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descriptionRelacionamentos. Será que exigimos muito além do que podemos ter? EmptyRelacionamentos. Será que exigimos muito além do que podemos ter?

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Identifico-me como um homem ace desde quando eu um jovem rapaz. Acredito que, aqui no pequeno município onde eu moro sou o único que é, que gosta de ser assim, de pensar dessa forma, de agir desse jeito e sem muitas neuras (pelo menos não tão aparentes). Sou um cara que já teve relacionamentos para curtir, namorar, sentir os beijos e a ótima companhia daquele alguém do meu lado. Namorei garotas, namorei garotos e fui percebendo que eu não tinha a fixação por sexo, que é tão comum nas outras pessoas próximas a mim, principalmente nos homens. Lembro que na minha adolescência, meus amigos e primos só falavam de sexo, vontade de transar e essas coisas relacionadas aos conteúdos que eles liam ou assistiam. Bem normal para todo jovem, por estar numa fase em que os hormônios estão em ebulição constante em nosso corpo e faz a mente desejar e querer consumar logo essa vontade. Eu, ou me afastava, ou acabava me envolvendo nesses momentos em que este era o assunto, mas eu sempre fui o menos empolgado da turma. Acho que foi lá pelos meus 15 anos que eu tive a primeira paquera, sempre que eu estava com uma menina ou menino era por gostar do namoro em si. Dos carinhos no cabelo, dos beijos, do cheiro no pescoço e essas caricias tão características quando se está ficando com alguém. Sempre era pela sensação de estar junto a uma pessoa em que ambos se permitiam sentir um ao outro de modo a aproveitar a "pegação", mas quando algo estava avançando demais para o que obviamente iria resultar na vontade dele ou dela ir para um lugar mais reservado, provavamente pra cima de uma cama para pular logo as etapas do namorinho e então fazer transar. Logo que eu percebia essa pressão, ou a exigência por fazer logo algo que todo mundo deseja concretizar eu me desviava desta intensão e me afastava quando estava muito clara que era isso. Não que eu tivesse algum problema sério com isso, seja pela pressão, por algum complexo ou medo do que poderia ou não acontecer no exato momento, era apenas por eu não achar que tudo deveria ser imposto assim como se não pudesse continuarmos aquele algo que era bom e que poderia continuar sendo daquele jeito, sem essa intimação do que deveria ser cumprido quanto antes.

Atualmente, eu me sinto bem morando sozinho, e acho legal relembrar alguns momentos da minha juventude em que eu era um cara inexperiente e que aceitava logo essas condições. Hoje eu sinto, ou vez em quando eu me pego imaginando como é legal ter alguém para estar do seu lado, seja para dormir juntos em noites frias e chuvosas e sentimos que um simples abraçar de conchinha deixa a relação tão boa. Talvez, pessoas como eu, sintam que exigimos muito, mas é apenas aqueles sentimentos que vez em quando nos passam pela mente e então desejamos estar junto daquele alguém, que não precisa ser perfeitinho(a), apenas querer viver sem essas diversas complexidades de um relacionamento. Conseguirmos dormir tranquilos sozinhos, mas por vezes também sentimos a vontade de ter aquele alguém legal do nosso lado para viver momentos tranquilos e divertidos. No meu caso, eu adoro a boa companhia de colegas ou amigos para apenas assistir um filme, documentário, um anime mesmo, ouvir umas músicas e estar batendo um papo ou mesmo tomando uma bebida e falando de assuntos bobos. E é nesses momentos em que pensamos o quanto é difícil achar um parceiro ou parceira para viver numa relação e querer viver bons momentos assim, sem a achar que tudo precisar direcionar para uma transa. Acredito que dizer isso para um alguém que se está começando a manter um relacionamento faz a pessoa refletir muito se iria aceitar por muito tempo algo assim. Possivelmente não. Talvez, as pessoas podem achar que essas colocações me evidenciam como um cara pretensioso, por achar que eu busco alguém muito específico para uma provável relação e que algum desejo além só poderia partir de meu interesse. É por isso que às vezes é bem confuso me entender. Sei que pode parecer até hipocrisia eu falar que aqui que sou ace, que adoro viver sozinho e não sinto aqueles desejos incontroláveis de fazer sexo com uma pessoa bacana. Mas a verdade é que, por vezes, eu sinto vontades, só que esses impulsos vêm apenas de vez em quando. Mas o que é constante na outra parte dos desejos é a vontade de apenas estar do lado de alguém que seja uma boa companhia para mim quanto eu seria uma boa companhia para ele(a).

descriptionRelacionamentos. Será que exigimos muito além do que podemos ter? EmptyRe: Relacionamentos. Será que exigimos muito além do que podemos ter?

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Olá, Paulo, tudo bem?

Olha, me entendo como demissexual, ou seja, um pouco diferente da sua realidade, mas também com algumas proximidades. Só me identifiquei assim aos 31 anos, quando li uma psicóloga se identificando como demissexual. Tudo mudo deste então.

Mas até esta data eu tinha tido 2 relacionamentos muito longos. Dentro do relacionamento eu praticamente "funciono" como um alossexual. Mas até chegar o relacionamento era uma penúria... E muitas vezes eu fugia ou me esquivava de situações de possíveis paqueras, pois sabia que não corresponderia à essa intimação sexual. Muitas vezes nem os beijos fluíam. Era um verdadeiro desastre.

Após ler sobre, as coisas mudaram muito. Mesmo este tipo de encontro não fluindo, eu passei a ficar mais de boa, a abrir para a pessoa, a tentar relaxar com minha condição e fazer com que ela não resultasse numa fuga das situações.

Eu acho que nos tempos atuais é muito possível nos encontrarmos com nossas orientações e construir relações e afetos que comportem elas. Claro que muitas pessoas ainda operam dentro da lógica da hiperssexualização ou da heteronormatividade, mas ao mesmo tempo o universo LGBTQIA+ e as diversas dissidências e orientações divergentes também criam outros universos onde as mais diversas condições possam existir em sua plenitude. O debate da não-monogamia, por exemplo, retira muitas pressões sobre situações como as que você está descrevendo, pois o parceiro não precisa, necessariamente, satisfazer todas as suas necessidades com você. Ela pode curtir a parte sensual, afetiva, o companheirismo, a parceria, e etc com você, e caso haja necessidades sexuais as quais você não possa suprir ela pode buscar em outras pessoas. Acho uma perspectiva muito emancipadora pra que não tenhamos que nos submeter a situações indesejadas.

E assim podemos experimentar nossas vivências sem pressões, etc. Acredito muito no diálogo, Paulo. Na honestidade, no cuidado consigo e com o outro. Essas necessidades que você citou podem até ser supridas com amizades. Eu sou "hetero" dentro da minha demissexualidade, mas tenho um grande amigo do coração que é homossexual e muitas vezes nos acariciamos, deitamos juntos para assistir filme, raramente nos beijamos no carnaval ou em alguma festa muito doida, e somos plenos nisso, sem confusão, sem mal-entendidos.

Desejo que seu ser possa existir em plenitude por aqui! Avante!
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