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Olá,
Nasci em 1963 e até agora não entrei na puberdade (disfunção da hipófise). Sou, então, uma criança de meia idade, sem libido. Sobre sexo sei muito, apenas na teoria, mas falta de sexo nunca foi um grande problema para mim. No entanto, parece que sexo é a coisa mais importante da vida para a maioria das pessoas, o que faz com que se torne um problema para mim também - afinal, no frigir dos ovos, as pessoas sempre sentem falta de algo. Eu acho graça deste mundo e acho que sou privilegiado por ter uma vida assim tão... sui generis.

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Turunah escreveu:
Olá,
Nasci em 1963 e até agora não entrei na puberdade (disfunção da hipófise). Sou, então, uma criança de meia idade, sem libido. Sobre sexo sei muito, apenas na teoria, mas falta de sexo nunca foi um grande problema para mim. No entanto, parece que sexo é a coisa mais importante da vida para a maioria das pessoas, o que faz com que se torne um problema para mim também - afinal, no frigir dos ovos, as pessoas sempre sentem falta de algo. Eu acho graça deste mundo e acho que sou privilegiado por ter uma vida assim tão... sui generis.


Olá, bem vindo!

Qual o nome da sua deficiência? Fiquei realmente curioso.

Um abraço.

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De modo geral, chama-se hipopituitarismo congênito, sendo que há várias síndromes relacionadas à esta disfunção geral da glândula hipófise. No entanto, meu caso não se encaixa em nenhuma delas. Em todas elas há um grande prejuízo na constituição física e mental, o que não ocorreu comigo. Sempre fui uma criança "normal" - o único problema é que continuo sendo (risos). Interessante, também, é o fato de meu organismo rejeitar tratamentos de reposição hormonal e indução da puberdade.
Meus raros coleguinhas: Haley Joel Osment http://apipadovovonaosobemais.blogspot.com/2010/12/ator-haley-joel-osment-tem-nanismo-raro.html e o brasileiro apresentador de tv Ferrugem.

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Nunca tinha observado algo assim. Muito interessante.

Mas você acha que isso realmente tem influência sobre seu comportamento sexual? Você poderia dar mais detalhes?

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Criança não tem libido, por mais que Freud diga o contrário. Sem a produção adequada dos hormônios sexuais, o máximo que uma criança pode se aproximar deste universo adulto da sexualidade é pela estimulação direta de seus órgãos mais sensíveis (sensibilidade oral, anal, fálica) mas, a princípio, desacompanhada de qualquer significado propriamente sexual. Uma criança não fica excitada sexualmente ao ouvir, ver ou pensar em sexo - pode ficar curiosa, interessada e, em caso de exposição prematura e violenta a este universo, ficar traumatizada. Para um impúbere, sexo é apenas uma daquelas curiosas e, talvez, perturbadoras, "coisas de gente grande" que ele poderá fazer mais tarde, quando crescer - estudar na universidade, trabalhar como médico, ter sua própria casa, ter filhos, dirigir carro... Sexo é um dos elementos de um vasto pacote de mudanças que a criança, aos poucos, vai compreendendo como sendo uma transformação radical e inevitável na vida de uma pessoa - que também inclui a perda de coisas muito importantes para ela.

Os primeiros sinais da adolescência são os primeiros estampidos desta revolução anunciada, provocada pela ação dos hormônios. As mudanças físicas, com o surgimento das características sexuais secundárias, juntamente com a explosão da libido, têm um significado psicológico muito mais profundo que uma mera questão de formação de gênero - o adolescente está preocupado com a transformação da espécie. É nesta fase que ele começa a se engajar na tentativa de compreender o mundo que o espera e que contraria em muito aquele mundo do qual ele está sendo forçado a sair: é o momento em que ele começa realmente a se preocupar mais com o tipo de ser humano que ele quer ser do que com o currículo da educação sexual. Além do mais, a ação dos hormônios sexuais começam a influir na diferenciação comportamental que embasa a opção de gênero: aumento da agressividade, no caso da testosterona, e ...?.... no caso das meninas. São modificações de humor que vão passar a nortear o modo como os jovens vão se comportar em sociedade, de modo geral e não apenas na intimidade de um evento romântico.

Este modo peculiar de ver o desenvolvimento sexual é típico de alguém que jamais teve experiência direta com ele. Parece-se com o relatório de um alienígena pedante (risos). Quando eu era bem novinho (2 anos de idade, aproximadamente), alguém percebeu que eu não crescia como as outras crianças e levou-me ao hospital. Disto em diante, exames médicos se tornaram rotina. Quanto ao problema imediato relacionado à hipófise, nada podia ser feito (como até hoje ainda não pode). Restava apenas o interesse pelo efeito secundário do nanismo (baixa taxa de hormônio de crescimento) mas, neste setor, a medicina apenas dava seus primeiros passos na pesquisa e desenvolvimento de um hormônio sintético, produzido a partir de hipófises de cadáveres. Nesta minha primeira infância, minha “doença” chamava-se apenas “nanismo” e, descontando-se o aborrecimento de conviver com ambientes hospitalares sem que eu me sentisse realmente doente, eu administrei bem os inconvenientes da baixa estatura e driblei satisfatoriamente os prejuízos advindos do preconceito contra os baixinhos.

Quando a idade tradicionalmente referida como “início da puberdade” foi se aproximando, eu ainda não apresentava um desenvolvimento físico compatível com o processo. Minha idade física real, nesta fase, era de seis anos aproximadamente, conforme diziam os exames da estrutura óssea. Foi, então, que o Doutor me alertou para o fato de eu não poder acompanhar as mudanças que iriam ocorrer naturalmente com meus amiguinhos da escola. E me explicou tudo detalhadamente, uma vez que eu, felizmente, não sofria do retardamento mental que costuma acompanhar a disfunção da hipófise (e o Doutor gostava de testar constantemente isto também e deixar claro que eu era “um caso especial”). Nesta época, então, o sexo foi me apresentado como um novo e ameaçador “problema” a ser enfrentado. Minha reação foi naturalmente infantil: era apenas mais uma coisa “errada” comigo, como se fosse crescer um rabo nas minhas costas ou meu nariz fosse ficar azul.

Comecei a interessar-me por anatomia, fisiologia, endocrinologia e sexologia, chegando a ler livros científicos para “conhecer-me melhor”. Pois o Doutor me dizia que era apenas uma questão de tempo: que eu cresceria um tanto a mais e, quando não fosse mais possível qualquer crescimento, eu seria finalmente recompensado com a tal “Testosterona Sintética” e tudo o mais o que costuma ser anunciado aos pré-adolescentes. Eu estudava também meus amigos: a mudança na aparência física, no timbre da voz, na personalidade, nos valores e na rotina do relacionamento. Qualquer criança levemente retardatária em seu desenvolvimento sofre a discriminação de seu grupo em plena mutação e comigo também aconteceu assim. Agora minha “doença” era “nanismo infantil”, com ênfase para o “infantil”. Mas no meu caso esta condição de “retardatário” iria durar muito tempo - e eu sabia disto.

E esta consciência de uma diferença quase absoluta afetou bastante a minha percepção dos fatos: enquanto os “relativamente retardatários” no desenvolvimento sexual podem desenvolver um leve sentimento de inferioridade, em mim ocorreu o contrário. Eu, ainda na perspectiva de minha infância, fiquei desapontado com a adolescência que via nos outros – eu não via sentido naquilo tudo e apenas percebia que meus amigos haviam mudado para algo nada agradável. Talvez este seja mesmo o modo como uma criança vê os adolescentes com os quais convive. Minha sorte é que a puberdade ainda tem muito da boa e velha criancice, que mesmo os sexuados reconhecem a sexualidade como uma coisa enfadonha e que há neste mundo muito futebol, cerveja e diversas outras coisas das boas. Assim, não me isolei e pude aprender muito sobre a vida jovem e adulta com estes meus amigos.

Paciência, me aconselhava o Doutor. Eu já tinha 26 anos, curso superior completo, profissão quase definida, conta bancária e carteira de habilitação e continuava fazendo o tratamento para o crescimento. Solteiro e virgem, eu me considerava um adulto como qualquer outro. Sorte que a minha constituição infantil (ausência de características sexuais secundárias) e minha virgindade não eram nenhum sintoma visível a olho nu, pois minha doença agora se chamava “nanismo infantil e virgem”, com a barba sempre bem feita sem nunca ter conhecido uma lâmina descartável. Os resultados eram cada vez menores com o hormônio de crescimento que eu ajudei a inventar. E eu havia já aprendido com meus amigos a parecer um baixinho adulto, maduro, responsável, heterossexual e romântico (o padrão, enfim), a ponto de me interessar por algumas mulheres, apesar de continuar sem libido alguma (Se elas aparecessem dançando nuas na minha frente, fariam muito menos impacto do que se elas me dissessem ou fizessem algo inteligente ou sensível).

Já convicto de que a sexualidade era o carro-chefe de qualquer civilização e que talvez ela fosse realmente o sentido da vida (que vida mais besta, meu Deus!), julguei que seria impossível que uma mulher, qualquer que fosse, se mantivesse romanticamente ligada ar mim se eu não pudesse lhe oferecer uma vida sexual qualquer. “Na horizontal é tudo igual” (desculpem-me a vulgaridade desta expressão) pode ser válida quando se trata de uma questão resolvida com fita métrica. Mas a questão estava relacionada à química... Então, que viessem as injeções de testosterona. As reações foram estúpidas: uma inflamação generalizada dos músculos, uma ansiedade que jamais senti antes, o corpo inteirinho ardendo de febre.... querem um exemplo? Imaginem uma balada ao som de rock metal e regada à mais pura cocaína dentro de um carrinho de montanha-russa, ao sol de meio-dia do janeiro mais quente. E imaginem também o dia seguinte...)

O efeito da testosterona é provocar uma explosão de crescimento, até que os ossos se consolidam e todo o crescimento cessa. Enquanto eu estivesse sem esta droga correndo nas veias eu continuaria crescendo naturalmente numa taxa imperceptível, indefinidamente até atingir esta consolidação. A testosterona mudou isto em pouco tempo. Eu atingi meus 1.50 metros atuais e ganhei uns poucos pelos aqui e ali. Conheci o que era ejaculação (que, sem a visão romântica que se aprende na puberdade, não passa de um outro catarro) e... não deu mais! A dor muscular era tanta, a febre, as ondas maníaco-depressivas eram tão frequentes e intensas (meu corpo reagiu alergicamente à “droga”) que tive de parar com o tratamento. Foi um alívio quando disse adeus ao Doutor.


Eu também disse adeus à tal Libido e àquela p... toda. Junto, foi embora a esperança de que pudesse um dia oferecer tudo isto a uma mulher, em troca de comermos pipoca abraçadinhos no cinema e trocarmos confidências para o resto de nossas vidas, felizes para sempre. Enfim, esta experiência toda jamais afetou minha sexualidade (ou falta de): talvez minha alma tenha deixado de ser infantil e abandonado algumas ilusões, mas adulta (sexuada) eu jamais farei questão de que ela se torne.

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Turunah escreveu:
Criança não tem libido, por mais que Freud diga o contrário. Sem a produção adequada dos hormônios sexuais, o máximo que uma criança pode se aproximar deste universo adulto da sexualidade é pela estimulação direta de seus órgãos mais sensíveis (sensibilidade oral, anal, fálica) mas, a princípio...


Caro Turunah... falar com você foi a experiência mais interessante que já tive nos últimos dois anos, desde que criei o site... melhor até do que conhecer a Daniela, Jâmily, e a Simone (brincadeira meninas!).

Bem... você viu três nomes femininos logo acima, certo? Não é por acaso... as mulheres são a maioria esmagadora entre os assexuais. Quais as razões por trás disso? Logicamente imaginamos questões biológicas. Pensamos no pênis, pensamos nos hormônios, pensamos no orgasmo, pensamos no próprio sexo... e realmente existem questões curiosas aí. Mas eu sempre tive dúvidas sobre esses "determinismos" e realmente como as coisas funcionam. Seu caso me deixa simplesmente fascinado.

Em síntese você está me dizendo que os hormônios produziriam em seu corpo, ou mais especificamente em suas mente, os mecanismos da erotização. Isso em teoria é fantástico e adoraria pesquisar com você mais sobre isso. Li toda sua declaração como quem aprecia algo doce.

Eu nas minhas pesquisas (que não foram muitas) entre os assexuais encontrei facilmente pessoas que diziam nunca ter experimentado o erotismo. Inclusive uma das meninas que citei acima poderiam se encaixar perfeitamente com sua descrição. Algumas chegavam até a dizer que mesmo se tocando era difícil ou mesmo impossível se excitar. Essas pessoas também diziam que não tinham problemas hormonais. E nada em seus corpos (ou nas fichas) mostrava tal diferença.

Quando observamos algumas questões sobre as mulheres, que citei acima... vemos que existe no mínimo uma curiosidade estranha... ao que parece o orgasmo das mulheres é maior do que o dos homens em intensidade e duração! E bem... elas praticamente não possuem período de latência... podem ter orgasmos múltiplos. Seus corpos são erotizados ao extremo... elas não conseguiriam olhar para suas pernas sem pensar em sexo... sua completa imagem estética transpira a sexualidade humana (logo cultural, erótica, etc). Acho que isso já é curioso o suficiente para questionar... por que então as mulheres são menos sexuais interessadas que os homens? Quais são suas especulações?

Outro ponto (de tantos que eu adoraria citar aqui... mas seria quase impossível) que você citou... ou que na verdade você deixa claro em suas palavras é seu desejo romântico. Que como você deve super é um sentimento complexo apoiado numa intelectualidade complexa. O que você deixa claro também é sua capacidade de elaboração emocional que me parece superior a minha, não duvidaria se você me disser que é poeta. Sua intelectualidade então... nem se fala.

Você parece ter sentimentos afetivos, os compreende e os deseja. Você parece apreciar momentos não-sexuais de puro afeto. E eu fico curioso como é possível que você consiga emular tal complexidade (até mais complexa que o sexo, na minha opinião) e não consiga fazer o mesmo eroticamente.

Erotismo até onde imagino é um processo puramente intelectual-emocional... envolve a compreensão de um determinado conjunto de conceitos... envolve a associação de objetos e fenômenos... envolve a capacidade criativa... e envolve a própria ignorância (afinal boa parte do "tesão" é pura adrenalina... o medo, a expectativa... logo... o problema é o não-saber), envolve as idealizações, idealizações tais que não precisam necessariamente de correlatos físicos... os conceitos emocionais parecem ser universais.

E por fim o erotismo se baseia nas reações fisiológicas do corpo... isso é... toda essa viagem está ancorada na ereção, na lubrificação feminina, nos simples batimentos cardíacos, etc. Lógico... boa parte da sexualidade-erotismo é pura performance... não tem qualquer demanda fisiológica... o que estou falando é da parte que se baseia, ao menos em tese, nas reações físicas.

A última observação que gostaria de fazer quanto ao erotismo é fazendo comparações com outras culturas... por exemplo... quem cresceu em ambiente puritanos geralmente tinha uma péssima concepção erótica... um garoto que viveu isolado de garotas ao encontrá-las não sabia o que fazer sexualmente, não sabia como fazer sexo... não sabia nem mesmo como era essa história de orgasmo, etc. E a ejaculação é um grande problema, como você citou... já que, como eu imaginava, existe uma forte e definitiva construção psicológica em torno do orgasmo que emula seus sentimentos... a ejaculação mal-cria o orgasmo... no máximo provoca alguma reações musculares, batimento cardíaco, seja o que for... mas nada tão mega-ultra-power poderoso... como as pessoas sentem (e outras nem tanto... já conversei com várias pessoas sobre essa questão... e mesmo entre os "normais" orgasmo é algo sentido de uma forma bastante diferente de um para outro... e novamente, o peso da culturação é importantíssimo aqui [homens são mais homogênios que as mulheres])

Outros grupos culturais terão erotizações diferentes... alguns irão valorizar os seios, outros não... alguns as bundas... outros não... o próprio pudor e a classificação do que é sexual (erótico) ou não irá mudar absurdamente de um povo para outro.

Bem... isso aí é pra começo de conversa. rs
Um abraço.

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Caro Admin,

Fico grato com suas palavras amigas e, sendo esta a primeira vez que falo abertamente sobre o assunto (não por falta de intenção de falar, mas por falta de ouvintes interessados), esteja certo que iremos conversar bastante, com muito prazer. Prazer maior será vir a conhecer Daniela, Jamily e Simone já que, neste fórum
Admin escreveu:
... as mulheres são a maioria esmagadora entre os assexuais


Concordo plenamente com sua observação clínica de que as mulheres são muito mais erotizadas que os homens. Foi sempre por parte delas que presumi uma certa exigência para que eu tivesse uma sexualidade plena. Meus amigos homens, já adultos, sempre me tratam como um rival no rebanho, por serem incapazes de perceber minha condição impúbere. Já as mulheres me olham com uma curiosidade felina estampada no rosto, parecendo detectar muito bem (e admirar) esta minha heterosexualidade de photoshop. Eu estaria sendo muito entomologista se dissesse que elas detectam a presença ou ausência de feromônios e nós, homens, não?

Mas discordo da sua conclusão de que elas são mais numerosas entre os assexuados. Minhas especulações:

As mulheres são a maioria esmagadora entre os que falam abertamente da própria sexualidade ou da ausência dela. Na sociedade patriarcal (e as matriarcais sempre foram raras e episódicas) em qualquer época ou parte do mundo, os meninos sempre foram proibidos de questionar sua sexualidade: sexo é pra se fazer, não para se falar. Apesar de antigamente ser mais frequente a virgindade em homens, apenas a das mulheres era valorizada. A virgindade ou assexualidade masculina nunca foi bem aceita socialmente, praticamente um tabu.

Hoje virou moda falar de sexo, é algo quase obrigatório (vinculado à a obrigatoriedade de se ser popular). Sexo vende qualquer coisa que for associada a ele. É uma atividade amplamente difundida, conhecida e praticada no mundo inteiro, qualquer que seja a raça, condição social, escolaridade, aparência física, idade... um mercado consumidor amplo e genérico. "Let's Do It, Let's Fall in Love"... e vamos colocar o galã da novela ou a gostosona da Playboy para vender sabão em pó de um jeito sexy. Tomara que a assexualidade também não vire moda, mas que apenas seja discutida com mais naturalidade do que como a sexualidade está sendo discutida hoje em dia.

Antigamente as mulheres sempre falaram sobre sexo entre si, longe dos ouvidos masculinos. Elas sempre se conheceram muito bem, assim como sempre conheceram muito bem seus garotinhos nus e despreparados. Deviam falar muito sobre a assexualidade de uns e outros homens (referida como impotência, indiferença, desinteresse). Mas presumo que jamais tenham falado entre si sobre a própria eventual assexualidade – que antigamente era conhecida como “frigidez” - uma vez que era tabu ainda maior perante ao destino casamenteiro, reprodutor, de receptividade serviçal, calada e conformada reservado pela sociedade à mulher antiga. Se a moça não gosta de sexo, que trate de fingir gostar.

Hoje elas podem falar livremente com o auxílio do anonimato – todos nós podemos. Mas, mesmo com esta facilidade, ainda é muito difícil para o homem falar sobre sexo, uma vez que até pouco tempo isto era “assunto de mulher”. A pressão milenar que foi exercida sobre o macho (e pelo próprio macho, principalmente) para que ele preservasse a cultura machista (viril) ainda pesa sobre nossos membros. Falar de assexualidade, então... nem se fala. As mulheres vêm fazendo reposição hormonal há muitas décadas. Mas apenas há poucos anos foi apresentado o Viagra ao macho de meia-idade, apesar de as duas tecnologias (basicamente hormônios) serem da mesma época.

Talvez nós, homens e mulheres que somos assexuados por uma razão ou outra, diferimos apenas por termos a ousadia de dizer o que todo mundo realmente já sente: que sexo não é isto tudo que a novela das oito nos propaga. As mulheres estão cansadas de saber que diante de uma partida de futebol, um churrasquinho com os amigos ou um cochilo gostoso no sofá, todo homem é meio “brocha”, apenas um molequinho. A batalha contra a assexualidade está apenas começando, neste fórum e em alguns outros. Agora a mulher pode dizer que é frígida por natureza ou opção e defender esta posição. O homem começa a pensar na possibilidade de assumir que “não é de nada” ou que “não está nem aí”. Do outro lado estará a mão invisível do Mercado, arregimentando seus especialistas para afirmar que falta de sexo é prejudicial à saúde e que o sentido da vida é dar uma boa foda regularmente.

Quanto ao romantismo, acho que nada tem a ver com sexo, embora a orientação sexual sirva para canalizá-lo. Eu acho que o romantismo é apenas a gentileza, a delicadeza, a fraternidade, a leveza, o lúdico, a poesia, colocadas sob cabresto para apenas poderem ser manifestadas onde não venham causar transtornos à ordem social. Que coisa mais romântica, inadequada e perigosa não seria enfiar um ramo de flor no cano de um fuzil durante um protesto contra a ditadura? ! O lirismo é tão imprudente e impertinente quanto um menino e este atrevimento, chamado amor, é mais típico dos homens que das mulheres - o que pensa Admin disto? E o que devem pensar disto as mulheres?

Eu tenho um tiquinho de veia poética também - coisa de criança - mas sou autor de apenas uma poesia. Eu a compuz quando me apaixonei pela terceira e última vez. E eu acho que ela expressa muito bem o que eu disse até agora sobre minha experiência:

"Tuas tranças de palha de fogo de novo navalham a esperança de um pouco de mim ser feliz.
E a dança canalha de um jogo de doidos na vala comum lança um corpo que enfim não se quis."

Ela era maravilhosa, toda complicadinha, muito inteligente e culta, muito linda, vinte anos mais nova que eu, que estava já armado dos meus 38. Estudávamos juntos. Eu, apaixonado também por filosofia, me expunha a ela feito um pavão. Ela parecia deliciar-se com aquilo e eu a deliciar-me com a atenção dela. Eu, então, soube canalizei este prazer estranho, de origem abstrata, na visão dos seios dela, que pareciam querer sair da blusa. Começamos um relacionamento esquisito, meio platônico, um tanto desesperado outro tanto aconchegante, mas sem mãos nem bocas. Não durou muito. Se antes eu disse que acho que as mulheres sabem detectar minha verdadeira condição, não posso dizer o mesmo quanto à capacidade delas de absorver este modo bizarro de amar, que não é comum nos machos adultos. Exemplo: uma bela noite ela estava deitada ao meu lado, a princípio para dormir, e eu me interessei pelo ressonar de sua respiração e pelo calor de seu corpo. Brinquei de sincronizar minha respiração e meu calor ao dela, como se fossemos um só corpo. De repente, percebi que ela interrompeu a respiração - provavelmente para confirmar se era real o que aquele maluco estava fazendo - e eu parei junto, perfeitamente sincronizado. Fiquei envergonhado, a "transa tântrica" acabou ali mesmo, virei pro canto e fim. Nossa amizade esfriou totalmente e pouco tempo depois nos distanciamos - ela deve estar em segurança agora (risos).

Eu acho que aquela brincadeira séria e ingênua que fiz para ela e com ela merece o apelido de "erótica" muito mais que se fosse um beijo à francesa por uma hora inteira ou uma das mais complicadas posiçôes do kama sutra. Certamente não foi romântica, como não são românticos nem o kama sutra nem o beijo francês, pois nada mais contrário ao erotismo do que uma técnica bastante ensaiada ou um procedimento já catalogado e aprovado pelos órgãos competentes. Como moleque que sou, acho que que erotismo, devendo ser emocionante, deve ser improvisado - como poesia de repente. Sexo também, para ter graça, precisa ser erótico, nesse sentido. Fora disso, é a mesmice de um filme pornográfico ou a chatice de uma novela romântica. Assim, concordo contigo neste ponto também: erotismo é um processo intelectual-emocional, envolve criatividade e adrenalina. Orgasmo seco, se me entendem.

O prazer da conversa foi meu também, Admin
Meu abraço.

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Turunah escreveu:
Caro Admin,
Fico grato com suas palavras amigas e, sendo esta a primeira vez que falo abertamente sobre o assunto (não por falta de intenção de falar, mas por falta de ouvintes interessados), esteja certo que iremos conversar bastante, com muito ...


Meu nome é Júlio.

Eu concordo plenamente com seu discurso sobre as mulheres... e não foi minha intenção fazer parecer que elas são mais assexuais que os homens... só coloqueis as dúvidas da relação físico-hormonal-emocional.

Que as mulheres podem perceber os hormônios... provável que não... mas saberão distinguir o "físico", assim como podemos destinguir o intelecto. Elas provavelmente possuem mais precisam em suas observações... assim como para nós todas as zebras são iguais... mas elas se conhecem muito bem.

Bem... vou colocar nossa conversa num ponto aqui. E depois vamos explorando os demais, um a um... se não nunca iremos sair disso.

Gostaria de falar aqui sobre essa questão da "infantilidade"... e é estranho pra mim porque entendo perfeitamente esse momento que você descreveu na cama com a garota. Então sou imaturo! kkk

Não... bem... o que você provavelmente descobrirá entre os assexuais de 15 a uns 25 anos é que somos "crianças".. infelizmente após os 25 anos as pressões de "ficar pra titia" e "solteirão" e outros nomes piores parecem condensar na mente das pessoas condições que elas criam para se sentirem bem. Pequenos mundos de alguma fantasia... algo utópico e alienado. Então os assexuais acima dos 25 geralmente são chatos... teimosos, etc. Não todos, claro, estou generalizando.

Nós, os "novatos", somos como a criança que deitada ao lado da outra tenta sentir o que a outra sente... tenta sincronizar seus movimentos, etc. Toca no rosto... como se estivesse vendo seu próprio reflexo... dá pequenos presentes totalmente sem significados... briga por razões estúpidas e não consegue dizer porque... etc.

Existe uma pressão de cristalização dos envolvimentos relacionais-afetivos que me deixam com medo... uma padronização ridícula e medíocre... algo comparável ao casal que precisa ler um livro de posições sexuais porque suas mentes artrofiadas não consegue criar nada... ou morre de medo de tentar.

Gosto de quem me pergunta "o que você gosta?"... por mais bobo que essa pergunta pode ser... "você gosta do meu beijo?" "o que você sente quando faço X?" me parecem perguntas sóbrias... mas ridículas, de gente insegura, etc. para uma pessoa "normal".

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Querido amigo Júlio,

Quanto á "relação físico-hormonal-emocional" das mulheres, a única coisa que sei é, como disse:
Turunah escreveu:
... aumento da agressividade, no caso da testosterona, e ...?.... no caso das meninas. ...


Eu observei bem as mudanças da puberdade em meus amigos e amigas de infância. Não consegui chegar quase nenhuma conclusão categórica a respeito das garotas. confuso

Eu acho que homens e mulheres são mesmo de planetas diferentes (cada planeta com seus imigrantes homossexuais), enquanto os assexuados vivem tranquilos dentro do foguete da ponte-aérea.

Infantilidade

É falta de maturidade sexual. Maturidade = palavrinha desgraçada que não diz absolutamente nada. Talvez seja como os tomates, que dizemos estarem maduros quando estão prontos para serem devorados. Ou, devemos nos referir a uma explicação mais científica, apelando para o ritmo de desenvolvimento de nossos órgãos e de nossa fisiologia. Neste sentido, não fiquei maduro ainda - portanto, não me devorem! Mas se apelarmos para o desenvolvimento psíquico e social, cairemos no domínio pouco seguro das ciências humanas e na guerra entre opiniões. Aí entram as diferenças culturais que você bem lembrou, entra o sentido histórico, entram os formadores de opinião, o Mercado, etc. Eu mesmo não saberia se sou maduro ou não, neste sentido.

Portanto, quando digo Infantilidade, uso de um conceito bastante existencial, pessoal: é aquela fase antes dos tratamentos com testosterona. Fase que vai do nascimento até aos vinte e seis anos - e está relacionada à imaturidade fisiológica. Quando digo que não passei da infância para a fase adulta é que minha puberdade (o tratamento que iniciei) não foi concluído - e minha maturidade fisiológica ficou no meio do caminho.

Na maioria das pessoas esta fase é mais curta, pois aos doze ou quatorze, a adolescência vêm naturalmente e completa seu trabalho em poucos anos. Assim, enquanto as pessoas "normais" (incluindo os "assexuados normais") têm os hormônios como referencial para balizar as mudanças psicológicas e sociais que ocorrem na adolescência, eu não os tenho. Pois todas as mudanças que ocorreram em minha personalidade, caráter, valores, emotividade, etc, durante vinte e seis anos ocorreram completamente à parte de qualquer alteração química no meu corpo. Eu me tornei "adulto" sem passar por puberdade. Se eu não passei pelo rito da adolescência, como posso demarcar com certeza a época em que deixei de ser criança?

E como classificar minhas ideias, meus sentimentos, meus valores segundo este tripé infantil-adolescente-adulto sem uma referência confiável? Devo me basear na observação do que acontece com a maioria das pessoas, relatadas nos livros especializados? Devo aceitar o que é dito nos programas de auditório? Ou a necessidade este tripé deve ser completamente descartada? Minha solução é esta última. Sou tão infantil quanto adolescente quanto adulto e, para mim, maturidade é aquela dor desgraçada que eu senti com os efeitos das injeções.

E mais: após as injeções já se passaram mais vinte anos - como disse, tenho 47 e devo ser um daqueles assexuados "chatos". Mas acho que não sou chato por ser assexuado, mas apenas por ter 47 anos. língua - e nestes outros tantos anos não creio que as alterações hormonais tenham qualquer significância das mudanças que deste então ocorreram. Estas categorias não servem para mim. E acredito que não sirvam mesmo para ninguém pois, como você disse, as pressões sociais são fatores muito importantes - e esta pressão existe até mesmo antes da puberdade. Já nos obrigam a sermos sexuados (na orientação padrão, de preferência) antes mesmo de termos sexo maduro ou de sabermos que p... é esta de sexo!

E também por que raios que tudo que acontece em nossas vidas, o modo como nós pensamos, trabalhamos, conversamos - e até mesmo o modo como amamos e fazemos sexo - tenha de necessariamente serem catalogados segundo estes critérios tão vagos (e impossíveis de serem provados empiricamente) baseados nos efeitos psico-sociais de alguns hormônios durante a tal "fase de transição".

É por isto que fiquei entusiasmado quando encontrei o movimento político dos assexuados (sim, considero-o um movimento político e não um mero recurso de auto-ajuda) pois ele coloca em xeque e desmascara esta opressão que é causa de tantos problemas psicológicos e sociais. Parabéns pela iniciativa de lançar o movimento em português!


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De certa forma isso aqui realmente se configura como um movimento político... mas essa não é a questão no momento.

Bem... você acompanhou o desenvolvimento dos homens e não das mulheres, ao menos não tão bem assim. Parta do princípio que você acredita que sabe o que deveria ser ... como deveria ser como um homem sexualmente maduro.

A questão é: realmente sabe?

Por trás dessa afirmação há uma séria de outras questões que ficam ocultas:
- O que são os comportamentos "naturais" do ser adulto?
- Ser adulto implica numa "maturidade sexua"?
- Sendo assim o que de fato é maturidade sexual? (não biológica, claro, mas sim comportamental)

Vou deixar só essas três questões aí (mas são retóricas, não precisam ser respondidas)... mas podería passar a noite inteira colocando uma série de questões que mostrariam a fragilidade da concepção "normal" de maturidade.

Ora, sobre isso falei algumas vezes no site... e é importante ver como as pessoas associam o desenvolvimento do comportamento sexual (dentro dos seus padrões, padrões culturais, do que vem a ser o "natural") e o desenvolvimento completo do indivíduo, mais precisamente intelectual.

Para quem for um pouco mais ousado vai tentar justificar questões anatômicas e fisiológicas. Por anatômicas quero dizer que os argumentos irão tentar justificar que o desenvolvimento intelectual é apenas um reflexo do próprio desenvolvimento biológico do indivíduo... portanto se ele é retardado mental em alguma categoria... então é de se supor que ele não está amadurecido sexualmente... um argumento que apesar de estúpido é amplamente aceito e utilizado inclusive por psicólogos. Alguns podem até fazer relações entre o que você faz com sua esposa e seu desempenho profissional (o que não passa de simples analogias de efeitos, e não da fonte, as causas).

A segunda parte desse argumento é mais bem elaborada... na verdade apenas por parecer mais complexa é encoberta por uma capa de "sobriedade". As pessoas argumentam que: um comportamento sexual "saudável" (qual é o padrão?) é essencial para todo o sistema fisiológico... e um desequilíbrio no comportamento sexual poderá provocar desequilíbrios no sistema fisiológico... o que poderá causar uma série de problemas... alguns deles são: depressão, instabilidade emocional, complexo de rejeição, complexo de inferioridade, fadiga física, hiperatividade, ansiedade em demasia, etc. (a lista é realmente sem fim..)

Tudo bobagem... das interpretações as piores possíveis. Nem um retardado mental... um acefalo... ok... um peso de papel... jogado sobre as alternativas se recusaria a cair sobre alguma dessas.

Sobre a questão das mulheres... ora, acredita-se que certos hormônios fazem certas coisas... mas muito pouco sabemos sobre isso... e no máximo podemos usar os poucos e vagos conhecimentos que temos como puras demonstrações... e tendo consciência do poder da SOCIALIZAÇÃO - de tal forma que apenas somos o que somos pelo meio social em que convivemos... e determinantes biológicos devem ser re-pensados (para não cair nos mesmos erros nazistas, racistas, machistas, etc) - devemos antes de mais nada apostar que algo nos foi ensinado... do que simplesmente emergiu de nossa "natureza humana"....

Ora... a não ser que você (ou quem mais queira) pensar que nosso comportamento sexual se dá naturalmente, o desenvolvemos como desenvolvemos nossa capacidade de olhar, ou de urinar. Pois, logicamente temos um corpo. E ele é dotado de sistemas nervosas e membros orgânicos. O pênis tem sua fisionomia, assim como a vagina. O cérebro tem seus sistemas simbólicos (psicológico) e suas relações com as propriedade (hormônios, por exemplo). Tais condições humanas são as bases necessárias para se desenvolver o que temos hoje. E sobre isso é no mínimo bom pensar sobre a validade e utilidade das práticas "modernas" porque o evolucionismo nos tomou de tal maneira que acreditamos que o mais novo, o que sobrevive, etc. por si é o melhor. Temos que re-pensar os nossos valores e os valores de nosso tempo, que por si só não são coerentes.

É importante sempre notar que por trás de qualquer ideologia está um sistema de estratificação. Generalizando, tudo que pensamos sobre sexo não passa de pura ideologia. E tais visam tão somente separar os "bons" e "maus". Ou, em outra perspectiva forçar uma formatação dos indivíduos em figuras interessantes para algo ou alguém.

Apenas para exemplificação... o que abstrato poderia estar interessado numa ideologia sexual? O alto que não existe mais significativo é a "seleção natural". Uma força que não existe, mas frequentemente tomada como real, uma "lei da natureza", tanto quanto uma lei da física. A seleção natural não se importa se as crenças de um povo produzem seu conforto... mas tão somente se elas o farão sobreviver. Imagine que um povo hipoteticamente "descobriu" que eles poderia simplesmente curtir muito sexo e não ter filhos (utilizar de qualquer método)... afinal... é algo trabalhoso, etc... não era tão conveniente assim. Qual o futuro desse povo? Ora, sobre suas vidas o que podemos dizer? Talvez tenha sido felizes... talvez tenham sido os seres humanos mais felizes que já existiram! Mas eles morreram! Sim... talvez tirando um filho aqui e outro alí que eventualmente eles decidiam ter para a alegria da tribo... no demais não houveram novos nascimentos... em poucas gerações aquele pequeno grupo feliz deixou de existir... sim... e daí? Será que alguém se sente feliz ao ouvir essa história? NÃO!

Nos sentimos tristes! Mas por quê? Por que a continuidade de um grupo é tão importante? Por que estamos tão preocupados em ver o "futuro" da humanidade mesmo sabendo que não estaremos nele? Essa pois é uma ideologia oculta que não percebemos. Estamos preocupados com algo que não nos compete, não nos importa, não interfere em nossas vidas, etc. A continuidade da espécie humana não é da conta de ninguém... mas estamos profundamente preocupados com ela.

Além desse "algo" que pode formatar um povo para a sua sobrevivência (o que apesar de não exemplificado acredito que tenha ficado claro)... temos também as próprias condições históricas ("alguém") que demanda uma formatação dos comportamentos. Sobre isso não preciso explicar muito... basta citar a demanda religiosa, ou a demanda da revolução sexual (já que você só é sexualmente livre se fizer sexo... um paradoxo equivalente a dizer que você é livre para comprar o que quiser, desde que compre).

Bem... já falei muito. Espero as respostas.

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Admin escreveu:
De certa forma isso aqui realmente se configura como um movimento político... mas essa não é a questão no momento.

Bem... você acompanhou o desenvolvimento dos homens e não das mulheres, ao menos não tão bem assim. Parta do princípio que você acredita que sabe o que deveria ser ... como deveria ser como um homem sexualmente maduro.
.


Exatamente. Minha "maturidade" e minha tendência hetero-romântica são inteiramente fabricadas.

Admin escreveu:

A questão é: realmente sabe?
.


De forma alguma. Mas quem sabe? O quanto da maturidade das pessoas normais não é fruto de condicionamentos ou influência sócio-cultural? Eu, pelo menos, tenho certeza de quais elementos em minha subjetividade foram provocados por alterações hormonais (nenhum) e quais não foram (todos). Se chamo à minha subjetividade "madura" ou "adulta", é por mera tentativa de me comunicar com as pessoas "normais" servindo-me de uma linguagem que elas entendam.

Admin escreveu:

Por trás dessa afirmação há uma séria de outras questões que ficam ocultas:
- O que são os comportamentos "naturais" do ser adulto?
- Ser adulto implica numa "maturidade sexual"?
- Sendo assim o que de fato é maturidade sexual? (não biológica, claro, mas sim comportamental)
.


Eu não tenho como dar uma resposta certa a estas três questões, com base em minha experiência própria, uma vez que meus comportamentos "adultos" não são de origem natural (originadas pelas mudanças que decorrem na puberdade). Só posso reproduzir aquilo que a ciência (ou o senso comum) diz sobre o assunto. O que posso é questionar os determinismos científicos (e do senso comum) que poderíam querer negar a mim o pleno reconhecimento no universo adulto apenas com base em eventos de causa fisiológica (maturidade sexual fisiológica). E também posso questionar a absurda redução da maioria dos aspectos que definem a vida adulta a um fundamento sexológico. Quem dos adultos já não foi chamado imaturo? E com base em que o comportamento que deu motivo a esta acusação é excluída do perfil adulto? A política e a guerra são fenômenos do mundo adulto (motivadas pela testosterona dos imperadores) ou motivadas por comportamentos infantis (sejam eles quais forem)? E por aí vai.

Admin escreveu:

... a fragilidade da concepção "normal" de maturidade.
.


Sim estamos de acordo. E o que está por trás do preconceito contra a assexualidade é exatamente o preconceito contra a ausência deste elemento fundamental na concepção de maturidade - a vida sexual. "Adolescência é a fase em que se começa a fazer sexo (ou ao menos pensar ou falar sobre)" - Alguém que não segue este modelo, não é maduro, segundo a sociedade sexualizada (e sexualizante).

Admin escreveu:

Ora, sobre isso falei algumas vezes no site... e é importante ver como as pessoas associam o desenvolvimento do comportamento sexual (dentro dos seus padrões, padrões culturais, do que vem a ser o "natural") e o desenvolvimento completo do indivíduo, mais precisamente intelectual.

Para quem for um pouco mais ousado vai tentar justificar questões anatômicas e fisiológicas. Por anatômicas quero dizer que os argumentos irão tentar justificar que o desenvolvimento intelectual é apenas um reflexo do próprio desenvolvimento biológico do indivíduo... portanto se ele é retardado mental em alguma categoria... então é de se supor que ele não está amadurecido sexualmente... um argumento que apesar de estúpido é amplamente aceito e utilizado inclusive por psicólogos.
.


Júlio, o meu caso, do ponto de vista médico não é apenas raro estatisticamente. O que mais surpreendia os médicos, pouco a pouco com os anos, era que eu contrariava as estatísticas. Quase todas as síndromes de pan-hipopituitarismo (que inclui os aspectos de desenvolvimento sexual, mas não se limitam a eles) estão relacionados a uma defasagem no desenvolvimento intelectual. Eu não apresentei idiotismo (alguns inimigos dizem que sim, hehe) e isto surpreendia muito a junta médica. Eu (acho que) provei que é possível ter um desenvolvimento cerebral (e intelectual) "normal" independentemente da disfunção glandular generalizada. Maturidade intelectual (seja lá o que for isto) nada tem a ver com sexualidade ou falta dela. Não digo nada sobre a tal "Inteligência Emocional" pois é teoria muito recente, posterior à época em que deixei de me preocupar se sou normal ou não (mas qualquer dia darei uma olhada nisto).

Admin escreveu:

Alguns podem até fazer relações entre o que você faz com sua esposa e seu desempenho profissional (o que não passa de simples analogias de efeitos, e não da fonte, as causas).

A segunda parte desse argumento é mais bem elaborada... na verdade apenas por parecer mais complexa é encoberta por uma capa de "sobriedade". As pessoas argumentam que: um comportamento sexual "saudável" (qual é o padrão?) é essencial para todo o sistema fisiológico... e um desequilíbrio no comportamento sexual poderá provocar desequilíbrios no sistema fisiológico... o que poderá causar uma série de problemas... alguns deles são: depressão, instabilidade emocional, complexo de rejeição, complexo de inferioridade, fadiga física, hiperatividade, ansiedade em demasia, etc. (a lista é realmente sem fim..)

Tudo bobagem... das interpretações as piores possíveis. Nem um retardado mental... um acefalo... ok... um peso de papel... jogado sobre as alternativas se recusaria a cair sobre alguma dessas.
.


O celibato não é coisa nova, não? Mais de dois mil anos de monges cristãos e budistas estão aí para provar que falta de sexo não faz mal à saúde. Na minha opinião é apenas pressão do sistema. Se com o mero celibato (plenamente justificado pela religiosidade) já é uma afronta, imagina a negação pura e simples do assexualismo ("não faço por que não gosto, e pronto"). O sexo é o melhor garoto-propaganda que existe e é também o único sentido existencial pra muita gente. É mais fácil ser comunista do que assexuado. sorrindo

Admin escreveu:

(...) Temos que re-pensar os nossos valores e os valores de nosso tempo, que por si só não são coerentes.
(...) Será que alguém se sente feliz ao ouvir essa história? NÃO!
(...) A continuidade da espécie humana não é da conta de ninguém... mas estamos profundamente preocupados com ela.
(...) você é livre para comprar o que quiser, desde que compre).
.


Ainda bem que tem gente que é estimulada (condicionada) a comprar o projeto de manutenção da humanidade e dar continuidade a ela. A humanidade é um privilégio raro no Universo e ainda tem muito potencial pra desenvolver de modos inimagináveis. Um destes modos é através da intervenção de uma anti-cultura assexuada asexual, que faça a sociedade repensar o quanto de falsificação baseada no Império dos Sentidos há por trás das suas mais caras ideologias. Assexualismo é coisa nova (pelo menos em termos de discurso aberto e difundido) e é claro que muita gente vai se colocar ostensivamente contrário. É preciso se preparar para quando as estratégias para nossa visibilidade realmente estiverem funcionando a todo vapor...

Abraços!

Última edição por Turunah em 30/6/2011, 01:41, editado 2 vez(es)

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Turunah, gostaria de enfatizar a questão dos nomes aqui.
O correto não é assexualismo ou assexuado, mas sim assexualidade e assexual.

No Brasil - a até onde sei apenas no Brasil - usasse os termos contrários. Parece que o nosso país foi o primeiro a explicitamente descriminar a assexualidade. Apesar de que isso não me é uma surpresa.

Além disso está um pouco difícil comentar sua resposta... já que você foi evasivo em quase todos os pontos que dariam prosseguimento a conversa... mas vou fazer algum esforço.

Da questão do "celibato".

Como você apontou, existiram formas clássicas de abstenção sexual. Frequentemente até vistas como virtudes. Mas precisamos ver a questão do momento presente. Existe uma diferença entre "não faço sexo porque tenho um voto de castidade", "não faço sexo porque tenho algum problema físico", "não faço sexo porque tenho problemas psicológicos" e a questão da assexualidade.

Para tornar mais claro podemos usar o simples caso da homossexualidade. Como a homossexualidade é justificada? Antes de mais nada é necessário justificar! Sim... afinal... existe uma ordem natural para as coisas! Só falta alguém explicar como essa ordem é dada. Muitas vezes as pessoas realmente estão falando nessa ordem mística que simplesmente faz as coisas acontecerem... outras vezes elas falam da forma "certa" de se fazer as coisas. Isso é, não importa de fato de existe um instinto ou espírito místico que faz os seres humanos fazerem sexo... o que importa é que é "certo" fazer sexo. Alguns olham isso como um mal necessário, outros como uma virtude.

De qualquer forma... volto a repetir... as pessoas em certos casos são possuídos por um sentimento de coletividade que não existe em momento algum na vida. A sublimação do "eu" enquanto indivíduo é diluído no "eu" enquanto comunidade. Algo sobre isso já foi falado no site. Mas para o eu-individual nada importa o coletivo! A não ser quando tenho benefícios através desse coletivo... benefícios tais como a afetividade, segurança, tecnologias, etc. Mas no demais não tenho qualquer preocupação transcendental porque de fato não transcendo meu ser... isso é... nessa visão materialista que exponho aqui. Na experiência de todos os dias as pessoas realmente acreditam que em dado ponto o ser-individual não existe e dá lugar ao ser-coletivo.

Voltando ao ponto... celibato... vamos pensar em celibato na categoria de "fazer sexo com X". Se você me diz... que é homossexual qual é minha compreensão sobre isso? Qual a compreensão geral? Ora, já vi inúmeras pessoas tendo conversas "introdutórias" sobre homossexualidade com outros e foi algo realmente deprimente... eu poderia trocar "homossexual" por "doente terminal" e daria na mesma. Se eu digo que sou homem, mas gosto afetiva e/ou sexualmente de outros homens não sou tido como um igual em categorias de valor. Mas sim como um doente, debilitado, etc. Homossexuais não são aceitos, mas sim tolerados... tolerados enquanto pessoas com alguma deficiência, afinal... o natural é gostar da pessoa do outro sexo. O ato sexual com alguém do mesmo sexo é uma aberração da natureza!

Vou parando nos exemplos com homossexuais por aqui porque se não iria passar horas e horas falando... quero puxar logo para nosso caso.

Você deve ter visto uma série de pessoas distintas descrevendo-se como assexuais. Há todo tipo de "assexual"... e na verdade essa pluralidade na minha opinião decorre de dois problemas básicos: a construção da comunidade (sobre isso escrevi no site) e a falta de espaço social para essas minorias que acabam aproveitando um espaço que não é necessariamente delas.

Mas vamos pular essa parte... e partir para o importante:
Somos doentes?

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Admin escreveu:
Turunah, gostaria de enfatizar a questão dos nomes aqui.
O correto não é (...) assexuado, mas sim assexual.


Tem toda a razão. As palavras são novas para mim e na pressa faço ainda confusão. Obrigado mesmo!
Mas não vejo como errado "assexualismo", como todo "ismo" (comunismo, cristianismo, tropicalismo, raquitismo, paroxismo.... E também homossexualismo, heterossexualismo...) Este termo não é empregado em relação aos seres assexuados, na biologia, pois a divisão celular não é um "ismo". Eu gosto de "assexualismo", pois dá o ar mesmo de um movimento político. Um dia a AVEN vai estabelecer as bases de uma Asexologia e vamos poder ser Asexólogos (bem, pelo menos quem tiver estômago pra isto).

Admin escreveu:

Além disso está um pouco difícil comentar sua resposta... já que você foi evasivo em quase todos os pontos que dariam prosseguimento a conversa... mas vou fazer algum esforço.


Não fui evasivo, Julio. Talvez eu apenas não tenha sido muito claro. Mas acho que nossas opiniões e posturas são muito parecidas.

Admin escreveu:

Da questão do "celibato".

Como você apontou, existiram formas clássicas de abstenção sexual. Frequentemente até vistas como virtudes. Mas precisamos ver a questão do momento presente. Existe uma diferença entre "não faço sexo porque tenho um voto de castidade", "não faço sexo porque tenho algum problema físico", "não faço sexo porque tenho problemas psicológicos" e a questão da assexualidade.


Eu não disse que os celibatários são assexuais (podem até ser, mas não necessariamente). Eu apenas usei o celibato (milenariamente praticado) como exemplo de que não fazer sexo não é prejudicial à saúde.

Admin escreveu:

Mas para o eu-individual nada importa o coletivo! A não ser quando tenho benefícios através desse coletivo... benefícios tais como a afetividade, segurança, tecnologias, etc. Mas no demais não tenho qualquer preocupação transcendental porque de fato não transcendo meu ser... isso é... nessa visão materialista que exponho aqui. Na experiência de todos os dias as pessoas realmente acreditam que em dado ponto o ser-individual não existe e dá lugar ao ser-coletivo.


Condordo, de certo modo. Eu sou apaixonado pela experiência humana, gosto de conhecer a história do homem e me preocupar com ele poderia vir a ser no futuro, com o que ele não deveria tornar-se e com os meios para se conseguir aquilo e se evitar isto. Independentemente do fato de eu mesmo ser imortal e não crer em nenhuma alma que sobreviva a este corpo. Eu sou budista, da linhagem mahayana, e este tipo de budismo é aquele que diz que ninguém pode acabar com o próprio sofrimento enquanto todo o sofrimento do mundo não tiver acabado (ideal do bodhisatva). Não há nada de transcendente nisto, apenas um caminho para a auto-iluminação.

Admin escreveu:

Você deve ter visto uma série de pessoas distintas descrevendo-se como assexuais. Há todo tipo de "assexual"...


Realmente vi, especialmente no AVEN oficial. Mas o que determina esta variedade é a discussão a respeito de causas. As histórias são muito parecidas, alguns dizem jamais terem gostado de sexo, outros que deixaram de gostar de sexo, outras que estão começando a se sentir assim. Eu apenas não admito que aqueles que jamais gostaram neguem que sejam assexuais aqueles que "deixaram de gostar", seja pela causa que for. E também não me agrada a tendência nominalista, a ânsia de buscar a definição exata e unívoca da coisa, como se fosse matemático. Nós dependemos muito do conceito de sexualidade, pois nos definimos com um "a" na frente. Mas mesmo este conceito ainda está aberto e pouco claro dentre os sexólogos.

Admin escreveu:

... e partir para o importante:
Somos doentes?


Há os assexuais que são doentes. Eu sou um deles, apesar de alguns quererem de qualquer maneira que eu não seja (são os defensores de uma alma assexuada, como se fossem anjos). Mas eu POSSO dizer que sou doente (tenho muitos exames laboratoriais para provar). E sou também assexual (mas não posso provar). E também eu poderia muito bem ser uma criatura sexualmente ativa, inventando meios para contornar minhas anomalias. Desculpe-me a expressão vulgar, que ouvi tantas vezes: "Com língua e dedo, sexo não mete medo". Mas eu não ligo para sexo, salvo como objeto de pesquisa teórica e militância política.

Pelo que vi, a esmagadora maioria dos frequentadores da AVEN dizem que não são doentes nem nunca se sentiram assim. Muitos dizem que já se examinaram e que não encontraram nada de errado com suas fisiologias. Que bom para eles! Mas o fato de eles serem assexuais E saudáveis não implica na exclusividade do rótulo "Assexuais" somente para eles, excluindo-se a minoria. Qual seria o problema para eles se aparecesse no fórum, um dia, uma pessoa que se diz ter se tornado assexuado por ter levado uma pedrada na cabeça? Ele não teria uma história muito parecida com a deles, com os mesmos preconceitos sofridos, com a mesma busca de uma afirmação de sua subjetividade?

Não, Júlio. Assexualismo (desculpa aí o termo) não é uma doença. Mas também não é uma opção. A gente não opta simplesmente por gostar ou não de repolho. Mas também não nasce gostando ou não de repolho. Nem sei se alguém se torna cristão ou budista, comunista ou liberal, ou seja lá o que for, por simples escolha, como se fosse o efeito de uma súbita iluminação ou uma revelação divina. Nós sabemos, Júlio, que as coisas não acontecem tão simplesmente assim.

Nós temos de ser claros, mas isto não implica em termos de ser simples, pelo menos na hora de explicar e discutir. É simples nós sentirmos que não gostamos de sexo, mas se nos limitarmos a apenas afirmar isto uns aos outros, não chegaremos a lugar nenhum. Também não chegaremos a lugar nenhum se nos apegarmos a definições e classificações que, antes de esclarecer qualquer coisa, apenas limita a discussão e, principalmente, engessa a mobilização.

Abraços,

Última edição por Turunah em 30/6/2011, 01:46, editado 1 vez(es)

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O problema do termo assexualismo é justamente a interpretação... afinal você pode utilizar o nome que quiser... mas o que importa também é como as pessoas irão compreender suas palavras. Dizemos homossexualidade e heterossexualidade... porque então assexualismo? A única intenção de alguém (excluindo você) ao usar o sufixo -ismo é designar uma coisa ou doença/transtorno.

Mas das questões essa é a menor...

Você coloca uma questão séria aqui... e sobre ser uma doença... minha intenção não era confirmar... já que no site tenho falado exaustivamente o quanto essa ideia é ridícula. Minha intenção foi justamente provocar o assunto no qual você entrou.

Essa questão do determinismo...
Nascemos de fato algo?
Creio que não... na melhor das expectativas nascemos com alguma sugestibilidade para determinado comportamento culturalmente assimilado. Para exemplificar isso pode usar algo bem simples: a cor da sua pele. Ora, como pode o negro ser diferente do branco na sua violência ou educação?

Não são... a diferença genética-física provoca diferença que são socialmente distinguidas e pelo pré-conceito ou conveniência essas pessoas são desprivilegiadas... de tal forma que introvertem geralmente aqueles valores negativos dados... o negro torna-se burro... violente e mal-educado. Porque já uma distinção genética que dada em determinado ambiente cultural se desenvolveu dessa forma.

Vamos pegar então outro exemplo... imaginemos então que uma pessoa nasce com um problema físico hipotético... no qual todo seu corpo se desenvolve sexualmente igual aos demais adultos... mas sua aparência em todos os sentidos é semelhante a um garoto de 10 anos...

Partindo dessa suposição temos um corpo funcionalmente igual, mas reconhecido como diferente... e na verdade reconhecido especificamente como de uma categoria. Categoria a qual já é reconhecida e possui uma cultura completa. Isso é, a infância. Junto com sua "assexualidade", imaturidade intelectual, etc.

Bem... é correto dizer que esse homem irá "amuderecer" como os demais? Acredito que não... por uma simples questão... ao analisar o processo de socialização clássico percebemos que existe algo fundamental aqui: a reflexão. Isso é... a introversão/assimilação daquilo que se é percebido no ambiente.

O que é homem? O garoto só saberá que existe essa distinção porque o seu ambiente o sugere... e sua distinção física será fundamental para compreender seu próprio sexo... o que é ser homem será a formação de seu gênero... e então o que fazem os homens serão seus papeis de gênero... nada disso é naturalmente nado... e se algo o for nada sabemos... nem podemos especular como fatos.

O que é homem, o seu ser e seu fazer são questões culturais socialmente assimiladas. Mas para tanto faz-se necessário (e é o fundamento de tal distinção) haver uma relação física. Nosso homem-criança irá se identificar em que categorias?

Suponho que ele se identificará com a infância... e sobre sua sexualidade... só deus sabe... visto que essencialmente do ponto de vista sensorial-sexual adultos e crianças são quase iguais. O que muda com o passar do tempo é o "foco" que na verdade é o viés cultural...

Falei demais... dei sentido demenos...

A questão é: natural ou não? Opção ou determinação?

Nem um nem outro... ambos em cada circunstância. A assexualidade é uma opção tanto quanto qualquer outra coisa... a qual seja possível optar. Isso é... se alguém conceber que é possível ter uma vida exclusivamente "homossexual" então é possível ser assexual por "opção", digamos assim...

Mas existe uma longa história por trás desses conceitos... ao observar povos antigos, como os gregos... ninguém se preocupava em saber se você era ou não gay... não existia essa de "escolha"... Recentemente li uma mini etnografia sobre os Araweté... nessa tribo existe um tipo de relação social entre novos casais ond e há a troca de parceiros sexuais... ora... ninguém pergunta se isso é aceitável! Ninguém pergunta se alguém pode "escolher"... se feita tal pergunta os Araweté provavelmente diriam "você não é obrigado... mas que é bom é... faz bem para o futuro do casal". Ora... em todos os casos pode existir algum receio, claro... mas as questões que estão em jogo não são a instituição sexual estabelecida... nenhum natural da cultura irá se questionar se aquilo realmente está certo... é quase equivalente a um americano questionar a instituição do casamento...e achar estranho um homem se prometer a uma mulher e então ter filhos com ela... etc... porque isso é o "natural", oras!

Se você ficou, em minhas poucas palavras, o que importa não é se faz-se possível ou não tal transição... mas sim se a cultura vê como possível determinada forma de comportamento.

A heteronormatividade como os teóricos já estão cansados de repetir... é tão globalmente normativa que se torna uma piada dizer que não se trata de uma norma social, um padrão imposto. Claro... existem "anomalias"... e o processo de socialização é confuso e incerto... uma criança pode crescer com seus parentes femininos e acabar se socializando como tal... ao ter acesso a tribo de homens irá ser evidentemente de seus parceiros de sexo... seu corpo será o mesmo, mas sua mente, seus conceitos, sua identidade, seus sentimentos, seus sonhos, etc. não serão reconhecidos pelos demais homens.

Transitar em qualquer estrato social é uma tarefa quase impossível... exceto, ao que parece, quando o lugar em determinado status se dá por alguma circunstância material, dinheiro, por exemplo. Então ser rico ou pobre é algo transitório... até pouco tempo atrás existia "títulos" hereditários... você não poderia ser de terminada casta (só para usar o termo hindiano) simplesmente por querer... você precisa nascer nessa casta... e até hoje na India a transação entre castas - que por geralmente não se dar por meios materiais - é quase impossível.

Ora, meu caro, estamos falando de CASTAS! Mas não precisamos ir tão longe... vamos pensar em outra pergunta:

É possível para um homem se tornar uma mulher?

Como pode um homem - em toda sua complexidade - passar a se sentir como uma mulher?

Será que a socialização se torna irreversível?

Talvez os conteúdos transmitidos na verdadem não passem de simbolismos... de tal forma que são equivalentes entre homens e mulheres. Talvez não seja possível reverter uma socialização masculina e incutir uma socialização feminina... mas talvez podemos ensinar algo completamente novo, tão completo quanto.

Mas isso logicamente é uma hipótese... porque a própria socialização cria mecanismos de defesa... O que acontece - e que nos acostumamos a ver - é que os mecanismos de defesa e consequentemente a solidez das distinções de gênero estão se diluindo... ao mesmo tempo que formam-se novas, de tal forma que fica realmente dizer que está havendo uma androgenia universal.

Acredito que da mesma forma que uma pessoa sexual pode "aprender" a criticar seu comportamento um assexual pode "aprender" a ter experiências sexuais. Mas em ambos os casos, apenas para repetir, há diversos mecanismos de defesa... a princípio sexo é vida... e ninguém quer virtualmente morrer.

Ao pensar numa hipotética transição para a assexualidade qualquer pessoa irá considerar a anulação de toda sua vida... MESMO QUE DE FATO, sua vida, seu comportamento, seus desejos, etc. NÃO SEJAM SEXUAIS. E isso é algo que encontro com frequência... inúmeras pessoas que em suas vidas são assexuais mas se assustam com a ideia de se identificar como tais!

E sobre a socialização da sexualidade (e o "surgimento" da assexualidade) devo dizer que ser sexual é difícil! Um modelo ideal é praticamente impossível de ser alcançado... as instruções não são facilmente transmitidas... não há qualquer educação direta... tudo se dá por mera assimilação... de tal forma que mesmo sendo uma das principais instituições sociais... o comportamento sexual é o mais inconsistente entre todos. Talvez com características semelhantes a instituição da religião.

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Cansei da Even. Não sei se foi por causa da xenofobia típica dos gringos (qualquer que seja o forum de discussão em inglês), ou se foi propriamente pelo caráter policialesco daquela tribo. O fato é que me senti excluído como se eu fosse uma ameaça ao projeto. Pelo fato de eu não me interessar por sexo devido a uma disfunção fisiológica eu contrario, mesmo sem intenção, a tendência que eles demonstram em urgentemente querer desvincular, de qualquer maneira, a ideia de assexualidade do temível conceito de doença. Tudo bem, concordo plenamente que os assexuais não sejam doentes. Mas eu sou, nasci assim.

Então, preferi abri mão deste rótulo e desta denominação, e fiz ali minha última participação:

[i
Topic: Come'on, confess: you are not assexual!

]I told my experience here and there.
But after further study the complex science of asexuality, I finally realized basically, I am not an asexual.
I'm sick, I was born sick, and one thing is certain: Asexuals are not sick! No way.
I, who because of an anomaly, not like sex, I am anything other that an asexual. And this is so simple and clear! See:
I do not like sex because of having a physiological problem.
You do not like sex because ... due to be an asexual!
So if someone, your parents, your teachers, your doctors, your friends, your boss or the President say that you are asexual because of a disease, say No! Say that there is nothing wrong with you. That like it or not sex is as natural as liking or disliking of cabbages, or as natural as being liberal or democrat.
Say No! Say, I'm not sick: That our society is fucking sick. That our culture is fucking sick. Not me. I am inherently, naturally, purely and transcendentally asexual!
Do not worry, then. Wear your black ring and go join your gang of Middle-earth, without any sense of anti-hypochondria. But use a condom.
I? I'm not asexual. But do not worry. Because I am unique. [/i]

Trad.:
Tópico: Qualé! Confessa que você não é assexual!

Eu contei a minha experiência aqui e ali.
Mas depois de um estudo mais aprofundado da ciência complexa da assexualidade, eu finalmente percebi que, basicamente, eu não sou um assexual.
Eu sou doente, eu nasci doente, e uma coisa é certa: Assexuais não são doentes! De modo algum.
Eu, que por causa de uma anomalia, não gosto de sexo, eu sou algo diferente do que um assexuado. E isso é tão simples e claro! Veja:
Eu não gosto de sexo por causa de ter um problema fisiológico.
Você não gosta de sexo, porque ... devido a ser um assexuada!
Então, se alguém, seus pais, seus professores, seus médicos, seus amigos, seu chefe ou o presidente dizer que você é assexual devido a uma doença, digam que não! Diga que não há nada de errado contigo. Que gostar ou não de sexo é tão natural como gostar ou não gostar de repolhos, ou tão natural como ser liberal ou democrata.
Diga Não! Digam, eu não estou doente: doente é a nossa sociedade de m.... Doente é nossa cultura de m.... Não eu. Eu sou inerentemente, naturalmente, pura e transcendentalmente assexual!
Não se preocupe, então. Vista o seu anel preto e vá participar da sua gang da Terra-Média, sem qualquer sentimento de anti-hipocondria. Mas use um preservativo.
Eu? Eu não sou assexul. Mas não se preocupe. Porque eu sou único.

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E a resposta do Guarda-Dogma:

There may be several reasons why people dislike sex. The OP list two of them. Here are more:

1. having a psychological problem
2. being asexual or not feeling any attraction whatsoever
3. being voluntarily celibate for whatever reason
4. being involuntarily celibate because one cannot have sex despite one feels some sort of sexual attraction
5. complete fear of sex because one thinks it is "disgusting"
6. does not think about sex, does not care about sex, and does not want sex because one does not think about or care about sex, which then leads to disliking sex
7. individual can already reproduce asexually or by binary fission (not possible in human populations)
8. utterly sexually repressed to the point that one does not even know that one is a sexual to begin with


Minhas questões (aqui só para nós):
1 - não gostar de sexo pode ser provocado por problemas psicológicos (doença)?
2 - não sentir atração sexual não é o mesmo que não gostar de sexo? Quem é que sente atração por sorvete quando não gosta de sorvete?
3 - quem disse que celibatário não gosta de sexo?
4 - quem disse que celibatário involuntário (que diabos é isto?) não gosta de sexo?
5 - é a mesma de 1 - sexofobia é um problema psicológico
6 - é a própria definição de assexual, segundo a Aven, que usa muitas palavras para dizer "não gostar de sexo"
7 - o cara tá viajando na maionese...
8 - problema psicológico em altíssimo grau

O pessoal da Aven precisa comer muito feijão ainda para poder estruturar uma visão racional da coisa. É uma pena que um movimento tão importante esteja em mãos tão inábeis.

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Muito embora em linhas gerais eu não possa acrescentar muito ao que já foi dito neste tópico por falta de conhecimento mesmo, puxo um gancho dos ultimos comentarios do Turunah para expor minha, digamos, estranheza, com a postura inflexível de muito material a que tive acesso... Tá, confesso que não foi uma pesquina exauriente, mas visitando os sites que me recomendaram, posso afirmar que minha primeira impressão da AVEN (principalmente) não foi das melhores, ao contrário senti que eles possuem quase a estrutura (não encontro o termo adequado, então este vai ter de servir) de uma comunidade amish. É tudo muito preto no branco do tipo "ou você se encaixa nesta, nessa ou naquela “categoria” ou você é persona non grata na nossa “pequena” comunidade". Penso que isso não é legal... extremismos nunca são. Mas enfim... para ter direito de opinar tenho muito chão... Mas como sou à favor do cinza... continuarei caminhando.

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Turunah... n sei se você percebeu... mas não temos qualquer vínculo com a AVEN... nem qualquer dependência política ideológica deles... inclusive os conceitos que organizo aqui sobre assexuais são misturas de vários organismos... eles são apenas uma referência como os demais.

O pior lado da AVEN na verdade as pessoas não percebem... porque é justamente feito para não ser percebido... a história da comunidade se inicia de uma forma desordenada... e houveram vários problemas políticos... os quais não presenciei e só cheguei a tomar conhecimento tomando fatos aqui e alí e tirando conclusões.

Dois fatos são mais importantes: o primeiro é a EXCLUSÃO, na minha opinião totalmente absurda e irreponsável de qualquer atitude ANTI-SEXUAL. O que também aconteceu por extenção em outras comunidades assexuais...

Ora, isso aconteceu por diversas razões... mas surgiu por uma só: somos diferentes. O fator diferencial permite ver coisas que o igual não poderia... apenas o diferente pode perceber. E não há em si nada de errado nisso...

Um homossexual pode perceber coisas que um hetero jamais se deu conta... um budista pode perceber algo que um cristão jamais imaginou... e por aí vai... essa oportunidade de ver o diferente é no mínimo apreciável. Mas ela não se torna interessante para a maioria.

Ao criticar o sexo, mostrar qualquer coisa negativa estamos afetando as pessoas que o adoram. A AVEN queria o reconhecimento... queria ter um espaço dentro do ambiente social "normal" e para isso eles tinham que moldar um discurso quase idêntico ao estabelecido pelos grupos minoritários sexuais: "não somos melhores, apenas diferentes". Isso anulou qualquer discurso, qualquer crítica... qualquer mínima coisa anti-sexual...

Lógico... estamos falando aqui da política do movimento... e não de uma pessoa ou outra que tenha suas opiniões... na verdade todo mundo tem opiniões... o problema é quando a coisa começa a transcender as pessoas e começa a ser um "Movimento"...

Bem... nessa nova abordagem o que é assexualidade? E essas respostas estão quase todas na AVEN tão explícitas quanto coloco aqui:


  • Assexualidade é uma orientação sexual, tal como a heterossexualidade;
  • Portanto é algo que "faz parte do que somos"...
  • Por extenção podemos dizer até que é algo imutável...
  • Mas paradoxalmente também achamos que pode mudar... a questão importante é só que você não pode controlar! Quem muda são os "fluxos" da sua vida... e não sua deliberação...
  • Portanto se é algo que foge do seu controle: VOCÊ NÃO É RESPONSÁVEL
  • Se você não é responsável... e não pode fazer nada... basta aceitar;
  • Em outras palavras... TOLERAR;
  • Bem.. contraditoriamente... Mas ser assexual não é ser doente, assexualidade não é uma doença ou um problema físico;
  • Mais estranhamente ainda... pode até ser... se você achar, quiser, ou pensar que é conveniente... pode dizer que sua assexualidade decorre de um problema de saúde... sei lá... coisas dos hormônios...
  • Mas bem... isso não te torna doente, não é? Para toda e qualquer circunsntância na qual você se identifca como assexual você não é doente... sua doença é indiferente ao seu "sentimento" assexual... (agora a assexualidade deixa de ser 'orientação sexual' e passa a ser um estado de espírito ou uma construção psicológica.
  • Se você realmente é doente... então você não deve ser assexual... vá num médico... procure se tratar...
  • Mas assexualidade não é doença


O segundo fato é a segunda parte da conciliação com a "normalidade" que consiste na exclusão quase que completa do "arromantismo"... por arromantismo entenda qualquer coisa que seja diferente dos padrões de afetividade-relação comum.

Na verdade o arromantismo faz parte do duplipensamento da AVEN... é quase como um carta na manga. Sempre que alguém vem demonstrar que assexualidade é um mito,etc... ele usam o arromantismo como demonstração inquestionável de que "somos diferentes"... mas não podemos ser!!! Temos que ser iguais... então o "romantismo" é a religião oficial... a imagem que é passada é de assexuais afetiva e relacionalmente normais... as vezes também colocam os arromânticos num outro polo... mas nesse caso usam a figura clássica do arromântico desprovido de sentimentos, afeto, relações, etc. Classificam o arromantismo como "lack of romantic attraction"... se não me engano.

Mas que diabos é atração romântica?!

Não existe definição... então pegamos toda a excrentricida afetiva-relacional dos assexuais e classificamos como "arromantismo" e fazemos uma política de repressão contra a sua visibilidade. Para efeito público, assexuais são afetiva-relacionamente normais!

Isso faz esconder o que existe de mais importante e interessante que é a perspectiva afetiva relacional dos assexuais... mesmo se expandido para questões de gênero, etc. Todas questões lógicas como androgenia, conflitos de gênero, relacionamento aberto, e as mais diferentes perspectivas sobre afetividade... que são publicamente ignoradas... e só fazem parte de uma mesa redonda que espontaneamente se formam para discutir... e por lá fica.

Não tenho qualquer crítica direta a direito da AVEN, não sei como trabalham, não sei como funcionam.. só falei aqui oque já vi, e as conclusões que cheguei. POsso estar completamente errado... e assim espero.

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Kel escreveu:
Muito embora em linhas gerais eu não possa acrescentar muito ao que já foi dito neste tópico por falta de conhecimento mesmo, puxo um gancho dos ultimos comentarios do Turunah para expor minha, digamos, estranheza, com a postura inflexível de muito material a que tive acesso... Tá, confesso que não foi uma pesquina exauriente, mas visitando os sites que me recomendaram, posso afirmar que minha primeira impressão da AVEN (principalmente) não foi das melhores, ao contrário senti que eles possuem quase a estrutura (não encontro o termo adequado, então este vai ter de servir) de uma comunidade amish. É tudo muito preto no branco do tipo "ou você se encaixa nesta, nessa ou naquela “categoria” ou você é persona non grata na nossa “pequena” comunidade". Penso que isso não é legal... extremismos nunca são. Mas enfim... para ter direito de opinar tenho muito chão... Mas como sou à favor do cinza... continuarei caminhando.


Kel. Tuas palavras me fizeram sentir muito melhor. Fiquei aborrecido com aquilo tudo. Entrei lá como entrei aqui, de coração aberto, expondo e explicando minha experiência pessoal - que é rara e poderia fornecer elementos para discussões que eu considero muito instigadoras. Minha intenção jamais foi a de dizer o que é a Assexualidade, nem o que ela deve ser. Eu sempre tive plena consciência de que sou a exceção das exceções e que minha história não serve de parâmetro para se generalizar nada. As exceções servem apenas para uma coisa: negar o absoluto, impedir os extremismos desagradáveis que você ressaltou, e figurar como um lembrete de que toda categorização é apenas um instrumento de trabalho útil dentro de seus limites. Mas eu não esperava que a reação daquelas pessoas fosse tão hostil à diferença e que as exceções os ameaçasse tanto assim. Eu vou me divertir aqui usando um termo que eu odeio: não esperava que eles fossem assim tão "imaturos". feliz Você tem tanto direito de opinar quanto qualquer outra pessoa, Kel, veja:

Olá, cheguei e mais alguns caracteres para completar o mínimo exigido 5892551607_0fb7d3dcc3
Tons de cinza ainda tolhidos pela grade

Abraços!

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Pessoal,

Lendo tudo que vocês falaram, fiquei com uma dúvida.
Se assexualidade for ligada (em casos específcos), a falta de maturidade sexual,

seria correto afirmar que não o corpo, por exemplo,
dos homens assexuais não teria características secundárias (barba, pelos),
bem desenvolvidos?

Pergunto isso, pois sempre fui bem lento no desenvolvimento, fui bem infantil,
minha primeira ejaculação foi pelos 15 anos e não tenho muita barba assim até hoje..

Se vocês não se sentirem acanhados em discutir isso, acho que seria interessante.

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gustavoborges escreveu:
Pessoal,

Lendo tudo que vocês falaram, fiquei com uma dúvida.
Se assexualidade for ligada (em casos específcos), a falta de maturidade sexual,

seria correto afirmar que não o corpo, por exemplo,
dos homens assexuais não teria características secundárias (barba, pelos),
bem desenvolvidos?

Pergunto isso, pois sempre fui bem lento no desenvolvimento, fui bem infantil,
minha primeira ejaculação foi pelos 15 anos e não tenho muita barba assim até hoje..

Se vocês não se sentirem acanhados em discutir isso, acho que seria interessante.


Oi gustavoborges, tudo bem? veja não sou a pessoa certa pra te esclarecer mas posso compartilhar dúvidas. Olhe acho que isso não tem nada haver não. Tem muitos homens que conheço que começaram a vida sexual muito sedo e são raquiticos de tudo, sem pelo nenhum. E outros que começaram a puberdade e adolescência muito cedo e só mais tarde que se soltaram e tiveram esperiências. Vc ainda teve ejaculação primeiro que eu . a primeira vez que me masturbei e tive ejacilãção foi com 19 anooooooosssssss!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! primeira vez que beijei foi com vinte e minha primeira experiencia 21 eu nunca namorei e tenho 25 anos e sou bem másculo barba e tudo . hsuhsususuhsuhshsusuhsuush
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