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 Apresentação, dúvidas, críticas e relatos

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Druzz
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MensagemAssunto: Apresentação, dúvidas, críticas e relatos   Apresentação, dúvidas, críticas e relatos Empty1/3/2020, 00:29

Olá, fazem 3 semanas que me descobri Greyssexual Homorromântico e já peço desculpas por ser leigo. Sei que é muita ousadia acabar de entrar no bonde e já "sentar na janelinha", mas algumas questões andam dominando meus pensamentos. Antes de me encontrar nessa sopa de letinhas que é a comunidade LGBTQIA+, achava que pertencia ao G; porém, sempre tive muita dificuldade de me relacionar com os gays, recorri até aos aplicativos, nunca deu certo... o que dava errado? Parece que todo "conhecer alguém" pressupõe
em algum momento uma relação sexual, as conversas terminavam quando eu dizia "não estou afim de transar hoje", como se toda relação só pudesse ser profunda depois de muito sexo casual. É muito difícil ser um "gay que não transa", então, acabei me forçando a várias situações as quais me arrependo profundamente.
As pessoas achavam que eu tinha medo ou que tal ausência de interesse sexual fosse fruto de algum trauma na infância (abuso e etc), ou me viam como um careta conservador de sexualidade reprimida por uma moral religiosa (algo que eu nunca fui e nunca tive). Não tenho medo de transar! Não tenho vergonha de falar de sexo e não sigo doutrinas religiosas que limitam minhas possibilidades existenciais. Eu simplesmente não tinha e não tenho vontade de transar na maior parte do tempo, muito menos, tenho esse "impulso sexual incontrolável" que alguns amigos relatam. Antes que me esqueça! Não, eu não precisava perder o "medo de adolescente virgem" que foi transar pela primeira vez! Como já disse, tentei muitas vezes e foram frustrantes, justamente por eu não querer no fundo.
Agora, podemos partir para a segunda parte do meu relato, um pouco mais crítica. Demorei 22 anos para descobrir qual grupo eu "pertenço" de fato, depois de me assumir gay, e me descobrir não-gay, mas sendo gay mesmo assim. Afinal, independente se eu tenho interesse sexual ou não, ou se ele é mais afetivo que sexual, continua sendo direcionado aos homens. E se eu sou um "menininho" que gosta de "menininhos", então eu sou homo!
Graças a toda essa polêmica envolvendo a Assexualidade do Victor Hugo, participante do BBB20, descobri que assexual não é uma coisa só, mas um ESPECTRO que carrega várias possibilidades dentro dele. Dentro dessas possibilidades, estava eu, ali! Talvez eu nunca me achasse se não fosse essa polêmica, porque "assexual" para o senso comum e para língua portuguesa é um conceito fechado, simples.
O "Assexuado" numa questão linguista: o "A" é o que chamamos de prefixo de negação, algo que vem antes das palavras com o intuito de nega-las. Vemos isso na palavra "Átomo", que significa Á (não) tomo (divisível), sendo Não-divisível. Na palavra "Amoral", o "A" indica o "sem", sendo usado para alguém desprovido de moral, sem moral (o que é diferente de um Imoral). Sabemos que a linguagem para muitos filósofos é um instrumento mediador da relação do homem com o mundo. O que isso significa? A linguagem carrega elementos que nos indicam como nos relacionar com o mundo. As palavras são carregadas de significados perceptíveis e encobertos, podendo nos enganar sobre o que as coisas de fato são. No momento que eu, viciado pela lingua portuguesa que sempre usou o "A" como prefixo de negação, me deparei com a palavra "Assexual"; rapidamente me veio o significado "sem sexual", sem desejo sexual. Aqui está minha crítica: a própria palavra já induz ao erro, ela não consegue apontar para um Espectro de possibilidades. Da mesma forma que a falecida sigla GLS não englobava toda diversidade de orientações e identidades, e assim, fora substituída por LGBTQIA+; a palavra "Assexual" nunca conseguirá apontar para uma diversidade, pois a linguagem já dá seu significado pronto. Não adianta reclamar que as pessoas não te entendem, se você não usa as palavras adequadas. Não adianta a comunidade Assexual reclamar e ficar corrigindo as pessoas, porque o erro vem da comunicação, vem da PALAVRA "ASSEXUAL", responsável por conduzir o indivíduo para um entendimento errado desse grupo. Está na hora do ESPECTRO mudar de nome, e ai que fui lançado para novas críticas.
Pensando numa nova palavra para substituir "Assexual" me deparo com a palavra "hiposexual". Em um breve pesquisa, descobri que esta palavra já era usado por psiquiatras como uma patologia. Hiposexual é uma doença decorrente de um trauma que causa diminuição no apetite sexual ou libído. A justificativa dada por esses artigos é que: por tal redução libidinal ser fruto de um trauma (de origem sexual) e causar angustia no indivíduo, então passa a ser uma patologia (doença que precisa de tratamento). Ai me veio novos questionamentos. "TRAUMA" é um conceito psicanalítico, todo ser humano carrega traumas que ficam retidos no inconsciente. Para o Freud, todos passam por um grande trauma em nosso desenvolvimento psicossexual, o que denominou de complexo de édipo. Logo, todos nós temos traumas, isso não serve de critério para determinar o que é uma doença ou não. Ai vocês me dirão "mas tem que causar angustia na pessoa"... a é? Me diz, qual comportamento "anormal" para os padrões de uma sociedade não acaba causando angustia para o sujeito diferente? A angustia vem justamente de não se encaixar no padrão único que a sociedade impõe. Tanto que, todos que fogem do padrão "heterossexual cisgenero" sofrem de angustia, tentam se encaixar no padrão, são vítimas de preconceitos... se não causasse angústia, não existiria a luta contra a LGBTFOBIA. Todo grupo que distoa da norma padrão, da maioria, é considerado doente, errado, anormal, algo que precisa se endireitar ao padrão. Não adianta acabarmos com o conceito de "Disforia de gênero" ou com o "homossexualismo" e aceitarmos novas nomeclaturas que patologizam orientações sexuais distintas da norma, como "hiposexual". Não podemos aceitar que o "hiposexual" é considerado doente por seu comportamento sexual. Nem nenhuma orientação ou identidade de genero pode ser vista como doença.
O que é definido como Espectro Assexual?
"A Assexualidade é uma orientação sexual, mas diferente das demais, ela pode ser usada como um termo guarda-chuva, pois envolve um espectro e existem varias 'sub-orientações' que a compõe. Pessoas assexuais são pessoas que não sentem atração sexual, seja de forma parcial, condicional ou total."
Como já expliquei acima, a palavra "assexual" NÃO PODE ser usada como um termo "Guarda-chuva", igual essa definição apontou; pois se você falar para qualquer pessoa a palavra "assexual", ninguém vai pensar numa variedade de sub-orientações, mas na ausência total de atração sexual. Isso não se deve a 99,99% da população ser leiga e ignorante, mas sim à lingua portuguesa que sempre entendeu o "a" como um prefixo de negação. Independente se a palavra é de origem inglesa, ela está sendo usada em países de origem latina e carregarão essa influência cultueal quando usadas. Dai eu questiono. O que vocês acham mais fácil: mudar o nome do espectro e atiçar a curiosidade das pessoas que pesquisarão seu significado ou tentar lutar por uma conscientização da população inteira que entende a palavra como deveria entender na língua portuguesa, mas que entra em conflito com o que a comunidade assexual propõe???
Não entrarei no mérito dos Demissexuais estarem no espectro assexual, porque não quero esticar ainda mais meus questionamentos. "Pessoas que não sentem atração sexual de forma condicional" é uma definição que englobaria a população inteira, todo mundo tem condições para sentir atração sexual. Quais? Cada um vê alguma característica no outro que lhe agrada e outras que desagradam. Tem gente que não gosta de quem usa óculo, tem gente que só gosta de gente mais velhas, outros que só saem com malhados... todos tem suas condições. A diferença é que a condição do demissexual para se atrair pelo outro é de cunho afetivo ou intelectual, mas eles não tem uma redução na atração sexual, pelo contrário. Tenho um amigo Demissexual que começou a namorar e passou a transar 3 vezes por semana. Enfim, como disse, não entrarei nesse mérito.
Aqui encerro meu ensaio sobre a Assexualidade. Peço desculpas novamente pelo textão e pela cara de pau.


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MensagemAssunto: Re: Apresentação, dúvidas, críticas e relatos   Apresentação, dúvidas, críticas e relatos Empty1/3/2020, 13:51

Por que meu tópico foi ignorado? Será que falei muita besteira ou me estendi muito? Devo ter pecado no título...
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MensagemAssunto: Re: Apresentação, dúvidas, críticas e relatos   Apresentação, dúvidas, críticas e relatos Empty2/3/2020, 15:32

Olá, seja bem-vindo! fatia de bolo

O seu tópico não foi ignorado. Vários membros participam apenas como leitores e raramente se manifestam; não houve tempo suficiente para que as demais pessoas pudessem visualizar seu tópico e; "textões" nunca foram problema por aqui, pode acreditar.

Há realmente muito o que falar sobre o seu tópico! Se quiser maior alcance para as suas "dúvidas, críticas e relatos", pode ser uma boa ideia levar esta discussão para a área Assexualidade (a decisão é sua). Sobre a parte "apresentação", posso dizer que já vivenciei situações semelhantes - não é fácil.


"Se você ficar sozinho, pega a solidão e dança" (Três Dias, Marcelo Camelo)


https://www.assexualidade.com.br/
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MensagemAssunto: Re: Apresentação, dúvidas, críticas e relatos   Apresentação, dúvidas, críticas e relatos Empty10/3/2020, 11:52

Oi! cmo o sam disse ai em cima, eu normalmente costumo só ler os tópicos (pq varias pessoas tendem a responder o q eu responderia, ou pq n sei cmo responder, etc)

Mas cmo ngm te respondeu de fato, resolvi escrever aqui minhas opiniões, por mais que meus argumentos possam não ser tão bons (vai ter um monte de "acho"s e quase nenhum fato). E desculpa de antemão se eu falar alguma besteira

Concordo com você que é dificil explicar pra uma pessoa leiga que assexual é um espectro em vez de algo preto no branco (tipo, você tem atração ou não). E acho que talvez, no início da palavra eles deveriam pensar em algo diferente. Mas, a partir do momento que várias pessoas (do mundo inteiro) começam a usar uma classificação, é muito difícil mudar. Por exemplo o termo LGBT, como você falou antes era GLS, depois mudou pra LGBT, depois pra LGBTQ, depois pra LGBTQ+ e agora pra LGBTQIA+. O problema de todas essas mudanças é que as pessoas não costumam acompanhar todas elas e agora já em vários lugares diferentes, cada um usando um termo diferente, inclusive dentro da propria comunidade. O primeiro acho que conseguiu ser quase que completamente esquecido por ser muito excludente e tbm o mais antigo. Mas, por exemplo o último (LGBTQIA+), eu só vi duas vezes ele sendo usado (sem contar você). Conforme os anos vão passando, provavelmente mais pessoas começariam a usar o termo mais novo, mas ainda assim teria sempre aquelas pessoas que usariam o termo antigo. Por isso acho que mudar o termo assexual agora seria muito complicado. O que vejo pessoas fazendo, pra contornar a situaçao é sempre se referir ao espectro (tipo, "eu faço parte do espectro assexual" ou então "...o espectro assexual..."). Acho que pensaram primeiro em assexual, por que as primeiras pessoas que pensaram no termo eram assexuais "puras" (não sei o termo certo, mas eu quis dizer que elas não tem nunca atração, diferente dos grays e demis)

Sobre a palavra hipossexual. O prefixo 'hipo' vem do grego e significaria menos ou diminuição, mas ele não significa ausência (como no prefixo 'a'). Por exemplo, na veterinária, hiporexia significa que o animal está comendo menos que o normal, e anorexia significa que ele não come nada. Um caso de anorexia é bem mais grave que um caso de hiporexia, por isso é necessária essa distinção. Então ao nos chamarmos de hipossexuais, nós estaríamos excluindo os assexuais que não sentem atração sexual em nenhum momento (e só incluindo os que tem às vezes alguma atração). Além disso, realmente existem casos patológicos em que a pessoa para se sentir atração sexual ou sente menos por algum desbalanço fisiológico ou por trauma (por exemplo casos de mulheres estupradas). Nesses antes elas eram "normais" e depois, por algum motivo, passam a ter menos ou perder a atração. O termo hipossexual provavelmente surgiu disso, mas, por ser naquela época, provavelmente alguns assexuais (incluindo qualquer um do espectro) fossem erroneamente classificados e considerados com problemas também. Por isso acho que o termo hipossexual também não se encaixa, pois ainda hoje pode ser usado para pessoas não-assexuais que tenham alguma disfunção (seja fisiológica, psicológica ou emocional). Além disso, não sei o motivo, mas em medicina o prefixo 'a', pode ser usado também como diminuição (em vez de pura ausência). Vou citar o mesmo exemplo da anorexia, em medicina uma pessoa anoréxica pode não estar comendo ou comendo bem pouco (isso é diferente de um animal anoréxico, que não come). Então, se for considerar isso, por mais estranho que pareça no início, o termo assexual seria mais incluso que o hipossexual

Então, acredito que o ideal mesmo seria explicar para as pessoas o espectro. Em vez de mudar a palavra, já começar dizendo, "eu faço parte do espectro assexual, que inclui..." ou o "espectro assexual é...." em vez de apenas assexual. Mas dentro da comunidade, para pessoas que já entendem seria mais fácil só se descrever como assexual (ace pra encurtar).

Quanto aos demissexuais, acredito que você não tenha entendido exatamente o termo. Sim, eles precisam de uma condição, mas eles são muito parecidos com os grays. Uma forma de pensar que me fez entender mais fácil é que tanto os grays quanto os demis, quando não estão sentindo atração sexual, eles se comportam exatamente como um assexual "puro". Só que, às vezes os grays e demis tem atração. E a diferença dos demis é que eles só tem a atração depois de um vínculo forte com a pessoa (tipo, por exemplo, depois de conhecerem ela bastante; já estarem namorando; etc), já os grays sentem as vezes atração por qualquer pessoa (sem necessitar desse vínculo). Claro, todo mundo gosta de determinado "tipo" de pessoa, mas a diferença pros demis não é o "tipo" em si, é se eles se conhecem e tem esse vínculo afetivo (por isso a gente chama de condicional).

Outra coisa que é importante comentar é que fazer sexo e sentir atração sexual são coisas bem diferentes. Um ace "puro" pode fazer sexo e até gostar mas ainda ser considerado como um ace "puro", por que ele ainda não sente atração sexual. Isso eu realmente não sei explicar direito e recomendo vc procurar outros tópicos aqui na comunidade explicando melhor isso, mas eu vou tentar falar da melhor forma possível. Um ace pode ser positivo, neutro ou negativo em relação ao sexo. O negativo não gosta, sente repulsa, etc. O positivo até gosta e estaria disposto a fazer mesmo que não sinta atração. O neutro é indiferente, tanto faz pra ele.

Então, só porque um demi faz sexo 3 vezes por semana, não significa que ele não faz parte do espectro, por dois motivos: uma porque ele está sentindo essa atração frequente por causa daquela determinada pessoa (se fosse com qualquer outra, ele não sentiria atração e agiria como um ace "puro"); e outra porque sexo e atração sexual são diferentes e ele poderia, mesmo sem atração, ser positivo ao sexo

Bom, é isso, me desculpa pelo textão tbm e por eu ter uma opinião contrária a sua em alguns aspectos (espero que você leve ela numa boa pelo menos).
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