Oi gente

Eu queria relatar um caso meu que pensei que poderia se encaixar em depoimentos, mas acho que pode ser útil aqui mesmo, porque é algo sobre assexualidade, sobre como ela se manifesta, ao menos uma de suas muitas formas.

Eu lembro e já devo ter relatado muitas vezes aqui e também testemunhei muita gente se sentindo muito mal com não achar um parceiro compatível, devido a assexualidade, eu inclusa (como disse). Desde que me identifiquei como assexual, isso tem quase dez anos, finalmente cheguei num ponto em que talvez possa achar um parceiro, uma parceira. E agora estando tão perto e me sentindo bem para conseguir isso, eu me vejo em uma situação que eu não quero mais, eu não quero mais achar uma pessoa para viver ao meu lado, assim como flertar por alguma razão deixou de ser tão interessante. Ainda me vejo como assexual romântica, mas uma assexual romântica que não quer romance.

Digo isso porque me sinto próxima de comprar brinquedos adultos, e quanto mais penso nisso, mais me vejo numa situação em que não preciso de ninguém para me fazer companhia. Agora que poderia ter alguém, como sempre quis, não quero, mesmo podendo. Irônico, não?

O que quero dizer é que talvez essa incompletude nossa, de assexuais românticos, pode ser do fato de estarmos presos demais a ideias de que só somos completos quando temos alguém, como se nossa identidade sexual só existisse com alguém do lado.

Só que agora que tenho um poder econômico maior, eu não quero me curvar a ideias de romance que me fazem não viver a vida ao seu máximo de acesso a conhecimento e experiências de coisas materiais que posso ter, e que uma pessoa jamais vai ser capaz de me dar, por mais rica que seja, porque eu vou estar me provendo isso e isso basta.

Isso dito aqui, parte de uma perspectiva assexual transfeminina, e isso, por si só, já é um mundo a parte.

Eu acho que os relacionamentos são importantes para qualquer pessoa, independentemente da sua sexualidade. Antes dessa maluquice de pandemia começar, eu tive a oportunidade de viajar por 30 dias conhecendo outros costumes, crenças, culinária, etc. Eu estava gostando tanto da experiência que até tinha esquecido que depois desses 30 dias eu teria que voltar para a minha vida normal rs. Mas uma coisa me incomodava o tempo todo: eu estava sozinho. Eu tinha tempo, dinheiro, liberdade, saúde e um clima maravilhoso, mas não tinha ninguém para compartilhar comigo os bons momentos, as descobertas, os lugares, os micos, etc. Certas coisas você não preenche com bens materiais. A viagem foi ótima, mas acho que teria sido ainda melhor se eu tivesse com quem compartilhar a experiência. Quando voltei fiquei com a impressão que viver tem muito mais a ver com o verbo  'compartilhar' do que com o verbo 'possuir'.

Bom, eu concordo com o Sohen. Por mais que eu não tenha grande energia sexual, sinto falta de alguém pra um relacionamento, companherismo e parceria!
Mas acho que se você não quer ter alguém, tudo bem também - e acho que isso nem se relaciona diretamente a ter brinquedos sexuais não. Eu tenho brinquedos e ainda queria um namorado! kkk
Adquiri meus primeiros brinquedinhos recentemente e achei uma experiência incrível! pois a excitação sexual e o prazer que nunca alcancei com alguém, eles me trouxeram de outra forma, e foi ótimo descobrir como é sentir isso! e saber que também posso usá-los com um parceiro.
Não tenho desejo sexual por sí só, mas nos brinquedos vejo uma forma de sentir prazer que posso desbravar em conjunto com um parceiro não ace, assim talvez seja uma forma de satisfazer ambos, e finalmente, talvez conseguir ter um relacionamento..