acredito que sou monogâmica, mesmo que tenha interesse, ao menos pelas ideias de poliamorismo e relação aberta. Penso que estaria aberta a experimentar um relacionamento assim uma vez, ou por certo tempo.
eu acho que tanto monogamia quanto poligamia podem ser naturais, assim como tanto introversão quanto extroversão são naturais, ter essas formas de viver apenas aponta para a variação de necessidades que existem na nossa espécie. Portanto não concordo com quem diz que monigamia é antinatural, ao contrário da poligamia ou do poliamor.
Me vejo como uma pessoa que tende mais para a monogamia por exemplo, pois sou uma pessoa mais tranquila, caseira, que levo muito tempo para me abrir para alguém, e levo mais tempo para me adaptar a presença de alguém na minha vida, construir relação e manter ela. Ou seja, sou alguém mais fechada, que demora a desenvolver apego, com o nível de dedicação e tempo que preciso direcionar para alguém até conseguir incluir essa pessoa na minha vida e nos meus sentimentos, a construção de vínculos com múltiplas pessoas vai ficando mais complicada para mim. E isso sem considerar o tempo que dedico para outras atividades e meu tempo pessoal. Na verdade, hoje inclusive sou uma pessoa de poucos amigos também por causa disso tudo. Então, uma relação poliamorosa parece muito pouco provável para minha natureza.
Já para as relações abertas, parece sem sentido em parte. Ok, eu poderia beijar uma ou outra pessoa fora da minha relação principal, mas eu geralmente sou bem o contrário de um radar alerta de pessoas, a ponto de dificilmente despertar esse tipo de interesse por alguém. De certa maneira teria facilidade de me acomodar numa relação e sempre obter interações românticas-sensuais e sexuais só do meu parceiro, então não veria benefícios relevantes em aderir a esse modelo de relação. Mesmo assim a ideia de uma certa liberdade de ir e vir e poder deixar rolar o que quer que fosse sem culpa me atrai, mesmo sabendo que na prática dificilmente viveria isso. Até por que tem o fato de que quanto mais me torno apegada a alguém, mais me sinto territorialista com a pessoa, mas acho que até esse sentimento eu poderia lidar se começasse a trabalhar esse modelo de relação cedo, na fase em que ainda não estivesse tão apegada à pessoa. Eu gosto do conforto de encontrar uma pessoa com quem conviver, ter ela na minha vida e rotina, não sei como lidaria com partilhar essa atenção romântica com outros.
sobre o por que a monogamia é hoje o modelo padrão e normativo da nossa sociedade, concordo com o que alguns já postaram aqui. Vejo que há vários pontos históricos reforçando a existência desse modelo como predominante hoje. A monogamia foi uma estratégia de sobrevivência na época das cavernas. Depois, se tornou um meio de administrar melhor propriedades(incluindo a propriedade sobre a mulher e filhos). Historicamente foi mais fácil de manter economicamente do que a poligamia. Basta ver que nos países que existe prática legal da poligamia, o homem tem a condição de ser financeiramente próspero para bancar todas as possíveis esposas e filhos.
E além disso, no caso de países com predominância cristã, há atualmente uma defesa da monogamia como valor. Embora esse pensamento de predominância monogâmica não tenha surgido no cristianismo. E predomina até em países não predominantemente cristãos, basta ver como é no japão por exemplo. São altamente tradicionalistas nesse quesito, e monogamia predomina, sem ser um valor causado por valores religiosos.
Quanto a formação de família a partir de formações poliamorosas: dá para ver que é bem possível, já li relatos de alguns praticantes do poliamor e suas relações com filhos e tal. Na verdade a criança precisa de pessoas que se dedicam, que estão presentes na sua infância educando. As familias poliamoristas podem facilmente pegar exemplo de sociedades mais comunitárias, mesmo como a dos indígenas, em que os filhos são olhados por todos, não são uma questão dessa ou daquela familia,e até melhora o desenvolvimento das crianças. Nas demandas da nossa atual sociedade, com divisão de tempo e trabalho, talvez famílias poli tenham mais sucesso ao criar as crianças justamente por que terão mais pessoas ali se dedicando a educação e formação da criança, dividindo as responsabilidades pelo bom desenvolvimento dela.
Minha opinião é que a maior dificuldade para relações poliamoristas se tratariam de rótulos para todos os parceiros e questões envolvendo a vida civil e legal, caso uma união legal entre todas as partes fosse decidida. Haveriam problemas em união civil, registro de filhos na relação, possíveis divórcios, e coisas assim. E questões de preconceito, óbvio.