( contém gatilhos ) assexualidade, auto-invalidação e abuso.

Esses dia eu tive uma crise de identidade, e essa crise me fez refletir sobre umas coisas.
Eu me descobri assexual a 2 anos atrás, e foi um processo difícil, como é para muitos de nós, pq afinal de contas, nós não estamos em lugar nenhum. Antigamente não tinha fontes confiáveis para se pesquisar sobre assexualidade, hoje em dia não é um mar de rosas mas já é melhor que antes. E um dos fatores para a minha descoberta ter sido difícil, foi o fato de eu já ter sofrido abuso ainda quando criança, o que me levava a acreditar que eu era assexual por causa disso, por trauma. O que logo depois de muito pensar sobre, eu concluí que não. Inicialmente eu tive um gatilho com uma frase de um amigo que fez com que me gerasse essa crise, que veio a tona de novo essa questão do trauma, e eu comecei a pensar novamente sobre isso, que talvez, eu realmente não seja assexual, e sim só alguém traumatizado. Mas esse momento logo se foi quando eu finalmente consegui me acalmar depois de horas chorando por essa crise, o trauma fez sim eu criar barreiras dentro de mim, mas a assexualidade fez eu entender que eu não preciso fazer sexo mesmo não querendo, ao contrário do que eu pensava antes de conhecer o termo e tinha que viver com o trauma e ainda as pessoas dizendo que eu precisava sim transar. Por que a mesma sociedade que diz que abuso é ruim é também a que julga quando a namorada não quer transar com o namorado, entende aonde eu quero chegar? Enfim, eu só queria deixar registrado aqui esse meu pensamento.

Oii, acredito que eu entendo um pouco desse pensamento. Eu me considero Demi desde de 2015, mas depois de 2019-2020 comecei a entender que algumas coisas que aconteceram na minha pré adolescência podiam ser consideradas como abuso e eu só apenas não conseguia aceitar isso conscientemente. Eu percebo que claro trás algum impacto sobre a minha visão sobre mim e meu corpo, que determinadas coisas me trazem um certo gatilho, no entanto, uma coisa não anula outra no meu ponto de vista. Esses gatilhos com calma e respeitando o meu tempo, posso ir superando eles, mas nada vai mudar o fato que não sinto atração sexual (até ir conhecendo a pessoa e naturalmente acontecer) e sentir pouco interesse em fazer sexo em si. No fim, é sobre entender e impor nossos limites e concordo com a parte de normalizarem certos abusos na relação por acharem sexo essencial na relação e não conseguirem lidar com a frustração do parceiro negar isso.

Concordo com tudo ! Uma coisa realmente não anula a outra, acho que no final é sobre limites, impor eles e esperar que as pessoas os respeitem, e se não o fizerem, então é melhor cortar laços. E vc tem razão quando fala que com calma e respeito podem ser superados, não é um trabalho fácil, leva tempo e vai doer, como todo processo de cura. Espero que a gente se cure dessas feridas e que um dia, quem sabe, a gente esteja em uma relação onde ser ace, não é um problema de nenhuma forma.