SABE AQUELE MOMENTO em que você está em uma roda de amigos, quando você fala uma coisa e de repente todo mundo dá risada? Ou então durante a aula, em que o professor, só para fazer alguma piadinha, força alguma palavra de duplo sentido só para todo mundo rir?
Então, é esse o assunto de hoje. A impressão é que não se pode mais falar "pinto" (filhote de frango) e "milho" sem todo mundo começar a rir. Qualquer coisa, as pessoas associam com pênis - falo, daí falocêntrico. Qualquer coisa.
Hoje, na aula de Geografia, o professor dava aula sobre pecuária. Falamos, é claro, da criação de aves, dentre muitas outras coisas. No entanto, quando ele se referia ao frango, falava "pinto", fazendo todo o mundo rir. Com certeza isso foi forçado. Na aula passada, que era sobre agricultura, ele falava sobre a criação do milho, na qual durante as pessoas davam risadinha, e eu não sabia o porquê.
Dessa vez foi com frango. Eu me irritava, mas não demonstrava. No momento, empolgada com aquele assunto de criação de aves, até contei que, uma vez, na fazenda de um amigo dos meus pais, eu queria levar um pintinho para casa - era verdade. Coisa linda aquele filhotinho. Amarelinho, pintadinho por ter recém saido do ovo. Eu o levei para fora da granja, e ele tremia todo, aconchegado em minhas mãos... o piozinho dele... ah, pena que não podia levá-lo para casa, ou ele morreria. Bem, voltando para a história da aula... quando contei que queria levar um pintinho para casa, todo mundo caiu na gargalhada. Eu entendi imediatamente - e fiquei frustrada. Como um animal tão bonito quando um pintinho pode ser reduzido a isso?
Para você ver o quanto nossa sociedade é falocêntrica. Tudo gira ao redor desse bendito órgão sexual. Qualquer coisa faz a maioria das pessoas pensar nele. É um tabu, e a piada preferida de todo mundo. Se você tem esse negócio entre as pernas, é na maioria das vezes favorecido em detrimento daqueles que não o têm - e daqueles que se identificam com aqueles que não o têm. Sério, as pessoas (homens, principalmente) dão muita importância para essa coisa. Como se fosse o suprassumo das coisas, como se fosse, sei lá, uma segunda cabeça, coração ou um terceiro pulmão. Sério, a gente nem precisa desse órgão para sobreviver por nós mesmos! Com a tecnologia de hoje, apenas um pênis entre tantas pessoas é o suficiente para manter a espécie humana viva (oi, banco de esperma!)