarmos uma conscientização nesse aspecto.


Aguardo os próximos comentários

Me deu vontade de chorar, menina... e de dizer palavrão... e meter a mão na cara em alguém. Que m...!!! Minha solidariedade a você e todas as meninas desse mundinho nojento em que vivemos.

Cara, quando eu li seu texto, não encontrei trexos que não sejam absurdos... Uma coisa sai mais errada que a outra.
Interessante é ver que a maioria das pessoas que tem algum problema com o médico desses casos são as mulheres, e são justamente nelas que há uma maior propaganda para que mais delas vão ao médico ginecologista, por exemplo, ao mesmo tempo que hoje nem os médicos sequer estão preparados para atendê-las corretamente cada uma.

Muito triste, e vlw por compartilhar essa história conosco, Lyja. As mulheres do fórum precisam ler mais sobre isso e os homens precisam ver melhor o que elas passam.

Uau, é um relato bem forte. Até passei pra uma amiga e ela achou igualmente absurdo (não tem quem discorde, na verdade), enfim, acho que qualquer pessoas sendo Assexual ou não 'deve' ir ao medico, ter vida sexual ativa ou não é indiferente ao fato de que devemos ir ao gineco (ou urologista, enfim), é uma questão de respeito a si mesmo e ao cuidado da própria saúde ( e evitar uma série de doenças, o cancer, por exemplo, pra isso deve-se ir anualmente).

Lamento mesmo você ter tido esse tratamento quando foi procurar algo pra se sentir melhor, ele aconteceria com qualquer outra mulher sendo Assexual ou não. Enfim, questão de saúde pública mesmo.

Uma coisa que essa minha amiga disse foi isso:

"e quanto ao implante, isso aí é a indústria que paga pros médicos colocarem ou prescreverem certos medicamentos é uma coisa terrível"

É algo que tem a ver com todos nós: Mulheres, trans* e homens.

Lyja, não te importa d'eu colocar este tópico postado num grupo do qual faço parte (o grupo no caso é o da Marcha das Vadias, é um grupo feminista bem bacana, acho que elas podem dar mais informações e opiniões pro teu causo, sempre tem coisas boas lá)?

Minha situação está longe de ser tão triste e absurda à de Lyja, mas acho interessante mostrar que essa ignorância se estende à outros profissionais da área.

Há pouco mais de um ano, por preocupação de meus pais, tive que fazer diversos exames para conferir se, organicamente estava tudo bem comigo - e estava.

Uns desses exames eram ligados à urologia, o que incluía um enormemente constrangedor exame de coleta de sêmen o qual eu espero não ter que repetir.

Agora, pior que o constrangimento do exame, foi o urologista dizer que, por eu ser assexual, eu teria que retornar todo ano para fazer aqueles exames de novo!

Qual seria a necessidade disso!?!? E a lógica não seria eu ter que fazer exatamente o contrário!?!? E por que eu precisaria realizar procedimentos constrangedores anualmente para saber se sou fértil se a minha fertilidade é praticamente irrelevante para mim?

Enfim... Eu disse no meu primeiro comentário que eu iria aguardar os outros, porque eu queria ver as opiniões das outras pessoas antes de compartilhar também a minha história.

Espero que no futuro as pessoas não precisem mais passar por esse tipo de coisa, e que os ginecologistas e outros profissionais aprendam a trabalhar com mais ética e responsabilidade emocional, para que nem Lyja nem ninguém seja obrigado a passar por esse tipo de situação.

Cara, sobre Urologia eu não sei dizer porque não fui ainda. Pretendo ir depois de bater aquele papo legal com quem eu devo conversar sobre esse assunto (minha mãe, que é a única pessoa que se preocupa comigo), mas sei lá, fertilidade pode ser indiferente a muitos de nós, mas se algo mudar aí pode ser algum indicativo de um problema.

Sobre ele te pedir pra fazer isso todo ano, acho um puta dum abuso, ele deveria pedir então pra qualquer paciente!!

Aliás, fico imaginando eu no urologista falando que não sou do gênero masculino, mas procurando tratamento lá. Será que eles oferecem um bom ambiente a mulheres trans que decidiram não operar? e aos agênero não-binários (meu caso) ??

Credo, isso é tenso.

Lipe, sinta-se à vontade pra colocar o tópico na Marcha das Vadias    . Sou uma simpatizante    .

Só fazendo um adendo, hoje eu tou super bem   , o episódio não me causou um trauma especificamente , acho que fiquei na verdade mais com raiva do que fragilizada. Imaginei na época se eu não poderia ter processado o Hospital, mas como a justiça no Brasil praticamente inexiste e como me faltavam provas... :x  Eu li uma vez um relato com mulheres BEEMMM piores do que esse que eu passei. É questão de denunciar, buscar justiça, ( e no nosso caso justiça e visibilidade) é impressionante como tem gente na área da saúde que trata pacientes como coisas...

Saulo, é interessante o seu relato, vejo como a coisa realmente é complicada pra nós MESMO. Eu vi uma vez o relato de uma moça há tempos, que se dizia assexual e no caso virgem, e quando ela foi na gineco já viu. Primeiro o estranhamento por ela se dizer assexual "como assim? isso não existe" e ter de ouvir a médica perguntar " você nunca teve relações? Quantos anos você tem mesmo?" umas quinhentas vezes.

Já tou a fim de sair com uma bandeira com as cores da assexualidade, tipo parada gay, pena que a associação LGBT não esteja interessada em incluir um "A" na sigla...

"Já tou a fim de sair com uma bandeira com as cores da assexualidade, tipo parada gay, pena que a associação LGBT não esteja interessada em incluir um "A" na sigla..."

Já vi casos de não aceitarem B nem T ......... Ironia ou ignorância?

EM OFF: Como eu disse em outro tópico, o movimento Lgbt é meio que cooptado só por Gays que silenciam as outras siglas, já li muita queixa de lésbicas, bissexuais e trans* de não terem representatividade num grupo onde deveriam ter. É bom termos nossos próprios espaço, acima de tudo.

Tem razão Lipe. Vamos lutar sim pelo nosso espaço.

É verdade Lyja! Sua história pode ajudar muitas assexuais que têm sua condição ignorada por profissionais q desconhecem a assexualidade. Acho a forma q deles examinam um tanto arcaica.
Uma das últimas vezes q fui a um ginecologista, a médica disse q eu não deveria estar lá já q não tinha uma vida sexual ativa.

tb não acho necessário ir a ginecologistas, mas e se a pessoa tiver algum problema? Como faz?

Elemento Neutro escreveu:

Uma das últimas vezes q fui a um ginecologista, a médica disse q eu não deveria estar lá já q não tinha uma vida sexual ativa.
tb não acho necessário ir a ginecologistas, mas e se a pessoa tiver algum problema? Como faz?

Bom, como você mesma falou Elemento Neutro,e  se a pessoa tiver algum problema?  Eu também não achava necessário, mas tem outras coisas que podem acontecer com a nossa saúde... Se essa médica te falou isso ela não deve ser uma boa profissional pois está completamente errada.

O que DEVERIA acontecer era que esses profissionais tivessem CONHECIMENTO de pessoas como nós para proporcionarem um atendimento correto, ético e adequado, mas se eles não são capazes de fazer isso nem com pacientes corriqueiros, e se desconhecem o próprio juramento da prática médica e jogam tudo pelo ralo depois que saem da faculdade de medicina...

Eu aprendi depois de muita coisa a ter raiva da classe médica... São poucos os que tem amor à profissão que escolheram e trabalham com base na ética e dando um atendimento cuidadoso aos pacientes. Eles em geral desconsideram completamente o fator emocional e esquecem que os pacientes são PESSOAS. Atendem em escala industrial pra garantir o sustento no final do mês, pois os planos de saúde malignos e gananciosos os exploram e pagam uma miséria, ou seja uma relação de capitalismo selvagem. Pra mim tudo isso é nada mais nada menos que um reflexo do sistema...

Achei interessante você comentar lá em cima sobre as aulas de educação sexual, acho que isso deve ser um fardo para todos os assexuais. Enquanto os outros alunos se enchem de perguntinhas sobre tudo relacionado a isso, não via a hora de sair correndo, rs

Enfim...

Tô muito chocada com essa história toda. Primeiro, acho que esse procedimento e sua iniciativa de parar com o período, algo bem delicado. Por mim, penso que nem teria coragem de passar por uma coisa dessas, além do mais medrosa do jeito que sou. Mas cada caso é um caso.

Sobre a parte específica dos ginecologistas, imagino a raiva que você deveria ter ficado!!! Aff, são médicos! MÉ-DI-COS...! E antes de médicos, seres humanos, assim como seus pacientes... Cara, foi uma falta de profissionalismo e respeito sem tamanho, inadmissível um tratamento desses. Nem consigo acreditar  

*só agora vi que o tópico está escrito +18   

Lyja, fiquei sentido pela sua história...

Eu vi o aviso que o tópico era pra ser lido por maiores de 18 anos... Mas eu prossegui com a leitura para ver até onde chegaria esta situação absurda pela qual você passou, e que lamento muito.

Confesso que estava receosa de responder a este tópico, o qual já havia lido algumas horas antes. Eu já passei por humilhante situação de ter que depender de médicos sem o mínimo de postura profissional e sequer competência para exercer uma função que é imprescindível para a vida de qualquer ser humano.

Quando eu era mais nova, eu tinha vergonha/medo só de ouvir a minha mãe dizendo que queria me levar ao ginecologista. Segundo ela, não era comum uma menina de quase 14 anos não ter menstruado ainda. Ela me contou que começou a menstruar dos 12 para os 13 anos, e que eu devia ter algum problema, que precisava dar uma olhada nesse problema. Até que ela me convenceu a ir. E fomos.

Fomos no posto de saúde e, depois de esperarmos, sei lá, umas 400 horas, entramos no consultório e estavam lá a ginecologista e uma mulher bem mais jovem que ela, que era a tal da "assistente" (ou estagiária... mais pra frente saberá o porquê digo isso). A ginecologista não teve o mínimo de delicadeza em me fazer sentir segura, mesmo ela sabendo que era minha primeira vez num consultório ginecologista. A atitude dela só fez eu me sentir mais assustada e desconfortável com a situação. Lembro que até tremia. Aquele jeito monótono e aquela cara de "ninguém merece trabalhar de ginecologista" que ela fazia me causou repulsa. Eu lembro que dei até graças a Deus quando ela mandou sua "assistente" me examinar, porque não queria que aquela velha me tocasse.
Dava pra ver que a assistente era um tanto inexperiente, pois a médica teve até de lembrá-la de colocar as luvas.
Depois a médica chamou a minha mãe de novo lá dentro e disse que não havia problema nenhum comigo. Não mandou fazer exame ultrassom nem nada. Só culpou o atraso da menarca pelo meu baixo peso, que isso era mais comum do que se pensava. Disse que meninas magras demoram mais pra menstruar. Minha mãe foi embora aliviada. Quanto a mim, saí de lá meio que em choque. Se o tratamento da ginecologista tivesse sido mais cortês, eu sairia de lá aliviada igual a minha mãe.

Depois de um mês, mais ou menos, comecei a sentir fortes cólicas na região abaixo do umbigo. Eu falei pra minha mãe e ela me levou na pediatra. A médica pediatra ficou desconfiada que a dor pudesse ser proveniente do útero, pela maneira que a descrevi. Não era dor de barriga, era uma dor muito esquisita. A médica perguntou se eu já tinha sentido cólicas menstruais antes, e a minha mãe respondeu que eu não havia menstruado ainda e também falou o que a ginecologista disse. Mas a pediatra insistiu que a dor podia ser uterina e me encaminhou para fazer ultrassonografia com a mesma ginecologista.
A ginecologista nos atendeu com aquela mesma cara de desgosto/tédio/satanás e ainda perguntou "Qual é o problema agora?"
Ela colocou a assistente dela pra fazer o exame ultrassom em mim e ficou chocada quando viu o resultado que o exame tinha dado. Eu, de fato, estava menstruada, mas o sangue estava preso pois eu tinha o hímen imperfurado. E a jumenta da assistente estagiária nem tinha notado isso quando me examinou na primeira vez que estive lá.
Um exame simples, a olho nu. Devia ser cega mesmo...
Foi então que a ginecologista mandou fazer uma cirurgia para perfurar o meu hímen e retirar o sangue acumulado da vagina. Eu estava pra fazer 14 anos.

São poucos os profissionais da saúde que realmente se importam em fazer um trabalho bem feito colocando a saúde do paciente em primeiro lugar. A pediatra fez muito bem em desacreditar o diagnóstico da ginecologista. Infelizmente, poucos são os médicos que possuem esse "radar".
Só fico pensando se aquela assistente não era só uma estagiária sendo explorada pela ginecologista... Acho que a moça nem sabia o que era um hímen.

Eu não sei em que o meu relato pode servir de ajuda. Eu narrei essa experiência para denunciar o descaso que muitos "profissionais" da saúde fazem com seus pacientes. Se não tivessem descoberto o meu problema a tempo, nem imagino o que esse acúmulo de sangue poderia ter me causado, mas com certeza traria uma dor insuportável.

Me solidarizo muito com seu relato Luna-Lena. Ninguém merece passar pelo que nós passamos. Realmente eu estava vendo aqui, é uma coisa que acontece muito na área médica, infelizmente. Praticamente 90% de todos os médicos que eu já consultei me atenderam de péssimo humor, isso quando não deram diagnósticos errados, ou foram até mesmo agressivos. Mesmo pagando um plano de saúde (espero que esses GANANCIOSOS um dia paguem pela exploração de médicos e pacientes) , fui obrigada a pagar consultas pra ser melhor atendida. Só fui extremamente bem-atendida, com todos os cuidados quando PAGUEI R$400,00/ R$500,00 por uma consulta.

Acho que médicos credenciados ou da área pública passam por um stress sobre-humano. Tem de cuidar de papeladas administrativas além de diagnosticar pacientes, fazem muita hora-extra, trabalham sob pressão, e claro, a remuneração não deve estar correspondendo com aquilo que eles gostariam ou precisariam ganhar. Planos de saúde os exploram até o talo. Fora que nas faculdades de medicina, eles são ensinados que pertencem à classe dos semi-deuses, isso aumenta o ego deles e por isso se sentem acima do bem e do mal, esquecendo completamente do propósito da profissão deles, o cuidado com os pacientes.  A rotina insana de trabalho a qual eles são submetidos os torna muito desumanizados. É impressionante como até agora NINGUÉM percebeu que isso é um grave problema e que esse tipo de coisa precisa ser combatido na classe médica.

Só que há um outro porém , aqui é Brasil = precariedade de infra-estrutura BÁSICA. Ou seja, se não há nem estrutura básica, quiçá uma preocupação com o nível de stress dos médicos e o efeito que isso tem nos pacientes...

Só uma detalhe: vcs disseram tanto que nunca gostaram das aulas de sexualidade quando abordam coisas sobre a sexualidade como prevenções e doenças... Bom.. Eu nunca me incomodei com essas aulas e palestras, até as achei legais, mas n pensava bem que aquilo era para mim, mas eu gostava delas, e devemos ressaltar a importância das mesmas já que se um ace tiver a coragem de experimentar o sexo, que ao menos não se lasque mais, n é pessoal? Huehue são importantes essas aulas tb, até para nós passarmos a outras pessoas e amigos, geralmente sexuais :P

[OFF] Léo, que avatar sombrio...   


Entendo Léo   . Esse assunto merecia até outro tópico, porque como eu disse dá pano pra manga rs...

Bom, claro que eu expressei uma visão particular sobre o que as aulas significavam, ou melhor não significavam pra mim.    Não nego a importância dessas aulas, mas pro meu caso elas funcionavam mais como um conhecimento puramente intelectual do que como informações realmente válidas pra minha vida.

Considerando que na plena fase da adolescência, cercada de bullies da pesada que me rotularam durante 8 anos como a garota mais horrorosa da sala, sendo chamada de sapatão, lobisomem, aberração e sofrendo violência física e psicológica além de constantes rejeições (sim, passei por muuuuito, mas muuuito mais nessa vida além desse causo que é fichinha) , eu achava que ninguém se interessaria por mim, mesmo. Eu não tinha auto-estima. E fora isso, paradoxalmente, nessa fase eu já era mega-ultra-romântica, daquelas no estilo "Um Amor pra Toda a Vida".  

Então eu só tinha mais e mais raiva de ter de ser obrigada a ouvir sobre camisinha e DST, que pra mim estavam muito ligadas à sexo casual, tesão momentâneo e em muitos casos promiscuidade e falta de confiança no parceiro.  Nada contra, mas nada daquilo me dizia respeito.

E a abordagem do colégio era podre. Éramos obrigados a ter uma dinâmica participativa. Encaixavam todo mundo no mesmo quadrado nesse e em outros aspectos. Éramos obrigados a fazer perguntas, de uma forma ou de outra. Eu só queria morrer.  "Olha lá a feiosona perguntando! Ninguém nunca vai querer trepar com ela!!! " Bom, acho que dá pra entender...

Cada um faz o que quer da vida. Mas sinceramente faltou tato dos "educadores" (sempre) . Tinha gente mais tímida, e outras muito religiosas. Acho que nossa individualidade não foi respeitada. Nós tínhamos aula de biologia, o assunto já era cientificamente abordado, e pra nós estava bom assim.

Entendo, Lyja. Mas foi só pra destacar, caso alguém de fora dê uma olhada no que postamos não fique achando que somos desligados, mas que de uma forma ou de outra damos valor para esse tipo de educação, que é muito importante e o quanto para alguns pode ser um incômodo a forma dessa abordagem. Esse descaso com a individualidade de cada um é muito interessante, uns professores cobram até textos dessas palestras depois, sendo, então, o aluno ser obrigado a assistir e não incentivado, como deveria ser.

Acaba que retomando ao assunto do tópico, mesmo. Os descasos de muitos profissionais que mantem vínculos diretos a grandes públicos acaba que sendo chocante, deprimente e ridículo. Sinal que mesmo as diversas sexualidades estarem sendo discutidas e divulgadas tanto na escola como na Tv elas não estão sendo pondo em prática. Levando uma demora para as coisas mudarem. Só no facebook e na teoria mesmo que as pessoas gostam de mostrar "respeito" ao outro, mas na prática isso custa.

Edit. Ah, o avatar... Bom, se desejarem eu retiro, é pesado mesmo. Gostei do avatar por ser uma imagem simples e muito comunicativa, mas se preferirem...

Não tem necessidade de você retirar ._.

Certo. Não precisa tirar o avatar não, rsrsrsr. Foi só uma observação, fica tranquilo   .

Nossa! Que absurdo! Muitos médicos hoje em dia não tem o requisito mínimo que qualquer ser humano deveria ter que é a ética. Mesmo que eles nunca tivessem ouvido falar de assexualidade, o mínimo que eles deveriam fazer é ter respeito por quem eles atendem.

Lyja, sobre o assunto parar de menstruar, posso te indicar o doutor que me atende, Elsimar Coutinho. Ele é o melhor no seu campo, e eu já não menstruo a uns 15 anos (salvo quando esqueço de voltar para dar continuidade no tratamento, mesmo assim menstruo pouquíssimo).

O meu tratamento é para endometriose, ele se dá com apenas um implante de progesterona feito no quadril. Há vários tipos de implantes e essa bomba que dura 3 anos que puseram em você é forte demais! Só serve para as que priorizam o efeito anticoncepcional mesmo. Eu uso o que dura 6 meses (na verdade o efeito em mim continua por quase um ano antes de ter que trocar, provavelmente pq sou miúda). O doutor me disse que o único problema em demorar a trocá-lo é que ele perde o efeito anticoncepcional, daí eu falei que sou assexual e ele achou normalíssimo. =) Conversamos numa boa sobre o assunto, isso vindo de um senhor de mais de 70 anos, ele é realmente ótimo e um homem muito a frente do seu tempo.

Hoje além do implante de progesterona, também uso o de testosterona, o tratamento é individualizado segundo as necessidades de cada paciente (no primeiro ano eu era adolescente e coloquei estrogênio junto, foi um horror, nunca mais!). Enfim, se quiser mais informações me manda uma mensagem privada que falamos mais. =)