Olá, pessoal!

Eu já comentei em alguns tópicos anteriores que eu estive em um "pseudonamoro" com uma garota por quatro meses que acabou no dia que contei a ela que sou assexual. Ficamos um mês sem conversar e voltamos a nos falar na última semana. Apesar de ela não ter mencionado isso diretamente, acredito que ela tem a intenção de ter uma relação não-monogâmica comigo. Eu não sei o que faço. Ao mesmo tempo em que gostaria de voltar a me relacionar com ela, tenho muito medo de sofrer novamente. Tenho minhas dúvidas sobre a minha capacidade de suportar vê-la com uma outra pessoa. Não sei se devo me arriscar a me envolver emocionalmente com ela de novo.

Ricardo Pereira escreveu:

Apesar de ela não ter mencionado isso diretamente, acredito que ela tem a intenção de ter uma relação não-monogâmica comigo.

Fala com ela abertamente. Precisas de saber claramente o que ela pretende, e ela precisa saber claramente aquilo que tu sentes. Sei que por vezes, muitas vezes, as pessoas dizem "não sei". E isto tanto pode querer dizer que "não quer dizer" ou "não sabe como dizer" o que sente, como pode querer dizer também que não se sente com obrigação de ser claro ou de dar alguma justificação para o outro... Pensa primeiro para ti próprio o que sentes verdadeiramente por ela. E depois sê justo contigo próprio e assume perante ela.
Eu não considero que tudo isto seja necessário para todas as relações, às vezes a "incerteza" pode ter um grande poder erótico, mas no teu caso específico, e lembrando-me do que tu tinhas escrito sobre "insegurança" - o dilema do relacionamento -, acho que este é o melhor conselho que te posso dar.
Um forte abraço e que tudo corra pelo melhor!
Até breve !

Eu penso que ela não quer conversar sobre isso. Eu tenho quase certeza que se se eu iniciar uma conversa sobre esse assunto, ela vai me dizer que quer apenas ter uma amizade comigo, apesar de ser evidente que isso não é verdade.

Eu me senti muito mal assim que deixamos de nos relacionar, mas superei todo o meu sofrimento depois de algumas semanas. Quando ela voltou a conversar comigo na quarta-feira passada, eu juro que fiquei indiferente a ela, mas ela insistiu a me ver de novo. Ontem, passamos o dia inteiro juntos e foi muito bom. Suspeito que ela se encontrou com um rapaz depois que nos despedimos e, sinceramente, isso não me deixou triste. Eu tinha uma criado um bloqueio mental para afastar os meus sentimentos por ela, o qual foi desmoronado ontem. Combinamos de passear a um jardim botânico hoje, mas acho que não vai possível porque o tempo aqui em Porto Alegre nunca está bom.

Ricardo Pereira escreveu:

Eu tenho quase certeza que se se eu iniciar uma conversa sobre esse assunto, ela vai me dizer que quer apenas ter uma amizade comigo, apesar de ser evidente que isso não é verdade.

Tu é que estás a projetar esse sentimento... até pode ser verdade, mas só assim com este lado fica difícil.

Ricardo Pereira escreveu:

Quando ela voltou a conversar comigo na quarta-feira passada, eu juro que fiquei indiferente a ela, mas ela insistiu a me ver de novo

Sabes que não és obrigado a vê-la. Por outro lado, não consigo perceber muito bem como é que és indiferente a ela e no entanto sentes que ela te quer como mais que um amigo. Eu tenho N histórias em que a minha assexualidade/aromanticidade não me permitiu perceber se as pessoas me queriam mais do que amigo ou não, várias vezes eu percebia isso muito depois ou alguém tinha que me contar. Claro que as coisas eram diferentes quando eu gostava da pessoa.

Ricardo Pereira escreveu:

Ontem, passamos o dia inteiro juntos e foi muito bom. Suspeito que ela se encontrou com um rapaz depois que nos despedimos e, sinceramente, isso não me deixou triste.

Isto para mim é possível sinal importante. E pode ser lido em dois possíveis sentidos.
1 - ela "criou" uma separação nos sentimentos que tinha por ti. Arranjou talvez uma outra pessoa, só que esta pessoa não a complementa tal como tu fazia, porque essa pessoa não és tu. E agora acha que pode estar contigo só como amigo, para ter o melhor dos dois mundos. Por isso que ela insistiu. Pessoalmente eu acho este comportamento um bocado artificial é o mesmo que dizer que "2-1 = 0+1", que as coisas na vida real são matematicamente equivalentes.
2 - estás numa espécie de negação. apesar de dizeres que és indiferente, estás atento ao que ela faz, com suspeitas de que poderá encontrar-se com outras pessoas, e por isso, claramente interessado.

Eu peço desculpa pela dureza com que escrevo. Aquilo que escrevo é sinceramente do coração e, como tal, talvez com os defeitos tendenciosos das minhas preferências românticas. Talvez estivesses à procura de alguém que te desse uma ajuda para abordar a tua namorada sobre a possibilidade de criar um relacionamento aberto. E neste caso, o teu post não foi claro o suficiente. Eu fico um bocado sem perceber ao certo com o que é que queres ajuda. Queres ficar com ela; não queres; queres mas num relacionamento aberto; queres mas não num relacionamento aberto...? Queres ajuda para saber qual das hipóteses escolher; perceber melhor os teus sentimentos; queres ajuda para saber como abordá-la...?

Em qualquer das circunstâncias, e uma vez mais, o melhor pedaço de conselho que eu te podia dar e sublinhar é:

link_cell escreveu:

Pensa primeiro para ti próprio o que sentes verdadeiramente por ela. E depois sê justo contigo próprio e assume perante ela.

Eu quero ter um relacionamento com ela em que eu não tenha de sofrer.

Acho que eu preciso esclarecer algumas coisas. Nós dois moramos juntos numa casa de estudantes onde residem 33 pessoas. Nos conhecemos há 14 meses e, por volta de 8 meses atrás, ela contou para alguns amigos em comum que gostava de mim e, por meio deles, tive notícia sobre os sentimentos dela. Eu relutei muito a gostar dela, mas não resisti. Acabei me apaixonando. Daí, passamos a ter um relacionamento romântico. Depois de alguns meses, comecei a me sentir muito inseguro sobre o nosso relacionamento. Pensava que ou ela desejaria ficar com alguém ou que ela realmente estava saindo de forma escondida. Daí, então, resolvi contar a ela que sou assexual. Nessa conversa, ela não admitiu que gosta de mim. Disse que éramos somente amigos, mas, contraditoriamente, ficou um mês de mal comigo.  Eu percebo que ela gosta de mim pelo tom de voz, pelos olhares e pela alegria dela e, também, pelo modo como os outros moradores da casa percebem o nosso relacionament.

Hoje de manhã, eu acordei e vi descendo do andar onde ela mora um rapaz que estava a cortejando, que também mora com a gente,carregando alguns pertences dela. Minha suspeita é embasada em tudo o que eu já vi e escutei entre eles.

Pelo o que eu conheço ela (e eu te garanto que a conheço muito bem), ela nunca irá assumir que pretende ter um relacionamento aberto comigo porque eu já disse-lhe que teria dificuldades em vê-la com outra pessoa. Como ela já afirmou que quer ser apenas minha amiga, ela vai usar, acredito, esse pretexto novamente para evitar revelar os reais interesses dela.

Eu agradeço muito aos teus comentários, Link. Eles realmente têm me feito pensar melhor sobre esse problema.

Eu estou pensando em me convencer de que o que ela faz com o corpo dela é irrelevante para mim, pois me interessa apenas o seu sentimento. Quando conseguir internalizar essa afirmativa, vou propor-lhe um relacionamento aberto.

Ainda estou em dúvida sobre essa solução, mas é, no momento, aquela em que estou mais inclinado a tomar.