Conforme postado antes no blog, trago para o fórum pois serve de resposta a algumas dúvidas bem frequentes que há por aqui, entre os novatos.
Este post consiste de um trecho do artigo a seguir:
O trecho passou por edições de formatação visual.
Assim como outras orientações sexuais, a assexualidade – ou a falta de desejo sexual não patológica -, sempre existiu, mas diferentemente da homossexualidade, por exemplo, nunca foi ilegal, imoral ou controversa. Até o advento da internet, os indivíduos assexuais relatam ter vivido em seu isolamento demográfico, desconhecendo a existência de outras pessoas que, como eles/as, travavam uma luta consigo mesmos/as e com a sociedade por serem diferentes da maioria. A partir do início do século XXI, a popularidade das redes sociais na internet facilitou a formação de comunidades construídas em torno de identidades assexuais.
As considerações preliminares sobre assexualidade apresentadas neste artigo – fundamentadas na perspectiva da AVEN – Asexual Visibility and Education Network -, mostram o baixo grau de visibilidade no qual vivem os indivíduos que não têm interesse na prática do sexo, assim como seus esforços no sentido de construir uma identidade sexual que seja legitimada, reconhecida e aceita pela sociedade.
O objetivo deste artigo é descrever e analisar a assexualidade – aqui compreendida como a sexualidade dos indivíduos que não têm interesse pela prática do sexo-, conforme apresentada pela comunidade assexual norte-americana AVEN – Asexual Visibility and Education Network, a partir do estudo do material contido no sítio virtual da organização.
A AVEN – Asexual Visibility and Education Network foi fundada em 2001 pelo jovem norte-americano David Jay, o qual relata que, desde sua adolescência nos anos 1990, sentia-se diferente de seus pares, não compartilhando suas expectativas em relação à atividade sexual e aos relacionamentos amorosos. A partir da percepção de sua falta de interesse por sexo e da falta de interlocutores sobre o assunto, decidiu, iniciar um fórum virtual de discussão sobre a falta de desejo sexual, buscando, desta forma, agregar outras pessoas que se sentissem como ele. Para sua surpresa, descobriu que eram muitas as pessoas que não se identificavam com os modelos de sexualidade existentes na sociedade. E, assim, nasceu a AVEN, que viria a se tornar, nos anos seguintes, a maior e mais importante comunidade de assexuais do mundo.
Segundo a AVEN:
Este post consiste de um trecho do artigo a seguir:
- Título: Saindo do armário: a assexualidade na perspectiva da AVEN–Asexual Visibility and Education Network
- Autor: Elisabete Regina Baptista de Oliveira, 2013.
- Publicado em: Seminário Internacional Fazendo Gênero 10.
O trecho passou por edições de formatação visual.
Introdução
Assim como outras orientações sexuais, a assexualidade – ou a falta de desejo sexual não patológica -, sempre existiu, mas diferentemente da homossexualidade, por exemplo, nunca foi ilegal, imoral ou controversa. Até o advento da internet, os indivíduos assexuais relatam ter vivido em seu isolamento demográfico, desconhecendo a existência de outras pessoas que, como eles/as, travavam uma luta consigo mesmos/as e com a sociedade por serem diferentes da maioria. A partir do início do século XXI, a popularidade das redes sociais na internet facilitou a formação de comunidades construídas em torno de identidades assexuais.
As considerações preliminares sobre assexualidade apresentadas neste artigo – fundamentadas na perspectiva da AVEN – Asexual Visibility and Education Network -, mostram o baixo grau de visibilidade no qual vivem os indivíduos que não têm interesse na prática do sexo, assim como seus esforços no sentido de construir uma identidade sexual que seja legitimada, reconhecida e aceita pela sociedade.
O objetivo deste artigo é descrever e analisar a assexualidade – aqui compreendida como a sexualidade dos indivíduos que não têm interesse pela prática do sexo-, conforme apresentada pela comunidade assexual norte-americana AVEN – Asexual Visibility and Education Network, a partir do estudo do material contido no sítio virtual da organização.
A AVEN – Asexual Visibility and Education Network foi fundada em 2001 pelo jovem norte-americano David Jay, o qual relata que, desde sua adolescência nos anos 1990, sentia-se diferente de seus pares, não compartilhando suas expectativas em relação à atividade sexual e aos relacionamentos amorosos. A partir da percepção de sua falta de interesse por sexo e da falta de interlocutores sobre o assunto, decidiu, iniciar um fórum virtual de discussão sobre a falta de desejo sexual, buscando, desta forma, agregar outras pessoas que se sentissem como ele. Para sua surpresa, descobriu que eram muitas as pessoas que não se identificavam com os modelos de sexualidade existentes na sociedade. E, assim, nasceu a AVEN, que viria a se tornar, nos anos seguintes, a maior e mais importante comunidade de assexuais do mundo.
FAQ
Segundo a AVEN:
- celibato: assexualidade e celibato são conceitos diferentes. Para a AVEN e seus membros, celibato é a escolha consciente pela abstinência sexual. Na assexualidade, porém, não existe a atração sexual por outras pessoas, portanto não há repressão ao desejo. Os/as assexuais fazem questão de enfatizar que a assexualidade não é uma escolha, sendo a falta de interesse por sexo uma característica do sujeito assexual, daí o caráter reivindicado de orientação sexual semelhante à heterossexualidade, à homossexualidade ou à bissexualidade.
- sexo e masturbação: a assexualidade não diz respeito ao comportamento do indivíduo assexual – lembrando que os/as assexuais são perfeitamente capazes de engajar-se em atividade sexual, mesmo sem atração -, mas refere-se exclusivamente à existência ou não de interesse por atividade sexual com parceiro/a. Neste sentido, a masturbação, por tratar-se de prática autoerótica, não entra em conflito com a definição de assexualidade proposta pela AVEN. Sabe-se que parte dos/as assexuais pratica a masturbação, sem que haja a necessidade ou a vontade de evoluir para a prática sexual com parceiro/a. Outros/as a praticam como alívio a uma necessidade fisiológica, sem estabelecer uma associação entre a prática da masturbação e o contexto mais amplo da sexualidade com parceiro/a.
- amor: os/as assexuais da AVEN fazem distinção muito clara entre amor e sexo. Parte dos/as assexuais sente interesse amoroso e deseja estar em relacionamentos românticos, preferencialmente sem atividade sexual; porém, também existem aqueles/as que não têm interesse nem mesmo por parcerias amorosas. A AVEN chama de românticos/as os assexuais que desejam um relacionamento amoroso, e de arromânticos/as, aqueles/as que não desejam. Outra constatação entre os membros da AVEN, é que alguns/mas assexuais românticos/as estão envolvidos/as em relacionamentos com pessoas não assexuais, surgindo a necessidade de negociação da existência ou frequência da atividade sexual, ou da formação de relacionamentos não monogâmicos.
A atração afetiva dos/as assexuais românticos/as pode ser direcionada ao mesmo sexo, a sexo diferente, a qualquer dos sexos, ou ser independente de sexo ou identidade de gênero; em relação ao alvo de interesse romântico, a AVEN classifica os assexuais como homorromânticos/as, heterorromânticos/as, birromânticos/as ou panromânticos/as, respectivamente. Foi necessária a criação de um novo vocabulário para descrever as experiências assexuais. Essas experiências parecem mostrar que existe uma orientação afetiva adicionalmente à orientação (as)sexual. Isso coloca assexuais homorromânticos/as e birromânticos/as na mesma arena de disputa por direitos do movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros), e também os/as transforma em alvo da mesma discriminação que esse grupo experimenta.
Além da experiência da homofobia relatada por assexuais de orientação afetiva diferente da heteronormativa nos fóruns da AVEN, mesmo os/as assexuais classificados como heterorromânticos/as relatam experiências de discriminação, pois a eles/as é atribuída socialmente uma homossexualidade presumida, por conta da não conformidade com os padrões heterossexuais dominantes na sociedade, sobretudo os padrões de masculinidade. Assexuais transexuais também relatam experiências de transfobia. Essas experiências discriminatórias têm na escola seu lócus privilegiado. Muitos dos relatos nos fóruns de discussão da AVEN apontam a escola como a primeira instituição na qual jovens e adolescentes assexuais tomam consciência de sua diferença em relação aos pares, bem como local da ocorrência de episódios de discriminação homofóbica e transfóbica.