Vou deixar aqui esse vídeo que serve muito bem pra ilustrar o que penso no geral. Quem ver, espero muito que veja até o final.
https://www.youtube.com/watch?v=dI3nEb5AZTQ
- Como estudante de neurociência eu tenho uma longa opinião com uma bela pontada de filosofia da mente sobre o "início" da vida e a existência da alma, coisas que acredito influenciarem muito a opinião toda de alguém sobre o assunto. Gostaria muito de escrever sobre, mas como não tenho todo esse tempo agora (convido todos a irem atrás do que há nestes assuntos, são realmente interessantes), vou só deixar claro aqui que a partir de certo estágio do desenvolvimento embrionário eu não concordo com o aborto.
- Também gostaria de comentar sobre o vídeo que a Sha postou: não acredito que ele possa fortalecer algum argumento, já que não sabemos de que situação saiu. Pode muito bem ter sido um aborto espontâneo, e abortos espontâneos podem acontecer em qualquer fase da gravidez. Ou foi um aborto espontâneo ou foi um aborto clandestino. Acho muito provável que seja o primeiro caso, afinal um médico fazendo aborto clandestino realmente gravaria isso com essa tranquilidade, com esses comentários de prováveis enfermeiras ou estudantes, neste belo e organizado ambiente? Não é o que relatos de abortos clandestinos sugerem. E também, ter reflexos =/= sentir dor. Julgando pelo tamanho do feto, são reflexos e ele está distante do tempo mínimo em que há consenso sobre a existência de dor. A consciência é ainda uma outra questão, esta sim um pouco mais complicada de se destrinchar, mas é outra coisa que não se deve confundir com reflexos primitivos. No geral, não dá para simplificar as condições do feto tanto assim, e acho que qualquer pessoa concordaria que as condições físicas não são questão de opinião, e sim fatos, como a Sha mesma disse. Porém há de se considerar, de forma melhor analisada, tudo que acontece naquele organismo, não somente o que inferimos só de olhar.
- As melhores condições para a legalização ocorrer seriam aquelas onde há todo tipo de atendimento público necessário para incentivar a reflexão da mulher que está considerando um aborto, para que ela chegue a uma conclusão da melhor escolha, evitando arrependimentos e pesando riscos (como deveria sempre acontecer em qualquer outro procedimento médico importante). Eu acredito que tudo poderia ser organizado aqui no Brasil, considerando todos os aspectos do país e seu povo? Bem, eu não sou a pessoa mais otimista do mundo, mas se isso destruísse minhas opiniões eu defenderia que "o mundo que se exploda logo, então".
- A vida toda de uma mulher e sua criança não desejada podem ser destruídas se uma situação problemática vai para frente. Não acho que crianças vivendo em condições ruins teriam escolhido nascer nas mesmas. Um feto nem tem qualquer tipo de experiência (acho que não disse, mas deve estar claro que não acredito em alma, reencarnação etc, por isso para algumas pessoas pode soar brusco o que digo). Mesmo bebês nascidos precisam ser estimulados de diversas formas para se tornarem como outros humanos desenvolvidos, com os comportamentos que estamos acostumados a associar a humanos. Entendo a empatia que há com embriões? Com certeza, afinal o surgimento da vida é um evento magnífico.
- Ninguém engravida e faz aborto por esporte. Se há o pensamento de que o aborto pode ser tratado como algo tão banal e corriqueiro por quem o faz, por que deixar as crianças (um número assustador de crianças, pense bem) para adoção com essa "facilidade" toda não é tão banal quanto? Há sequer estrutura para isso? Não há nem para isso, nem para prender a quantidade de mulheres que deveria ser presa segundo a criminalização. Nem todos os envolvidos lidam tão bem com a questão da adoção também, o que deixa muito a pensar. Para mim, pensar que mulheres podem chegar a tratar o assunto com tal futilidade é subestimá-las imensamente, por mais que existam pessoas horríveis em qualquer questão da vida (e aqui não é exceção, mulheres são humanos como todos os outros). Lembrando que eu não acho que o aborto poderia ser legalizado sem mais nem menos, é preciso fazer todas as intervenções adequadas para prevenir que situações horrorosas surjam.
Por fim, estou quase atônita com os comentários, afinal estou na posição de defensora de assassinatos. E isso me soa muito exagerado, mas analogamente a maioria dos religiosos encaram ateus com a mesma gravidade, o que faz bastante sentido para quem está firme em opiniões significativas que podem ser tão extremas. Só gostaria de lembrar que opiniões que nos soam absurdas por serem tão opostas têm todo um contexto e base para que existam e façam sentido para aquela pessoa, por mais que não concordemos.