Sempre me senti deslocada nos grupinhos na adolescência, principalmente quando começaram os comentários e interesses pelo sexo oposto. Até hoje eu não consigo prestar atenção nas pessoas com algum interesse romântico ou de cunho sexual, só presto atenção se conheço ou não as pessoas. Sou ingênua para identificar as cantadas.

Aos 14 anos comecei a frequentar as baladas e festinhas para não ser alvo das chacotas ficava com alguns garotos, mas não com real interesse por eles. Sempre gostei de desafios, então todo relacionamento que tive desde então foi mais joguinhos de conquistas do que de atração física, sexual ou romântica. Pois adoro desafios e a conquista pra mim era uma das preferidas, mas depois que conseguia chamar a atenção e despertar algum sentimento na pessoa, perdia a graça e partia pra outra.

Fui morar com um rapaz aos 19 anos. Onde tive minha primeira relação sexual, mas não consegui ver sentido nisso. Então para que não fosse um ato penoso pra mim, levei novamente para o lado da disputa e fazia-o cansar já que para ele, sexo era a melhor coisa do mundo e não abria mão de ter a toda hora, transei muito com ele não por prazer, mas pela disputa. Como se era de esperar não foi duradouro, me separei aos 21 anos com uma filha de 1 ano.

Depois disso não tentei nenhum relacionamento serio, só algumas poucas saidinhas, mas quando não tinha mais como fugir do sexo terminava os relacionamentos. Durante muito tempo me senti deslocada no mundo por não conseguir ver sentido no sexo. Procurei alguns médicos, que me prescreveram antidepressivos entre diversos diagnósticos. Mas nada disso me fez bem, muito pelo contrário cada dia isso me afastava mais de mim mesma e da possibilidade de ser feliz.

Aos 30 anos li pela primeira vez algo referente à assexualidade, me identificando de imediato e isso me trouxe muito alivio, afinal sou normal. Mas só procurei mais informações 2 anos após, onde cheguei aqui na comunidade. Li a maior parte dos posts existentes, como existem varias classificações, preferi não me rotular com nenhum deles. Pois acredito que durante a vida podemos nos enquadrar em uma classificação diferente. Pois dependendo do sentimento que tenho pela pessoa, aceito uma aproximação diferente, teve pessoas que adorava beijar, abraçar e tocar, outras só me sentia bem com a companhia, mas sem beijos ou toques. Se não estou sentimentalmente envolvida por alguém não sinto falta de me relacionar.

Atualmente estou com 33 anos e namorando, para minha surpresa sinto muita atração sexual e romântica por ele. Mas a atração sexual só acontece quando estamos juntos no calor do momento, fora disso não penso e nem sinto falta. Quando não estamos juntos sinto a falta da sua presença, das conversas, dos passeio, das risadas... Mas ainda não consegui chegar ao clímax com ele, mesmo desejando e querendo muito. Não consegui identificar até o momento o que me bloqueia.

Algumas pessoas podem questionar o fato de eu ser ou não assex pelo que vivo no momento. Mas para estas pessoas eu pergunto: O que define a assexualidade?

Pra mim é a forma como nos sentimos na maior parte da vida (aquilo que nos atrai mais). Não é uma escolha, bloqueio, trauma ou doença.  Por isso sou e continuarei a ser assex, independente do atual momento, quanto à classificação pouco me interessa, estou aberta para viver com intensidade cada acontecimento em minha vida. O importante da vida é ser e estar de bem consigo e abrir a mente e o coração para as oportunidades que ela nos dá.

* Desculpa se ficou grande demais, mas continua sendo um resumo.

Muito legal o que escreveu, talvez esse fato de, digamos, "instabilidade" no comportamento de assexuais é o que mais dificulta alguém a se reconhecer como tal, pois como você disse, mudamos várias vezes ao longo da vida, melhor mesmo é não se rotular... deve ter sido trágico ser diagnosticada com depressão em vez de assexual por um médico... Falta informação até na medicina...

INTERESSANTÍSSIMO! Obrigado por compartilhar conosco a sua história, Jade

Realmente muito interessante, acho legal ver que você se deixa permitir viver o que vem em cada momento da sua vida, acredito mesmo que o importante é ser feliz consigo mesmo. Boa sorte nessa sua nova fase.

Jade, que bom que você conseguiu se encontrar!
Foi muito ótimo ler o seu relato e pensar que muitas outras pessoas que podem estar passando por experiência similar à sua, possam se identificar com ela. Cada depoimento desse é uma contribuição para melhorar o autoconhecimento alheio.

Gostei do relato , pode ser útil para muitas outras pessoas.
Parabéns.