Oi, Deus amigos, sou eu de novo.

Mais um pequeno (mentira, talvez seja grande, porém é bonitinho falar assim) desabafo, umas reflexões casuais da minha experiência nessa vida.

E como sempre é ótimo ter alguém pra refletir, pensar com você, e o acolhimento dessa comunidade é tão amoroso, estou aqui.

Não é nada sério, mas estava pensando nas seguintes coisas:

Eu tenho uma amiga do ensino médio, nos formamos ano passado, e desde o início da pandemia não nos vemos, junto com nossos outros amigos. Isso até ontem, fomos ao cinema juntos (ela, um grande amigo nosso e eu). Ver ela de novo pessoalmente, finalmente, me fez pensar mais, porque ela é muito fechada e insegura e quase não usa o famoso whatsapp.

A verdade é que no nosso trio, somos todos introvertidos, especialmente ela e eu, ela é super tímida, fechada, fala pouco, mas é uma pessoa muito maneira. Eu, sou muito tímida também, mas nem tanto, eu gosto de me expressar, fazer piadas, brincadeiras, poses, danças, mesmo sendo fechada a maior parte do tempo, o problema é: minha extrema insegurança, que não me permite ser nada disso. Eu geralmente só rio, falo, brinco, porém num tom mais passivo, por medo de chatear alguém ou não ter efeito positivo (eu já magoei pessoas com um jeito mais rígido e algumas brincadeiras no passado, então realmente tenho essa dificuldade de me expressar hoje). E apesar de amigas, por todos esses pontos, nós não somos muito próximas, nós zoamos, nos falamos, mas nunca foi algo muito profundo, apesar de toda a consideração (e essa pandemia só piorou tudo)

E bem, admiro muito ela e tals, só que eu tenho uma certa sensação de que essa admiração é um pouco desproporcional, não sei explicar, não sinto como se ela fosse diferente, superior pra mim, nem nada disso, mas é como se eu tivesse uma sensação levemente diferente com ela. É como se eu quisesse ver mais dela, falar mais com ela, como se eu tivesse grandes expectativas com ela, acho que essa é melhor expressão, se ela se mostra, eu presto mais a atenção, fico um pouco mais tímida e cuidadosa perto dela, justamente por sentir uma certa fragilidade na nossa relação, e não quero tornar mais desconfortável (mas também tenho medo e não sei como melhorar)

Eu muitas das vezes me pergunto o que poderia ser toda essa diferença, toda essa atenção e preocupação, todo esse desejo e expectativa em relação a ela, mesmo ela sendo tão distante... Já pensei muito se eu poderia gostar dela, ou ser algo muito parecido com paixão. Porém não é nada forte, não é um DESEJO, parece uma sensação leve dentro de mim.. Mas os questionamentos vêm sim, eu tento imaginar cenários pra entender como eu me sinto, estando mais com ela, até mesmo num relacionamento com ela, casada com ela... E eu não sei. Eu não odiei os cenários, especialmente de um casamento, imaginando uma rotina calma em casa, tomando chá, fazendo tarefas, conversando e cuidando uma na outra numa casa tranquila... Realmente achei algo bem bonito. Mas será que é isso?

Será que só porque eu acho bonito, agradável, gostaria da companhia dela, isso significa que é esse o meu desejo?

Até aonde eu sei, sou assexual heteroromântica (sinto atração pelo sexo oposto, no caso, masculino), e minhas relação com os homens é totalmente diferente. É bem óbvio. Eu sou super reservada e cuidadosa, também não gosto de entrar em relacionamentos com pessoas que mal conheço ou que não tenha algum vínculo forte de confiança ou amizade, o que também não me impede de admirar e me sentir atraída, ou me chamarem a atenção (não sexualmente, mais a aura, a personalidade ou aparência) caras que não conheço. Por isso mesmo nunca entrei num relacionamento, e sequer sei muito sobre como funciona. Na verdade, ultimamente, com apenas 19 aninhos, apesar de gostar de romance, ter um extremo carinho pelas pessoas, gostar de demonstrar carinho (apesar de não ter esse costume), querer casar e estar em um relacionamento, hoje, não sinto essa necessidade e é normal, acredito que não estou num bom momento para isso. No entanto, se eu gosto de um cara ou me apaixono, fica tão óbvio, eu sei dizer quando tem algo crescendo dentro de mim, e sei dizer quando eu estou ferrada, porque sei que vou acabar me apaixonando por tal pessoa. Consigo me imaginar beijando e trocando qualquer tipo de carícia física com um homem (que minha personalidade permite, e com exceção do sexo), mas no caso de mulheres, eu não sei dizer, e me preocupo em me equivocar.

Então será que com ela é o mesmo?

Tá confuso nesse nível.

Eu fui pesquisar se era normal ter muitos devaneios com pessoas que nós admiramos, pois se eu vejo alguém bonito, ou alguém com carisma, enfim que me chame a atenção ou que eu goste, conhecido ou não, eu tendo a imaginar, imaginar relacionamentos, vida de casado, pra ver como eu me sinto, principalmente porque não sei como é ter tudo isso. Spoiler: não consegui.

Mas achei coisas interessantes.

Muitos profissionais concordam unanimemente que é normal ter essas idealizações quando se gosta de alguém. Que quanto mais distante essa pessoa, mais você idealiza, é basicamente o que acontece na paixão. E que quanto mais você conhece a pessoa, suas idealizações tendem a diminuir, porque meio que caem por terra, e a paixão também vai diminuindo até se tornar nula, ou quase isso, saindo do "platônico".

Um pouco além da paixão, isso me fez relacionar esse raciocínio com essa dúvida que eu tenho. Será que eu apenas quero me aproximar dela, gosto tanto dela, e quero que sejamos mais amigas, porém como não somos tão próximas e nossas dificuldades formam barreiras, eu tendo a imaginar? Meio que criando essas fantasias? Ou seja, nada de romance.

Mas também não excluo a possibilidade do romance, que é minha segunda teoria. Porque eu gosto tanto dessa ideia de ser mais próxima a ela, de poder demonstrar meu carinho e tals, o fato de eu não desgostar de estar junto dela com frequência... Eu claramente gostaria de demonstrar mais carinho a ela. E se por acaso eu tiver a confirmação de que isso é um sentimento romântico, talvez eu de fato seja biromântica... Mas fica no ar.


Eu acredito muito que sobre problemas da vida, nossa melhor escolha é só encará-los, não esperando solução perfeita, ou ficando parados e só deixando passar. Nem sempre procurar respostas demais, é a melhor opção, mas é sempre bom contar com uma boa troca de ideais. E escrevendo isso, estou pensando no que fazer pra talvez encontrar uma resposta.

Decidi me aproximar mais dela, e dos meus amigos como um todo, tentar ir aos poucos me expressando e sendo mais carinhosa com eles como eu gostaria, e talvez, especialmente com ela, principalmente por sua natureza mais afastada e insegura, e vou ver no que dá.

Gostaria de ler alguns comentários, se possível. Sei que não é fácil ler isso tudo, ainda mais não sendo algo sério kkkkkk Mas se você leu, obrigada

Oi, Rising Sun

Confesso que, na vida, eu sou como sua amiga. Há dias em que não suporto aquele Whatsapp e se deixar, me refugio do contato social por dias a fio. Quando acham que eu não sinto nada, é quando minha mente está mais frenética.
Uma coisa que você disse, sobre esse aparente não-aprofundamento da amizade, soou exatamente como uma amiga minha a um tempo atrás. Porém, falando pela perspectiva da criatura fechada e insegura, para mim, nossa amizade teve sim muito aprofundamento e estou constantemente pensando nisso, pensando nelas. Apenas tenho dificuldade de demonstrar e de ter atitudes.
Obviamente, não posso falar pela sua amiga, mas se diz que ela é tímida e insegura, existe uma boa possibilidade de ela não demonstrar importância da forma como realmente sente. Então se puder dar um tanto mais de atenção à ela e seus outros bests — respeitando seus limites e suas colheres — acredito eu que não seria ruim, nem para você, nem para eles. Às vezes, para nossa trupe de introvertidos, manter contato exige bastante energia (e pode ser mais do que a que temos no momento).
Quando a clareza da sua atração, considere que, falando em um contexto de moral vigente, se espera de garotas que gostem de garotos (sempre essas velhas caixinhas limitantes). Então, talvez tenha conhecido e explorado sua atração pelo gênero oposto a mais tempo, logo vai parecer muito mais óbvio para você. Caso venha, porventura, descobrir uma atração pelo mesmo gênero, saiba que é um processo bem subjetivo e, na maioria das vezes, dificil.
Portanto, se quer minha dispensável opinião, não se force a rotular seus sentimentos, pelo menos enquanto parecem tão confusos. Tenha consciência de que, o que quer que essa sensação se revele ser mais tarde, está tudo bem, apenas seja leve no processo. Não fique encucada, pensar demais é um perigo e tanto, gera angustia.
Se aproxime da sua amiga, tente entender esse sentimento e até explorá-lo; mas vá com calma. Você diz que o interesse parece desproporcional, então não se jogue de cabeça numa poça, nem se retraia totalmente. Um meio termo é bacana, saca?
Se quer um conselho sincero, também não espere desesperadamente retornos. Faça porque quer, porque sente que te faz bem e evite se machucar desnecessariamente.
E cuidado com sua mente. Sei que imaginar cenários pode te ajudar a desvendar esse mistério, mas mantenha em mente que nem tudo que pensa é verdade é
e é definitivo. Tente não se forçar ou se sabotar, essas coisas machucam demaaaais e tem consequências horriveis.
Por último, de uma forma ou de outra, você é válida e incrível, ok? Não se esqueça.
Te desejo boa sorte em sua aproximação com seus amigos e que esse enigma acabe sendo um bom processo na sua vida, que não te cause angustia e seja esclarecedor.

Muito obrigada pela resposta tão atenciosa, Polaris!

Vou levar todos os seus conselhos em consideração, ressoaram muito comigo. E vou ter cuidado! É um desafio tentar se comunicar mais com introvertidos, pior ainda dos mais retraídos, mas seu comentário me deixou aliviada por lembrar que sobre minha amiga, esse pode ser apenas o jeito dela. Vou tentar ser mais compreensiva enquanto dou pequenos passos para ser uma amiga melhor, e ir observando meus sentimentos no processo. Vai ser um desafio interessante, apesar de ser introvertida também, sempre me sinto mal por não demonstrar, imagino que qualquer que sejam as respostas dessas minhas novas atitudes, vai ser uma boa experiência.

Adorei os conselhos de Polaris (:

Não sei ao certo o que te dizer, mas senti com muita alegria teu relato de descoberta dos teus desejos, mesmo que incertos.

Descobri que sou demissexual faz um ano mais ou menos. Também não sou exatamente uma pessoa tímida, mas acho que o desenvolvimento (ou não desenvolvimento rs) da minha sexualidade desconhecida, acabou fazendo com que eu desenvolvesse uma certa aversão ou sociofobia nos contatos com mulheres, principalmente desconhecidas ou que romantizava uma relação platônica de algum jeito. Acho que talvez por um medo de não conseguir entregar nada próximo do que se convenciona de um homem hétero. Por desconhecer minha sexualidade, acaba aplicando a norma social à minha pessoa, e nunca deu certo. Nem um pouco.

Acabou que esses contatos pra mim sempre se desenvolviam em ambientes mais "seguros", como ambientes de estudo ou através de amizades profundas. A única pessoa que consegui declarar um interesse foi minha primeira namorada. Apenas uma frase. Ainda bem que saiu da minha boca rs mas já estava tudo bastante encaminhado pelos desejos recíprocos e pelas amizades em comum. Meu primeiro beijo não foi exatamente declarado, mas foi um movimento de reciprocidade. Fora isso sempre foram as mulheres que tomaram iniciativas, muitas vezes bem exacerbadas.

Passei minha vida nesse dilema de querer manifestar o que estava sentindo mas nunca consegui. Até hoje batalho com isso, mas ainda assim nunca o fiz diretamente, a não ser através de olhares, que tenho desviado menos. Meu foco hoje em dia é a dança hahaha gosto muito. Mas nunca dá em nada, é engraçado.

Depois de algumas paixões platônicas que não aterrissaram nem um pouco na realidade, o que te diria é para, se possível, tentar não deixar com que essa energia mental escapula demais da realidade e se desenvolva sem nenhum respaldo na relação que tens com a outra pessoa. Por mais que não se consiga manifestar assertivamente, é possível aproximar-se, manifestar indiretamente os sentimentos (é uma loucura mas é melhor que nada hahaha), tentar trazer, do jeito que for, isso pra realidade. Acho que as mulheres são gentis e se sentem lisonjeadas quando percebem que existem interesses genuínos e não invasivos sobre suas pessoas.

Te desejando que essas energias se movimentem sempre que possível. Abração!

Obrigada pela mensagem, davilfs!

Poxa, conseguiu me identificar bastante com você kkkkk

Quando descobri minha assexualidade, me senti tão leve, tudo fazia sentido, era maravilhoso. Mas então, quando comecei a questionar o que era então o que a maioria das pessoas pensava e sentia... Acredito que é errado, mas passei a generalizar e ficar em confusa sobre o resto das pessoas, um pouco receosa com garotos, ainda mais preocupada sobre suas intenções e como seus sentimentos funcionam. Acho melhor eu questionar pessoas e amigos allosexuais para esclarecer tudo isso e não viver a vida paranoiando e me fechando.

E nem me fale sobre a questão de se expressar, como pode ser complexa! Me identifico muito com seu caso, eu realmente não consigo transmitir meus sentimentos, e as vezes a frase que for menos pior de sair da boca, será

Te desejo tudo de bom na sua jornada para se expressar mais, com certeza vai dar resultados! E amei a iniciativa na dança (sou completamente apaixonada, embora mais uma observadora do que praticante), vai fundo que vai render coisas incríveis.

E obrigada mesmo pelas palavras e encorajamento. Vou dar o meu melhor para desvendar esses sentimentos