gente, eu tenho vontade de fazer esse tópico desde que me registrei, mas a preguiça falava mais alto.
seguinte, gosto de me definir como assex arromantic (sim, sem genero definido) e prefiro acreditar que nunca me apaixonei de verdade na vida. mas o que caracteriza necessariamente a paixao? pensar na pessoa o dia todo? ficar triste pensando na pessoa? nervosismo diante da presença da pessoa? desejar a pessoa sempre por perto? desejar abraçar, tocar a pessoa? desejar que o sentimento seja recíproco? sonhar com um futuro com essa pessoa?
eu tive certos episodios no decorrer da vida que ja pensei ter me apaixonado e eu me considerava heterorromantic, mas hoje em dia prefiro considerar que não. prefiro considerar que esses episodios foram feitos de sentimento de tedio com a vida, solidao (considerando que eu amo conversar com pessoas parecidas comigo mas nem sempre tive pessoas assim ao meu lado e, se eu nao me identifico com ninguem, prefiro nao falar com ninguem), falta de autoconhecimento, ansiedade devido a autoestima baixa.
vou enumerar e descrever tais episodios que me incomodam. aceito opiniões de todos os tipos, na verdade eu ate gostaria que vcs dissessem se consideram isso como paixao ou nao e o que vcs realmente consideram como tal. oras, debates sempre sao muito bem vindos, ainda mais com um assunto tao complexo como esse!
1 - eu tinha 13 anos e era uma pessoa relativamente solitaria. nao tinha amigos na escola e as unicas pessoas com quem eu tinha um pouco mais de proximidade era meu irmao 2 anos mais novo e minha prima 5 anos mais nova. eu brincava com eles quase todos os dias, mas nunca conversava de fato.
um dia, meu irmao convidou dois amigos que estudavam com ele pra passar uma tarde em casa. ele ja tinha trazido outros meninos antes e eu sempre me sentia à vontade e brincava junto, mas com esses dois em especial eu nao conseguia chegar muito perto e me sentia desconfortavel. no dia seguinte, acordei extremamente triste pensando em um deles - o que eu tinha achado o mais bonito - e nao entendia o que estava acontecendo comigo, pois a tristeza se estendeu por dias. parecia que minha vida tinha se dividido em duas metades, antes de conhecer esse menino e depois. eu definitivamente estava me estranhando muito. eu vivia torcendo pra ver ele na escola (ele estudava a tarde e eu de manhã, mas as vezes ele chegava cedo) e tambem vivia torcendo pro meu irmao chamar ele de novo pra vir pra casa, mas nunca falei nada pra ninguem. e eu nem pensava no que eu queria exatamente com ele, nao pensava em beijar, nem em falar nada apaixonado pra ele. eu só queria uma proximidade maior, me imaginava jogando videogame com ele, brincando, contando piadas; e eu até achava outros meninos bonitos e gostava de observa-los, mas esse era o meu favorito.
tal tristeza em relaçao a ele morreu um mes e meio depois, num dia que eu precisei ficar ate mais tarde na escola e eu pude conhece-lo melhor. ele e outros amiguinhos dele - diante da minha presença, uma garota "nova" no territorio deles - chegaram em bando perto de mim me chamando de feia. e passaram todo o resto do tempo que eu permaneci la com a maior frescura com as meninas que eles consideravam bonitas. sofri com isso? sinceramente, nao. nem um pouco. peguei desprezo instantaneo. nao precisava ter qualquer proximidade com um moleque babaca e futil como esse. ainda achava ele bonito (como tantos outros), mas qualquer tristeza e desejo de aproximaçao simplesmente desapareceram.
2 - eu tinha 14 anos, estava na 8ª serie e notei que no 1º ano haviam duas alunas novas, gemeas nao identicas, uma delas eu achava linda. elas ficavam juntas e assim como eu, falavam com poucas pessoas na escola. ja fiquei meio triste e pensando nelas o dia todo e pensando que poderiam ser minhas amigas, mas durou muito menos e foi bem menos intenso do que com os meninos.
3 - eu tinha 16 anos, estava no 2º ano e tinha feito amizade com um cara da minha sala. eu nao achava ele bonito e achava ele estranho e perturbado. mais uma vez, eu pensava nele o dia todo e eu gostava de conversar com ele e tinha vontade de ajuda-lo a superar os problemas e queria que ele sentisse a mesma felicidade que eu sentia quando eu falava com ele. tinha vontade que ele chegasse do nada se declarando pra mim e falando que eu era importante pra ele, mas eu sinceramente nao tinha ideia do que fazer caso isso acontecesse, pois eu tinha consciencia de que ele era perturbado e eu nao queria uma pessoa com esse perfil comigo. mas felizmente, ele nunca se declarou e esse meu sentimento estranho morreu quando o ano acabou e eu acabei optando por mudar de escola, apesar de que eu tinha certo receio do sentimento voltar caso eu tivesse ele na minha rotina de novo. no ano seguinte eu senti falta dele pq nao fiz amigos na escola nova, mas ele era antipatico demais pra eu sequer pensar em chamar ele pra conversar, eu sabia que não teria uma resposta positiva. enfim, essa era a minha paupérrima opçao de amigos e isso me deixava extremamente triste.
4 - com 17 anos e na escola nova, achei linda uma loura alta da minha sala e ja fiquei um pouco triste por isso, mas assim como as gemeas, foi algo totalmente raso e pouco duradouro.
5 - com 20 anos e namorando, mas num momento em que a relação estava em vias de se romper, conheci um rapaz que achei especialmente bonito e ele se tornou meu amigo. eu gostava demais de conversar com ele, ficava pensando nele o dia todo, achava ele incrivel, inteligente, simpatico, tudo a ver comigo, achava que eu nunca mais iria conhecer alguem tao espetacular e depois de um tempo, eu comecei a achar ele bonito de tal jeito que senti necessidade de me masturbar!!! isso nunca tinha acontecido antes!!! um dia, ele disse que "ficaria" comigo e só aí eu percebi que nao queria nada de verdade com ele nesse sentido. qualquer "esplendor" que eu sentia por ele foi por agua abaixo. e poucos dias depois ele começou a namorar uma garota e nao me importei nem um pouco com isso. e a vida seguiu normalzinha.
enfim, pessoal. são esses os meus relatos. como eu havia dito, eu pensava ser hetero, mas os episodios das meninas e a minha facilidade pra esquecer os caras me fazem questionar se tudo isso era paixao mesmo. prefiro acreditar que nao, pois me tornei mais feliz depois que conheci a definição de assexualidade e tenho preferencia por me definir por assexual arromantic, mas como eu havia dito antes, o tópico está abertíssimo para discussões e opiniões!
Última edição por vaporizador em 10/6/2014, 22:11, editado 1 vez(es)
seguinte, gosto de me definir como assex arromantic (sim, sem genero definido) e prefiro acreditar que nunca me apaixonei de verdade na vida. mas o que caracteriza necessariamente a paixao? pensar na pessoa o dia todo? ficar triste pensando na pessoa? nervosismo diante da presença da pessoa? desejar a pessoa sempre por perto? desejar abraçar, tocar a pessoa? desejar que o sentimento seja recíproco? sonhar com um futuro com essa pessoa?
eu tive certos episodios no decorrer da vida que ja pensei ter me apaixonado e eu me considerava heterorromantic, mas hoje em dia prefiro considerar que não. prefiro considerar que esses episodios foram feitos de sentimento de tedio com a vida, solidao (considerando que eu amo conversar com pessoas parecidas comigo mas nem sempre tive pessoas assim ao meu lado e, se eu nao me identifico com ninguem, prefiro nao falar com ninguem), falta de autoconhecimento, ansiedade devido a autoestima baixa.
vou enumerar e descrever tais episodios que me incomodam. aceito opiniões de todos os tipos, na verdade eu ate gostaria que vcs dissessem se consideram isso como paixao ou nao e o que vcs realmente consideram como tal. oras, debates sempre sao muito bem vindos, ainda mais com um assunto tao complexo como esse!
1 - eu tinha 13 anos e era uma pessoa relativamente solitaria. nao tinha amigos na escola e as unicas pessoas com quem eu tinha um pouco mais de proximidade era meu irmao 2 anos mais novo e minha prima 5 anos mais nova. eu brincava com eles quase todos os dias, mas nunca conversava de fato.
um dia, meu irmao convidou dois amigos que estudavam com ele pra passar uma tarde em casa. ele ja tinha trazido outros meninos antes e eu sempre me sentia à vontade e brincava junto, mas com esses dois em especial eu nao conseguia chegar muito perto e me sentia desconfortavel. no dia seguinte, acordei extremamente triste pensando em um deles - o que eu tinha achado o mais bonito - e nao entendia o que estava acontecendo comigo, pois a tristeza se estendeu por dias. parecia que minha vida tinha se dividido em duas metades, antes de conhecer esse menino e depois. eu definitivamente estava me estranhando muito. eu vivia torcendo pra ver ele na escola (ele estudava a tarde e eu de manhã, mas as vezes ele chegava cedo) e tambem vivia torcendo pro meu irmao chamar ele de novo pra vir pra casa, mas nunca falei nada pra ninguem. e eu nem pensava no que eu queria exatamente com ele, nao pensava em beijar, nem em falar nada apaixonado pra ele. eu só queria uma proximidade maior, me imaginava jogando videogame com ele, brincando, contando piadas; e eu até achava outros meninos bonitos e gostava de observa-los, mas esse era o meu favorito.
tal tristeza em relaçao a ele morreu um mes e meio depois, num dia que eu precisei ficar ate mais tarde na escola e eu pude conhece-lo melhor. ele e outros amiguinhos dele - diante da minha presença, uma garota "nova" no territorio deles - chegaram em bando perto de mim me chamando de feia. e passaram todo o resto do tempo que eu permaneci la com a maior frescura com as meninas que eles consideravam bonitas. sofri com isso? sinceramente, nao. nem um pouco. peguei desprezo instantaneo. nao precisava ter qualquer proximidade com um moleque babaca e futil como esse. ainda achava ele bonito (como tantos outros), mas qualquer tristeza e desejo de aproximaçao simplesmente desapareceram.
2 - eu tinha 14 anos, estava na 8ª serie e notei que no 1º ano haviam duas alunas novas, gemeas nao identicas, uma delas eu achava linda. elas ficavam juntas e assim como eu, falavam com poucas pessoas na escola. ja fiquei meio triste e pensando nelas o dia todo e pensando que poderiam ser minhas amigas, mas durou muito menos e foi bem menos intenso do que com os meninos.
3 - eu tinha 16 anos, estava no 2º ano e tinha feito amizade com um cara da minha sala. eu nao achava ele bonito e achava ele estranho e perturbado. mais uma vez, eu pensava nele o dia todo e eu gostava de conversar com ele e tinha vontade de ajuda-lo a superar os problemas e queria que ele sentisse a mesma felicidade que eu sentia quando eu falava com ele. tinha vontade que ele chegasse do nada se declarando pra mim e falando que eu era importante pra ele, mas eu sinceramente nao tinha ideia do que fazer caso isso acontecesse, pois eu tinha consciencia de que ele era perturbado e eu nao queria uma pessoa com esse perfil comigo. mas felizmente, ele nunca se declarou e esse meu sentimento estranho morreu quando o ano acabou e eu acabei optando por mudar de escola, apesar de que eu tinha certo receio do sentimento voltar caso eu tivesse ele na minha rotina de novo. no ano seguinte eu senti falta dele pq nao fiz amigos na escola nova, mas ele era antipatico demais pra eu sequer pensar em chamar ele pra conversar, eu sabia que não teria uma resposta positiva. enfim, essa era a minha paupérrima opçao de amigos e isso me deixava extremamente triste.
4 - com 17 anos e na escola nova, achei linda uma loura alta da minha sala e ja fiquei um pouco triste por isso, mas assim como as gemeas, foi algo totalmente raso e pouco duradouro.
5 - com 20 anos e namorando, mas num momento em que a relação estava em vias de se romper, conheci um rapaz que achei especialmente bonito e ele se tornou meu amigo. eu gostava demais de conversar com ele, ficava pensando nele o dia todo, achava ele incrivel, inteligente, simpatico, tudo a ver comigo, achava que eu nunca mais iria conhecer alguem tao espetacular e depois de um tempo, eu comecei a achar ele bonito de tal jeito que senti necessidade de me masturbar!!! isso nunca tinha acontecido antes!!! um dia, ele disse que "ficaria" comigo e só aí eu percebi que nao queria nada de verdade com ele nesse sentido. qualquer "esplendor" que eu sentia por ele foi por agua abaixo. e poucos dias depois ele começou a namorar uma garota e nao me importei nem um pouco com isso. e a vida seguiu normalzinha.
enfim, pessoal. são esses os meus relatos. como eu havia dito, eu pensava ser hetero, mas os episodios das meninas e a minha facilidade pra esquecer os caras me fazem questionar se tudo isso era paixao mesmo. prefiro acreditar que nao, pois me tornei mais feliz depois que conheci a definição de assexualidade e tenho preferencia por me definir por assexual arromantic, mas como eu havia dito antes, o tópico está abertíssimo para discussões e opiniões!
Última edição por vaporizador em 10/6/2014, 22:11, editado 1 vez(es)