Boa noite, gente!!!

Ás vezes fico super receosa de ficar "no vácuo", quando penso em escrever no fórum... mas a verdade é que estou tão deprimida e incomodada esses dias que sei lá... Acabei decidindo vir escrever um desabafo mesmo.

Não faz muuuito tempo que questionei ou "afirmei" uma suposta assexualidade. Ainda não me conheço muito e na verdade faz um tempo que parei de pensar tanto em me dar "rótulos". Não porque acho errado, ruim, ou algo do tipo, mas porque não consigo fazer isso comigo. Mas de um modo geral, me considero gray-a

Enfim, faz uns meses que terminei meu primeiro e único relacionamento amoroso. Foram quase três anos de relação e o que está me incomodando esses dias é que eu retornei a uma fase "repulsiva". Desde nova eu sinto atração sim (como já relatei algumas vezes rs), mas nunca consegui beijar nem nada, só com esse ex-namorado mesmo. Eu estabeleci uma relação de confiança e não foi fácil. Desde o início eu tinha dificuldades em manter um contato físico e eu acreditava que eu só precisava me "acostumar", que nem era tão ruim e que às vezes eu gostava. Só que eu fiquei um tempo presa em uma espécie de "trauma". Eu tinha dificuldade em "esquecer" as situações em que mantínhamos algum contato; às vezes as cenas vinham na minha cabeça em momentos aleatórios como quando eu lia um livro, assistia aula ou quando alguma cena de uma série/filme me lembrava da minha experiência. Eu tinha uma sensação de desconforto... vergonha e nojo e isso acabava dificultando minha atenção nas coisas que tinha que fazer. Talvez seja devido a eu "pensar demais nas coisas", mas no fim, como eu continuei insistindo, em algum momento parecia que tinha ficado tudo bem. Estava pensando sobre hoje e acredito que seja até porque eu acreditei que eu não precisaria passar por essas experiências com mais ninguém... que ele seria o único (risos)

Bom, finalmente, depois de tanta falação... o ponto do desabafo. Meus "traumas" estão retornando, na verdade já retornaram, com tudo. Eu não tinha percebido, mesmo já tendo alguns sinais, como não conseguir ver simples cenas de beijo, até as que eu geralmente fico encantada pela fofura, porque me causam um terrível desconforto interno. Mas ficou realmente pior porque de um jeito estranho, é como se eu tivesse deslocado minhas sensações para meu próprio corpo. Não consigo mais me olhar no espelho, nem tirar fotos. Absolutamente qualquer coisa me lembram aqueles momentos embaraçosos... que eu ficava tentando me distrair, não pensar que eu não estava confortável, que tinha algo de errado comigo e afins. Confesso que fiquei um pouco desesperada hoje. Fui tomada por um desânimo terrível... de ter que passar por tudo de novo. Imagino que minha ansiedade tenha atacado e por isso fiquei enjoada o dia inteiro... uma sensação que se assemelhava a uma doença mesmo, que acabava retornando, novamente, para uma insegurança ou insatisfação estética.

Inicialmente eu tinha pensado em escrever aqui na esperança de ver se alguém já se sentiu assim... Mas agora acho que pelo menos me abrir já é libertador. Fiquei refletindo se havia possibilidade de algum trauma na infância que eu fosse incapaz de lembrar, justamente porque parecia uma sensação totalmente atípica... Mas desconfio que não haja uma explicação ou uma resposta.

Agradeço por ouvirem/lerem, de verdade.

Uma ótima semana para todes!!

É muito bom saber que o desabafo já teve um efeito positivo.

O luto do fim de relacionamento traz esse tipo de desconfortos. Os gatilhos para lembranças se tornam exageradamente presentes e geralmente pioram uma situação que já está ruim. Mas fique firme, porque vai passar. Desabafar é sempre uma estratégia que ajuda muito, sempre que quiser e precisar estamos aqui.

Minha história é que sempre me considerei heterossexual, mas nunca consegui ter uma relação sexual com mulheres por falta de ereção peniana. Procurei médicos, fiz exames para saber o que havia de errado no meu corpo mas todos os exames confirmaram que tudo estava certo no meu corpo. Tenho 54 anos de idade e ainda sou virgem como homem. Se eu sou realmente heterossexual porque não sinto atração sexual por mulheres? Por isso que tenho certeza que não posso ser heterossexual. Sinto atração física por mulheres mas na hora do sexo eu falho sempre e olha que já tentei me relacionar sexualmente com várias mulheres mas não consegui ter ereção peniana para poder realizar a relação sexual heterossexual. Continuo virgem até atualmente com 54 anos de idade e isso indica que eu não posso ser heterossexual. Isso indica que sou assexual. Me considero demissexual. Mas a verdade é que sexo pra mim é algo totalmente desconhecido até hoje. Quando estou sozinho com uma mulher não sinto nada por essa mulher e sinto aversão sexual. Já beijei mulheres na boca várias vezes mas não senti absolutamente nada. Já estive com mulheres na total intimidade sexual (com elas nuas e semi nuas na minha frente) e não senti nada por elas sexualmente falando. Como então que posso ser heterossexual? Estou convencido que heterossexual eu não sou e sim sou assexual.

Oie, a menos de 1 ano me descobri como demissexual, ás vezes acho que tenho algo de gray-A, pois muuito esporadicamente vem um desejo involuntário e imaginativo. Me identifiquei com isso de pensar demais, e ás vezes nossa mente vai criando castelo pra justificar emoções, nosso jeito de ser... Eaí acho que a gente vai criando muita coisa por sobre a nossa experiência, para validá-la e adequa-la aos padrões da sociedade.

Como passei grande parte da vida sem saber sobre a assexualidade e suas nuances (tenho 31 anos) acabou que criei muitas crenças que não condiziam com a realidade pra justificar meu jeito de ser bem destoante em relação aos meus amigos nos períodos de tempo que estava fora dos 2 relacionamentos que tive.

Hoje, graças ao aprofundamento em relação aos temas da assexualidade, e também graças á psicoterapia, acho que estou conseguindo ir desfazendo essas crenças limitantes que fui criando, como a de que eu tenho que me apaixonar pra conseguir me relacionar com algum ""sucesso"" com alguém, ou a de que eu nunca conseguiria terminar um relacionamento nocivo que por ventura eu tenha com alguém, ou até a vergonha e uma certa sociofobia em alguns momentos em que meu comportamento sexual destoante fica mais patente, o que me levava a fugir ou evitar essas situações, me privando de sociabilizar em momentos que poderiam me trazer alguma sensação de estranhamento ou inadequação. Ah, tem outra crença que meio que me persegue apesar de saber hoje que ela é totalmente inválida, a de que eu tenho uma espécie de amor eterno por minha primeira namorada, ou a de que a outra namorada que tive, apesar do relacionamento ter sido bem negativo, eu poderia reatar o relacionamento apenas por conta do vínculo profundo que tenho com ela. Acho que isso são coisas que criei apenas por não sentir atração por outras pessoas, como não conhecia a demissexualidade isso justificava esse comportamento. Não deixam de ser verdade mas são bem limitantes.

Bom, não sei se esse relato te ajuda em algo, mas me identifiquei com isso de pensar demais. Não acho ruim essa característica, mas quando ficamos pensando demais sozinhos podemos acabar nos distanciando da realidade fática do mundo e de outras realidades subjetivas possíveis que se enquadrem na nossa experiência de existir nesse mundo.

Acho que tem coisas que se te fazem sentir mal, tu não precisa forçá-las, do mesmo modo que não precisa evitá-las sempre. Acho que o diálogo ajuda a atenuar os impactos negativos desses momentos desconfortáveis. Também não precisas criar certezas absolutas pra si, a nao ser quando tu já experimentou um leque tão grande de situações que acabou esgotando aquelas possibilidades.

Eu gosto da noção de que nossas sexualidades são fluidas. Tem gente que era hetero, depois virou homo, depois voltou a ser hetero. Tem gente que era alo e se tornou assexual, e vice versa. Cada um com sua experiência particular. Nesse sentido acho desnecessário criar certezas em relação ao futuro, mas que a gente pode ir sempre se conhecendo um pouco mais e conhecendo mais do mundo... Sei lá.

davilfs escreveu:

Oie, a menos de 1 ano me descobri como demissexual, ás vezes acho que tenho algo de gray-A, pois muuito esporadicamente vem um desejo involuntário e imaginativo. Me identifiquei com isso de pensar demais, e ás vezes nossa mente vai criando castelo pra justificar emoções, nosso jeito de ser... Eaí acho que a gente vai criando muita coisa por sobre a nossa experiência, para validá-la e adequa-la aos padrões da sociedade.

Como passei grande parte da vida sem saber sobre a assexualidade e suas nuances (tenho 31 anos) acabou que criei muitas crenças que não condiziam com a realidade pra justificar meu jeito de ser bem destoante em relação aos meus amigos nos períodos de tempo que estava fora dos 2 relacionamentos que tive.

Hoje, graças ao aprofundamento em relação aos temas da assexualidade, e também graças á psicoterapia, acho que estou conseguindo ir desfazendo essas crenças limitantes que fui criando, como a de que eu tenho que me apaixonar pra conseguir me relacionar com algum ""sucesso"" com alguém, ou a de que eu nunca conseguiria terminar um relacionamento nocivo que por ventura eu tenha com alguém, ou até a vergonha e uma certa sociofobia em alguns momentos em que meu comportamento sexual destoante fica mais patente, o que me levava a fugir ou evitar essas situações, me privando de sociabilizar em momentos que poderiam me trazer alguma sensação de estranhamento ou inadequação. Ah, tem outra crença que meio que me persegue apesar de saber hoje que ela é totalmente inválida, a de que eu tenho uma espécie de amor eterno por minha primeira namorada, ou a de que a outra namorada que tive, apesar do relacionamento ter sido bem negativo, eu poderia reatar o relacionamento apenas por conta do vínculo profundo que tenho com ela. Acho que isso são coisas que criei apenas por não sentir atração por outras pessoas, como não conhecia a demissexualidade isso justificava esse comportamento. Não deixam de ser verdade mas são bem limitantes.

Bom, não sei se esse relato te ajuda em algo, mas me identifiquei com isso de pensar demais. Não acho ruim essa característica, mas quando ficamos pensando demais sozinhos podemos acabar nos distanciando da realidade fática do mundo e de outras realidades subjetivas possíveis que se enquadrem na nossa experiência de existir nesse mundo.

Acho que tem coisas que se te fazem sentir mal, tu não precisa forçá-las, do mesmo modo que não precisa evitá-las sempre. Acho que o diálogo ajuda a atenuar os impactos negativos desses momentos desconfortáveis. Também não precisas criar certezas absolutas pra si, a nao ser quando tu já experimentou um leque tão grande de situações que acabou esgotando aquelas possibilidades.

Eu gosto da noção de que nossas sexualidades são fluidas. Tem gente que era hetero, depois virou homo, depois voltou a ser hetero. Tem gente que era alo e se tornou assexual, e vice versa. Cada um com sua experiência particular. Nesse sentido acho desnecessário criar certezas em relação ao futuro, mas que a gente pode ir sempre se conhecendo um pouco mais e conhecendo mais do mundo... Sei lá.

Amor eterno pela primeira namorada...Super me identifiquei. Acredito que é uma autodefesa por ser Gray-A.

Eu vou evitar falar de mim, pois o foco é você, embora eu definitivamente já tenha me sentido assim...
Acho que existem aspectos da nossa intimidade que, quando outras pessoas "violam", é dificil a gente se recuperar depois. Não há nada de errado com seu corpo e você tem que tentar pensar que experiencias passadas não precisam estar "grudadas" nele. Você não foi "manchada" por isso. Tente explorar mais o por quê de você estar se sentindo assim: você é definida por suas experiencias passadas? não. Seu corpo é seu e agora é hora de se concentrar em não permitir que essa experiencia desagradável se repita (basicamente respeitar os limites de seu conforto). Pode levar algum tempo, mas aceitar o passado pode ajudar você a processar e superar esse desconforto que ficou. Só lembre: a culpa não é sua. Você não é definida por isso. E seu corpo é seu agora.
Não sei se o que eu disse fez sentido, mas espero que tenha ajudado.
Muito bolo a todos.