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Ok, vou tentar ser rápida aqui, e o texto provavelmente vai ficar confuso... mas vamos lá.

Bem, comecei a fazer terapia com uma psicóloga há umas três semanas, mas estou preocupada. Ela é psicóloga e amiga da minha mãe, que está melhorando da depressão agora; há alguns meses, minha mãe decidiu que iria me pôr para fazer terapia, parece que o motivo era eu ficar muito no meu quarto e no computador, mas na época minha irmã mais velha estava fazendo, ela viajou há quase dois meses, mas só vim começar a terapia agora.
Acontece que só fiz umas três sessões, nas quais a psicóloga me fez algumas perguntas simples por alguns minutos e eu respondi, coisas sobre o dia a dia... nessa última vez ela comentou, no final, que eu parecia não ter muito porque fazer terapia. Bem, eis o problema.

Então, esses últimos dias, desde o mês passado, eu estou realmente bem, na maioria das vezes estou me sentindo bem, principalmente se comparado à alguns meses atrás.
Eu tenho 15 anos atualmente, faço 16 em dois meses, mas sou uma pessoa muito madura para minha idade (muito mesmo, tenho mais maturidade e sabedoria do que muitas pessoas mais velhas por aí, acho que alguns de vocês devem entender como é), eu sempre busco saber mais sobre mim mesma e tenho muito orgulho de quem sou... mas sou muito fechada, mantenho as coisas para mim mesma e não compartilho com os outros; simplesmente não consigo deixar de ser assim, não sei porque, mas é como sou.
Há alguns meses atrás eu estava bem mal, principalmente por causa de toda essa coisa de sala nova e pessoas novas; não sou boa em questões sociais e a maioria das pessoas em minha faixa etária não são boas para formar amizade, pois costumam ser muito "imaturas" e - digo isso sem arrogância, apenas é a verdade - não parecem ter o mesmo "nível de intelecto" que o meu, simplesmente não me enquadro entre eles... bem, eu que sou a estranha, o comum seria eu ser como eles (salvo minha melhor amiga, que é parecida comigo... até acho que ela é assexual também).

Na mesma época que comecei a pesquisar sobre assexualidade, comecei a pesquisar transtornos psicológicos e afins, e comecei a me identificar com algumas características deles... sei que, no fim, acabou por eu descobrir a Síndrome de Asperger, algo que eu realmente me identifiquei, tipo 80%.
Eu acho que posso ter essa síndrome, porém não posso afirmar e nem tenho certeza.

A minha psicóloga tinha pedido que eu achasse algo que eu queria focar na terapia, mas, após um tempo, realmente não soube dizer... acabei citando ansiedade, algo que realmente tenho muito, mas, ainda assim, deixei umas partes de fora e mal explicadas. Não sei como dizer à ela minhas preocupações, as vezes eu nem lembro na hora, ou então simplesmente não consigo dizer. O que citei acima foi apenas uma pequena parte do que me aflige, outras coisas, algumas mais típicas de "adolescentes" (como colégio) também, e muito mais... mas o que falei é, por enquanto, o principal.
Já arranjei problemas por ser do jeito que sou, muitas pessoas (da minha própria família, aliás) acham que sou desinteressada, despreocupada, preguiçosa, egoísta, entre outros. Coisas que as pessoas comentam sem ofensa, acabam por me deixar mal ou nervosa.

Já tentei falar isso com minha mãe algumas vezes, mas não deu certo... uma vez, quando eu estava pesquisando sobre autismo, ela fez um comentário e eu achei uma brecha para falar, tentei começar o assunto devagar, puxando a conversa para o tema, mas, antes que eu pudesse sequer dizer algo, ela mudou o assunto e perdi a chance.
É complicado também porque sei que a maioria das pessoas (meu padrasto mesmo) iria vir com aquela de "besteira de adolescente" para cima de mim; minha mãe talvez não fizesse isso, mas ela provavelmente ia ficar com aquela de que "não, filha. Eu sei que é difícil, mas só depende de você querer e blablabla".

É difícil, não sou e não quero ser o que a sociedade espera ou, no mínimo, aceita... e não digo isso por conta da assexualidade (apesar de isso também fazer parte), digo por conta de pessoa mesmo: personalidade, desejos, pensamentos, são todos diferentes do que as pessoas em volta têm.


Então, vocês têm alguma ideia de como eu podia dizer para minha psicóloga isso?

Espero que não tenha ficado tão confuso, eu precisava fazer pelo menos um pequeno desabafo, e
aqui é o único lugar que posso fazer isso. Deixei muita coisa fora e fiz tipo um mini resumo, mas foi o que deu.

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Olá.
Passei pelo mesmo problema com mimha psicóloga. Nunca consegui me abrir com ela, e como teria sido bom ter falado com ela sobre minha assexualidade, mas nunca consegui.

Minha precaução beira a paranoia: escondo ao maximo possivel encobrindo nos minimos minimos rastros meu uso desse fórum por exemplo. Entre outras coisas. Só falo aqui quando estou sozinho no meu quarto e desligo sim o celular sempre que entro(é mais fácil de esconder algo no celular que no computador).

Por isso nunca falei nada pra ela. Na minha cabeça, se não estou pagando ela não responde a mim. Logo, meus pais iriam acabar sabendo de todos os assuntos delicados que não estou(ou estava) preparado para falar com eles(como minha assexualidade, a depressão que enfrentei quase sozinho e até umas tendências auto-destrutivas, auto-depreciativas e até mesmo já pensei um tempo em "acabar com tudo", mas não aconteceu afinal aqui estou eu). Aí se não posso manter os segredos com ela não posso me abrir, logo não posso falar nada com ela(não podia). Tudo isso porque a quem ela se reporta são meus pais e não eu.

Como por exemplo, um médico. Se eu tivesse usado drogas e me machucado por isso meus pais seruam os primeiros a saber. Já que funciona assim o sigilo médico-paciente então eu realmente não poderia me beneficiar dela com um psicólogo.

Eu te entendo!

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É, eu sou quase assim também... só não escondo tanto o fato de ser assexual, tenho muito orgulho disso e bato de frente com quem criticar, o que escondo é mais o meu psicológico e meu sentimental, guardo o que sinto e penso para mim mesma e não consigo tirar minhas dúvidas.
Tem tanta coisa acontecendo atualmente e eu simplesmente não estou conseguindo lidar.
Eu sei que tem coisas que tenho que enfrentar, que o mundo não vai mudar apenas porque eu me sinto mal, mas isso não torna as coisas mais fáceis... comentei no outro tópico como estou me sentindo: presa, limitada, desperdiçada, com uma constante cobrança do que eu devo fazer e conseguir (também conhecido como colégio).

Hoje mesmo foi um dia horrível, esse ano está sendo horrível... as pessoas a minha volta parecem sempre estar entre duas coisas sobre mim: esquecem que tenho apenas 15 anos e que tenho diversos motivos para ter problemas (meu próprio passado mesmo) ou então acham que sou imatura e que tenho que sair e viver a vida, largar de ficar no meu quarto e de fazer o que gosto, que seria ver animes, ler fanfics e afins (que, para eles, parece ser uma "doença").
Acho incrível que, ao invés de procurarem saber se tem motivo para isso, eles apenas critiquem que eu queira ficar sozinha no meu quarto! Eu amo ficar sozinha, mas raramente consigo isso, sempre tem alguém por perto, sempre... quando estou em casa, minha mãe sempre está, o máximo que consigo ficar sozinha aqui é meia hora, meu quarto é apenas minha única alternativa para o mais próximo que posso de ficar só.

Como eu disse, eu estava bem esses últimos dias, mas estava péssima há alguns meses, e as coisas parecem estar piorando de novo... nada que estou fazendo está dando certo, estou sendo horrível em muitas disciplinas do colégio e não consigo melhorar, isso torna tudo pior, pois sinto a cobrança aumentar e as grades da gaiola se tornarem mais apertadas.
Estou escondendo minhas notas da minha mãe, porque eu sei que só vai piorar se ela souber (e nem vou falar do meu padrasto), mas agora está piorando, pois tenho que fazer provas de recuperação e nós vamos viajar justo na semana das provas; já tentei falar com ela para me deixar aqui, já que tenho dois trabalhos para apresentar, também falei que tenho que fazer a recuperação de matemática e física (mas, além dessas, tenho que fazer de desenho técnico e de história, o que eu não disse), porém ela está insistindo que vai tentar falar com os professores para resolver.

Toda vez que vou estudar, acabo pensando demais e pensando em tudo que tenho que fazer e conseguir em tão pouco tempo, e isso me deixa nervosa, ansiosa e desesperada, me sinto péssima e enjoada e não consigo me concentrar no que estou fazendo, então acabo indo fazer algo para me distrair, porque assim não me sinto mal... mas sei que isso é fugir, e isso só piora, pois é um ciclo que fica se repetindo. Mas, por mais que eu queira, não consigo dizer isso para minha psicóloga nem para ninguém.
As pessoas costumam diminuir os problemas dos adolescentes como se estivéssemos apenas fazendo drama, mas são coisas sérias que nos afetarão pelo resto da vida; a adolescência e a infância são as principais bases do que uma pessoa é e se torna, e é tão horrível saber que seus problemas são tão subestimados e desprezados, como se apenas adultos sofressem...

Eu fico tão grata por ter essa comunidade, é como um lugar em que escapo da sociedade e encontro pessoas que me entendem e com quem posso me identificar. Queria conhecer pessoas assim no dia a dia, mas é praticamente impossível.

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Fujoshi escreveu:
A minha psicóloga tinha pedido que eu achasse algo que eu queria focar na terapia, mas, após um tempo, realmente não soube dizer... acabei citando ansiedade, algo que realmente tenho muito, mas, ainda assim, deixei umas partes de fora e mal explicadas. Não sei como dizer à ela minhas preocupações, as vezes eu nem lembro na hora, ou então simplesmente não consigo dizer.

[...]

Então, vocês têm alguma ideia de como eu podia dizer para minha psicóloga isso?


Hmm, uma ideia simples e que pode ser terrivelmente eficaz - escreva. Assim como você escreveu esse texto, vá escrevendo coisas que te incomodam, assim, na hora que você estiver falando com ela, pode ler o que escreveu e ter certeza que não vai esquecer de alguma coisa, nem não ter o que falar, além de ter tempo de descrever melhor as coisas. Só não vale escrever uma página e depois ler duas linhas, porquê aí o problema continuaria, só que de um jeito novo.

Tw.S escreveu:
Aí se não posso manter os segredos com ela não posso me abrir, logo não posso falar nada com ela(não podia). Tudo isso porque a quem ela se reporta são meus pais e não eu.

Como por exemplo, um médico. Se eu tivesse usado drogas e me machucado por isso meus pais seruam os primeiros a saber. Já que funciona assim o sigilo médico-paciente então eu realmente não poderia me beneficiar dela com um psicólogo.


Capítulo IX
Sigilo profissional
É vedado ao médico:


Art. 73. Revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua profissão, salvo por motivo justo, dever legal ou consentimento, por escrito, do paciente.
Parágrafo único. Permanece essa proibição: a) mesmo que o fato seja de conhecimento público ou o paciente tenha falecido; b) quando de seu depoimento como testemunha. Nessa hipótese, o médico comparecerá perante a autoridade e declarará seu impedimento; c) na investigação de suspeita de crime o médico estará impedido de revelar segredo que possa expor o paciente a processo penal.
Art. 74. Revelar sigilo profissional relacionado a paciente menor de idade, inclusive a seus pais ou representantes legais, desde que o menor tenha capacidade de discernimento, salvo quando a não revelação possa acarretar dano ao paciente.

Fonte

DAS RESPONSABILIDADES DO PSICÓLOGO


Art. 9º – É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso no exercício profissional.

Art. 13 – No atendimento à criança, ao adolescente ou ao interdito, deve ser comunicado aos responsáveis o rstritamente essencial para se promoverem medidas em seu benefício.

Fonte

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Fernando escreveu:
Hmm, uma ideia simples e que pode ser terrivelmente eficaz - escreva. Assim como você escreveu esse texto, vá escrevendo coisas que te incomodam, assim, na hora que você estiver falando com ela, pode ler o que escreveu e ter certeza que não vai esquecer de alguma coisa, nem não ter o que falar, além de ter tempo de descrever melhor as coisas. Só não vale escrever uma página e depois ler duas linhas, porquê aí o problema continuaria, só que de um jeito novo.


Nunca tinha pensado, talvez fosse uma boa ideia... mas não sei se eu conseguiria dizer na hora, não tudo que eu escrevesse. Como eu disse, eu realmente não consigo falar essas coisas. Mas eu poderia tentar, começando por coisas menores talvez, poderia até começar com isso de não conseguir me expressar de maneira nenhuma.

Obrigada, foi realmente uma ótima ideia!! :P coração ace

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Fujoshi escreveu:
Fernando escreveu:
Hmm, uma ideia simples e que pode ser terrivelmente eficaz - escreva. Assim como você escreveu esse texto, vá escrevendo coisas que te incomodam, assim, na hora que você estiver falando com ela, pode ler o que escreveu e ter certeza que não vai esquecer de alguma coisa, nem não ter o que falar, além de ter tempo de descrever melhor as coisas. Só não vale escrever uma página e depois ler duas linhas, porquê aí o problema continuaria, só que de um jeito novo.


Nunca tinha pensado, talvez fosse uma boa ideia... mas não sei se eu conseguiria dizer na hora, não tudo que eu escrevesse. Como eu disse, eu realmente não consigo falar essas coisas. Mas eu poderia tentar, começando por coisas menores talvez, poderia até começar com isso de não conseguir me expressar de maneira nenhuma.

Obrigada, foi realmente uma ótima ideia!! :P coração ace


Não tem problema não conseguir dizer tudo. Vá aos poucos, respeite seu ritmo. É melhor dar passos curtos e continuar andando do que dar passos enormes e cair toda vez.

De nada ^^
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