Olá Pessoal
Meu nome é Luiz Fernando, tenho 20 anos e já estou rondando esse fórum já há algum tempo, mas nunca tive coragem de me apresentar. Bem, sinto que a hora é agora. Desculpem se o texto ficar muito longo, mas preciso contar minha história e tenho certeza pelo que eu tenho visto que vocês vão entender (espero rs)
Bom, até meus 15 anos eu nem ligava para sexualidade, para mim era realmente inexistente. Não tinha atração por ninguém e nem ao menos tinha me masturbado. Depois de uma aula de biologia sobre sexualidade, me veio várias dúvidas. Ouvi falar de mudanças nessa fase, hormônios a flor da pele... mas para mim era como uma história de outro mundo, eu não tinha passado por nada daquilo. Por me sentir tão deslocado, comecei a achar que era preciso começar sentir essas coisas, foi aí que tive minha primeira experiência com masturbação. Foi horrível. Por estar em uma família muito religiosa, tudo que eu sentia era culpa, e o julgamento que tinha contra mim mesmo era quase insuportável, era um pecado terrível que tinha que parar a qualquer custo... E isso perdurou durante muito tempo. Toda noite perdia perdão para a Deus com um medo terrível de ser castigado, ou pior, ir para o inferno.
Após um tempo, descobri meio que por curiosidade, o universo da pornografia. E entrei a fundo nele, primeiro apenas observando todas aquelas coisas diferentes e depois de um tempo estava realmente envolvido, precisando daquilo. O conteúdo que via era pornografia gay, e apesar do conteúdo não conseguia me enchergar como de fato gay, isso nem passava pela cabeça. Para mim era um vício, algo inadmissível, um pecado mortal. Tentei técnicas diversas para parar, sofria calado e isso se repetia sempre. Era um ciclo vicioso que eu sempre tentava escapar, mas não conseguia. Tinha várias teorias para estar tão preso a algo que me fazia tão mau, mas após analisar certos padrões, cheguei a conclusão que era um refúgio. Aquilo me tirava do meu mundinho de sofrimento e sempre que estava triste de certa forma me aliviava. Era como um "pause" na vida. De fato, poucas vezes eu acessava esses sites por puro desejo sexual, era um forma de escape, e quanto a minha sexualidade, na minha cabeça assim que arranjasse minha primeira namorada pararia com isso.
Bem, essa sexualidade solitária não se concretizava na vida real. Meu interesse por homens, seguido por excitação e masturbação não se confirmava na vida real e o interesse por mulheres quando não muito não passava de paixão platônica.
Com 18 anos procurei uma psicóloga para me ajudar. Meu objetivo era parar com o vício de viver uma vida limitada pela pornografia e criar coragem para enfrentar meus problemas ao invés de no menor sinal de depressão me jogar de cara nisso. A primeira coisa que ela supôs é que apesar da idade eu era imaturo e estava com dúvidas quanto a minha orientação sexual. Isso não era verdade, pois as coisas que eu sentia com a pornografia, não eram traduzidas para a vida real, e até então, não tinha dúvidas a respeito de ser gay ou não. Bem, essa época que comecei a fazer terapia coincidiu com o momento em que me apaixonei por um amigo do teatro. Era uma paixão bobinha, eu gostava muito dele, sobretudo dos apertos de mão e abraços, e o sorriso dele me encantava, mas o desejo carnal de fazer sexo com ele inexistia, era quase um amor fraterno, queria tê-lo em meus braços e cuidar dele. A psicóloga não entendeu, pouco me ajudava a me libertar da pornografia e vivia me dizendo que devia ter mais experiências. Chegou ao cúmulo (olhem só!) de me aconselhar a sair com umas mulheres da vida para ter experiências sexuais (pois meu pai sempre me chamava para ir). Para ela tudo era questão de imaturidade sexual.
Segui o conselho dela e comecei a marcar encontros pela internet, na verdade sai com duas pessoas, um homem e uma mulher. Me espantei. Ambos só queriam sexo, e foi realmente uma experiência esquecível, mas como ela havia dito eu teria que ter experiências... Voltando para o meu amigo, eu me declarei, mas não fui correspondido (ainda bem), estava perdido. Em grande parte por causa da psicóloga! Ela criou um conflito até então inexistente, agora tudo girava em volta de ser ou não gay. E ela falava de um jeito como se eu devesse não me deixar levar pelos "desejos homossexuais", de fato ela me lembrou o pensamento predominante da igreja, tratando isso como se fosse uma doença.
Depois de um tempo abandonei a igreja e essa foi a melhor coisa que eu fiz. Se tem uma coisa que aproveitei da terapia foi aprender que não deveria me culpar por nada, e como todos devem saber é isso o que a igreja mais faz: volta toda a culpa para nós mesmos. Me sinto mais livre, seguro e mais eu. Inclusive a ponto de ter me permitido ter um relacionamento (ano passado) com uma mulher que gostava. Foi uma experiência interessante, compartilhávamos muito conhecimento, amor e carinho, estava tudo ótimo até chegar o derradeiro momento do sexo. Ela era virgem e estava ansiosa para ver como era, já eu não podia dizer o mesmo. Apesar do receio inicial, tivemos nossa experiência, não vou dizer que foi ruim, para mim foi legalzinho (não encontro palavra melhor), mas desnecessário. Para mim um relacionamento poderia acontecer sem a necessidade compulsiva de sexo. Infelizmente ela não pensava assim e após três meses terminamos.
Bom, para finalizar, comecei a levar para a terapia a ideia de ser assexual, ideia essa arduamente negada pela psicologa, que nem sequer ouvia minhas argumentações. Eu falava para ela que não sentia vontade de fazer sexo, apesar de sentir atração por homens e mulheres. Ela em toda sua superioridade de conhecedora da mente, dizia que eu era imaturo (cabeça de 16 anos) e voltava toda ênfase para a questão da orientação sexual, falando histórias de gays que sofrem muito, que morrem sozinhos, como que tentando me prevenir de virar gay.
Hoje, não faço mais terapia. Ainda tenho problemas com pornografia, mas mais do que nunca sei diferenciar essa fantasia de quem eu realmente sou e tenho procurado (e conseguido) parar com isso. Alguns podem estar pensando que eu sou gay, que não tenho coragem de me assumir. Digo para vocês apenas que várias vezes eu já pensei que melhor seria, pois os gays muitas vezes estão 100% convictos se sua orientação sexual e a despeito de sofrerem preconceito estão bem consigo mesmo.
No meu caso, após me libertar de uma igreja decadente e uma psicologa que se achava Deus (novidade), estou finalmente me encontrando. Conheço a noção de assexualidade há um tempo e o fórum há alguns meses, me sinto feliz de saber que existem pessoas como eu. Olhando alguns casos e comparando comigo, hoje percebo que existe essa opção, de escolher uma vida sem sexo. E estou mais feliz como nunca me identificando como assexual romântico bi-afetivo (talvez gray-a). Eu sei que a terminologia não deve adquirir importância fundamental, mas para alguém que estava totalmente perdido já é algo em que possa me segurar.
Para o futuro, alguns desafios. Quero deixar de me apaixonar tanto platonicamente pelas pessoas (rs) e conseguir declarar meu amor. Para as que o interesse for mútuo, terão que me aceitar como sou. E por não considerar assexualidade como um conceito rígido e sim libertador, estou sim disposto a novas experiências, com pessoas interessantes E para finalizar, digo que hoje meu coração está aberto e feliz!
Meu nome é Luiz Fernando, tenho 20 anos e já estou rondando esse fórum já há algum tempo, mas nunca tive coragem de me apresentar. Bem, sinto que a hora é agora. Desculpem se o texto ficar muito longo, mas preciso contar minha história e tenho certeza pelo que eu tenho visto que vocês vão entender (espero rs)
Bom, até meus 15 anos eu nem ligava para sexualidade, para mim era realmente inexistente. Não tinha atração por ninguém e nem ao menos tinha me masturbado. Depois de uma aula de biologia sobre sexualidade, me veio várias dúvidas. Ouvi falar de mudanças nessa fase, hormônios a flor da pele... mas para mim era como uma história de outro mundo, eu não tinha passado por nada daquilo. Por me sentir tão deslocado, comecei a achar que era preciso começar sentir essas coisas, foi aí que tive minha primeira experiência com masturbação. Foi horrível. Por estar em uma família muito religiosa, tudo que eu sentia era culpa, e o julgamento que tinha contra mim mesmo era quase insuportável, era um pecado terrível que tinha que parar a qualquer custo... E isso perdurou durante muito tempo. Toda noite perdia perdão para a Deus com um medo terrível de ser castigado, ou pior, ir para o inferno.
Após um tempo, descobri meio que por curiosidade, o universo da pornografia. E entrei a fundo nele, primeiro apenas observando todas aquelas coisas diferentes e depois de um tempo estava realmente envolvido, precisando daquilo. O conteúdo que via era pornografia gay, e apesar do conteúdo não conseguia me enchergar como de fato gay, isso nem passava pela cabeça. Para mim era um vício, algo inadmissível, um pecado mortal. Tentei técnicas diversas para parar, sofria calado e isso se repetia sempre. Era um ciclo vicioso que eu sempre tentava escapar, mas não conseguia. Tinha várias teorias para estar tão preso a algo que me fazia tão mau, mas após analisar certos padrões, cheguei a conclusão que era um refúgio. Aquilo me tirava do meu mundinho de sofrimento e sempre que estava triste de certa forma me aliviava. Era como um "pause" na vida. De fato, poucas vezes eu acessava esses sites por puro desejo sexual, era um forma de escape, e quanto a minha sexualidade, na minha cabeça assim que arranjasse minha primeira namorada pararia com isso.
Bem, essa sexualidade solitária não se concretizava na vida real. Meu interesse por homens, seguido por excitação e masturbação não se confirmava na vida real e o interesse por mulheres quando não muito não passava de paixão platônica.
Com 18 anos procurei uma psicóloga para me ajudar. Meu objetivo era parar com o vício de viver uma vida limitada pela pornografia e criar coragem para enfrentar meus problemas ao invés de no menor sinal de depressão me jogar de cara nisso. A primeira coisa que ela supôs é que apesar da idade eu era imaturo e estava com dúvidas quanto a minha orientação sexual. Isso não era verdade, pois as coisas que eu sentia com a pornografia, não eram traduzidas para a vida real, e até então, não tinha dúvidas a respeito de ser gay ou não. Bem, essa época que comecei a fazer terapia coincidiu com o momento em que me apaixonei por um amigo do teatro. Era uma paixão bobinha, eu gostava muito dele, sobretudo dos apertos de mão e abraços, e o sorriso dele me encantava, mas o desejo carnal de fazer sexo com ele inexistia, era quase um amor fraterno, queria tê-lo em meus braços e cuidar dele. A psicóloga não entendeu, pouco me ajudava a me libertar da pornografia e vivia me dizendo que devia ter mais experiências. Chegou ao cúmulo (olhem só!) de me aconselhar a sair com umas mulheres da vida para ter experiências sexuais (pois meu pai sempre me chamava para ir). Para ela tudo era questão de imaturidade sexual.
Segui o conselho dela e comecei a marcar encontros pela internet, na verdade sai com duas pessoas, um homem e uma mulher. Me espantei. Ambos só queriam sexo, e foi realmente uma experiência esquecível, mas como ela havia dito eu teria que ter experiências... Voltando para o meu amigo, eu me declarei, mas não fui correspondido (ainda bem), estava perdido. Em grande parte por causa da psicóloga! Ela criou um conflito até então inexistente, agora tudo girava em volta de ser ou não gay. E ela falava de um jeito como se eu devesse não me deixar levar pelos "desejos homossexuais", de fato ela me lembrou o pensamento predominante da igreja, tratando isso como se fosse uma doença.
Depois de um tempo abandonei a igreja e essa foi a melhor coisa que eu fiz. Se tem uma coisa que aproveitei da terapia foi aprender que não deveria me culpar por nada, e como todos devem saber é isso o que a igreja mais faz: volta toda a culpa para nós mesmos. Me sinto mais livre, seguro e mais eu. Inclusive a ponto de ter me permitido ter um relacionamento (ano passado) com uma mulher que gostava. Foi uma experiência interessante, compartilhávamos muito conhecimento, amor e carinho, estava tudo ótimo até chegar o derradeiro momento do sexo. Ela era virgem e estava ansiosa para ver como era, já eu não podia dizer o mesmo. Apesar do receio inicial, tivemos nossa experiência, não vou dizer que foi ruim, para mim foi legalzinho (não encontro palavra melhor), mas desnecessário. Para mim um relacionamento poderia acontecer sem a necessidade compulsiva de sexo. Infelizmente ela não pensava assim e após três meses terminamos.
Bom, para finalizar, comecei a levar para a terapia a ideia de ser assexual, ideia essa arduamente negada pela psicologa, que nem sequer ouvia minhas argumentações. Eu falava para ela que não sentia vontade de fazer sexo, apesar de sentir atração por homens e mulheres. Ela em toda sua superioridade de conhecedora da mente, dizia que eu era imaturo (cabeça de 16 anos) e voltava toda ênfase para a questão da orientação sexual, falando histórias de gays que sofrem muito, que morrem sozinhos, como que tentando me prevenir de virar gay.
Hoje, não faço mais terapia. Ainda tenho problemas com pornografia, mas mais do que nunca sei diferenciar essa fantasia de quem eu realmente sou e tenho procurado (e conseguido) parar com isso. Alguns podem estar pensando que eu sou gay, que não tenho coragem de me assumir. Digo para vocês apenas que várias vezes eu já pensei que melhor seria, pois os gays muitas vezes estão 100% convictos se sua orientação sexual e a despeito de sofrerem preconceito estão bem consigo mesmo.
No meu caso, após me libertar de uma igreja decadente e uma psicologa que se achava Deus (novidade), estou finalmente me encontrando. Conheço a noção de assexualidade há um tempo e o fórum há alguns meses, me sinto feliz de saber que existem pessoas como eu. Olhando alguns casos e comparando comigo, hoje percebo que existe essa opção, de escolher uma vida sem sexo. E estou mais feliz como nunca me identificando como assexual romântico bi-afetivo (talvez gray-a). Eu sei que a terminologia não deve adquirir importância fundamental, mas para alguém que estava totalmente perdido já é algo em que possa me segurar.
Para o futuro, alguns desafios. Quero deixar de me apaixonar tanto platonicamente pelas pessoas (rs) e conseguir declarar meu amor. Para as que o interesse for mútuo, terão que me aceitar como sou. E por não considerar assexualidade como um conceito rígido e sim libertador, estou sim disposto a novas experiências, com pessoas interessantes E para finalizar, digo que hoje meu coração está aberto e feliz!