Como eu não li tudo ainda (são 4 páginas e eu tô com fome), vou falar sobre alguns argumentos pró-relacionamento aberto que li em diversas discussões na internet e que me incomodam bastante:
• Sobre o que Léo falou:
“Essa é outra coisa condicionada, ou você "ama" um ou "ama" outro. Nunca os dois? O.o pq?”Acho muito injusto falar que algo é puramente condicionado. Ora bolas, se alguém falasse que eu só quero ter filho (não é meu caso) pq a sociedade empurra a maternidade pra todas as mulheres, eu ficaria ofendida pq dá a entender que eu não tenho autonomia pra saber e escolher o que é melhor pra mim. O mesmo vale pra monogamia e pra várias outras coisas (por isso que sou contra essa dicotomia "100% livre arbítrio X 100% condicionamento").
• Creio que nem todo mundo pode
escolher ser poli/monogâmico. Eu, por exemplo, não conseguiria nem a pau ser poligâmica! Eu tenho uma espécie de "visão túnel": quando gosto de alguém, eu só consigo "enxergar"
aquela pessoa (e tem mais gente assim, inclusive (a)sexuais do fórum da AVEN). Acho que algumas pessoas SÃO monogâmicas e outras OPTAM pela monogamia (e o mesmo vale pra poligamia/poligâmicos).
• Discordo de se usar "relacionamento livre" como sinônimo de "relacionamento aberto". Nem todo mundo que opta pela monogamia e/ou que é monogâmico se sente numa prisão. ;)rs
• Algumas pessoas acabam insinuando (ou até mesmo declarando abertamente) que relacionamentos abertos são mais éticos, mais maduros, mais honestos, mais isso e mais aquilo do que os monogâmicos¹. Não tem essa de poligamia ser melhor que monogamia, nem de poligâmicos serem melhores que monogâmicos (e vice-versa). É aquilo: a pessoa tem que se conhecer bem primeiro pra saber qual tipo de relacionamento é o melhor
PRA ELA.
• Outra coisa que me incomoda é condenar/julgar quem sente ciúmes. Acho isso tão prejudicial quanto apontar na cara de um poligâmico e falar "Hey, você é uma pessoa ruim, imoral, whatever por sentir atração (romântica e/ou sexual) por mais de uma pessoa". Pra mim, o que se deve ser analisado é o comportamento da pessoa (e suas consequências negativas, caso haja), e não o que ela sente².
• Odeio aquela ideia de que só opta pela monogamia ou é monogâmico quem tem algum problema (sentimento de posse, sofreu lavagem cerebral pelo capitalismo/patriarcado, imaturidade, tá indo contra a natureza humana [?], etc) e que quem prefere a poligamia é, de alguma forma, mais iluminado e superior por ter se livrado do "demônio da monogamia"³. Mesmo que haja influências culturais, não se pode menosprezar a escolha de um estilo de vida diferente.
• Por fim, sou contra o argumento de que as pessoas que traem são meio que poligâmicas oprimidas. Me desculpem mas, pra mim, uma pessoa escolhe trair por canalhice e falha de caráter, e não pra saciar um desejo reprimido. Na minha opinião, se desejo não serve como desculpa pra estupro, também não serve como justificativa pra traição. (Gostaria de achar agora o link de uma reportagem que postaram na AVEN falando que muitos que traem não optariam por um relacionamento aberto, por causa daquela ideia de que "tudo que é proibido é mais gostoso". Se eu achar, posto aqui.)
Enfim, sendo beeem clichê agora, eu acho que a solução é reconhecer que nem todo mundo funciona da mesma maneira e dar liberdade para cada um escolher o que é melhor para si.
¹ Já vi até gente falando que se um cara é traído, ELE é que é cretino, pq ele tá tratando a namorada como posse e reprimindo a liberdade sexual dela. ¬¬”
² Seria o mesmo que, se eu (demissexual) estivesse namorando um sexual, o condenasse por sentir atração sexual por estranhos. Nem todo mundo funciona da mesma forma, felizmente!
³ Tipo quando alguns religiosos falam que prostitutas estão sendo manipuladas pelo “demônio da prostituição”. Achei que essa analogia cairia bem aqui.
PS.: me desculpem pelo post enorme. Normalmente já sou prolixa e redundante; quando o assunto é polêmico, então, nem se fala...