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Olá, galera!
Sou a Ju, tenho 21 anos e, como muitos aqui, sou iniciante nos termos e definições da assexualidade. Até peço desculpas caso cometa algum equivoco, mas, convenhamos, a diversidade de orientações sexuais pode dar um nó na cabeça. mão no rosto
Me considero iniciante, mas já faz uns dois, três anos, que fui apresentada ao conceito de assexualidade. Na época, mesmo que muitos dos depoimentos traduzissem minhas experiências e percepções pessoais, descartei a ideia para um cantinho escuro da mente. Vez ou outra, quando me deparava com alguns entraves inexplicáveis, lembrava dessa informação e, com um sarcasmo autodirecionado, pensava: Era só o que me faltava!
A verdade é que eu tinha - e ainda tenho - medo de "me descobrir". Acho que sou o contrário de todo mundo que se diz aliviado ao conhecer o universo assexual, porque em vez de me sentir livre por ver mais gente como eu, me vejo aterrorizada por não ser como a grande maioria das pessoas. Entendam:
Enquanto não sabia da existência da assexualidade, eu era apenas uma jovem mulher sem sorte no amor. "É só uma fase, ainda não encontrei a pessoa certa, meus padrões são muito elevados para os caras alcançarem" e todos os outros clichês que se ouvem por aí, eu repetia para mim mesma. Cresci numa família evangélica então nunca tive cobranças por parte deles em relação a namorados - não até um tempo atrás, porque hoje em dia eles já começaram a "desconfiar". Na escola tive muitas paixonites; adorava trocar segredos sussurrados com as amigas, mas, se surgisse a oportunidade de contato direto, físico, com o alvo dessas conversas, eu surtava, pegava um ranço do pobre menino e o evitava como se fosse um leproso. Era bem loco!   :P
Aos 16 anos me apaixonei de verdade, acho. Acordava todos os dias com a face do dito cujo na cabeça; ele perseguia meus pensamentos, marcava presença nas minhas conversas e fazia meus olhos brilharem sempre que estava por perto. Eu fui uma típica idiota apaixonada com exceção de um ponto: JAMAIS imaginei ele me beijando, tocando ou fazendo qualquer outra coisa que se espera de um casal "normal". Eu não era consciente disso, só depois de um tempo que fui perceber essa peculiaridade na minha forma de amar... Continuando, o possível relacionamento entre ele e eu não se consumou por diversas razões, uma delas é outra característica minha que só consegui notar após um período de autoavaliação: detesto estar apaixonada!
Nutrir aquele sentimento foi desgastante demais para mim. Mergulhei de cabeça naquilo, mas não conseguia estabelecer uma conexão com o outro. Mesmo o "amando", não via sentido em me declarar ou apenas ficar, pois, bem lá no fundo, não queria estar com ele... Que merda, né?
Hoje em dia, ainda me pergunto o que teria acontecido se tivesse tomado uma iniciativa a favor daquele sentimento. Aliás, a título de curiosidade, o maior contato que mantive com esse rapaz foi um toque rápido e leve de mãos. Ele tinha mãos tão bonitas...    abraço
Depois desse pseudoromance intensamente unilateral, eu meio que me fechei para outras tentativas. Houveram alguns rapazes, e até moças, que despertaram um leve interesse, mas, como uma boa sabotadora, eu sempre encontrava neles um defeito, algo que simplesmente não podia suportar, então deixava de lado e seguia minha vida.
Passei os últimos anos concentrada em assuntos alheios à relacionamentos romanticos. Me formei no ensino médio, fiz cursos, entrei na faculdade, consegui meu primeiro emprego... Coisas naturais na vida de qualquer pessoa. Desde 2016, comecei a investir em um hobbie muito prazeiroso: a escrita. Escrevo romances contemporâneos, eróticos, e me sinto super confortável criando enredos em que os protagonistas podem se apaixonar e buscar seu felizes para sempre juntos. Meu coração é feito de água com açúcar.   coração vermelho
Só que esses dias me dei conta de um fato que me pareceu surpreendente: faço 22 anos em julho e permaneço irremediavelmente virgem. Isso me levou a reavaliar a minha história de vida. Fiz uma análise dos fatos que considerava isolados e percebi que existia um padrão no meu comportamento. Entre meu seleto e adorado grupo de amigas tenho fama de exigente e crítica, o que rende piadinhas internas sobre meu futuro como a louca dos gatos kkkkk O fato de não querer me casar é de conhecimento geral aqui em casa, meu irmão caçula, que aos 12 anos se apresenta como solteirão convicto, diz que nós dois vamos morar juntos para sempre, pois só ele pra me aturar e vice-versa. Minha mãe e minha irmã mais velha só se preocupam com meu desinteresse em namoros pelo temor que eu seja lésbica. Na vizinhança, já escutei uns cochichos bem indiscretos por esta minha solteirice eterna. De forma geral, nunca me incomodei com nada disso, porque acreditava fielmente que era normal, algo que 'quase' todo mundo sentia.
Porém, uma pesquisa mais aprofundada sobre a assexualidade e suas formas de manifestação trouxe luz àquilo que por anos tentei ocultar de mim mesma. Também trouxe uma pressão estranha na minha barriga, uma tensão que oscila cada vez que leio um depoimento no fórum: às vezes, rio da resistência que me afastou do contato com pessoas que podem me entender; outras vezes, tenho vontade de chorar por não ser aquilo que até pouco tempo achava que era.
Essa transição de identificação parece fácil para vocês, mas eu queria saber se realmente é. Porque, confesso, soa mais cômodo pensar que tenho um problema hormonal ou um bloqueio psicológico do que aceitar que sou assexual. Só que meus exames estão em dia, a saúde anda ótima, e o único trauma que tenho só me gerou um horror a baratas...
Não afirmo com convicção minha sexualidade, o espectro gray-a parece tentador pela flexibilidade da área cinza, mas acho que reinvidicar este rótulo só seria outra forma de dar voz a minha negação. Por mais inventiva que minha mente seja, não consigo me visualizar transando num futuro próximo ou em um relacionamento estável num futuro distante. Posso ser uma ACE romântica ou lithrromantica... sei lá! Acho que o título em si não importa muito, o que importa é conhecer cada elemento que me faz ser quem sou, é essencial "me descobrir" de todas as formas possíveis.
Caraca, isso quase virou uma biografia! Kkkkkkkkk
Estou empenhada a encarar esse novo mundo de descobertas com leveza. Ainda estou assustada, confusa com diversas coisas, por isso quero conversar com outras pessoas e tentar ajudar tanto quanto sou ajudada. Se ainda não notaram, eu tenho muito para falar, então contem com minha presença por aqui! Kkkkkkk
Grande abraço, companheiros de caminhada!

descriptionDivagações de uma possível assexual EmptyRe: Divagações de uma possível assexual

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Jujudi escreveu:
Olá, galera! Sou a Ju, tenho 21 anos e, como muitos aqui, sou iniciante nos termos e definições da assexualidade. Até peço desculpas caso cometa algum equivoco, mas, convenhamos, a diversidade de orientações sexuais pode dar um nó na cabeça. mão no rosto

Seja bem-vinda, Ju! bolo Não se preocupe com possíveis equívocos... leia com calma os tópicos que aparecem em minha assinatura e os da barra lateral direita, ajudarão a compreender melhor a assexualidade. sorrindo

Jujudi escreveu:
Me considero iniciante, mas já faz uns dois, três anos, que fui apresentada ao conceito de assexualidade. Na época, mesmo que muitos dos depoimentos traduzissem minhas experiências e percepções pessoais, descartei a ideia para um cantinho escuro da mente. Vez ou outra, quando me deparava com alguns entraves inexplicáveis, lembrava dessa informação e, com um sarcasmo autodirecionado, pensava: Era só o que me faltava!
A verdade é que eu tinha - e ainda tenho - medo de "me descobrir". Acho que sou o contrário de todo mundo que se diz aliviado ao conhecer o universo assexual, porque em vez de me sentir livre por ver mais gente como eu, me vejo aterrorizada por não ser como a grande maioria das pessoas. Entendam:
Enquanto não sabia da existência da assexualidade, eu era apenas uma jovem mulher sem sorte no amor. "É só uma fase, ainda não encontrei a pessoa certa, meus padrões são muito elevados para os caras alcançarem" e todos os outros clichês que se ouvem por aí, eu repetia para mim mesma. Cresci numa família evangélica então nunca tive cobranças por parte deles em relação a namorados - não até um tempo atrás, porque hoje em dia eles já começaram a "desconfiar".

Quais características despertam o seu interesse romântico? Sente atração física? Em caso afirmativo, qual a importância dela para você? O autoconhecimento é importante, assim como a aceitação de sua condição, se realmente for assexual.

Jujudi escreveu:
Na escola tive muitas paixonites; adorava trocar segredos sussurrados com as amigas, mas, se surgisse a oportunidade de contato direto, físico, com o alvo dessas conversas, eu surtava, pegava um ranço do pobre menino e o evitava como se fosse um leproso. Era bem loco!   :P
Aos 16 anos me apaixonei de verdade, acho. Acordava todos os dias com a face do dito cujo na cabeça; ele perseguia meus pensamentos, marcava presença nas minhas conversas e fazia meus olhos brilharem sempre que estava por perto. Eu fui uma típica idiota apaixonada com exceção de um ponto: JAMAIS imaginei ele me beijando, tocando ou fazendo qualquer outra coisa que se espera de um casal "normal". Eu não era consciente disso, só depois de um tempo que fui perceber essa peculiaridade na minha forma de amar... Continuando, o possível relacionamento entre ele e eu não se consumou por diversas razões, uma delas é outra característica minha que só consegui notar após um período de autoavaliação: detesto estar apaixonada!
Nutrir aquele sentimento foi desgastante demais para mim. Mergulhei de cabeça naquilo, mas não conseguia estabelecer uma conexão com o outro. Mesmo o "amando", não via sentido em me declarar ou apenas ficar, pois, bem lá no fundo, não queria estar com ele... Que merda, né?

Sugiro que leia sobre Lithromantismo, quem sabe se identifique...

Jujudi escreveu:
Hoje em dia, ainda me pergunto o que teria acontecido se tivesse tomado uma iniciativa a favor daquele sentimento. Aliás, a título de curiosidade, o maior contato que mantive com esse rapaz foi um toque rápido e leve de mãos. Ele tinha mãos tão bonitas...    abraço
Depois desse pseudoromance intensamente unilateral, eu meio que me fechei para outras tentativas. Houveram alguns rapazes, e até moças, que despertaram um leve interesse, mas, como uma boa sabotadora, eu sempre encontrava neles um defeito, algo que simplesmente não podia suportar, então deixava de lado e seguia minha vida. Passei os últimos anos concentrada em assuntos alheios à relacionamentos romanticos. Me formei no ensino médio, fiz cursos, entrei na faculdade, consegui meu primeiro emprego... Coisas naturais na vida de qualquer pessoa. Desde 2016, comecei a investir em um hobbie muito prazeiroso: a escrita. Escrevo romances contemporâneos, eróticos, e me sinto super confortável criando enredos em que os protagonistas podem se apaixonar e buscar seu felizes para sempre juntos. Meu coração é feito de água com açúcar.   coração vermelho

Amar de verdade não é encontrar uma pessoa perfeita (até porque ela não existe... você, eu, todos temos defeitos), mas sim aceitar as imperfeições alheias e cuidar, proteger, dar e receber carinho, desejar sempre o melhor para a pessoa.

Jujudi escreveu:
Só que esses dias me dei conta de um fato que me pareceu surpreendente: faço 22 anos em julho e permaneço irremediavelmente virgem.

Não é algo comum, hoje em dia, mas, definitivamente, isso não é um problema. Antes demorar e selecionar bem do que se precipitar e se arrepender depois... Eu, por exemplo, deixei de ser virgem aos 23.

Jujudi escreveu:
Isso me levou a reavaliar a minha história de vida. Fiz uma análise dos fatos que considerava isolados e percebi que existia um padrão no meu comportamento. Entre meu seleto e adorado grupo de amigas tenho fama de exigente e crítica, o que rende piadinhas internas sobre meu futuro como a louca dos gatos kkkkk O fato de não querer me casar é de conhecimento geral aqui em casa, meu irmão caçula, que aos 12 anos se apresenta como solteirão convicto, diz que nós dois vamos morar juntos para sempre, pois só ele pra me aturar e vice-versa.

A vida às vezes nos surpreende. Lembro-me de uma garota com quem conversava, há muitos anos, e que sempre dizia que provavelmente acabaria sozinha. Assim como eu ela era descendente de japoneses, havia "ficado"/namorado duas vezes, ambas com orientais... já estava na casa dos trinta e buscava alguém com uma série de características, dentre elas ser oriental. Certo dia, comentei com ela que se ela abrisse mão desse requisito, as opções de possíveis pretendentes aumentariam, e que existiam muitos ocidentais que valorizam bastante a cultura japonesa. Disse ainda que o amor da vida dela poderia estar mais perto do que ela imaginava, desde que prestasse atenção nos possíveis interessados. Ela acabou se casando com o vizinho, ocidental... pelo que sei tiveram dois filhos e ainda estão juntos. Quanto a mim, que até então estava num relacionamento que durou quase quatro anos, estou sozinho (sem namorar) há dez anos.

Jujudi escreveu:
Minha mãe e minha irmã mais velha só se preocupam com meu desinteresse em namoros pelo temor que eu seja lésbica. Na vizinhança, já escutei uns cochichos bem indiscretos por esta minha solteirice eterna. De forma geral, nunca me incomodei com nada disso, porque acreditava fielmente que era normal, algo que 'quase' todo mundo sentia.

Meu pai nunca me disse claramente, mas sei que desconfiou que eu fosse gay, quando mais novo. Certo dia me disse que achava estranho o fato de todos os filhos dos amigos dele levarem as respectivas namoradas para casa, meu irmão mais novo também, e eu estar sempre sozinho. Como já havia falado coisas parecidas várias vezes, respondi que eu não era filho dos amigos dele e que meu irmão era diferente de mim, e só me veria namorando quando eu realmente quisesse namorar. Quando me viu com a primeira namorada, anos depois, respirou aliviado...

Jujudi escreveu:
Porém, uma pesquisa mais aprofundada sobre a assexualidade e suas formas de manifestação trouxe luz àquilo que por anos tentei ocultar de mim mesma. Também trouxe uma pressão estranha na minha barriga, uma tensão que oscila cada vez que leio um depoimento no fórum: às vezes, rio da resistência que me afastou do contato com pessoas que podem me entender; outras vezes, tenho vontade de chorar por não ser aquilo que até pouco tempo achava que era. Essa transição de identificação parece fácil para vocês, mas eu queria saber se realmente é. Porque, confesso, soa mais cômodo pensar que tenho um problema hormonal ou um bloqueio psicológico do que aceitar que sou assexual. Só que meus exames estão em dia, a saúde anda ótima, e o único trauma que tenho só me gerou um horror a baratas...

Comigo aconteceu algo diferente. Encontrei o fórum por intermédio de uma matéria publicada no portal UOL. Achei muito interessante, entretanto, como pensava que assexuais eram só os arromânticos, surpreendi-me ao me identificar como Gray-A. Até então, pensava que fosse sexual, embora bem diferente da gigantesca maioria.

Jujudi escreveu:
Não afirmo com convicção minha sexualidade, o espectro gray-a parece tentador pela flexibilidade da área cinza, mas acho que reinvidicar este rótulo só seria outra forma de dar voz a minha negação. Por mais inventiva que minha mente seja, não consigo me visualizar transando num futuro próximo ou em um relacionamento estável num futuro distante. Posso ser uma ACE romântica ou lithrromantica... sei lá! Acho que o título em si não importa muito, o que importa é conhecer cada elemento que me faz ser quem sou, é essencial "me descobrir" de todas as formas possíveis.

Classificações servem para orientar, mas importante mesmo é que se conheça melhor e se aceite da forma como é.

Jujudi escreveu:
Caraca, isso quase virou uma biografia! Kkkkkkkkk
Estou empenhada a encarar esse novo mundo de descobertas com leveza. Ainda estou assustada, confusa com diversas coisas, por isso quero conversar com outras pessoas e tentar ajudar tanto quanto sou ajudada. Se ainda não notaram, eu tenho muito para falar, então contem com minha presença por aqui! Kkkkkkk
Grande abraço, companheiros de caminhada!

Espero que realmente participe ativamente do fórum. sorrindo
No que eu puder ajudar, é só chamar...

descriptionDivagações de uma possível assexual EmptyRe: Divagações de uma possível assexual

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Passo pelo mesmo "problema". A auto aceitação está sendo difícil.
Nunca gostei de sexo. Nunca gostei de beijo de língua. Estou há anos sem ter um relacionamento sério e não sinto falta de sexo e beijo. Eu não me imagino mais tendo relações sexuais. Eu não imagino mais alguém me tocando intimamente, tentando me dar prazer. Eu não quero mais tocar ninguém intimamente. Por um tempo, eu me classifiquei como celibatária e eu estava bem com isso porque era uma escolha minha. Nunca pensei que pudesse ser assexual, pois na minha cabeça os assexuais eram pessoas que não sentiam nenhum tipo de desejo sexual, e eu sentia um pouco, geralmente na TPM... Apesar do desejo, nunca cogitei a possibilidade de ter alguém me satisfazendo. Os desejos eram passageiros, não me atormentavam. Eu me aceitei como celibatária e pensava que a única forma de eu ser feliz em um relacionamento era se eu me relacionasse com uma assexual ou com alguém que não cobrasse sexo. Porém, pesquisando sobre os celibatários na Internet, eu vi que não me encaixava neles pois eu não tinha uma motivação religiosa (eu sou religiosa, mas a religião não me impediria de ter relações sexuais). Por curiosidade, pesquisei sobre assexualidade e me espantei quando vi que me encaixava nesse grupo, especificamente como grey-a. Eu descobri isso semana passada, e ainda não consigo digerir muito bem. Parece que quando eu tratava como escolha, era mais fácil. Agora que eu sei que ŕ minha orientação, eu tenho dificuldades em aceitar. Sei que sou assim. Só preciso de tempo e de conversa. 😌

Enviado pelo Topic'it

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Código:

Seja bem-vinda, Ju!  Não se preocupe com possíveis equívocos... leia com calma os tópicos que aparecem em minha assinatura e os da barra lateral direita, ajudarão a compreender melhor a assexualidade.


Obrigada! sorrindo mais Eu ainda não aprendi a citar apenas alguns trechos do texto, mas vamos lá!

Código:

Quais características despertam o seu interesse romântico? Sente atração física? Em caso afirmativo, qual a importância dela para você? O autoconhecimento é importante, assim como a aceitação de sua condição, se realmente for assexual.


Nunca tive uma característica específica para sentir atração romântica. Até é meio fácil atrair minha atenção nesse quesito, pois minha criatividade adora criar diversos enredos românticos e qualquer parceiro parece possível mão no rosto  Na área física, segundo o relato que li no tópico sobre atração sexual, tenho certeza que nunca senti algo naquela intensidade, mas acho que já senti alguma coisa bem suave... não sei dizer ao certo, porque nunca achei que isso fosse diferente para os outros. Pra mim, todo mundo era tão "indiferente" ao aspecto corporal quanto eu.

Código:

Sugiro que leia sobre Lithromantismo, quem sabe se identifique...


Epa! Já li eu  E digo que ainda estou considerando...

Código:

Amar de verdade não é encontrar uma pessoa perfeita (até porque ela não existe... você, eu, todos temos defeitos), mas sim aceitar as imperfeições alheias e cuidar, proteger, dar e receber carinho, desejar sempre o melhor para a pessoa.


Disse tudo!  aplausos  aplausos  Além do mais, se um dia eu encontrar alguém, essa pobre alma teria que lidar com meus defeitos, e sei que tenho bastante.

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Não é algo comum, hoje em dia, mas, definitivamente, isso não é um problema. Antes demorar e selecionar bem do que se precipitar e se arrepender depois... Eu, por exemplo, deixei de ser virgem aos 23.


Eu sei, mas o que me surpreendeu é o fato de eu não ligar para isso, estar totalmente desligada dessa área em particular. Parece que eu dormi por vários anos e acordei agora...

Código:

A vida às vezes nos surpreende. Lembro-me de uma garota com quem conversava, há muitos anos, e que sempre dizia que provavelmente acabaria sozinha. Assim como eu ela era descendente de japoneses, havia "ficado"/namorado duas vezes, ambas com orientais... já estava na casa dos trinta e buscava alguém com uma série de características, dentre elas ser oriental. Certo dia, comentei com ela que se ela abrisse mão desse requisito, as opções de possíveis pretendentes aumentariam, e que existiam muitos ocidentais que valorizam bastante a cultura japonesa. Disse ainda que o amor da vida dela poderia estar mais perto do que ela imaginava, desde que prestasse atenção nos possíveis interessados. Ela acabou se casando com o vizinho, ocidental... pelo que sei tiveram dois filhos e ainda estão juntos. Quanto a mim, que até então estava num relacionamento que durou quase quatro anos, estou sozinho (sem namorar) há dez anos.


Ai, cara... Será que esse é meu caso? Sou louca pra ter um moreno alto pra chamar de meu envergonhado
Ok, sem brincadeira, não sei... Pode ser isso, realmente sou muito seletiva, mas não ao ponto de ter um perfil definido de com quem me relacionar. Não tendo ficha criminal, pra mim já está de bom tamanho!

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Meu pai nunca me disse claramente, mas sei que desconfiou que eu fosse gay, quando mais novo. Certo dia me disse que achava estranho o fato de todos os filhos dos amigos dele levarem as respectivas namoradas para casa, meu irmão mais novo também, e eu estar sempre sozinho. Como já havia falado coisas parecidas várias vezes, respondi que eu não era filho dos amigos dele e que meu irmão era diferente de mim, e só me veria namorando quando eu realmente quisesse namorar. Quando me viu com a primeira namorada, anos depois, respirou aliviado...


É uma pena que isso seja típico entre os pais. Meu pai uma vez me disse que mulheres só se tornavam bissexuais, porque sofreram abuso durante a infância. Mal sabe ele que nunca fui abusada e mesmo assim sinto atração romântica por mulheres... Não recrimino muito, pois ele não teve as oportunidades de estudo e acesso à informação que eu tenho. Além do mais, somos de épocas diferentes, respeito isso nele - só não concordo!

Código:

Comigo aconteceu algo diferente. Encontrei o fórum por intermédio de uma matéria publicada no portal UOL. Achei muito interessante, entretanto, como pensava que assexuais eram só os arromânticos, surpreendi-me ao me identificar como Gray-A. Até então, pensava que fosse sexual, embora bem diferente da gigantesca maioria.


É, vi o relato de muita gente que aceitou de boa o termo assexualidade em sua vida. Eu ainda preciso de um pouco mais de tempo.

Código:

Classificações servem para orientar, mas importante mesmo é que se conheça melhor e se aceite da forma como é.


Eu não entendia a necessidade de tantas classificações para as sexualidades. Para mim era confuso e muito embaralhado. Agora que me encontro como parte numa dessas categorias, vejo como a sensação de identificação é fator determinante para nos conhecermos e, posteriormente, nos aceitarmos.

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Espero que realmente participe ativamente do fórum. 
No que eu puder ajudar, é só chamar...


Já distribui alguns comentários por aí. Queria ter te respondido antes, mas não conseguia citar a mensagem pelo celular.
Só uma curiosidade: eu também sou INFJ. olhos 2
Até mais!!

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morangloria escreveu:
Passo pelo mesmo "problema". A auto aceitação está sendo difícil.
Nunca gostei de sexo. Nunca gostei de beijo de língua. Estou há anos sem ter um relacionamento sério e não sinto falta de sexo e beijo. Eu não me imagino mais tendo relações sexuais. Eu não imagino mais alguém me tocando intimamente, tentando me dar prazer. Eu não quero mais tocar ninguém intimamente. Por um tempo, eu me classifiquei como celibatária e eu estava bem com isso porque era uma escolha minha. Nunca pensei que pudesse ser assexual, pois na minha cabeça os assexuais eram pessoas que não sentiam nenhum tipo de desejo sexual, e eu sentia um pouco, geralmente na TPM... Apesar do desejo, nunca cogitei a possibilidade de ter alguém me satisfazendo. Os desejos eram passageiros, não me atormentavam. Eu me aceitei como celibatária e pensava que a única forma de eu ser feliz em um relacionamento era se eu me relacionasse com uma assexual ou com alguém que não cobrasse sexo. Porém, pesquisando sobre os celibatários na Internet, eu vi que não me encaixava neles pois eu não tinha uma motivação religiosa  (eu sou religiosa, mas a religião não me impediria de ter relações sexuais). Por curiosidade, pesquisei sobre assexualidade e me espantei quando vi que me encaixava nesse grupo, especificamente como grey-a. Eu descobri isso semana passada, e ainda não consigo digerir muito bem. Parece que quando eu tratava como escolha, era mais fácil. Agora que eu sei que ŕ minha orientação, eu tenho dificuldades em aceitar. Sei que sou assim. Só preciso de tempo e de conversa. 😌

Enviado pelo Topic'it


Muito obrigada por compartilhar!
Eu estava com medo de ser um peixe fora d'água no forum por conta desse sentimento meio que de negação.
É dificil perceber que não somos aquilo que acreditamos por tanto tempo. Eu não consigo afirmar isso, não ainda, mas estou me dando tempo para aprender mais, me conhecer mais; acho que só assim vou saber lidar com isso.

Espero ter mais chance de falar com você! Agora estou correndo porque o horário de almoço já acabou e a chefe tá aqui do lado só de olhos 2

Até mais!!

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Até! 😚
Nos vemos por aí.

Enviado pelo Topic'it

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Seja bem vinda, Ju sorrindo bolo bolo

Gostei da sua apresentação e do jeito que escreve.

Jujudi escreveu:
Essa transição de identificação parece fácil para vocês, mas eu queria saber se realmente é. Porque, confesso, soa mais cômodo pensar que tenho um problema hormonal ou um bloqueio psicológico do que aceitar que sou assexual. Só que meus exames estão em dia, a saúde anda ótima, e o único trauma que tenho só me gerou um horror a baratas...


Fácil não foi. Não que tenha sido difícil, também. Só levou tempo. Acho que só depois de uns 4 meses eu fiquei realmente confortável com tudo. E mesmo assim ainda me surpreendia com uns pensamentos de vez em quando.

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Fernando escreveu:
Seja bem vinda, Ju sorrindo bolo bolo

Gostei da sua apresentação e do jeito que escreve.

Jujudi escreveu:
Essa transição de identificação parece fácil para vocês, mas eu queria saber se realmente é. Porque, confesso, soa mais cômodo pensar que tenho um problema hormonal ou um bloqueio psicológico do que aceitar que sou assexual. Só que meus exames estão em dia, a saúde anda ótima, e o único trauma que tenho só me gerou um horror a baratas...


Fácil não foi. Não que tenha sido difícil, também. Só levou tempo. Acho que só depois de uns 4 meses eu fiquei realmente confortável com tudo. E mesmo assim ainda me surpreendia com uns pensamentos de vez em quando.


Obrigada, Fernando! Eu gostaria de saltar logo pra parte em que estou ok com isso. Me sinto como um lago, antes tranquilo, em que alguém jogou uma pedra. Está tudo turvo... De qualquer forma, é bom notar como a comunidade é receptiva!

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Jujudi escreveu:
Olá, galera!
Sou a Ju, tenho 21 anos e, como muitos aqui, sou iniciante nos termos e definições da assexualidade. Até peço desculpas caso cometa algum equivoco, mas, convenhamos, a diversidade de orientações sexuais pode dar um nó na cabeça. mão no rosto
Me considero iniciante, mas já faz uns dois, três anos, que fui apresentada ao conceito de assexualidade. Na época, mesmo que muitos dos depoimentos traduzissem minhas experiências e percepções pessoais, descartei a ideia para um cantinho escuro da mente. Vez ou outra, quando me deparava com alguns entraves inexplicáveis, lembrava dessa informação e, com um sarcasmo autodirecionado, pensava: Era só o que me faltava!
A verdade é que eu tinha - e ainda tenho - medo de "me descobrir". Acho que sou o contrário de todo mundo que se diz aliviado ao conhecer o universo assexual, porque em vez de me sentir livre por ver mais gente como eu, me vejo aterrorizada por não ser como a grande maioria das pessoas. Entendam:
Enquanto não sabia da existência da assexualidade, eu era apenas uma jovem mulher sem sorte no amor. "É só uma fase, ainda não encontrei a pessoa certa, meus padrões são muito elevados para os caras alcançarem" e todos os outros clichês que se ouvem por aí, eu repetia para mim mesma. Cresci numa família evangélica então nunca tive cobranças por parte deles em relação a namorados - não até um tempo atrás, porque hoje em dia eles já começaram a "desconfiar". Na escola tive muitas paixonites; adorava trocar segredos sussurrados com as amigas, mas, se surgisse a oportunidade de contato direto, físico, com o alvo dessas conversas, eu surtava, pegava um ranço do pobre menino e o evitava como se fosse um leproso. Era bem loco!   :P
Aos 16 anos me apaixonei de verdade, acho. Acordava todos os dias com a face do dito cujo na cabeça; ele perseguia meus pensamentos, marcava presença nas minhas conversas e fazia meus olhos brilharem sempre que estava por perto. Eu fui uma típica idiota apaixonada com exceção de um ponto: JAMAIS imaginei ele me beijando, tocando ou fazendo qualquer outra coisa que se espera de um casal "normal". Eu não era consciente disso, só depois de um tempo que fui perceber essa peculiaridade na minha forma de amar... Continuando, o possível relacionamento entre ele e eu não se consumou por diversas razões, uma delas é outra característica minha que só consegui notar após um período de autoavaliação: detesto estar apaixonada!
Nutrir aquele sentimento foi desgastante demais para mim. Mergulhei de cabeça naquilo, mas não conseguia estabelecer uma conexão com o outro. Mesmo o "amando", não via sentido em me declarar ou apenas ficar, pois, bem lá no fundo, não queria estar com ele... Que merda, né?
Hoje em dia, ainda me pergunto o que teria acontecido se tivesse tomado uma iniciativa a favor daquele sentimento. Aliás, a título de curiosidade, o maior contato que mantive com esse rapaz foi um toque rápido e leve de mãos. Ele tinha mãos tão bonitas...    abraço
Depois desse pseudoromance intensamente unilateral, eu meio que me fechei para outras tentativas. Houveram alguns rapazes, e até moças, que despertaram um leve interesse, mas, como uma boa sabotadora, eu sempre encontrava neles um defeito, algo que simplesmente não podia suportar, então deixava de lado e seguia minha vida.
Passei os últimos anos concentrada em assuntos alheios à relacionamentos romanticos. Me formei no ensino médio, fiz cursos, entrei na faculdade, consegui meu primeiro emprego... Coisas naturais na vida de qualquer pessoa. Desde 2016, comecei a investir em um hobbie muito prazeiroso: a escrita. Escrevo romances contemporâneos, eróticos, e me sinto super confortável criando enredos em que os protagonistas podem se apaixonar e buscar seu felizes para sempre juntos. Meu coração é feito de água com açúcar.   coração vermelho
Só que esses dias me dei conta de um fato que me pareceu surpreendente: faço 22 anos em julho e permaneço irremediavelmente virgem. Isso me levou a reavaliar a minha história de vida. Fiz uma análise dos fatos que considerava isolados e percebi que existia um padrão no meu comportamento. Entre meu seleto e adorado grupo de amigas tenho fama de exigente e crítica, o que rende piadinhas internas sobre meu futuro como a louca dos gatos kkkkk O fato de não querer me casar é de conhecimento geral aqui em casa, meu irmão caçula, que aos 12 anos se apresenta como solteirão convicto, diz que nós dois vamos morar juntos para sempre, pois só ele pra me aturar e vice-versa. Minha mãe e minha irmã mais velha só se preocupam com meu desinteresse em namoros pelo temor que eu seja lésbica. Na vizinhança, já escutei uns cochichos bem indiscretos por esta minha solteirice eterna. De forma geral, nunca me incomodei com nada disso, porque acreditava fielmente que era normal, algo que 'quase' todo mundo sentia.
Porém, uma pesquisa mais aprofundada sobre a assexualidade e suas formas de manifestação trouxe luz àquilo que por anos tentei ocultar de mim mesma. Também trouxe uma pressão estranha na minha barriga, uma tensão que oscila cada vez que leio um depoimento no fórum: às vezes, rio da resistência que me afastou do contato com pessoas que podem me entender; outras vezes, tenho vontade de chorar por não ser aquilo que até pouco tempo achava que era.
Essa transição de identificação parece fácil para vocês, mas eu queria saber se realmente é. Porque, confesso, soa mais cômodo pensar que tenho um problema hormonal ou um bloqueio psicológico do que aceitar que sou assexual. Só que meus exames estão em dia, a saúde anda ótima, e o único trauma que tenho só me gerou um horror a baratas...
Não afirmo com convicção minha sexualidade, o espectro gray-a parece tentador pela flexibilidade da área cinza, mas acho que reinvidicar este rótulo só seria outra forma de dar voz a minha negação. Por mais inventiva que minha mente seja, não consigo me visualizar transando num futuro próximo ou em um relacionamento estável num futuro distante. Posso ser uma ACE romântica ou lithrromantica... sei lá! Acho que o título em si não importa muito, o que importa é conhecer cada elemento que me faz ser quem sou, é essencial "me descobrir" de todas as formas possíveis.
Caraca, isso quase virou uma biografia! Kkkkkkkkk
Estou empenhada a encarar esse novo mundo de descobertas com leveza. Ainda estou assustada, confusa com diversas coisas, por isso quero conversar com outras pessoas e tentar ajudar tanto quanto sou ajudada. Se ainda não notaram, eu tenho muito para falar, então contem com minha presença por aqui! Kkkkkkk
Grande abraço, companheiros de caminhada!


HAHAHAHAHAHAHAHAHH EU TÔ RINDO MUITO, QUERO SER SUA AMIGA <3333 KKKKKKK
Ju, eu também achava que poderia ser algum problema hormonal, mas nada, tudo normal! Ultimamente o fato de me achar louca e ímpar no mundo por nunca de fato ter namorado... me deixava apavorada, agora ser ímpar me deixa extasiada em um bom sentido, em sentido de que apesar das indefinições, não sou a única a passar por isso, que isso não é um problema patológico e que mais do que nunca eu tenho que me aceitar como eu sou, porque se eu não me aceito, ninguém poderá, ao contrário de você, o fato de "ficar pra titia" sempre me irritou, mas eu nunca tentei me encaixar na sociedade também, mas agora eu mais do que me aceito, eu me encontrei, por ser ace qualquer coisa, mas simplesmente por ser ace,e que existe uma trupe como eu, que se encontrou sendo ace..independente de definições mais específicas! KKKKK

beijo 2

descriptionDivagações de uma possível assexual EmptyRe: Divagações de uma possível assexual

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katiac escreveu:
Jujudi escreveu:
Olá, galera!
Sou a Ju, tenho 21 anos e, como muitos aqui, sou iniciante nos termos e definições da assexualidade. Até peço desculpas caso cometa algum equivoco, mas, convenhamos, a diversidade de orientações sexuais pode dar um nó na cabeça. mão no rosto
Me considero iniciante, mas já faz uns dois, três anos, que fui apresentada ao conceito de assexualidade. Na época, mesmo que muitos dos depoimentos traduzissem minhas experiências e percepções pessoais, descartei a ideia para um cantinho escuro da mente. Vez ou outra, quando me deparava com alguns entraves inexplicáveis, lembrava dessa informação e, com um sarcasmo autodirecionado, pensava: Era só o que me faltava!
A verdade é que eu tinha - e ainda tenho - medo de "me descobrir". Acho que sou o contrário de todo mundo que se diz aliviado ao conhecer o universo assexual, porque em vez de me sentir livre por ver mais gente como eu, me vejo aterrorizada por não ser como a grande maioria das pessoas. Entendam:
Enquanto não sabia da existência da assexualidade, eu era apenas uma jovem mulher sem sorte no amor. "É só uma fase, ainda não encontrei a pessoa certa, meus padrões são muito elevados para os caras alcançarem" e todos os outros clichês que se ouvem por aí, eu repetia para mim mesma. Cresci numa família evangélica então nunca tive cobranças por parte deles em relação a namorados - não até um tempo atrás, porque hoje em dia eles já começaram a "desconfiar". Na escola tive muitas paixonites; adorava trocar segredos sussurrados com as amigas, mas, se surgisse a oportunidade de contato direto, físico, com o alvo dessas conversas, eu surtava, pegava um ranço do pobre menino e o evitava como se fosse um leproso. Era bem loco!   :P
Aos 16 anos me apaixonei de verdade, acho. Acordava todos os dias com a face do dito cujo na cabeça; ele perseguia meus pensamentos, marcava presença nas minhas conversas e fazia meus olhos brilharem sempre que estava por perto. Eu fui uma típica idiota apaixonada com exceção de um ponto: JAMAIS imaginei ele me beijando, tocando ou fazendo qualquer outra coisa que se espera de um casal "normal". Eu não era consciente disso, só depois de um tempo que fui perceber essa peculiaridade na minha forma de amar... Continuando, o possível relacionamento entre ele e eu não se consumou por diversas razões, uma delas é outra característica minha que só consegui notar após um período de autoavaliação: detesto estar apaixonada!
Nutrir aquele sentimento foi desgastante demais para mim. Mergulhei de cabeça naquilo, mas não conseguia estabelecer uma conexão com o outro. Mesmo o "amando", não via sentido em me declarar ou apenas ficar, pois, bem lá no fundo, não queria estar com ele... Que merda, né?
Hoje em dia, ainda me pergunto o que teria acontecido se tivesse tomado uma iniciativa a favor daquele sentimento. Aliás, a título de curiosidade, o maior contato que mantive com esse rapaz foi um toque rápido e leve de mãos. Ele tinha mãos tão bonitas...    abraço
Depois desse pseudoromance intensamente unilateral, eu meio que me fechei para outras tentativas. Houveram alguns rapazes, e até moças, que despertaram um leve interesse, mas, como uma boa sabotadora, eu sempre encontrava neles um defeito, algo que simplesmente não podia suportar, então deixava de lado e seguia minha vida.
Passei os últimos anos concentrada em assuntos alheios à relacionamentos romanticos. Me formei no ensino médio, fiz cursos, entrei na faculdade, consegui meu primeiro emprego... Coisas naturais na vida de qualquer pessoa. Desde 2016, comecei a investir em um hobbie muito prazeiroso: a escrita. Escrevo romances contemporâneos, eróticos, e me sinto super confortável criando enredos em que os protagonistas podem se apaixonar e buscar seu felizes para sempre juntos. Meu coração é feito de água com açúcar.   coração vermelho
Só que esses dias me dei conta de um fato que me pareceu surpreendente: faço 22 anos em julho e permaneço irremediavelmente virgem. Isso me levou a reavaliar a minha história de vida. Fiz uma análise dos fatos que considerava isolados e percebi que existia um padrão no meu comportamento. Entre meu seleto e adorado grupo de amigas tenho fama de exigente e crítica, o que rende piadinhas internas sobre meu futuro como a louca dos gatos kkkkk O fato de não querer me casar é de conhecimento geral aqui em casa, meu irmão caçula, que aos 12 anos se apresenta como solteirão convicto, diz que nós dois vamos morar juntos para sempre, pois só ele pra me aturar e vice-versa. Minha mãe e minha irmã mais velha só se preocupam com meu desinteresse em namoros pelo temor que eu seja lésbica. Na vizinhança, já escutei uns cochichos bem indiscretos por esta minha solteirice eterna. De forma geral, nunca me incomodei com nada disso, porque acreditava fielmente que era normal, algo que 'quase' todo mundo sentia.
Porém, uma pesquisa mais aprofundada sobre a assexualidade e suas formas de manifestação trouxe luz àquilo que por anos tentei ocultar de mim mesma. Também trouxe uma pressão estranha na minha barriga, uma tensão que oscila cada vez que leio um depoimento no fórum: às vezes, rio da resistência que me afastou do contato com pessoas que podem me entender; outras vezes, tenho vontade de chorar por não ser aquilo que até pouco tempo achava que era.
Essa transição de identificação parece fácil para vocês, mas eu queria saber se realmente é. Porque, confesso, soa mais cômodo pensar que tenho um problema hormonal ou um bloqueio psicológico do que aceitar que sou assexual. Só que meus exames estão em dia, a saúde anda ótima, e o único trauma que tenho só me gerou um horror a baratas...
Não afirmo com convicção minha sexualidade, o espectro gray-a parece tentador pela flexibilidade da área cinza, mas acho que reinvidicar este rótulo só seria outra forma de dar voz a minha negação. Por mais inventiva que minha mente seja, não consigo me visualizar transando num futuro próximo ou em um relacionamento estável num futuro distante. Posso ser uma ACE romântica ou lithrromantica... sei lá! Acho que o título em si não importa muito, o que importa é conhecer cada elemento que me faz ser quem sou, é essencial "me descobrir" de todas as formas possíveis.
Caraca, isso quase virou uma biografia! Kkkkkkkkk
Estou empenhada a encarar esse novo mundo de descobertas com leveza. Ainda estou assustada, confusa com diversas coisas, por isso quero conversar com outras pessoas e tentar ajudar tanto quanto sou ajudada. Se ainda não notaram, eu tenho muito para falar, então contem com minha presença por aqui! Kkkkkkk
Grande abraço, companheiros de caminhada!


HAHAHAHAHAHAHAHAHH EU TÔ RINDO MUITO, QUERO SER SUA AMIGA <3333 KKKKKKK
Ju, eu também achava que poderia ser algum problema hormonal, mas nada, tudo normal! Ultimamente o fato de me achar louca e ímpar no mundo por nunca de fato ter namorado... me deixava apavorada, agora ser ímpar me deixa extasiada em um bom sentido, em sentido de que apesar das indefinições, não sou a única a passar por isso, que isso não é um problema patológico e que mais do que nunca eu tenho que me aceitar como eu sou, porque se eu não me aceito, ninguém poderá, ao contrário de você, o fato de "ficar pra titia" sempre me irritou, mas eu nunca tentei me encaixar na sociedade também, mas agora eu mais do que me aceito, eu me encontrei, por ser ace qualquer coisa, mas simplesmente por ser ace,e que existe uma trupe como eu, que se encontrou sendo ace..independente de definições mais específicas! KKKKK

beijo 2


Kkkkkkkkkkkkkkk É só add, Katia! sorriso 2
Eu estou bem mais relax com isso. Agora que passei a entender mais o "jeito ace de ser", minha sexualidade já não parece um bicho de sete cabeças - mesmo que eu ainda não reinvindique um termo certinho. O fórum foi essencial para mim, é Realmente indescritível a sensação de achar sua própria turma. coração ace
Manda MP quando quiser! beijo 2
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