Olá, boa tarde!

Primeiramente, peço perdão por não utilizar meu nome verdadeiro e uma foto minha, tenho muita vergonha de mim. Descobri o fórum assexual há alguns anos, li as suas postagens e me identifiquei bastante com a comunidade, acho que enfim me encontrei. Também peço perdão pelo desabafo, mas preciso colocar isso pra fora, nunca comentei esse tipo de coisa.

Fui uma criança normal, na escola era rodeado de amigos e brincava bastante, parte da minha infância realmente foi perfeita, até que as coisas começaram a mudar. Por volta dos meus 11 anos, meus amigos começaram a trocar os brinquedos e as brincadeiras por revistinha de mulher pelada e recortes de catálogos de lingeries, se juntavam todos nos fundos da sala de aula para babar sobre aquelas imagens, mas eu não via graça naquilo, não entendia como ver uma revista fosse algo melhor do que sair pra brincar e bater papo. Achava que os errados fossem eles, até que comecei a pensar que o "erro" estivesse comigo, subitamente imaginei "será que sou gay?". Aquilo seria o fim pra mim, "gay" na escola (e infelizmente de modo geral) é tido como um xingamento, homossexuais são tratados de forma ruim, com pouca aceitação, ainda tentei participar dos grupinhos com as revistas, mas era tudo tão chato, maçante, desinteressante, não queria perder meu tempo naquilo.

Depois de pensar um pouco, decidi tentar brincar com as meninas. Ora, se eu realmente for gay, elas aceitariam de forma mais fácil, seria como ser uma delas! Fui me entrosando aos poucos, já havia conseguido alguma amizade com duas ou três, mas a verdade é que de certo ponto elas não se diferenciavam tanto dos meninos. Falavam do ator galã, do cantor saradão e do modelo perfeito, mas eu não conseguia me envolver naqueles assuntos, era tudo tão chato, só faltavam as revistas. Percebi que também não sentia nada por homens, então, o que havia de errado comigo?

Não queria fazer parte daquelas atividades chatas, mas não queria ficar sozinho, queria companhia. O que tive de fazer? FINGIR! Me juntei com os meninos e fingi babar por todas aquelas mulheres nuas, fiz todo tipo de comentário sobre elas só pra poder fazer parte do grupinho, para ser um cara bacana. Começamos a frequentar as festinhas da escola e dei meu primeiro beijo naquele mesmo ano. Foi horrível, eu não estava sendo eu mesmo, mas sim o que as pessoas esperavam que eu fosse.

Ao mesmo tempo em que eu fingia, comecei a tentar gostar de verdade de qualquer coisa. Por muito tempo me estimulava sexualmente enquanto via diferentes tipos de pornografia. Vi coisas grotescas, coisas horrendas, mas sentia a necessidade de me "curar" daquilo, precisava ser igual todo mundo.

Agi dessa forma por muito tempo, tive várias namoradinhas pela qual nunca fui apaixonado e acabei me magoando e magoando muitas pessoas nesse processo. Aos 16 anos a pressão dos outros para que eu transasse pela primeira vez foi tão grande que, acreditem, meus amigos pagaram uma menina na véspera do meu aniversário. Minha primeira (e única) experiência sexual foi uma das piores coisas por qual eu já passei, eles já me advertiam sobre o quanto ela podia ter regrinhas do que se podia fazer ou não, mas obviamente eu fui muito mais "frescurento" do que ela, foi horrível, horrível, mas eu precisava me adequar ao grupo.

Aos 18 tive minha última namorada, terminamos por motivos óbvios, sou o namorado frio e distante que não quer saber de sexo, até que finalmente decidi jogar tudo pro alto e parar de tentar ser todo mundo, descobri pela internet a assexualidade e me identifiquei com o termo, decidi contar para os meus amigos quem realmente eu era e fui alvo de risadas, umas das frases que ouvi, jamais esquecerei: "O que é um assexual? Alguém que vive triste, isolado, falando com os móveis da casa e chorando 24 horas por dia?", depois daquilo senti-me envergonhado de ser o que era e falei que era tudo brincadeira, mas não me forcei a ser outra pessoa, apenas mantive aquilo em segredo.

As pressões para que eu arranjasse uma namorada apenas aumentavam, aos 20 anos a família e os amigos não tinham outro assunto comigo, era como se todo mundo, literalmente TODOS haviam se transformado numa versão 2.0. daquela tia chata que só sabe perguntar das "namoradinhas", não havia outro assunto, era sempre sexo, relacionamentos, "ah, conheço alguém por quem você vai se interessar". Cansado disso tudo resolvi me afastar de todo mundo, tornei-me recluso, apaguei sem nenhum aviso todas as minhas redes sociais e vivo amargurado por ser desse jeito. Não quero forçar ninguém a me aceitar, mas estou farto de fingir ser outra pessoa.

Sei que o texto ficou grande, peço desculpas por isso e pelo caso de haver erros grotescos de escrita, mas não posso mais guardar essas coisas em mim.

Abraços.

Cara acho que precisamos marcar de sair,tentar fazer um grupinho aqui e dar uma volta, um cinéma.

agtonio escreveu:

Cara acho que precisamos marcar de sair,tentar fazer um grupinho aqui e dar uma volta, um cinéma.

Pois é, cara! Vocês já marcaram encontros com usuários ou coisas do gênero? É legal trocar uma ideia pelo fórum, mas pessoalmente seria interessante também, não teria um ar tão solitário.

Mas quero ir sim

Quero ir aos encontro, mas meu grampo tem uma escala doida

agtonio escreveu:

Quero ir aos encontro, mas meu grampo tem uma escala doida

Grampo?? O que complica muito é a distância, né? De São Paulo pra Pernambuco (ou vice-versa) só pra ver um assexual de perto hauahauha

Trampo trabalho
Corretor automático

agtonio escreveu:

Trampo trabalho
Corretor automático

Ah sim, entendi. No que você trabalha, agtonio? As pessoas com quem você convive sabe da sua orientação?

Sou farmacêutico em uma drogaria.
Não sabem, acho que a maioria das pessoas não tem capacidade de entender, assim como não devo satisfações sobre minha vida.

Eu sou o folguista, cubro as folgas da RT e do farma da tarde.quando a equipe está completa eu entro intermediário.

Bem enfim M.Aril.

É uma merda ter que passar por essas paradas.. Intolerância é foda.

Mas ainda bem que voce conseguiu jogar tudo pro alto cara, com certeza sendo sincero com voce mesmo voce vai fazer amigos de verdade.
Amigos que te respeitem, respeitem o seu jeito de ser e não imponham o jeito deles de ser. Como se não fosse possível ser feliz de outro jeito a não ser do deles. Se eles soubessem que são eles que fazem as pessoas se sentirem tristes, quero ver qual seria a reação deles.
Enfim cara, bem vindo ae.
Apesar de eu ser um texto numa tela saiba que é sincero meu desejo cara.
Feliz Natal ae e tudo mais.
Bem vindo. =]

Opa, rapaz! Obrigado pelas felicitações, feliz natal pra ti também!

Pois é, cara, ser tratado dessa forma é uma bosta, a única solução que eu encontrava era me esconder atrás dessa máscara que eu nunca mais usarei! Foi bom colocar isso pra fora.

Olha, adoraria que houvessem encontros em Porto Alegre

Oi! Sou a Faty, tenho 56 anos e só a um ano descobri que era assexuada. Em uma livraria achei um livro espírita que falava sobre o assunto além de bissexualidade, homossexualismo.

Sou de uma época em que se desconhecia muita coisa, não existia internet, homossexualismo era tido como falta de vergonha, sofri abuso sexual dos sete aos treze anos e por este motivo achava que quando gostava de um rapaz e transava com ele era tão difícil para mim, eu preferia ficar de mãos dadas, passear, muito romantismo, nada de sexo, imagina o que foi minha vida?

Tenho 56 anos e me sinto com cabeça de um garota de 18 anos, por aí. Não vivi. Só fiz trabalhar e mesmo assim só Deus sabe como pq sofro de um transtorno de ansiedade chamado fobia social e isto foi outro problema pq poucos médicos sabiam medicar para controlar a alta ansiedade.

Olha, fale claramente que vc é assexuado, o que vc procura para sua vida, é muito difícil? Acho que uma terapia iria ajudar, levantar esta auto estima. Talvez seja o primeiro passo, vc está muito para baixo ...

Compre um perfume, faça uma Yoga, algo de bom para vc.

Um abraço enorme e força, viu?

Oi, Faty!

Sinto muito pelo que você passou, sei que não foi fácil sofrer essas violências e intolerâncias, todas essas coisas acabam acumulando em nossa mente, nos deixa ainda mais reclusos, com medo. Imagino que não deve ter sido fácil pra você, te desejo toda força possível.

Tentarei seguir seus conselhos para melhorar um pouco os ânimos, eu realmente preciso dar uma levantada nesse astral, mas não sei se conseguiria falar claramente sobre a minha assexualidade para as pessoas, os comentários que fizeram quando eu tentei falar sobre isso pela primeira vez ainda me apavoram.

Obrigado pelos conselhos e pela força! Também te desejo muita força, um abração!

Sinto muito por vocês, se precisarem de algo podem contar comigo.

Sobre os encontros será que poderiam ser marcados por estados ?
Eu por exemplo gostaria de um encontro do grupo em SC.

Seja muito bem-vindo, M-Aril!

Eu ainda não assumi a minha assexualidade publicamente, sendo algo que, até então, mantenho guardado comigo (e com vocês do fórum também ).
Reflita bem a respeito de suas necessidades e que atitudes tomar em prol delas. Saiba que você é o único que pode avaliá-las.
Aqui ocorrem muitas trocas de experiências que permitem aliviar seus sofrimentos e proporcionar momentos de reflexão que podem ser muito inspiradores, ou seja, servem de um ótimo suporte!

Faty, fiquei sensibilizada com o seu relato. Desejo-lhe forças e muita energia positiva para que você consiga enfrentar essas barreiras, certo?

Desejo-lhes também um novo ano repleto de realizações e ótimas novidades!

r0z e Layla, obrigado pela força! Fico feliz em saber que posso compartilhar experiências e relatos com pessoas em situações parecidas, no final das contas não estamos tão sozinhos assim.

Boas festas!