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 OBRIGADO DRUMMOND POR FAZER O AMOR SER IMPOSSÍVEL PRA MIM!!!

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janom
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MensagemAssunto: OBRIGADO DRUMMOND POR FAZER O AMOR SER IMPOSSÍVEL PRA MIM!!!   OBRIGADO  DRUMMOND POR FAZER O AMOR SER IMPOSSÍVEL PRA MIM!!! Empty17/8/2014, 00:34

Hã! Drummond com sua ideia de amor, no seu poema "Amor", acabou tornando o amor , surreal para mim...

Muito tempo atrás eu li o poema " Amor" e idealizei como o amor deveria ser ... Pois bem!

" ...Se o primeiro e o último pensamento do dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente divino: o amor.

Se um dia tiver que pedir perdão um ao outro por algum motivo e em troca receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos e os gestos valerem mais que mil palavras, entregue-se: vocês foram feitos um pro outro. ..."

"... Se você conseguir em pensamento sentir o cheiro da pessoa como se ela estivesse ali do seu lado… se você achar a pessoa maravilhosamente linda, mesmo ela estando de pijamas velhos, chinelos de dedo e cabelos emaranhados…

Se você não consegue trabalhar direito o dia todo, ansioso pelo encontro que está marcado para a noite… se você não consegue imaginar, de maneira nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado…

Se você tiver a certeza de que vai ver a pessoa envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção de que vai continuar sendo louco por ela… se você preferir morrer antes de ver a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida. É uma dádiva..."

Bom... A primeira vez que conheci o amor,  eu passei por tudo isso ,  conseguia sentir o cheiro dela mesmo não estando perto,  conseguia ouvir a voz dela em pensamento,  ficava ansioso para vê-la , para ter a companhia dela , a presença  e tinha absoluta certeza que iria envelhecer ao lado dela .  No mínimo viveria  uns 50 anos ao lado dela ...

Mas nada é para sempre, não é?
Quando a pessoa  não está na mesma sintonia sua, seu ideal de amor... O amor faz as malas e pula a janela ...

E de repente me vi acompanhado, agarrado ao poema do João Cabral de Melo Neto, no meu momento de depressão .  Me vi  no personagem do poema  "os três mal amados" , onde dizia assim :

"O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.

O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.

O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.

O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.

Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.

O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.

O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome. ..."

"... O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés.  Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.

O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. ..."

"...O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio,..."


Então , naquele momento , ainda na depressão,  sentindo o buraco da ausência... Lembrei mais uma vez de uma poema do sábio , Drummond...
Ausência...

"Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim."

É... o amor!
E como dizia Fernando Pessoa com seu heterônimo Alberto Caeiro: " Quem ama é diferente de quem é, é a mesma pessoa sem ninguém ."
E assim depois de todo este aprendizado ... Aprendi a ficar só ...

J.
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janom
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MensagemAssunto: Re: OBRIGADO DRUMMOND POR FAZER O AMOR SER IMPOSSÍVEL PRA MIM!!!   OBRIGADO  DRUMMOND POR FAZER O AMOR SER IMPOSSÍVEL PRA MIM!!! Empty17/8/2014, 21:31

De repente, minha amiga , Clarice Lispector me liga e me chama para conversar:

Clarice Lispector: J, " Isso é muita sabedoria!"

- " Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um ultimo recurso: não fazer nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue; outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim , repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho ... o de mais nada fazer."

J. : - Obrigado pelo consolo, amiga Clarice! Eu precisava muito disso.


Clarice Lispector:
- " Umas das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava uma táxi. ... "

J. : _ Como? Como assim, Clarice? Como me diz isso assim? ( espantado com a descoberta)

E Clarice Lispector continuou a dizer:

Clarice Lispector : _ " ... E desde logo desejando você , esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. ..."

J.: ( vermelho de vergonha e em silêncio)

E Clarice Lispector continuou...

Clarice Lispector : _ "...Por isso , não faz mal que você não venha, esperarei quanto tempo for preciso."

J.: ( sem nada a dizer e aquele silêncio pairou no ar )

Eu sem nada a dizer... simplesmente disse um boa noite e desliguei...
A timidez me maltrata! rs
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janom
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MensagemAssunto: Re: OBRIGADO DRUMMOND POR FAZER O AMOR SER IMPOSSÍVEL PRA MIM!!!   OBRIGADO  DRUMMOND POR FAZER O AMOR SER IMPOSSÍVEL PRA MIM!!! Empty20/8/2014, 20:45

Estava eu outra noite sentado na calçada, meio cabisbaixo, pensando na vida, nas decepções , nas descobertas e de repente me deparei olhando céu estrelado , na imensidão das estrelas e até parecia que podia ouvi-las a cada piscar ...
Foi então que num momento que pensamos ato demais, indaguei:
_"“Ora ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!"

E nesse momento passava um conhecido meu pela rua... um boêmio, o amigo Olavo! É... este mesmo que você pensou ... O Olavo Bilac! _ Pois é... Tenho muitos conhecidos escritores! Acho que sou um tipo de "highlander", vivo através dos tempos... rs Mas retornando ao assunto...

Amigo Olavo me viu ali parado, indagando para o céu ... De repente, ele parou ao meu lado, encostou-se no muro e começou a declamar um de seus poemas, como quisesse me consolar...

Olavo Bilac: - "... E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…

E conversamos toda a noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”

J. : _ Uma palavra amiga é sempre bem vinda ! Obrigado, Bilac, pelas palavras e companhia. É bom ter amigos!

Bilac deu um tapinha em meu ombro agradecendo e prosseguiu sua caminhada noite "afora"...

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MensagemAssunto: Re: OBRIGADO DRUMMOND POR FAZER O AMOR SER IMPOSSÍVEL PRA MIM!!!   OBRIGADO  DRUMMOND POR FAZER O AMOR SER IMPOSSÍVEL PRA MIM!!! Empty20/8/2014, 23:24

Continuei sentado , olhando o tempo  e me vi pensando sobre citações paralelas sobre a vida ... E de repente me vi em análise e refletindo...

Friedrich W. Nietzsche: O solitário - A Gaia e a Ciência
_ "Detesto seguir alguém assim como detesto conduzir.
Obedecer? Não! E governar, nunca!
Quem não se mete medo não consegue metê-lo a
         ninguém,
E só aquele que o inspira pode comandar.
Já detesto guiar-me a mim próprio!
Gosto, como os animais das florestas e dos mares,
De me perder durante um grande pedaço,
Acocorar-me a sonhar num deserto encantador,
E forçar-me a regressar de longe aos meus penates,
Atrair-me a mim próprio... para mim. "

E continuei ouvindo Nietzsche  em meus pensamentos, mas desta vez me vi arremetido  em sua obra "Cada um Tem o Seu Conceito de Felicidade - Aurora"

"Friedrich W. Nietzsche: _ Muita gente só é capaz de uma felicidade reduzida: o facto de a sua sensatez não poder proporcionar-lhes mais felicidade não constitui um argumento contra ela, não mais do que se deve ver um argumento contra a medicina no facto de serem algumas pessoas incuráveis e outras sempre doentias. Que cada um possa ter a hipótese de encontrar justamente a concepção da vida que lhe permita realizar o seu máximo de felicidade: isso não impede necessariamente que a sua vida permaneça lastimável e pouco invejável."

Eu em pensamento: - Esse é o cara! Começarei a escrever a minha história, o meu conceito felicidade e pararei de seguir normas de outrem de como devo fazer para ser feliz.

Mas eu, com minha mania de viajante do tempo ... às vezes me sinto preso ao passado ...
Lembrei-me de Franz KafKa - Vivemos Presos ao Nosso Passado e ao Nosso Futuro - Diário (1910)

"Vivemos Presos ao Nosso Passado e ao Nosso Futuro A nós ligam-nos o nosso passado e o nosso futuro. Passamos quase todo o nosso tempo livre e também quanto do nosso tempo de trabalho a deixá-los subir e descer na balança. O que o futuro excede em dimensão, substitui o passado em peso, e no fim não se distinguem os dois, a meninice torna-se clara mais tarde, tal como é o futuro, e o fim do futuro já é de facto vivido em todos os nossos suspiros e assim se torna passado. Assim quase se fecha este círculo em cujo rebordo andamos. Bem, este círculo pertence-nos de facto, mas só nos pertence enquanto nos mantivermos nele; se nos afastarmos para o lado uma vez que seja, por distração, por esquecimento, por susto, por espanto, por cansaço, eis que já o perdemos no espaço; até agora tínhamos tido o nariz metido na corrente do tempo, agora retrocedemos, ex-nadadores, caminhantes atuais, e estamos perdidos. Estamos do lado de fora da lei, ninguém sabe disso, mas todos nos tratam de acordo com isso."

E sempre aprendendo com grandes sábios!  Preciso me lembrar de continuar me mantendo no presente e começar a viver o Hoje!

E de repente Franz Kafka surgiu novamente como  que dando um conselho sobre humildade  ...
Franz kafka - A humildade é a base da sociedade

"A humildade oferece a todos, mesmo ao que se desespera na solidão, a relação mais forte com o semelhante, e, na realidade, imediatamente, mas, com certeza, só no caso da humildade completa e duradoura. Ela é capaz disso por ser ao mesmo tempo a verdadeira linguagem da oração e a mais sólida das ligações. A relação com o semelhante é a relação da prece; a relação consigo mesmo, a relação do esforço para alcançar algo; a energia para esse esforço é extraída da oração. Podes conhecer outra coisa que não seja a fraude? Fosse ela um dia obstruída, tu de modo nenhum poderias olhar para lá a não ser que quisesses transformar-te numa estátua de sal."

J. : Concordo! Não há nada de errado em ser humilde, não existe fraqueza na humildade. Humildade é diferente de humilhação. É nobre!


E naquele paralelismo dos meus pensamentos, eis que surge as palavras de:
"Sigmund Freud  - Civilização imposta por uma minoria
- É curioso como os homens, que tão mal sabem viver isolados, se sentem, no entanto, pesadamente oprimidos pelos sacrifícios que a civilização espera deles a fim de lhes possibilitar que vivam em comum.
(...) A civilização é coisa imposta a uma maioria recalcitrante por uma minoria que descobriu como apropriar-se dos meios de poder e coação."

J. :  - Tens razão!
É , Freud! Agora  com suas palavras me fez lembrar do colega Kavernista  aqui do fórum  com seus discursos acalorados sobre a minoria...

Agora chega de paralelismo ! Desliga cérebro, desliga!
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kmilinhaaa
Novato(a)
Novato(a)
kmilinhaaa

Mensagens 20
Inscrição 31/08/2014
Idade 35
Pensamento O amor é uma dádiva que parece não caber nesse jeito fácil de virar as esquinas do mundo moderno.
Gênero : Feminino

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MensagemAssunto: Fernando Pessoa    OBRIGADO  DRUMMOND POR FAZER O AMOR SER IMPOSSÍVEL PRA MIM!!! Empty3/9/2014, 23:42

Por isso que gosto do fernando pessoa quando ele diz :

"O amor romântico é como um traje, que, como não é eterno, dura
tanto quanto dura; e, em breve, sob a veste do ideal que formamos, que se
esfacela, surge o corpo real da pessoa humana, em que o vestimos. O amor
romântico, portanto, é um caminho de desilusão. Só o não é quando a
desilusão, aceite desde o princípio, decide variar de ideal constantemente,
tecer constantemente, nas oficinas da alma, novos trajes, com que
constantemente se renove o aspecto da criatura, por eles vestida." (Fernando
Pessoa)

"Nunca amamos alguém. Amamos, tão-somente, a ideia que fazemos
de alguém. É a um conceito nosso - em suma, é nós mesmos- que amamos.
Isto é verdade em toda a escala do amor. No amor sexual buscamos um prazer
nosso dado por intermédio de um corpo estranho. No amor diferente do sexual,
buscamos um prazer nosso dado por intermédio de uma ideia nossa. (...)
As relações entre uma alma e outra, através de coisas tão incertas e
divergentes como as palavras comuns e os gestos que se empreendem, são
matéria de estranha complexidade. No próprio ato em que nos conhecemos,
nos desconhecemos.
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